I Can't Love You

Capítulo 111 — O que eu posso fazer para ajudar?


KATE.

As palavras de Martha martelavam em minha cabeça.

espero que não seja a última vez que a veja.”

Não consegui me concentrar em muita coisa a partir daí, apenas se veríamos Lily de novo quando tudo isso acabasse. Se acabasse. Passei o restante do jogo torcendo no automático. Vibrava quando todos vibravam, e apenas acompanhava com o olhar as crianças correndo de um lado para o outro.

Quando o jogo acabou, Alexis veio correndo em nossa direção. Naquele momento eu realmente caí em mim, e sabia que precisava voltar minha atenção aos meus filhos. Castle já tinha colado os meninos no carrinho, Reece cochilava, mas Jack estava atento a tudo. Lanie e Laura se adiantaram para servir o lanche que trouxemos. Eu tinha prometido que levaria todos para comer uma pizza ou algo assim, mas não poderia levar dez crianças de uma vez ou ficaria louca. Depois recompensaria minha promessa.

Meu celular vibrou no com mensagem seguidas, dei uma checada rápida e suspirei. Hoje seria um dia e tanto. Castle notou minha mudança de humor, claro.

— O que está acontecendo? – ele sussurra do meu lado.

— Nada. – aguardo o celular em meu bolso e sorrio. – vou ajudar a servir os sanduiches.

Antes que eu possa seguir, ele me segura e fica na minha frente.

— Eu te conheço, você está aqui mas sua cabeça não. O que houve?

Respiro fundo.

— Preciso resolver um problema na clínica. Chegou uma emergência e eles precisam de mim.

— E é só isso? – ele estreita os olhos e eu confirmo. – mas você não trabalha nos fins de semana.

— Hoje foi exceção. Eles realmente precisam de mim.

— Ok. – seu rosto sério me diz que ele não está nada bem com isso, mas eu não posso lidar com Castle agora.

— Eu preciso ir, você vai ficar bem com as crianças?

— Claro.

Dou um sorriso fraco e o beijo.

— Volto para casa logo, ok? Depois a gente precisa conversar.

— Kate...

— Depois, babe. – seguro seu rosto e dou um beijo mais demorado. – eu te amo.

— Também te amo.

Antes de sair me disperso dos meus amigos e das crianças. Jack não ligou muito para eu estar saindo já que Jackson estava brincando com ele de aviãozinho. Escutar as risadas dele quase me fizeram desistir de sair agora, mas eu precisava. Chamei Alexis e Lily num canto e me abaixei para ficar na altura das duas.

— Eu vou ter que sair agora, mas vocês precisam se comportar, ok? Quando eu chegar em casa a gente pode assistir um filme, quem sabe?

— Ou jogar xadrez. – Lily sorrir animada.

— Isso, podemos jogar xadrez também. – acaricio o cabelo da menina. – eu vou resolver um assunto, e então a gente vai conversa tá bem?

— Eu vou para casa hoje?

— Não sei, querida. Mas fica tranquila, ok? Não pensa nisso agora.

— Então eu vou dormir com Alexis de novo hoje? É que ela me prometeu me mostrar os outros brinquedos dela. – sorrio.

— Talvez sim. Quando eu chegar a gente conversa, tá? – Lily confirmou com a cabeça e eu a puxei para um abraço que ela não recusou. Fiz o mesmo com Alexis e depois segui para meu carro.

Por sorte viemos em carros separados, então não precisava me preocupar em pedir taxi. Assim que entrei no veículo, olhei mais uma vez a última mensagem recebida.

Esse é o endereço da casa da tia da Lily. Encontro você lá em trinta minutos”

Resolvi pedir ajuda para encontrar a mulher, que tinha o nome de Victoria. Andreia, minha advogada, tinha sido rápida em recolher todas as informações sobre a mulher em menos de um dia. Estava ansiosa para conversar com ela, entender como Lily foi parar na rua, como elas vivem e saber se posso ajudar em algo.

Coloco o endereço no GPS e saio em direção ao local. Quinze minutos depois eu estaciono o carro na rua onde a Victoria mora. Não era tão longe de onde Lily costumava ficar no parque. Mando uma mensagem rápida para Andreia perguntando se ela já chegou, mas antes dela responder, ouço duas batidas no vidro do carro.

— Vi quando você estacionou e resolvi me adiantar. – ela explica quando entra no carro.

— Queria falar comigo antes? Tem algo que eu deva saber?

— Bom, nada demais. Tem um amigo que é assistente social e puxou a ficha da Lily para mim. – ela abriu uma pasta e começou a ler. – os pais morreram há seis meses, a tia era a única parente viva. Aparentemente não queria ficar com a criança até descobrir que os pais deixaram seguro de vida em nome da filha.

— Então ela aceitou criar Lily por causa do dinheiro. – concluo.

— Sim. Mas o processo ainda não foi concluído. Ela tem a guarda legal, mas não o dinheiro. Ela pode tirar uma quantia limitada por mês para cobrir as despesas da menina, mas apenas Lily pode usar o dinheiro quando fizer dezoito anos.

— Aposto que ela não sabia disso quando decidiu ficar com ela. – Andreia concorda.

— Bom, sim. É o que parece. – ela passa algumas folhas. – o conselho tutelar vem fazer visitas sempre que possível, mas na última não conseguiu contatar ninguém.

— Como assim?

— A casa sempre estava vazia. Os vizinhos disseram que a tia viajou por uns dias e não viram a menina, então eles presumiram que Lily tinha viajado com ela.

— Isso foi a quanto tempo?

— Algumas semanas.

Suspiro fundo. Quando conheci Lily ela estava na rua a alguns dias, então provavelmente foi nesse período.

— Mais alguma coisa? Algum relado de maus tratos?

— Nada documentado. Porque?

— Ela tinha algumas marcas pelo corpo, não sei se foi na rua ou a tia... mas alguma coisa aconteceu.

— Vamos descobrir então? – concordo e destravo o carro. Antes de sairmos ela me alerta. – Kate, durante a conversa apenas demonstre preocupação. Eu sou sua amiga e não advogada. Ela pode se sentir recuada quanto a isso.

Respirei fundo antes de sair do carro. Pela primeira vez eu me dei conta de que não sabia o que dizer. Não sabia como falar com a mulher, como dizer que sua sobrinha está comigo. Será que ela está preocupada? Ou ela não se importa com a menina?

Eram tantas dúvidas, tantas perguntas.

Andamos um pouco até chegar numa casa pequena no fim da rua. Andreia me avisou que era ali e eu apenas observei o lugar. A casa era simples e pequena, mas bonita. Era casa de alguém que trabalhou bastante para ter um lar, e mesmo simples era aconchegante. Não tinha jardim e nem garagem, apenas um portão de grades.

Toquei a campainha e esperei. Logo apareceu uma mulher, ela deveria ter uns quarenta anos, veio em nossa direção com uma cara assustada.

— Olá, eu me chamo Kate e essa é minha amiga Andreia. Será que podemos conversar?

— Sobre o quê? – ela pergunta séria.

— Lily. – fui direto ao assunto.

— O que ela aprontou? – a mulher abriu o portão e nos deixou entrar. – aquela menina sempre apronta alguma coisa, não importa o quanto eu tente ensinar o que é certo.

As imagens das manchas roxas no corpo de Lily vieram em minha mente. Tive que me controlar para não falar nada que pudesse estragar tudo.

— Ela não aprontou nada. Só estou aqui para saber sobre ela...

— Você é do conselho tutelar?

— Não. – ficamos em silencio um segundo. Estava pensando no que dizer em seguida, já que qualquer coisa que eu falasse podia definir o rumo da conversa. – eu só quero ajudar. Sempre vejo ela na rua perto de onde trabalho, ela parece uma boa menina... Lily me falou que morava com a senhora, então eu resolvi vir saber como posso ajudar.

— O que ela disse? – fala de forma rude. – aquela menina só apronta. Ela contou que fugiu daqui? Eu trouxe ela para morar aqui e o que ela faz? Nem agradece.

— E porque ela fugiu?

— Olha, me desculpe se ela aprontou alguma coisa. Ela roubou? Eu não posso pagar, mas quando eu ver ela de novo eu..

— Ela não dorme aqui? – interrompo não querendo ouvir as besteiras da mulher.

— Não. Ela aparece uma vez ou outra.

— A senhora não é responsável por ela? Ela deveria estar na escola, e não na rua pedindo comida a estranhos. A senhora disse que daria um lar para ela, e não é isso que estou vendo. – minha voz começa a aumentar e Andreia toca em meu braço, me pedindo calma.

— Você não tem nada a ver com minha vida. Aquela menina só me trouxe prejuízo.

— Lily. O nome dela é Lily.

— Que seja! – ela fala alto. – eu trabalho três expediente por dia para sustentar essa casa e ainda tenho que alimentar mais uma boca? Eu só aceitei porque ela é minha sobrinha, só isso.

— Então Lily é uma obrigação para a senhora?

— Está mais para um fardo. – a forma desprezível como ela falou foi como um soco no meu estomago.

— Porque ainda é responsável por ela?

— Olha moça, ela veio com uma boa recompensa, mas ainda não vi a cor do dinheiro. Porque deveria cuidar dela?

— Ela é só uma criança...

— Então cuida dela! Vai lá na rua e pega ela para e leva sua casa. Aqui ela não entra mais. – fala firme.

Estava pronta para falar, mas Andreia me interrompeu.

— Você já conseguiu o que queria Kate. Agora vamos. – deixo que ela me leve para fora da casa da mulher.

Fiquei completamente sem ação pela forma que a tia foi capaz de descartar a própria sobrinha. Ela não cuidou da Lily por amor e nem obrigação, antes fosse, ela cuidou apenas por dinheiro. Isso era desprezível.

Quando me dei conta estávamos próximas ao meu carro novamente. Me mantive calada desde que saímos de lá, Andreia respeitou isso. Milhões de coisas se passavam na minha cabeça, milhões de perguntas e respostas, milhões de cenários para o futuro dessa menina, mas um alerta constante estava lá, gritando, implorando “faça alguma coisa”.

E foi o que fiz.

Não importa as consequências. Eu precisava fazer algo.

— O que eu posso fazer para ajudar? – me viro para Andreia.

— Legalmente? – concordo. – bom, sabendo de toda a situação dela e se você realmente quer se responsabilizar pela menina, você pode pedir a guarda.

— O juiz não vai achar estranho? Uma pessoa qualquer querendo tirar a guarda da criança da tia?

— Bom, sim, isso é estranho para qualquer um que saiba da notícia. Mas quando ele ler todo o processo, vai entender que você acolheu a menina e que a tia não tinha condições para cuidar dela.

— E se a tia negar abrir mão da guarda? Se ela insistir em querer a menina?

— Nesse caso teremos que provar toda a negligencia dela, o que eu acho que não será difícil. Primeiro tentaremos um acordo sobre a guarda.

— Ok, mas tendo a guarda eu serei a responsável por ela? Totalmente?

— Sim. Você vai se responsabilizar por tudo. Não é um processo de adoção, então é mais fácil de se concluir.

— Ela corre o risco de ser mandado para alguma instituição?

— Muito difícil. Se tem uma família interessada, o juiz pode achar interessante que ela tenha um lar.

— Ótimo. Você pode me enviar a papelada? Eu quero dar entrada na segunda.

— Claro, não se preocupe. Mandarei a lista de documentos que será necessário, seu e do seu marido.

Concordo e vejo ela sair. Fico alguns segundos para na calçada pensando se deveria tomar essa atitude sem ao menos falar com Castle, mas não consegui evitar. Meu coração estava gritando para que eu fizesse isso, não podia ignora-lo.

Entrei no carro recordando as últimas palavras da mulher. Então cuida dela. Vai lá na rua e pega ela para e leva sua casa. Aqui ela não entra mais. Meus olhos começaram a arder e sem que eu pudesse controlar o choro escapou pela minha garganta. Não conseguia imagina no que Lily deve ter passado para pensar em fugir dali. Ela deveria viver num lar cheio de amor com os pais e de repente passou a viver num inferno com uma tia que não a amava.

Me permiti chorar. Estava realmente precisando jogar para fora todos os sentimentos ruins sobre esse assunto. A única coisa que eu pensava agora era chegar em casa e abraçar a menina, fazer com que ela tenha um lar como ela tinha há meses atrás.

Limpei meu rosto e mandei mensagem para Castle.

K: já estão em casa? Chego em vinte minutos.

Não demorou para ele responder.

R: é melhor você vir mais rápido, eles estão destruindo a casa.

Eu rio e bloqueio o celular. Não queria chegar em casa com cara de choro, então resolvi passar no mercado e comprar algumas coisas para fazer um jantar diferente. Decidi levar um sorvete de presente para minhas cinco crianças lá em casa. Castle com certeza seria o mais feliz de todo.

Durante o caminho para casa eu resolvi deixar tudo o que tinha acontecido nessa tarde guardado até quando eu pudesse conversar com Castle a sós. Claro que ele ficaria bravo por eu ter ido sozinha, e eu realmente não sei sua reação quando descobrir o que eu estava planejando fazer. Seria uma longa conversa e eu não queria que nenhuma das crianças, especialmente Lily, presenciasse isso. A conversa com ela seria diferente e mais para frente.

Quando entrei em casa, vi o que Castle quis dizer na mensagem. Já era quase no meio da tarde, e o jardim mais parecia um clube. A cama elástica que Martha deu de presente a Alexis estava montada na frente e vários brinquedos espalhados pela grama. Jack e Reece estavam na piscina de plástico e jogavam as bolinhas fora rindo como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do mundo. Alexis e Lily estavam correndo com as roupas molhadas enquanto Castle perseguia elas com uma mangueira. Ele também não estava diferente delas.

Desci do carro e me aproximei.

— Mãeeee. – Alexis corre em minha direção junto com Lily, mas faço sinal para as duas pararem.

— Podem parar aí, eu amo receber abraços de vocês mas não vou me molhar.

— Kate, deixa de besteira. Entra na brincadeira também. – Castle grita direcionando a mangueira para mim. Um grito fino saiu de mim quando a água me atingiu.

— Castle! – escutei a risada das meninas.

— Tia Kate agora está toda molhada. – Lily aponta rindo.

— Saibam que todos vocês vão ficar sem a surpresa que eu trouxe. – ameaço olhando para eles. – mas já que eu estou toda molhada, é melhor correrem, porque quando eu pegar vocês eu vou fazer muita cocegas.

Ameaço com as mãos encarando elas que saem correndo e eu vou atrás. A primeira que consegue alcançar foi Lily, que gritou pedindo socorro ao tio Rick. E eu fiquei tão surpresa com a forma carinhosa que ela o chamou que a deixei escapar.

— Agora eu pego a mamãe. – Alexis pulou em minhas costas e eu caí na grama. Suas mãozinhas pequenas faziam cocegas em mim.

— Eu te salvo, amor. – Castle gritou e logo veio o jato de água na nossa direção. Alexis desistiu e caiu do meu lado.

— Mama. – ouço o gritinho fino e olho Jack e Reece batendo as mãos na água.

— Oi, meu amor. – me aproximo dos dois e os encho de beijos. – a mamãe não pode deixar vocês um dia com o papai que isso aqui já vira uma bagunça.

Reece grita como se concordasse e Jack rir.

— Isso não é verdade! – Castle se faz de ofendido. – só estava calor demais para eles ficarem lá dentro. O dia está tão lindo.

— Sei... – estreito os olhos e sorrio. – agora, Lily e Alexis, porque vocês não sobem e vestem algo seco enquanto Castle tira as compras do carro.

— Fez compras? – ele me encara e eu balanço a cabeça.

— Mãe, qual era a surpresa? – Alexis e Lily se aproximam sentando no meu lado.

— Trouxe sorvete. – as duas arregalam os olhos e sorriem. – então vão logo se trocar, depois vou colocar um filme e nós vamos assistir com muito sorvete.

— O sorvete está no carro? – Castle pergunta. Aceno com a cabeça. – então eu vou correr.

Ele larga a mangueira apressado e corre para o carro. Eu rio e encaro as duas.

— Então meninas, vamos? – elas concordam. – ótimo, mas antes me ajudem a tirar esses peixinho da água.

O choro começou assim que tirei eles da água. Reece chorou até soluçar, o que realmente me fez ficar com pena dele, mas não podia deixar ele o dia inteiro na água. Jack apenas fungava e apontava para piscina quando chama minha atenção. Sentei com eles na varanda enquanto Alexis pegava as toalhas dos dois.

Depois de devidamente enrolados, me encostei no sofá e deitei os dois em meu peito. Cada um de um lado. Aos poucos eles foram se acalmando. Eu sorri quando a mãozinha de Reece veio para minha orelha, ele tinha essa mania que eu adorava. Ficamos quietinhos por alguns minutos.

— Papa... – Jack estendeu os braços quando Castle veio até nós. Assim que ele o pegou nos braços Reece se aconchegou mais em meu colo. Verifiquei se ele estava quente como hoje pela manhã, mas não estava. Tirei o capuz da toalha e beijei seus cabelos molhados.

— Vamos trocar de roupa? – ele me olha. Seus olhos azuis profundos, os cílios escuros marcantes. Eu o beijo mais uma vez antes de levantar. – prepara a mamadeira deles enquanto eu subo?

— Claro. Vai com mamãe, filho. – Castle beijo Jack antes de passar ele para os meus braços.

Sim, andar com duas crianças de oito meses nos braços não era fácil, mas eu amo ter os dois pertinho de mim assim. Quando cheguei no quarto fui direto para o banheiro e dei um banho nos dois já que eles visivelmente já estavam com sono. O banho foi o mais tranquilo de todos, sem bagunça no banheiro, sem chorar para ficar mais tempo, nada. Eles realmente estavam cansados.

Assim que eu os coloquei no sofá-cama que tinha no quarto para poder vestir algo neles, os dois pares de olhos azuis mais lindos começaram a piscar. A troca de fralda também foi a mais fácil que já vi. Preferi deixá-los apenas com a fralda, estava quente demais para colocar uma roupa.

Na hora de descer, mais uma vez eu os levei nos braços. Os dois deitados com a cabeça em meu ombro. Castle me encontrou no fim da escada, com as duas mamadeiras na mão. Como se fosse ensaiado, os dois levantaram e esticaram as mãozinhas para pegar a mamadeira.

— Vamos deitar nas almofadas primeiro.

Castle se apressou em chegar na sala e puxar o sofá retrátil para que eles pudessem deitar. Assim que os coloquei lá eles de aconchegaram nas almofadas e pegaram as mamadeiras. Com certeza eles dormiriam antes de terminar de comer. Castle se adiantou ligando um desenho e depois me puxou pela mão até a cozinha.

— Como foi lá? – perguntou envolvendo minha cintura com seus braços.

Suspirei. Eu precisava sentir o conforto de seu abraço desde quando saí da casa daquela mulher.

— Horrível. – murmuro. – mas não quero falar sobre isso agora, eu preciso subir e ver as meninas.

Ele concordou e sorriu.

— Todo mundo gostou da Lily. E ela estava incrivelmente mais confortável a gente, né? Minha mãe conversou com ela e disse que ela era muito esperta.

— Oh, falar em ser esperta, ela quer jogar xadrez. – ele levanta as sobrancelhas surpreso. – essa eu deixo para você, já que é muito melhor do que eu nisso.

— Ela sabe jogar xadrez?

— Amor, ela é uma criança, deve saber uma coisa ou outra. Disse que o pai tinha ensinado a ela.

— Vai ser divertido. – ele joga os ombros e sorrir. – eu preciso escrever um pouco, estou no limite do prazo. Você vai ficar bem com as crianças?

— Sério? Você acha que eu não dou conta de quatro crianças? Sendo que duas estão dormindo e eu tenho sorvete para fazer as outras duas ficarem quietas? Assim você me ofende, Rick.

Ele rir alto e me aperta em seus braços.

— Às vezes eu esqueço que você é a mulher maravilha. – ele rouba um beijo.

— Ok, falando nisso, prometi a Alexis que iria entender mais dessa coisa de super-herói... preciso ver alguns filmes.

— Hm... talvez se você vestir algumas fantasias eu possa te contar sobre a história de alguns deles de uma maneira bem mais prazerosa. – o olhar malicioso estava presente e eu não era imune a isso. fechei os olhos e ri, me desprendendo de seus braços.

— Porque você não coloca toda essa criatividade em seus livros? Vai lá escrever, vai.

— Eu estava sem ideias, mas agora veio algumas em mente. – ele diz indo em direção ao escritório.

— Deixa a porta aberta, vou subir e já desço. – aviso.

A sala ficava bem de frente para o escritório de Castle, onde ele poderia ver se os meninos levantassem. Antes de subir dei uma pequena olhada nos dois, Jack já estava no mundo dos sonhos e Reece lutava para deixar os olhos abertos, mas não duraria muito.

Passei rápido no quarto de Alexis e escutei risadas. Era bom ver as duas se dando bem, principalmente se tudo desse certo e Lily passasse a morar aqui, então elas iriam conviver sempre. Pensei em entrar e ver o motivo das risadas, mas desisti. Fui direto para meu quarto tomar um banho rápido e vestir algo confortável.

Quando voltei, pude ouvir Alexis falando da casa onde ela podia brincar de boneca e que levaria Lily lá. E essa foi a primeira pergunta quando eu abri a porta do quarto.

— Mãe, vamos na casa de brinquedo com a Lily? A gente pode brincar lá um pouco né? – as perguntas foram rápidas.

— Sim, nós podemos ir lá, mas não hoje, ok?

— Amanhã então? – ela é rápida.

— Amanhã com certeza. – afirmo sorrindo. – então, prontas para o filme? A gente pode colocar alguns lençóis e travesseiros e fazer um cinema.

Os olhos de Lily brilharam.

— Faz tem que não vou ao cinema.

— Então vamos fazer. – Alexis decreta. – vai ter pipoca também não é mãe? Porque cinema sem pipoca não é a mesma coisa.

— Claro que vai ter pipoca. E sorvete.

As duas vibram me fazendo rir.

Enquanto descíamos Alexis perguntava qual filme Lily gostava e o que ela queria assistir. Eu apenas observava a interação das duas, Alexis estava fazendo de tudo para Lily se sentir bem aqui, e acho que conseguiu dada a mudança da menina hoje.

Enquanto eu estava fazendo a pipoca elas procuravam um filme. Acabaram optando por filme de dragões que Alexis já tinha assistido algumas vezes, mas que fez parecer que era a primeira vez porque Lily ficou empolgada demais com o filme.

Voltei para a sala com as pipocas e o sorvete. Claro, elas não escolheram um para começar, apenas comiam um pouco de pipoca e depois o sorvete. Algo que eu nunca faria, mas resolvi experimentar para ver o gosto e devo dizer, era horrível. Como elas conseguiam?

Preferi acabar meu sorvete e comer a pipoca depois.

CASTLE.

Quase duas horas escrevendo sem parar e meu cérebro ainda trabalhava. Era como uma máquina. Eu via as palavras na minha mente e simplesmente digitava. Estava sem inspiração nos últimos dias, mas de repente eu estava ansioso para escrever. Podia ficar o dia inteiro escrevendo e as ideias não acabam. Estava tão perdido no nesse capítulo do livro que não percebi quando as risadas pararam na sala e tudo ficou silencioso demais.

Olhei por cima do computador e vir Kate e as meninas deitadas no chão no meio de alguns travesseiros. O filme ainda estava passando, mas elas estavam quietas demais para estarem acordadas. Sorri e voltei minha atenção para o computador, novamente minha mente sendo inundada por novas ideias.

Alguns minutos depois notei a presença de Lily na porta do escritório. Sorri e deixei o computador de lado por um segundo.

— Oi... pensei que estivesse dormindo.

— Alexis e a tia Kate dormiram, mas eu não estava com sono. – ela dá um passo para frente. – o que você está fazendo?

— Escrevendo... – ela me olha confusa. – esse é meu trabalho.

— Você é escritor, tio Rick? – concordo e ela sorrir. – e você escreveu todos aqueles livros no quarto da Alexis?

Eu rio e levanto, me aproximando dela.

— Não, eu escrevo outro tipo de livro.

— Sobre super-herói ou príncipes?

— Uma mistura dos dois talvez? – faço uma cara confusa e ela rir. – você gosta de ler?

Ela joga os ombros e pensa por um momento.

— Eu estava aprendendo a ler, mas eu saí da escola.

— Você sente falta? – ela concorda. – gostava da escola?

— Sim, a gente sempre tinha aulas divertidas. A melhor era a que a gente podia pintar, eu sou boa, sabia?

— Mesmo? Você desenha bem? – ela balança a cabeça. – quero ver esses desenhos depois.

— Eu posso fazer um depois. – ela diz sorrindo e olha para trás. – eu vou brincar ali, tudo bem?

— Claro. – ela estava saindo quando eu a parei. – olha só, Kate me disse que você queria jogar xadrez. Eu sou muito bom nesse jogo sabia?

— Eu também, meu pai me ensinou.

— Então vamos ver quem é o melhor. – brinco e ela vibra saindo em direção a mesa de xadrez que estava na sala.

Passei pela sala e chequei as crianças. Jack e Reece ainda estavam dormindo na mesma posição de antes. Kate estava deitada junto com Alexis no chão, a ruiva agora abraça a mãe.

Lily era impressionante no xadrez. Ela não tinha habilidades especiais nem nada do tipo, mas ela conhecia todas as peças, tinha concentração, pensava duas vezes antes de fazer uma jogada. Era bonito ver. Com um pouco de prática ela poderia ser uma grande jogadora quando crescesse.