I am incomplete

Capítulo 4 - Joes


Três dias se passaram desde minha conversa na cerejeira com Snake Eyes. De alguma forma, ele convenceu Duke a me deixar em paz até minha recuperação total, e desde então eu só dormi e comi.

Quando completou o terceiro dia, levanto da cama com um rosnado e vou para a cozinha:

—Preciso fazer algo, esse sedentarismo está me matando! –bufo enquanto pegava algo na geladeira. Olho ao redor –Achei que o ninja caladão estaria aqui...

Vou até o quarto de Snake Eyes, trancado. Era de se esperar, ele nunca deixou aberto.

Me viro e saio da casa, me encaminhando para o jardim. Essa montanha tinha uma “aura zen”, me fazendo querer ficar lá para sempre.

Chego no jardim e inspiro profundamente, me enchendo de energia para treinar um pouco. Faço flexões para me aquecer e logo estou dando golpes em um inimigo imaginário. Intensifico os golpes, minha visão se inunda em vermelho, concentração plena no que fazia.

Algo atrás de mim. Libero os tentáculos e invisto, parando segundos antes de acertar o intruso:

—S-Snake Eyes! M-me desculpes! E-eu estava concentrada e... –começo recolhendo os tentáculos e tentando em vão fazer meus olhos voltarem à cor normal.

Eu que devo me desculpar, devia ter esperado que me visse. ” Ele usa a linguagem de sinais, “Mas o que está fazendo aqui? Não deveria estar descansando? ”

—Estou quase curada, ficar sem fazer nada não é meu estilo. –me sento no chão, respirando fundo –O que você fica fazendo trancado no seu quarto?

Meditando”, ele senta do meu lado:

—Ah, isso devia ser meio óbvio, já que você é um ninja e tals. –rio, porém paro logo em seguida, encarando minha mão –Acho que logo terei que sair daqui... Voltar para o Instituto... –ele pega minha mão, me fazendo encará-lo.

Pode ficar se quiser, não precisa ir embora se não quer. ”

—Eu preciso voltar, saber como estão meus amigos...

Elise, eu...”

Ouvimos barulhos de turbinas, um jato pousa perto de onde estávamos:

—Duke? –Snake concorda com a cabeça, nem um pouco feliz. Vamos até o local e Duke e companhia desciam do jato:

—Por que essa cara? Andou chupando limão? –rio:

—Snake, por que não nos avisou que os ferimentos dela já curaram? –Duke encara o ninja, que apenas dá de ombros:

—Tecnicamente não estou curada, ainda tenho queimaduras. –bufo, cruzando os braços:

—O general está encima da gente, querendo ver você. –Scarlet fala:

—E por que falaram de mim?

—Procedimento padrão dos relatórios. –ela fala isso como se fosse a coisa mais óbvia do mundo:

—E o que seu general vai fazer comigo se me levaram? –Snake me olha, parecia alarmado:

—Só alguns testes para ver suas... Habilidades. –Duke me encara, eu não estava gostando nem um pouco:

—E se eu me recusar?

—Teremos que te levar à força.

—Nossa, que animador. –ironizo, revirando os olhos –Se querem tanto que eu vá nesse troço, então vamos logo de uma vez. –Snake Eyes agarra meu ombro, sutilmente balança a cabeça em negativa, o que ele queria dizer com aquilo?

—Nos siga então. –eles entram no jato:

—Vamos lá, não deve ser tão ruim, é o seu chefe né? –sorrio para o ninja, entrando no jato. Snake, ainda contrariado, me segue.

—----

—Então esta é a criatura que vocês cruzaram caminho naquele armazém! –um homem pergunta com um enorme sorriso no rosto enquanto me encarava:

—“Criatura” é a tua avó diabética... –reclamo:

—Melhor controlar a língua na frente do general, o último que fez isso não terminou bem... –Tunnel me avisa:

—Certo, vou me lembrar. –e um homem fardado entra na cena, estava na cara que aquele era o tal “general”. Ele me rodeia, olhando de cima a baixo meu corpo:

—Parece uma pessoa normal... –ele murmura, parando em minha frente:

—Esperava que eu fosse uma aberração? –sorrio, sarcástica:

—Não, mas esperava que tivesse algo que lhe distinguiria das pessoas normais, uma marca ou algo do gênero. –ele me olha de modo seco:

—Dependendo da mutação, o corpo não muda nada. –devolvo o olhar dele:

—E qual é a sua mutação?

—Não sou da categoria “mutante”, não nasci com o gene que me faria mutante. –olho com desdém ele, que faz um movimento com a mão e dois caras surgem do lado dele –Não é me ameaçando com dois brutamontes que vai me fazer revelar meus segredos. –ouço Tunnel ofegar, ele estava se borrando nas calças:

—Eu sei disso. –ele faz um sinal e sinto uma picada nas costas. Tiro um dardo e sinto meu corpo amolecer, caindo não, a visão embaçando:

—S-senhor, o que está fazendo?! –Tunnel exclama, nenhum deles parecia saber disso:

—Levá-la aos laboratórios, fazer pesquisas e olhar no banco de dados do governo. –ele sai da minha visão, estava cada vez mais difícil ficar acordada –Obrigado pela dica Duke, ela parece mesmo um animal selvagem. –o quê? Aquilo tinha sido ideia do Duke?! Filho da mãe!

Me sinto erguida, estavam me levando para algum lugar:

—Segurem o Snake Eyes! –ouço alguém levando um soco e caindo no chão, as vozes ficam desconexas, perco a consciência.

—---

Recupero a consciência com o som de uma explosão e um tremor. Tento me levantar, caio no chão, molenga e sem forças. Ouço uma correria do lado de fora da sala, me arrasto até a porta com a ajuda de meus tentáculos, ficando de pé e tentando me firmar sozinha. Abro a porta e me deparo com sons de tiros e estranhos rosnados.

Sigo o som e acabo chegando no deque dos jatos, vendo o apocalipse acontecendo.

Os Joes lutavam contra criaturas roxas que pulavam de um lado ao outro e usavam suas caudas para perfurar quem estivesse no caminho, e no centro da briga estava um cara que parecia ter os mesmos tentáculos que os meus, só que mais... Completos? Não, isso não poderia significar...

—Cuidado! –o berro de Tunnel me faz virar no instante que uma daquelas criaturas me ataca. Meus tentáculos formam um escudo a minha frente e a criatura bate e pula para longe. Olho Tunnel:

—O que raios está acontecendo? Por que tem criaturas tentando nos matar?

—Eu não sei, eles explodiram a entrada e entraram! –é, estávamos com grandes problemas. Vejo Snake Eyes lutando contra algumas criaturas com sua katana. Ele as finaliza e me olha, parecia alarmado.

Ouço um zumbido e pulo para o lado no momento que um tentáculo passa por onde eu estava e crava no chão. Engulo em seco e vejo o detentor do ataque, ele exibia um sorriso enorme ao me encarar:

—Ora, olá, quanto tempo que não nos vemos, maninha... –ele fala, confirmando meu maior medo.