Fechei a mala de viagem que contia roupa para três dias, especialmente quente, calçado, objetos de higiene e maquilhagem. Era de manhã, o sol espreitava tímido por de trás das nuvens iluminado as ruas de Nova Iorque, ao contrário de Milton, onde parecia que a chuva e frio não davam tréguas à pequena vila. O voo estava marcado para a 1:00 PM, mas tinha de chegar mais cedo para fazer o check-in, estava ansiosa para a viagem, nunca apreciei andar de avião, porém as saudades da minha família falavam mais alto. Porém esse não era o propósito da viagem, mas sim cumprir a tarefa que o diretor Fury me designou.

Tomei banho e me vesti com uma roupa confortável pois o voo tinha a duração de oito horas, dirigi-me à pequena estante que a tinha ocupado com os meus livros e escolhi um para me conseguir distrair um pouco durante a viagem. Peguei na mala e levei-a até sala deixando-a perto da porta, ainda não tinha tomado pequeno almoço, por isso, fui até a cozinha e coloquei duas fatias de pão na torradeira, enquanto estas aqueciam pensei em liguei ao meu avô para combinar os últimos detalhes, pois seria ele a ir-me buscar ao aeroporto de Cambridge, mas lembrei-me que lá ainda era madrugada e não o queria acordar.

Comi o café da manhã enquanto via as mensagens que tinha por ler da Ellie, minha melhor amiga, que estava eufórica por voltar a Milton e já planejava várias atividades, mas infelizmente não teríamos muito tempo. Acabei, lavei a loiça que tinha sujado e como ainda faltava 30 minutos para as 11:AM, hora que decidi que sairia de casa e que tinha pedido um táxi, fui-me sentar no sofá enquanto via um programa qualquer para passar o tempo. Já quando faltavam 10 minutos, desliguei a televisão e levantei-me. Fui ao meu quarto para confirmar se não faltava nada e o envelope onde continham as fotos e as cartas do meu tio chamaram-me a atenção. Peguei nele e tirei a carta que não tinha lido e guardei-a na mochila pequena que levava às costas, leria-a em Milton quando ganhasse coragem.

Dirigi-me à porta, peguei na mala e quando estava prestes a abri-la alguém toca a campainha. Só esperava que não fosse nenhum vizinho a pedir algum favor porque não tinha muito tempo para ajudar. Pousei a mala e abri a porta, quando vi e reconheci a pessoa à minha frente fiquei bastante surpreendida, só podia estar a entrar num estado psicótico em que as imagens que via eram fruto da minha imaginação. Á minha frente, estava o próprio Capitão América, com um pequeno sorriso no rosto. A minha atenção passou do seu rosto para o lado esquerdo inferior onde estava uma pequena mala de viagem e perante a minha cara de surpreendida e confusa este fala:

– Bom dia senhorita Smith, sou Steve Rogers, acho que não tem esta informação, mas eu serei o seu acompanhante e vigilante na sua viagem.

– Bom dia, o diretor Fury não me tinha avisado, fiquei bastante surpreendida. Mas porque o senhor? Não havia outro agente disponível? – perguntei, não queria ser rude com as minhas interrogações, não me importo que seja ele obviamente, mas era estranho que o Capitão América, um vingador, fosse escolhido para acompanhar uma jovem, uma simples civil de vinte e um anos, na sua viagem ao país de origem.

– Não lhe agrado senhorita Smith? – perguntou com um sorriso no rosto.

– Não é isso! – respondi rápido – desculpe a minha indelicadeza, mas só acho estranho não ter sido selecionado outro agente para uma tarefa como esta, mas sim o senhor que deve ter outras missões muito mais importantes.

– A sua pergunta como as outras que acho que a senhorita tem serão respondidas mais tarde, temos um voo à nossa espera certo? – perguntou.

Assenti e dirigimo-nos para o elevador. Sim ele tinha razão, tinha muitas perguntas para fazer, mas uma coisa é certa, era estranho estar perto dele parecia como se estivesse perto de uma celebridade, bem, ele meio que o era. Descemos no elevador em silêncio e quando saímos dirigimo-nos para fora do prédio em encontro com o táxi que já estava à nossa espera. O Capitão colocou as nossas malas na bagageira e entrei no carro desejando um “Bom dia” ao taxista.

Já em movimento em direção ao aeroporto, enquanto o som do rádio invadia o táxi numa harmonia alegre, o Capitão começa a iniciar uma conversa comigo.

– Como é Milton? – pergunta.

– É uma pequena vila, perto de Cambridge, não tem muita população. Bastante rural, mas charmosa, é um ótimo sítio para viver com a família.

—Estou ansioso para conhecer a vila. Mas porque é que a senhorita decidiu deixar o seu país e vir para Nova Iorque? Não precisa de responder se não sentir à vontade – perguntou.

– Não há problema. Sentia que precisava de conhecer o mundo, não que não conseguisse isso em Inglaterra, mas queria conhecer um novo país, novos costumes, pessoas diferentes. E para mim só se consegue conhecer bem um país e como ele funciona se viver algum tempo lá. Mas também vim para esta cidade devido à universidade.

– Concordo com a senhorita – disse o taxista – me desculpem interromper a conversa.

– Não faz mal – respondeu o Capitão.

A conversa acabou por ali e o silêncio instalou-se, mas não era pesado. Encostei a cabeça, dando atenção à música que passava na rádio e olhei a passagem do lado de fora, os prédios, as pessoas, as ruas, a vida a correr na cidade sempre agitada. Queria interrogar o Capitão, porém seria insensato falar sobre este tema à frente de outra pessoa já que o diretor Fury deixou bem claro que teria de permanecer em segredo.

Passado 20 minutos chegamos ao aeroporto, paguei ao taxista enquanto o Capitão tirava as malas e fomos nos digerindo para a zona do check-in que demorou algum tempo. Quando chegamos a zona de embarque ainda faltava cinquenta minutos para a partida, então caminhei para onde estavam dois bancos vazios para me sentar, mas o Capitão me deteve dando me indicação para irmos a outro lugar. Estávamos a caminhar as grandes janelas do aeroporto aonde não se encontrava muitas pessoas.

– Não podemos conversar à beira de outras pessoas, ou seja, no avião também. Temos muitas coisas a discutir senhorita – disse – pode me perguntar o que quiser, mas só poderá saber o que for permitido.

–Tudo bem – falei - pode me explicar porque vai me acompanhar até Milton? Poderia viajar sozinha. E porque o senhor? – perguntei.

– Em primeiro, a S.H.I.E.L.D assegurou-lhe que a sua proteção seria prioridade e não se sabe os riscos que pode correr durante a viagem, sem a nossa proteção. Em segundo, sim poderia ser outro agente a cuidar da sua proteção, mas esse não é o único objetivo - respondeu.

– Então qual é? – perguntei.

– Estou bastante familiarizado com as pretensões e o modo de atuar da Hidra, durante muito tempo o meu objetivo foi acabar com a sua atividade. Eu serei uma grande ajuda para encontrar informações sobre esta ou sobre o soro do super soldado em escrituras ou objetos que encontrarmos do seu tio. Posso perceber detalhes que a senhorita não repararia e para além disso esta situação envolve-me, eles querem recriar o soro e eu sou a única pessoa no mundo que o tem a correr nas veias. Tudo isto é bastante importante para mim – respondeu, mas pude ver, pelo seu olhar que toda esta situação da Hidra e do soro parecia muito mais profunda do que eu pensava.

– Entendo. Mas Capitão como é que pode me ajudar em encontrar algo sobre o meu tio. Se existir evidências provavelmente será na casa dos meus avós e o senhor não pode entrar lá sem que ninguém desconfie.

– Verdade, mas tenho já uma solução para isso. A S.H.I.E.L.D pretendia que fingíssemos ter uma relação mas eu achei que poderia ser invasivo para a senhorita – assenti e corei com essa possibilidade, sim seria estranho e teríamos que fingir perante a minha família – por isso, arrendei uma casa perto da habitação dos seu avós e vou investigar o recinto e criar um plano para entrar durante a noite.

– O senhor vai invadir a casa dos meus avôs? – perguntei surpreendida.

– Não há outra forma. Durante o dia pediria que investigasse dentro de casa algum quarto onde possa estar objetos antigos do seu tio. Deve ser difícil descobrir que o seu tio... – respondeu.

—Sim é – o interrompi – mas pretendo descobrir a verdade.

– Outra coisa senhorita. Pedia-lhe também que não se afastasse muito de Milton e sempre que saísse me avisasse, quando o fizer que não seja sozinha. É para a sua proteção – pediu.

– Tudo bem – respondi – Mas como nos vamos comunicar?

– Através do celular. Para o mesmo número que enviou ontem a mensagem – respondeu – Mais alguma pergunta?

– Por enquanto não, pelo menos que o Capitão me possa responder. Podemos nos sentar?

Este respondeu que “sim” e caminhamos para os bancos. Falamos sobre alguns assuntos, mas fomos interrompidos pela chamada do nosso voo.

– Pronta senhorita Smith?

–Sim – respondi-lhe com convicção.

Não sabia que me esperava e o que poderia descobrir, mas o meu objetivo era a verdade e nada era mais importante do que isso. Mesmo que mudasse toda a minha vida.