Passou-se 8 meses, e nenhum contou ao outro o que sentia. Mary estava depressiva, não saía mais, havia terminado o colégio.

Desde o dia que Nuno se declarou, e saiu, nunca mais falou com ele. Nuno a ignorava. Mais um motivo pra tristeza da menina.

Axl estava preocupado. Sebastian se definhava por dentro ao ver a amada daquele jeito.

Passara o aniversário de 17 anos, trancada no quarto.

Ele não aguentava. Mais 8 meses de segredo foi o cúmulo. Iria contar a ela.

Ouviu passos rápidos na escada. Virou-se para frente e viu Mary se jogar em cima dele chorando.

Mary - eu não consigo! - gritava - eu vou morrer! se eu não contar eu vou morrer....

Sebastian - calma..o que você quer contar? - disse, afagando os cabelso da garota -

Mary - eu quero contar... que eu... eu amo você! que eu não aguento mais esconder isso! já faz 2 anos que...

Sebastian - espera... - a interrompeu - você...está se declarando pra mim?! - olhou-a nos olhos -

Mary - estou. sei que você gosta de mim diferente...mas eu tinha que...

Sebastian não pensou duas vezes. Beijou-a como nunca havia beijado alguém. Seu amor tinha sido correspondido.

Sabia que sem ela não conseguia mais viver.

Mary não entendeu muito bem o que ele estava fazendo mas correspondeu ao beijo do rapaz.

Parou de beijá-la e acariciou o rosto dela.

Sebastian - eu também amo você.

Mary - mas me ama diferente... gosta de mim como a filha do seu melhor amigo. Eu amo você como homem, Sebastian. Te amo com desejo de você.

Sebastian - não.. eu não te amo como uma criança, Mary. Eu amo você desse mesmo modo que você me ama. Você é minha vida. Eu te quero como mulher. Sempre te amei, mas desde alguns anos atrás, meu amor tornou-se diferente. Quero ficar com você pelo resto da minha vida. Eu te amo. Eu disse isso tantas vezes, enquanto você dormia....

Mary - é sério isso? - sorri -

Sebastian - sim.

Mary - então por que a gente não fica junto?! por que você não me faloua ntes? por que me fez sofrer daquela forma?

Sebastian - a gente não pode ficar junto.

Mary - por que não?!

Sebastian - primeiro porque eu respeito seu pai, que é meu melhor amigo, segundo... sou velho demais pra você.

Mary - não! essas coisas... isso... isso não tem nada a ver!

Mary ficou nervosa. Por um segundo tudo parecia estar ótimo, ela o amava e ele também.Mas em fração de segundos, com apenas uma frase, tudo que ela tinha imaginado junto à ele, e tudo o que ele havia dito anteriormente, se desmoronou.

Pensavam diferente, ou melhor, ele queria pensar diferente. Pra ela, a idade não importava, e seu pai talvez não ligaria, pois Sebastian é quase da família, mas pra ele, era tudo o contrário.

Sebastian - claro que tem a ver, Mary.

Mary - Sebastian, se você me ama, a idade não tem importância! Quando meu pai chegar falamos com ele.

Sebastian - Não!

Ela se assustou com o tom de voz dele. Nunca Sebastian falara naquele tom grave e alto com ela.

Sebastian - não... isso não Mary... - corrigiu e abraçou-a -

Mary - então..então quer dizer que você me ama...mas não vai ficar comigo? - desatou a chorar sofridamente -

Sebastian - sim... é isso mesmo. Não quero te iludir.

Mary - não!

Aquelas palavras também o machucavam. Seu peito doía, seus olhos estavam marejados. Não queria chorar. Tinha que mostrar-se forte e decidido à ela.

Mary - você não pode fazer isso comigo! se nos amamos...temos que ficar juntos.

Sebastian - eu sei, Mary.

Mary - vamos fazer o seguinte, então...você não quer ficar comigo... por causa do meu pai, certo?

Sebastian - sim.

Mary - namoramos escondido! simples e fácil!

Sebastian - não sei....não sei...

Sebastian olhava para os lados. No fundo tinha gostado da proposta, mas não era uma boa. Nessa hora não podia pensar com o coração, mas sim, com a cabeça.

Mary - por favor Seb.. não consigo viver sem você...

Sebastian - eu também não...

Mary - então...

Mas ele não conseguia dizer não à garota. Ele tinha que pensar com o coração.

Ele tinha que pensar com o coração.

Sebastian - tá bom, Mary....

O sorriso voltou a face de Mary. Ela beijou-o intensamente. Seb não estava confortável com a decisão. Uma hora ele não iria mais querer isso. Tinha que acabar com essa idéia louca, mas não a queria magoar. Enquanto a beijava, pensava numa solução. Talvez se fosse embora, ela o esqueceria. Mesmo sabendo que morreria fazendo isso, foi o melhor que conseguiu pensar. Parou o beijo e se afastou. Era melhor cortar pela raiz.

Sebastian - olha Mary... não dá... desculpa eu não vou conseguir, me perdoa.

Mary - mas...mas você acabou de concordar! essa sua indecisão vai acabar comigo!

Sebastian - é sério. eu não consigo. desculpa.

Mary - você não pode fazer isso! e como eu... eu vou me matar!

Sebastian - não vai. Você vai me esquecer.

Mary - como isso?! eu não vou...

Sebastian - eu vou embora.

Mary - o que!? - gritou -

Sebastian - vou embora. Pra outro país se precisar. Assim iremos sofrer menos.

Mary - não! por favor! não!

Mary o agarrou. Não queria que ele fosse embora. Faria tudo para que ele não fosse. Empurrou-o no sofá, assim, caindo por cima dele.

Mary - eu não vou deixar você ir!

Sebastian - só quero que saiba... que eu te amo muito...

Mary - cala a boca! você não vai!

Com um empurrão tirou-a de cima e se levantou. Uma dor no peito. Foi andando até a porta de saída. Mary pôs-se de pé e o abraçou por trás, chorando. Sebastian suspirou. Retirou delicadamente as mãos dela de sua cintura, virou e olhou-a nos olhos. Mesmo vermelhos, o azul dos olhos dela se destacavam mais. Sentiu uma lágrima rolar em seu rosto. Cada vez mais seu peito doía. Mas era preciso.

Sebastian - fique bem, Mary.

Largou-a chorando. Foi embora.

Mary ficou observando-o. Ela não ia deixá-lo ir, mas nem por um decreto. Correu atrás dele.

Sebastian entrou no carro. Queria se matar, jogar o carro no primeiro penhasco que aparecesse. Deu partida. Foi em baixa velocidade.

Olhou pelo retrovisor. Alguém corria atrás do carro. Era Mary. Encostou. Ela o alcançou e bateu no vidro.

Mary - Sebastian Bach!

Ele saiu do carro e a olhou.

Sebastian - você não vai desistir mesmo, não é?

Mary - não...não... - com a respiração descompassada - .... vou.

Sebastian passou as mãos no rosto avermelhado dela. Sorriu. Não podia fugir.

Sebastian - ai ai... Mary...você não aceita um \"não\". - riu-se - tá. Mesmo achando errado pra caramba... eu namoro escondido com você. chega.

Mary - você não tá me enganando, não, né?!

Sebastian - claro que não, meu amor. - beijou seus lábios levemente -

Mary - promete que nunca vai me deixar?

Sebastian - prometo! sempre vou estar aqui.. pra você. Como sempre.

Ele a abraçou. Agora sim, estavam calmos, e prontos para viver um grande amor. Mesmo sendo um segredo.

Sebastian sentiu algo vibrar em seu bolso. Pegou o celular e atendeu.

Sebastian - alô?!

Axl - oi, Seb. Tudo bem?

Sebastian - uhum.

Axl - a Mary tá aí? você viu ela?

Sebastian - tá comigo sim.

Axl - ah tá. É que eu cheguei em casa e não encontrei ela...

Sebastian - daqui a pouco eu levo ela aí.

Axl - tá bom. tchau.

Sebastian - tchau. - desliga -

Mary - quem era?

Sebastian - seu pai.

Mary - ah..tinha que ser.

Sebastian a abraçou ternamente e sorriu, afagando os longos cabelos de Mary. Seu coração batia tão forte,que parecia querer pular do peito. Pensou em Axl.

Bobo o amigo não era. Sabia quando ele tava com alguém. Teria de ser muito discreto e prevenir Mary nisso.

Sebastian - Mary...

Mary- que?

Sebastian - ó, temos que tomar cuidado com o seu pai. Muito cuidado. Ele é muito esperto, principalmente comigo. Sabe tudo.

Mary - ah sei como ele é..... tudo bem. De mim ele não vai descobrir nada.

Sebastian - então tá bom.