— Ei, você não achou estranho o que o Akihiko disse antes de sair? — Perguntou Erza olhando para a porta da guilda. — Jellal?

A maga levantou e olhou para os lados, Jellal já não estava mais ali.

— Ei, Erza-san... Acho que o Jellal deve ter ido atrás do Sasato. — Disse Mirajane enxugando mais um copo qualquer enquanto Laxus, logo atrás, organizava algumas garrafas na prateleira, completamente desajeitado. De vez em quando, minutos em minutos, ele quase derrubava várias delas no chão, QUASE.

PONTO DE VISTA LAXUS DREYAR

De repente ele QUASE derruba mais algumas garrafas de vinho! Ele suspira... “QUASE...”.

— Ei, tome cuidado, Laxus! — Exclama sua albina Strauss virando-se como que num susto com uma das mãos sob o peito “segurando o coração” e um olhar preocupado.

Mira apenas observou o Dreyar sorrindo para ela e ao mesmo tempo também praticamente se matando para segurar quatro garrafas que quase caíam. A garota suspira.

— D-deixe-me ajuda-lo... — A Strauss insiste com uma gota caindo sob sua cabeça.

— N-não! Realmente...! Não precisa!

— Anda! Para com isso! Claro que precisa! — Ela se aproximava do garoto imóvel por culpa das garrafas que tinha de segurar.

— Não, eu não preciso de...!

Tarde demais, a albina já tinha tirado as garrafas infernais que teimavam a cair em cima dele da prateleira. Ela as deixou sob o balcão e simplesmente começou a fitar o Dreyar. Um de seus braços estava sob a bancada batendo o dedo indicador várias vezes impacientemente enquanto sua sobrancelha direita arqueava em um gesto TOTALMENTE repreensivo.

— Ajuda. — Completou ele coçando o pescoço sem motivo algum. — Tá, eu precisava.

Mirajane sorriu e Erza riu.

— Bom, Mira... Sobre o que nós conversávamos antes do seu amiguinho QUASE acabar com o bar... Também acho, na verdade, isso também me ocorreu... Então... Até mais. — Disse a ruiva andando em direção à porta da guilda.

Alguém de repente segura a saia de Erza.

— Erza-nee-chan, aonde você vai? — Disse a pequena filha de Alzack e Bisca, Azuka.

Scarlet se abaixou.

— Eu vou procurar o Jellal, Azuka-chan.

— Jellal-san não é da guilda, Erza-nee-chan. Não seria melhor você ir atrás do Akihiko-san?

— Azuka-chan, o ‘Jellal-san’ provavelmente foi atrás do Akihiko. E também, mesmo que não fosse assim... Jellal pode até não ser da Fairy Tail, porém... É nosso amigo. Entende?

— Sim.

Erza sorriu afagando a cabeça de Azuka, que também sorriu.

— Então... É isso. Eu já vou indo. — Erza se levantou e saiu acenando. — Ja ne, Azuka-chan!

— Ja ne, Erza-nee-chan! — A menininha acenou de volta até que Erza sumisse de suas vistas. — Waah... A Erza-nee-chan é tão legal... — Comentou sorrindo. — Né, Mama?

— Com certeza. — Assentiu Bisca.

— Mas, Mama... — Disse pensativa.

— Sim? — Atendeu Bisca se abaixando.

— Onde estão a Charles e o Happy? — Ela abaixou a cabeça. — Eu... Queria brincar.

— Ora, ora... Eles só devem ter saído... Daqui a pouco eles estão de volta. — Tranquilizou acariciando a cabeça da pequena.

— Ok...

Em frente às portas da guilda...

— Ai! — Gritaram Erza e Happy, trombando, seguidos por Charles.

— Comece a olhar por onde pára gato! — Repreendeu a gatinha branca com a patinha acarinhando a testa.

Gomen... — Choramingou o gato também passando sua patinha no lugar dolorido.

— Por que tanta pressa, Happy? — Perguntou Erza.

— Ah, é que... — Ele começou baixinho, até que lembrou que o que ele iria falar era de fato de enorme importância. — É QUE...! O Natsu...! Q-quer dizer...! Os Dark Slayers... Eles voltaram! E estão lutando contra o Natsu!

— O-os Dark Slayers?! Contra... O Natsu?!

— Aye! — Exclamou Happy.

—D-droga... E eles estão em grande número?

— Aye! — Repetiu o azulado.

— Nós temos que ir lá!

— Ayee! — Disse ele mais uma vez, agora com desespero na voz e mãos reproduzindo um gesto de súplica.

— Então vamos! — Disse ela já andando rapidamente.

— Siiim! — Disse ele acompanhando a maga, até ela parar após percorrer um único metro.

— Espere. — Disse ela.

— Hã? — Perguntou o animalzinho impaciente.

Charles se segurava na cauda de Happy por culpa da velocidade que aqueles dois viviam a correr.

— Vocês dois voltem a guilda! — Ordenou Scarlet.

— O QUÊ? — Perguntaram surpresos.

— Voltem! Agora! — Impôs novamente.

— Mas...! — Já começava Happy, até ser calado por uma pata branca.

— Ok, iremos. — Disse a gatinha da garota Marvel.

— Hã?! — Exclamou Happy com a voz ainda debelada por culpa da pequena pata. O Exceed olhava sua parceira sem entender.

O olhar de Charles era firme, decidido. Erza confiou, assentiu e saiu dali. Happy tentou ir atrás, porém Charles o segurou.

— Por quê?! Por que Charles?

Ela suspirou mal-humorada.

— Você ainda não entendeu? — Perguntou segurando o nakama do jeito que podia, tentando levá-lo para dentro da Fairy Tail.

— Não! — Ele se relutava.

Ela suspirou novamente e o soltou.

— Ela quer que busquemos ajuda e enquanto isso, ela irá atrás do Natsu!

— Aaah...! Claro! — Disse entendo uma coisa tão simples... Só agora. — Vamos avisar os outros! A luta ainda não acabou! — Anunciou com um olhar determinado.

— Aye... — Disse com um pingo de desdém na voz... Era impossível, definitivamente impossível... Ele só havia entendido agora, MESMO?

Enquanto isso, numa montanha solitária...

Ele ofegou. Correr até um lugar tão longe quanto esse era realmente cansativo. Mas finalmente... Ele estava longe. Longe do que ele mais temia machucar, longe daquela pessoa que ele declarava como a única coisa realmente valiosa que lhe sobrara. Mesmo que não havia tanto tempo que ele a conhecia, sabia que ela significava algo importante para ele. E que ele também significava algo para ela. E isso... Era a coisa mais formidável que aconteceu em toda a sua vida, depois de tantas coisas ruins que ele já tivera passado em sua infância...

Ele sorriu.

Que bom que... Ele não a mataria. Porque ela estava longe... Ele conseguira mesmo se distanciar o bastante. “Que bom...”, pensou ele novamente. Isso era um alívio. O fazia sentir bem saber disso.

O garoto dos cabelos negros se deitou na neve fria. Uma gota de água morna deslizou sob o seu rosto.

Agora que ele podia... Ele se afogaria em suas próprias lágrimas. Seria impossível fugir daquela besta e ele já estava cheio de resistir. Se negar em pensar na sua mãe, no seu irmão, no seu mestre... Era negar a si mesmo. Todo aquele pesar... Era a sua vida, sua história.

É impossível fugir do seu passado.

E ele sabia disso. Akihiko, sem dúvida alguma... Sabia disso como ninguém.

Enquanto o Sasato começava á mergulhar em suas memórias, ele ouviu algo inopino.

Levantou-se rapidamente, se sentando na neve por impulso. “Um animal... Talvez? Aah... O que diabos esse coitado deve estar fazendo logo aqui?”. Ele caiu na neve novamente, fazendo flocos se espalharem pela sua roupa mais uma vez.

— Okaa-san... — Murmurou de olhos fechados numa voz baixa.

— Akihiko? — Perguntou alguém.

O Sasato abriu os olhos.