I am incomplete

Capítulo 17 - Vazio


O que quer dizer com isso?—Snake Eyes encarava Tony, perplexo:

—Veja bem, seu DNA, suas estruturas foram modificadas graças ao sangue da Elise, permitindo que você sobrevivesse, mas a alteração não foi tão agressiva.

“Agressiva”?

—Sim, o vírus ataca todas suas células, te devora por dentro. –ele mostra um vídeo –Este é Jonas, uma cobaia que injetei o sangue da Elise. –o vídeo mostrava um rato levando uma injeção –Depois de dez minutos, ele já estava assim. –ele avança o vídeo, mostrando Jonas espumando, agressivo e os olhos esbugalhados. Se batia nas paredes, jorrando sangue para todos os lados –Depois de três horas, isso aconteceu. –a cena muda para o rato no chão, tendo espasmos enquanto seu corpo apodrecia e se desfazia lentamente –Levou cerca de seis horas até que “morresse”.

Isso... Era para acontecer comigo?—Snake o encara:

—Sim. –os dois ficam em silêncio –Elise sabia sobre isso, mas acho que não teve outra escolha, e talvez esperasse que eu conseguisse uma cura. Menos mal que no final você não virou um Jonas 2.0.

E agora? Vou começar a atacar pessoas e virar canibal?

—O que? Não, claro que não! –Tony ri –Pelos exames, você está estável, não tem como virar um zumbi, mas permita-me... –antes que pudesse fazer algo, Tony pega o pulso dele e rapidamente saca um bisturi e corta a palma da mão, enquanto uma gaiola de rato subia de dentro do balcão, pingando gotas do sangue dele no animal:

Pra que isso?!

—Olhe. –os dois encaram o rato, que continuava normal –Viu, sem sinais de zumbificação.

Você não disse que demora dez minutos?

—Para virar um zumbi completo. Durante o tempo em que o sangue toca o corpo até virar um zumbi, o infectado age diferente, coisa que não está acontecendo com o pequeno Tom aqui. –ele aponta para o rato:

Então eu não crio zumbis?

—Exatamente! Todos os infectados eram capazes de espalhar o vírus, como soldadinhos, mas você é diferente, você é único.

Estou começando a questionar se foi uma boa ter falado com o senhor... Se no final não é um cientista maluco.

—Todos os gênios são loucos. –ele cruza os braços:

Certo... Você diz que sou diferente, mas em que? O que mudou em mim? Porque ainda me sinto normal.

—Você tem cura acelerada. –ele aponta para a mão que cortou, que já estava sem ferimento algum –Claro, não é como a da Elise, mas vai te salvar de enrascadas. Além disso, pelo que pude ver, talvez você tenha uma super força ou agilidade, mas nada confirmado.

Apenas saberei quando lutar então.

—Sim. –ele olha os resultados e suspira –Tudo está quieto sem ela aqui... –ele se vira –Antes de você ir, deveria dar uma olhada no quarto dela... Talvez ache algo que queira.

Olharei, obrigado Tony.—ele se levanta, saindo.

—----

O quarto de Elise estava organizado, do jeito que ela havia deixado quando havia sido raptada. Snake Eyes adentra, encarando tudo.

Por que as coisas terminaram daquele jeito? Era ela que deveria estar ali, não ele.

Chega perto da mesa dela, pegando o caderno em cima, folheando lentamente. Desenhos e mais desenhos enfeitavam as páginas, a maioria rabiscos ininteligíveis, com um grande X em cima e escrito “NÃO”. Isso arranca um sorriso dele, quase conseguia imaginar ela sentada ali, desenhando e ficando frustrada no final por não ter habilidade em desenho.

Mas você continuava tentando. É isso que importa... Ele pensa, o sorriso se desfazendo.

Quando coloca o caderno de volta na mesa, um som chama sua atenção, vindo do outro lado do quarto.

Lá estava Birdie, seu pelo antes branco, estava acinzentado, suas orelhas baixas, parecia não ter energia para nada:

Ele também sente falta dela... Snake Eyes estende a mão, dando carinho no pequeno, que esfrega a pequena cara na mão dele. Após alguns carinhos, Birdie se afasta, saindo do quarto, deixando ele sozinho no quarto, sentindo um vazio em seu peito.

Ele deita na cama, desejando que tudo aquilo fosse um pesadelo, que o vazio que sentia fosse embora.

—---

—Clint, viu o Birdie? –Natasha pergunta ao encontra-lo caminhando no corredor:

—Não o vejo desde ontem. –ele pensa um pouco:

—Ele sumiu, não andava muito bem, acho que estava sofrendo por causa da Elise...

—Sempre estava grudado nela... –ele suspira –Olha, geralmente animais de estimação se vão após os donos morrerem, pode ser isso.

—Está comparando um animal doméstico com uma criatura estranha e provavelmente criada em laboratório? –ela o encara:

—Bem, ele age como um gatinho, então né...

Os dois se interrompem ao verem Snake Eyes vindo pelo corredor:

—Hei ninja, viu o Birdie por aí?

Estava no quarto da Elise umas horas atrás, saiu depois que entrei.

—Obrigada. –com isso, Natasha começa a caminhar rapidamente:

—Onde está indo? –Clint a segue, os dois adentram em uma sala:

—Vou ver as câmeras, assim posso rastreá-lo... –ela se senta, digitando habilmente no teclado, encarando a tela do computador enquanto acessava as câmeras, olhando para as filmagens na frente do quarto de Elise –E... achei!

A filmagem mostrava Birdie saindo do quarto, caminhando por vários corredores, até chegar na porta da frente e sair sem ser notado:

—Então ele fugiu mesmo... –Clint fala:

—E pode estar em qualquer lugar... –ela suspira –A única coisa que me comprometi a fazer com a Elise e falho.

—Não está nas suas mãos o poder de decidir se ele fica ou foge Nat. –ele coloca a mão no ombro dela –Ele está sofrendo como todo mundo, dê uns dias, talvez ele volte.

—Ou não. –ela suspira –Isso que dá se apegar as coisas, não podemos prendê-las pra sempre.

—Temos que deixa-las ir. –ele completa, os dois dão um sorriso triste.

—----

Visão olhava as estrelas pela janela, pensando em tudo o que ocorreu desde seu “nascimento”:

—Por que está tão preocupado? –a voz de Wanda o assusta –Seus pensamentos estão tão confusos... –ele a olha com desaprovação –E-eu não fiz de propósito, só queria saber como ajuda-lo! –ela balança as mãos:

—Não tem problema... É que todos estão sofrendo tanto e não sei como ajudar.

—Fala da Elise?

—Sim, eu não consegui conhece-la como eles...

—Como assim? –os olhos dela arregalam ao ler a mente dele –I-isso é horrível! P-por quê? Por que não falou para os outros?

—E piorar a dor deles? Não, manterei isso para mim... Bem, entre nós agora.

—Será que é mesmo o certo a se fazer? E se ela...

—Apenas se um milagre acontecer... E se acontecer, terá sequelas. –ele suspira –Por isso não quero dar esperanças para todos.

—Entendo... Porém ainda acho que deveria contar.

—Apenas se for necessário. –ele volta a olhar a janela –É tão triste se sentir inútil.

—Eu sei... –ela olha as estrelas ao lado dele.