I Not Wished That

Capitulo único - A different way


Havia saído daquela porta, e é a primeira vez que tive um alívio em ver aquela casa.

— Cheguei!. - Exclamei alto, era mais uma confirmação que estava no lugar certo.

Andei pela casa, chamando meus pais. Fui até o escritório de meu pai, ele não estava. Caminhei até a cozinha, vendo as compras que minha mãe havia feito. Notando que elas estavam cheirando mal, com moscas saindo do pacote de papel.

— Que nojento. - Disse, enquanto ouvia a campainha.

Corri pelo corredor com animação, meus pais tinham chego, havia acabado, não voltaria para aquele outro mundo novamente. Mesmo o meu verdadeiro não sendo perfeito, acho que nenhum mundo é.

— Senti tanta falta de vocês. - Pronunciei, colocando a mão na maçaneta e a girando, abrindo a porta e podendo ver quem era.

Não era meus pais, era só o Wybie. Minha animação se desfez, ele não me escutava... assim como meus pais.

— Wybie que fala. - Disse, enquanto lembrava-me do outro Wybie, o qual me ajudava mais do que o verdadeiro.

Possivelmente não entendeu o que eu disse, e deu uma pequena risada sem graça. Ele estava mais esquisito do que o normal. Me questionava sobre aquela boneca, a qual ele deixou com a minha mãe no primeiro dia que chegamos na casa. A boneca era a mini Coraline.

— Ela disse que a boneca era da irmã dela sabe... aquela que desapareceu. - Wybie disse, olhando o chão.

— Você roubou aquela boneca, não foi!?. - Falei séria.

— É que era tão parecida com você, que eu pensei... - O interrompi.

— Mas antes ela era parecida com a filha de algum colono, depois de um personagem de Huck Finn Jr e depois com uma menina de seriados, com aquelas fitas e tranças... A irmã desaparecida da vovó, acho que eu acabei de conhecer, vem!. - Falei, agarrando seu pulso, e o puxando para dentro da casa, patendo a porta.

Wybie recusava, falando que não deveria entrar na casa. Fala sério, acho que a avó dele deixaria entrar. É apenas uma casa velha, que tem uma porta para uma outra réplica de casa velha, só que melhor.

Acho que o medo da avó dele, seria entrar nesse mundo de outras mães e pais, e acontecer o mesmo que aconteceu com sua irmã. Será que ela sabia desse outro mundo?.

Enquanto o ignorava, chegamos a sala, onde acabei o soltando.

— Ela está aí dentro. - Falei, apontando para a pequena porta com a chave de botão em sua fechadura.

— E tem jeito de abrir?. - Wybie diz, chegando perto de mais da chave. - O impedi, antes que tocasse naquela coisa.

— Nem pensar, mas também não adianta, ela não pode escapar sem os olhos... nenhum dos fantasmas pode. - Respondi com a preocupação voltando, teria que ajudá-los, alguma hora teria que voltar para lá.

— Eu preciso mesmo devolver a boneca. - Wybie disse, se afastando de mim e tirando meu toque de seu pulso, o qual não havia percebido que continuava a segurar.

— Ótimo!, eu estava louca para me livrar dela. - Pronunciei, agora agarrando seu braço e o puxando pelas escadas, até chegar em meu quarto. Abri a porta, e ele olhou receoso.

— Aonde você se escondeu sua monstrinha?. - Falei alto, indo para o baú, procurando.

— Você e a vovó tem se falado?. - Wybie pergunta, entrando no quarto.

— A boneca é a espiã dela, é como ela faz para observar você, descobre o que tem de errado na sua vida. - Comentei, me levantando do chão, havia procurando embaixo da cama e nada.

— Então a boneca é espiã da minha avó?. - Wybie questiona, ele não entendeu nada?.

— Daquela outra mãe, ela construiu um mundo onde tudo é melhor, a comida, o jardim, os vizinhos. - Pronunciei a última palavra, chegando até Wybie, e encostando meu nariz ao dele.

Voltei a pensar no outro Wybie, acho que provavelmente prefiro o verdadeiro. Afinal, o outro é o único que não faz parte do plano da outra mãe.

Wybie estava na minha frente, assustado.

— Mas é tudo uma armadilha!. - Desencostei nossos rostos, e apontei para ele com a expressão séria. Vi que ele vacilou um pouco, e deu um passo para trás.

— É... acho que alguém está me chamando senhorita Jones. - Wybie diz, caminhando para trás.

— Não acredita em mim!?. - Exclamei, chegando rápido a ele, frustrada.

Ele bateu as costas na parede, onde eu o fechei, colocando meus braços o impedindo de sair.

Wybie ficou me olhando curioso, por uma vez ele não abaixou a cabeça, ou deixou de me olhar nos olhos.

— Pergunta para... - Fui surpreendida com um beijo rápido em minha bochecha.

— ...Aquele seu gato preto. – Pronunciei, misturando seriedade com espanto.

— Pro gato?. Ele me olhou confuso, mais confuso que eu. O que foi aquilo, porque agora?.

— É!. - Falei com expressão fechada, o assunto que estávamos tratando era sério!.

— Ah... eu vou dizer para minha vó que você não encontrou a boneca dela. – Wybie diz, saindo de perto, indo de costas e dando passos longos para fora no quarto.

Peguei um de meus sapatos azuis, o tirando e atirando em sua cabeça. Ele estava saindo do quarto, não acreditando em mim.

— Você não está ouvindo o que estou dizendo!. - Me alterei, tirando o outro sapato de meu pé.

— É porque você é doida!. - Ele gritou, saindo correndo do corredor.

Arremessei meu sapato em sua cara, mas não o acertou.

Ele saiu gritando e correndo, enquanto eu corria atrás dele, peguei meu sapato do chão e o segui escada abaixo.

— Seu desajustado!. - Exclamei, seguindo Wybie para fora da casa, arremessando meu sapato.

— Doida!. - Era vez dele exclamar.

— Eu sou doida?, você que foi o imbecil que me deu aquela boneca!. - Gritei ao longe, vendo ele acelerar com sua motoca.

Percebi que nem falamos sobre o que aconteceu, além da gritaria que fizemos por ele ter duvidando do que eu disse. Não é mentira, foi real que eu sei.

Olhei para o lado e vi o carro de minha mãe. Gritei pelos meus pais, corri até o carro. Mas não estavam lá. Entrei no carro, peguei o celular de minha mãe, e liguei para meu pai. Torci para que meu pai atendesse. Caiu na secretária eletrônica, e desliguei.

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Após Coraline voltar para o outro mundo, encontrar a outra mãe, jogar com ela e ganhar. Voltou para nosso mundo, o mundo real dela, que mesmo assim era melhor do que passar a eternidade com uma louca com olhos de botões. Ou pior, ter sua alma roubada.

Seus pais voltaram, e apenas ela sabia da verdade. Pelo menos estavam comemorando pela promoção dos pais. Não haveria bela dama, nunca mais... ou será que?.


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Acordei, havia sonhado com as crianças fantasmas. Vi o gatinho preto me observando, me sentei na cama e levantei meu travesseiro. Os olhos das crianças estavam em pedaços, elas estavam livres.

— Eu preciso esconder isso em algum lugar, algum lugar que ela não possa ver. - Falei, pegando a chave e mostrando para o gato. Lembrei de um lugar, o qual ela não o acharia mesmo se quisesse.

Me levantei da cama, estava disposta a esconder a chave. Não quero problemas, nem para mim. Nem para crianças futuras que poderão hospedar o palácio cor de rosa. Peguei um pequeno cobertor azul, colocando em meus ombros, estaria frio lá fora. O gatinho me impediu, tampando minha passagem na porta.

— Sai da minha frente. - Falei, o tirando do caminho. Abrindo a porta de meu quarto, descendo as escadas e saindo da casa.

Cantei o trajeto por onde passava, poderia me livrar um pouco do medo que estava sentindo.

— Ó bruxinha bonitinha. Eu gosto tanto de você.

— Eu te dou um mingauzinho, e depois um sorvetinho.

— Eu te dou um montão de beijos. - E nessa hora lembrei do beijo em minha bochecha que Wybie me deu. Pelo menos algo para distrair minha mente.

— E um montão de abraços.

— Mas eu nunca te fiz sanduíches.

— Com banha, minhoca e muito feijão. – Pronunciei brevemente assustada, abrindo a tampa do poço.

Peguei a chave que estava em volta de meu pescoço, tirei de baixo de meu pijama e estava a segurando para remover de meu pescoço. Mas foi quando levei um susto, o qual caí no chão. Agulhas em forma de mão, estavam puxando meu colar com a chave de meu pescoço, eu estava sendo arrastada pela terra. Tentei sair daquelas agulhas, mas não conseguia pegar e nem sair ou me levantar. Estava respirando ofegante. Apavorada.

Até que ouvi uma buzina familiar, uma luz forte em cima de um pequeno monte. Wybie passou pela mão de agulhas, a pegando. Tossi, me apoiando em meus joelhos, observando ele perder o controle da motoca. Me levantei, quando vi ele caindo no poço, ainda bem que ele se segurou na borda. Peguei meu pequeno cobertor do chão, corri até a mão que iria machucar Wybie para ele soltar e cair. Pulei, abrindo meu cobertor e agarrei a mão de agulhas, saí rolando, segurando firmemente meu cobertor.

Aquela mão estava rasgando o pedaço de pano, desencostei meu rosto e soltei o cobertor, vendo ela se mostrar em minha visão. Arregalei meus olhos, gritando assustada. Até que vi uma pedra, quebrando por inteira a mão de agulhas.

Notei Wybie ofegante, atrás da pedra. Finalmente tirei a chave de meu pescoço, enrolei meu cobertor, a pedra, e os restos de agulhas quebradas, amarrei com o cordão da chave. Wybie e eu seguramos o cobertor, fomos até a borda do poço, olhamos para baixo, e depois um para o outro, balançamos o cobertor e o jogamos poço abaixo.

Wybie foi para o lado, empurrar a tampa do poço, e fui ajudá-lo.

— Desculpa por não ter acreditado na história que você contou, Coraline. - Wybie disse, sem jeito.

— E porque você mudou de ideia?. - Questionei, com um sorriso de canto, com uma sobrancelha arqueada. Pela primeira vez me chamou de Coraline, e não Jones.

— A vovó me mostrou esse retrato, depois que eu te chamei de doida. - Ele diz, abrindo um pedaço de papel amarelado e tirando de seu casaco, me mostrando uma foto em preto e branco.

O retrato era de duas garotas, a da direita com uma boneca igual a ela.

— É ela e a irmã dela, antes dela ter desaparecido. - Ele continua.

— A doce menina fantasma. - Peguei a foto de sua mão, podendo confirmar que havia conhecido a irmã da vó de Wybie.

Ao longe, pudemos ouvir a vó de Wybie o chamando. Dessa vez realmente tinha alguma voz o chamando, dessa vez não havia desculpas.

— Puxa vida, o que eu vou dizer para ela?. - Wybie questiona, coçando a nuca.

— Então, leva ela lá em casa amanhã, contamos para ela juntos. - Sugeri, afinal amanhã cuidaríamos do jardim.

— É, sério?. - Wybie questionou, me olhando.

— Sabe, eu tô feliz que você resolveu ficar me seguindo. - Pronunciei, dando um soco em seu ombro. Soltei uma pequena risada.

— É que não foi ideia minha. - Wybie diz, passando a mão por seu ombro. Me acompanhando em alguns risos.

Ouvimos um miado, era o gatinho que havia falado. Gato esperto. Curvamos nossas cabeças, junto ao gato. Agradeci mentalmente.

Beijei rapidamente a bochecha de Wybie, vendo ele se surpreender.

— Então... podemos ir?. - Wybie questiona, com o rosto um pouco vermelho.

— Agora podemos ir. - Falei, lhe dando um grato sorriso.

Ele pegou a motoca dele, ofereceu carona até minha casa. Minha casa?, acho que já poderia aceitar parte da casa, um lar.

Wybie me deixou na porta, junto ao gatinho que eu não havia visto ele entrar no casaco de Wybie. Meu coração bateu um pouco forte.

Acenei para ele, senti minha barriga esquentar e entrei em casa.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.