Um laboratório subterrâneo, cinco cientistas corriam de um lado a outro, assustados com os alertas que soavam:

—O que está havendo?! –um homem de terno adentra o laboratório, era ele quem comandava:

—Senhor, a cobaia... Ela está tentando acordar. –um dos cientistas fala, movendo rapidamente seus dedos pelas teclas do teclado, olhando o computador:

—Então a coloquem para dormir novamente! Ela não está pronta para testarmos! –o homem de terno comanda:

—Estamos tentando senhor, mas a cobaia não quer dormir! –a cientista fala e o vidro na frente deles quebra, voando cacos na direção de todos, que tentam se proteger:

—O que foi isso?! –o homem berra, olhando e arregalando os olhos.

A cápsula onde estava a cobaia restava apenas cacos, o líquido escorrendo pelo chão enquanto se ouviam estalos elétricos:

—Ela... Está viva?

—Parece que sim, mas está incompleta, não implantamos o chip de obediência. –um dos cientistas fala, encarando o homem.

Um barulho chama a atenção de todos, a cobaia estava se mexendo. Ela, que antes estava ajoelhada nos restos da cápsula, cai no chão e tenta se levantar, porém cai novamente:

—Alguém... Faça algo. –o homem de terno fala entredentes. Um dos cientistas engole em seco e vai até a cobaia:

—Olá querida... Gostaria de uma ajuda? –ele indaga, estendendo a mão para ela, que olha com curiosidade, aceitando em seguida. Finalmente de pé, ela encara todos com seus olhos vermelho sangue –Como está se sentindo?

—Estranha... –ela fala sem esboçar emoção, fixando seu olhar no homem de terno –Por que estou em um laboratório? O que fizeram comigo?

—Sei que está confusa, mas fique calma. –o cientista suava frio –Nós lhe demos alguns... Poderes.

—“Poderes”? –ela o encara –Por isso me sinto diferente? Não... Eu estou diferente... –ela encarava suas mãos, sua mão direita estava com partes sem pele, mostrando o que seriam ossos, porém eles tinham um brilho metálico –Quanto... Tempo?

—Hã?

—Quanto tempo eu dormi?

—Dois anos. Você tem dez anos agora. –o homem de terno responde, fazendo-a encará-lo –Você não está completa, então volte para sua cápsula para terminarmos.

—“Está incompleta, não implantamos o chip de obediência. ” –ela imita perfeitamente a voz do cientista –É isso que vão fazer comigo, não?

—Garota, tem muito mais coisa em jogo do que imagina.

—Vocês roubaram dois anos da minha vida. –os olhos dela reluzem:

—Foi seus pais que a venderam para nós, temos total direito sobre você. –a cientista encara assustada o homem, achando que ele tinha ido longe demais:

—Meus pais... Me venderam? –a garota estanca, arregalando os olhos –Não, não pode ser verdade...

—Eles não a queriam, arranjaram um jeito lucrativo de se livrarem de você.

—Não, não, NÃO! –dois tentáculos vermelhos irrompem das costas da cobaia, se estendendo e acertando o cientista que estava ao seu lado, perfurando seu peito e o elevando no ar, jogando longe em seguida:

—Corram. –os cientistas restantes nem pestanejam. O homem de terno corre na frente de todos, pensando em como iria sair com vida dali:

—Siga aquele corredor, no final tem a sala vermelha que nos protegerá! –a cientista orienta enquanto um berro surge, outro cientista foi vítima da pequena cobaia. Aquilo só os faz correrem mais rápido.

A sala estava perto, os quatro começaram a ficar aliviados. Algo voa por cima de suas cabeças, fazendo-os pararem enquanto o corpo do cientista que havia sido pego se esmagava na parede, cobrindo-a inteiramente de sangue e pedaços do que um dia foram uma pessoa:

—Merda! –a cientista esbraveja enquanto a cobaia saltava por cima deles e lhes bloqueia a passagem:

—“No final tem a sala vermelha, que nos protegerá! ” –a cobaia imita a cientista –Acho que agora é realmente uma sala vermelha.

—Sua merdinha insolente... –a cientista rosna:

—Você não vai querer fazer isso. –o homem toma a dianteira –Apenas eu posso tirá-la daqui.

—Veremos. –com um rugido gutural, mais dois tentáculos irrompem das costas dela, que avança em velocidade absurda.

O homem de terno e dois cientistas conseguem desviar por sorte da investida, porém o último é agarrado e perfurado pelos tentáculos, sendo desmembrado facilmente em seguida.

Aproveitando a distração da cobaia, os três restantes correm até a sala e se trancam, a adrenalina do momento os faz não se importarem por estar pisando em sangue. Rugidos são ouvidos e batidas na porta, porém ela não cedia, nem ao menos tremia.

O cientista vomita, o corpo tremendo inteiro:

—Controle-se! –o homem berra para ele –Quais são as chances da cobaia sair daqui? –ele encara a cientista, as batidas e rugido pararam:

—Muito baixas. –ela responde –Eu me preocupo com a outra cobaia...

—Vamos direto para lá, nos certificar que o Delta não acorde antes da hora. –o homem agarra o cientista abalado pelo braço –O experimento Beta foi um fracasso. –e lentamente os três subiam as escadas.

—---

A cobaia voltava o caminho até onde estava sua cápsula. Sua barriga ronca, estava com fome. Ela encara um pedaço do corpo desmembrado do cientista:

—Até parece. –ela bufa e continua seu caminho, chegando na sala onde atacou o primeiro cientista. Um gemido chama sua atenção, ela encara o canto da sala –Você está vivo...

—Vai... Me matar? –o cientista respira com dificuldade:

—Me diga como sair daqui. –ela se abaixa, encarando-o:

—Pra você... Matar todos? –ele respira dolorosamente:

—Apenas se me derem motivos para isso. –o homem a encara longamente, até que abre a boca e tosse:

—Nós... Destruímos você... Tomamos sua inocência... –lágrimas começam a molhar seu rosto –A transformamos em uma assassina...

—O tempo não volta. –ela interrompe seus lamentos –Eu apenas quero sair daqui, não quero matar ninguém além dos três que fugiram.

—Você irá matar mais...

—Não.

—Você vai... Está no seu sangue agora... Está incompleta... Facilmente perderá o controle.

—Quer apostar? –isso arranca uma risada sofrida do homem, que levanta o braço:

—Siga até metade do corredor... Lá tem o elevador...

—Obrigada. –ela se levanta, ele a para:

—É por biometria... Pegue minha mão...

—Tem certeza?

—Vou morrer... Mas pode ter certeza... Vou te assombrar... Pra ver quem vence a aposta. –ele ri e tosse –Pegue minha mão e saia daqui...

—Quer que eu acabe com seu sofrimento? –ela fala sem esboçar emoção alguma:

—Se não se incomodar... –sem pensar duas vezes, um dos tentáculos crava no coração dele –Obrigado... –e seu corpo cai inerte no chão.

Rapidamente ela corta a mão do homem e carrega consigo até o elevador indicado. Seus tentáculos arrastavam pelo chão, a barriga roncava alto. Um som suave soa após ela colocar a mão do cientista em uma tela, fazendo-a ficar surpresa por funcionar.

O elevador chega e ela entra. Uma musiquinha irritante tocava enquanto subia. Ele para e abre, revelando a entrada de um prédio empresarial. A cobaia fica boquiaberta enquanto olhava ao redor e se encaminhava para a entrada do prédio. Um sorriso surge em seu rosto ao pisar na rua e ser banhada pela luz do luar, havia conseguido sair de lá.

Sua barriga ronca novamente, agora deveria achar comida. Começa a percorrer a rua com os tentáculos arrastando no chão. A rua estava deserta, tudo fechado, provavelmente era madrugada. Uma confeitaria chama sua atenção e ela o arromba, o alarme berrando enquanto saía de lá com as comidas nos braços.

Enquanto comia, procura um canto para se sentar. Com um sorriso por estar saciando a fome, ela se senta ao lado de um prédio, parecendo por um momento ser a criança de dez anos que era, tirando o fato de seus tentáculos se moverem de modo suave, demonstrando o quanto estava feliz.

Vultos passam em sua frente, ela não dá importância. Um dos vultos retorna e a encara:

—Mas que aberração é essa? –uma adolescente pergunta, aparecendo mais dois indivíduos:

—Se você chama isso de aberração, imagino o que vai falar quando tiver na frente de uma de verdade! –um cara de vermelho e duas katanas ri:

—Quem é você? –o terceiro indivíduo, um homem aparentando ser o mais velho, interrompe os dois e olha a garota, que continuava a comer com uma cara feliz:

—Parece que a aberração não sabe falar. –a adolescente debocha –Olhe essa cara de retardada!

—Rogue! –o homem a repreende. Antes que ela pudesse abrir a boca novamente, tentáculos estavam apontados para seu pescoço, afiados como navalha:

—Não gostei de você. –a cobaia estava séria, os olhos vermelhos reluzindo:

—Que feroz... –o cara de vermelho fala de modo chocado e teatral:

—Abaixe esses... Tentáculos e responda minha pergunta. –o mais velho a encara, preparado para atacar se necessário –Ou iremos considerá-la inimiga.

A cobaia dá uma última mordida em sua comida e o encara nos olhos, abaixando os tentáculos:

—Já tive um nome, não lembro e nem me importo. Me chamam de Cobaia Beta.

—“Cobaia”? Você é algum experimento? Mutante?

—Experimento incompleto. Não tenho lembranças de ser mutante antes de acordar. –ela olha para as mãos vazias, se arrependendo por ter comido tudo tão rápido:

—Você é apenas uma garotinha...

—Sim, tenho dez anos, iniciaram os experimentos quando tinha oito. –ela dá de ombros –O que fizeram? Não tenho certeza, mas eu sei que não penso como uma criança, me transformaram em algo totalmente diferente. Não sou como vocês, mutantes.

—Você sabe... –Rogue dá um passo para trás:

—É fácil identificar mutantes de humanos comuns. –ela a encara, que engole em seco:

—Onde você mora? –o mais velho indaga:

—Não tenho casa, recém fugi do laboratório. Devo me esconder daqueles que me criaram, viver em lugares longe da civilização... –ela encara o chão, e finalmente veem tristeza em seus olhos:

—Aaawn, posso ficar com ela? Veja a carinha de cachorrinho abandonado dela! –o de vermelho indaga para os outros:

—Não Wade, ela vai com a gente pro Instituto. –o mais velho o olha com reprovação e estende a mão para a garota –Eu sou Logan, aquela e Rogue e o babaca é o Wade. Vamos te levar para o Instituto Xavier para Jovens Superdotados, o Professor vai saber o que fazer com você.