I Can't Love You

Capítulo 103 — Eu devo acreditar em alguma coisa que está aí?


CASTLE.

— Você vai demorar, pai? – Alexis pergunta agarrada a mim no sofá.

— Não, filha. Amanhã quando você chegar da escola o papai vai estar aqui. – minha mala já estava na porta de casa, mas como sempre, me despedir da Alexis era complicado.

— Então você vai me buscar na escola? – ela me olha com os olhos brilhando de esperança.

— Vamos todos. Eu, os meninos, a mamãe... e depois nós vamos fazer um piquenique no fim de tarde, que tal?

— Sério? – eu assenti, mas ela teve que olhar para Kate para confirmar que aquilo era verdade. Eu tive essa ideia agora, mas eu sabia que Kate concordaria. Ela adora nossos momentos em família, e um piquenique seria perfeito.

— Se o seu pai está dizendo... – ela confirmou mesmo sem dizer sim. A ruiva vibrou e me abraçou forte.

— Então vai logo pai, para você voltar logo.

Eu ri e lhe dei um último beijo.

— Vou sentir saudade. – disse me aproximando de Kate, que tratou de agarra minha cintura.

— Eu vou sentir mais. – sorri e a beijei.

— Quando você menos esperar eu já vou estar de voltar, ok? – ela balança a cabeça confirmando, mas tinha um sorriso triste no rosto. Nenhum de nós dois gostava de ficar longe um do outro, mas as vezes era preciso.

— Se cuida, ok?

— Sim, senhora. – prestei continência e ela riu, me beijando mais uma vez. – minha mãe vai vir ajudar você. Não quero que minha mulher fique louca com três crianças em casa.

— Castle, eu acho que sei me virar sozinha com meus filhos.

— Não custa ter uma mãozinha, certo?

Ela não fala nada, apenas concorda com a cabeça e me entrega um envelope.

— Assinei os papeis. Agora eu acho que Mark vai conseguir legalizar tudo rapidinho.

— Aposto que sim. – sorri. – eu te ligo assim que chegar em Nova Iorque, ok?

— E antes de dormir também, tá? Odeio não dormir com você, mas odeio mais ainda dormir sem nenhuma notícia sua. – sabia que ela estava se referindo a uma única vez que não dei notícias a noites quando viajava na turnê do livro. Mas eu tinha aprendido a lição, levei uma bronca grande quando cheguei em casa.

— A gente não vai dormir sem se falar. – afirmei buscando seus lábios para um beijo simples, mas apaixonado. – vou ligar por vídeo, assim posso ver os meninos e vocês.

— Tudo bem. – Kate em deu mais um abraço e me soltou.

— Tchau, meu amor. Amanhã o papai está de volta. – beijei mais uma vez Alexis e sai de casa.

No momento em que pisei do lado de fora pensei em voltar a me despedir mais uma vez dos meninos, mas Kate me mataria caso eu os acordasse. Ela dizia que eu não conseguia coloca-los para dormir, então não tinha direito de acordá-los. O que era uma mentira, muitas vezes no meio da noite apenas eu consigo coloca-los para dormir.

Andei em direção ao táxi, e assim que entrei senti saudade da minha família. Do cheiro de bebê que invadia a casa inteira. Das histórias de Alexis que pareciam não ter fim. Ela seria uma boa escritora se quisesse. Respirei fundo e acendi a tela do meu celular. Uma foto nossa estava na tela de bloqueia. Eu estava sentado no meio de Kate e Alexis, e cada uma das dois seguravam um dos meninos. Foi uma foto simples tirada em uma noite qualquer na nossa sala. Mas aquela era a minha família. A minha vida. O motivo por eu sempre querer ser melhor.

O móvito de eu sempre querer voltar para casa logo.

Uma hora ou outra eu tinha que voltar a minha rotina de trabalho. Eu não queria que fosse agora, mas eu não tinha como fugir. Esse é o meu trabalho, que eu amo, não posso simplesmente largar tudo. Fechei os olhos e desejei que o dia de hoje passasse logo.

***

Assim que pousei em Nova Iorque meu dia passou de calmo a totalmente corrido em dois segundos. Meu celular não parava de tocar com o pessoal da Editora querendo saber detalhes da sessão de autógrafos que eu não fazia ideia, mas ainda assim queriam minha opinião. No táxi mandei uma mensagem rápida para Kate pedindo desculpa por não poder ligar e dizendo que o dia estava corrido. Pouco depois ela respondeu, mas eu não consegui ver o que ela disse.

Cheguei na Editora e encontrei tudo um verdadeiro caos. Paula não estava conseguindo dar conta de todo o trabalho sozinha, isso justificava o pouco lucro que estávamos tendo. Mais uma vez a ideia estupida de voltar para Nova Iorque e cuidar de tudo como sempre fiz veio à minha cabeça, mas tratei de afasta-la. Eu tinha uma vida e uma família em outra cidade. Construí tudo ali, não posso simplesmente me mudar.

Coloquei ordem em tudo o que pude até o fim do dia. Dei permissão para fechar contrato com alguns novos autores e marquei algumas reuniões para as próximas semanas. Não tinha como adiar mais, eu tinha que voltar para o meu trabalho de vez. Não sou apenas um autor, eu também sou dono dessa Editora e preciso que ela continue sendo a melhor, como sempre foi.

Tomei banho e me arrumei dentro da minha sala na Editora. Eu não tive tempo de ir ao antigo apartamento da minha mãe, já que o meu eu tinha vendido alguns meses atrás. Só me dei conta que meu celular estava descarregado naquele minuto. Coloquei na tomada e saí para o local do evento.

Evento. Esse é o nome correto. Não era uma simples sessão de autógrafos, mas um evento completo com imprensa, entrevista coletiva e sessão de fotos oficiais. Isso tudo me pegou de surpresa, eu não estava preparado, mas ainda assim cumpri toda a minha agenda da noite com Paula me dizendo exatamente onde ir e quem cumprimentar. Como sempre.

Quando finamente sentei para começar a autografar os livros, já passava das nove da noite. Uma fila enorme de fãs loucos por um minuto de atenção. E era exatamente isso que eu tinha, um minuto para cada autografo. Mais de cem pessoas estavam do lado de fora me aguardando, eu não podia demorar ou não sairia daqui hoje.

Entre uma assinatura e outra eu pausava para fotos e abraços. Era sempre assim, já estava acostumado. Nunca era apenas sentar e assinar livros. Eu tinha que fazer o papel completo. Além da imprensa, meus fãs sentiram falta da minha família ali, então eu tive que explicar que eles não puderam vir, e apesar de Kate querer muito estar ali, ela teve que ficar com as crianças em casa.

Duas horas e meia depois eu finalmente acabei a minha missão. O evento foi fechado apenas para convidados e os fãs foram embora. Eu podia finalmente relaxar. Queria mais que tudo um whisky puro, sem gelo.

Me aproximei do bar e fiz meu pedido.

— Rick. – ouço a voz tão conhecida de Robert, o tio de Kate.

— Robert. – digo ao me virar e encarar o homem já com sua bebida não mão. – não sabia que estava aqui.

— Cheguei a pouco tempo. Thereza falou com Kate hoje e ela comentou que você estaria aqui. Passei apenas para dar um oi.

Sorri e o abracei.

— Fez muito bem. Onde está Thereza?

— Não veio. Na verdade ela nem sabe que eu estou aqui, vim direto do trabalho. Estava passando em frente e pensei em parar.

— Bom, então já que está aqui vamos tomar mais uma dose e colocar o papo em dia.

Virei para o balcão e pedi mais duas doses da bebida que eu sabia que Robert também gostava. Tomei de uma vez a primeira dose que pedi e depois peguei o meu segundo copo. Sentamos nos bancos e começamos a conversar. Ele me contou sobre os negócios e o mercado financeiro, falamos sobre os gêmeos e sobre a possibilidade de passarmos férias juntos numa casa de praia. Já passava da meia noite, o bar do hotel já iria fechar, então decidimos sair um pouco e continuar a conversa.

Ao chegar ao saguão um funcionário veio me dizer que minha mala já estava em meu quarto. Paula deve ter providenciado isso. Não estava nos meus planos passar a noite ali, mas já que já estava tudo ali, eu apenas concordei.

***

A claridade que entrava pela janela aberta estava me incomodando, mas não tanto quanto o barulho do celular tocando. No começa parecia fazer parte do meu sonho, mas quando começou a ficar irritante demais eu percebi que não era. Procurei o parelho pela cama e não estava. Olhei no criado mudo e também não estava. Estava aponto de desistir e deixar ele tocando o dia inteiro quando vi a tela brilhar na poltrona do quarto.

Levantei e vi a foto de Kate na tela. Sabia que vinha bronca.

— Alô. – minha voz saiu rouca.

— Richard Castle, posso saber porque você não deu notícias? Não respondeu minhas mensagens, não retornou minhas ligações. O que mais precisa para eu pensar que alguma coisa aconteceu com você?

Eu sorri vendo o quão dramática Kate pode ser as vezes. E depois fala de mim.

— Bom dia para você também, meu amor.

— Não me venha com bom e muito menos me chamar de meu amor.

— Mas você é o meu amor. – digo rindo, e sei que ela percebeu isso.

— Espero que você tenha uma desculpa muito boa para não falar comigo o dia inteiro e muito menos quando chegou.

— Tudo terminou tão tarde, cheguei aqui no quarto do hotel já de madrugada.

— Hotel? Você não ia ficar na casa da sua mãe?

— Sim, mas acontece que minhas coisas já estavam aqui quando a sessão acabou e decidi ficar. Mas então, como foi com as crianças? – resolvi mudar o foco da conversa.

— Bem. Alexis dormiu comigo, os meninos dormiram bem, só Jack que teve uma dor de ouvido, mas coloquei o remédio e logo ele dormiu.

— O que causou a dor? – perguntei olhando as horas. Seis e meia da manhã.

— Não sei. – ela suspirou. – sua mãe disse que é normal as vezes... Mas eles estão bem agora. Acabaram de mamar, estou com Reece nos meus braços.

— Liga o vídeo, eu quero ver ele.

E assim ela fez. Assim que a imagem de Reece apareceu na tela meu coração se derreteu. Ele bocejava longamente e seus olhos apertados o deixava fofo. Não sei o momento em que o sorriso brotou em meu rosto, mas eu estava com um sorriso enorme.

— Bom dia, filho. – ao escutar minha voz seus olhos se arregalaram e começaram a procurar de onde vinha. Kate e eu rimos. – o papai está com saudade, meu amor.

— Ele reconheceu sua voz mesmo no celular. – Kate comemora e posso imaginar o seu sorriso.

— Claro que reconheceu, ele ama o papai, não é filho? – minha voz foi ficando fina e melosa, mas quando eu falava com eles era sempre assim.

Reece começou a ficar agitado e ameaçou chorar, ele não conseguia me encontrar, apenas ouvir minha voz.

— Ok, papai, nosso menino está ficando agitado, então a gente se despede aqui. – Kate virou a câmera para ela e eu pude vê-la. Os cabelos presos num coque desarrumado e com aparência de cansada, mas ainda assim a mulher mais linda do mundo.

— Daqui a pouco eu estou aí com vocês. Vou passar na Editora para resolver alguns assuntos e depois do almoço pego um voo de volta para casa.

— Pensei que seu voo era pela manhã...

— Sim, era. Mas tenho coisas importantes para resolver na Editora, precisei adiar. Desculpe.

— É a Editora ou tem algo mais interessante em Nova Iorque que sua mulher te esperando aqui cheia de saudade? – sua voz era manhosa e ao mesmo tempo curiosa, o seu olhar era ameaçador. Não consegui segurar o riso.

— Tem sim, meu amor. Nesse momento tem uma modelo gata na minha cama de hotel.

— Castle!

— O quê? Você perguntou!

— Eu te odeio.

— Não, você me ama. E deixa de besteira, não tem nada e nem ninguém mais interessante que você, meu amor.

— Nem uma modelo gata em sua cama? – eu ri mais uma vez. Seu biquinho manhoso era a coisa mais linda do mundo, queria poder desfazê-lo com um beijo nesse momento.

— Não. Mas mais tarde vou ter uma linda veterinária em minha cama, como eu estou desejando desde ontem à noite.

Vi ela corar e sorrir.

— Preciso desligar, ou esse mocinho vai acordar o irmão. – escutei o choro de Reece aumentando e concordei. Nos despedimos rápido e eu fui para tomar um banho.

Estava trocando de roupa quando bateram na porta do quarto, abri e o funcionário do hotel entrou com o café da manhã que pedi e o jornal. Agradeci e dei uma bela gorjeta. Me servi e abri o jornal, sendo totalmente surpreendido pela notícia principal da coluna de fofocas.

KATE.

O domingo foi totalmente família, mas não estava completa. Alexis aproveitou que o pai não estava e me pediu para ser o dia das meninas. Pintamos as unhas uma da outra, fizemos penteados, nos maquiamos e depois assistimos um bom filme.

Jack e Reece pareciam tranquilos em seus carrinhos admirados com os brinquedos de Star Wars que Castle tinha pendurado. Estava mais que nada cara que ele faria de seus filhos dois pequenos nerds, iguaizinhos a ele.

Foi um dia diferente, sem Castle, mas com certeza se ele estivesse aqui também estaria nessa brincadeira. Ele faz tudo o que a filha pedir, então não me custou nada imaginar sendo maquiado por Alexis.

Durante todo o dia eu tentei falar com ele. Mensagens, ligações... mas ele não respondeu nenhuma. Deixei para lá, pois sabia o quão ocupado ele poderia estar. No começo da noite mandei mais uma mensagem, desejando boa sorte no trabalho, e claro, que mesmo de longe eu ficaria de olho nas fãs assanhadas que ele tem.

Mais uma vez ele não respondeu. Geralmente ele me liga quando ver alguma mensagem assim. Mas isso não aconteceu. Deixei para lá, sabia que ele estava trabalhando, e não brincando. Mais tarde, depois colocar os meninos para dormir, fui até o quarto de Alexis, que assistia um desenho já pronta para dormir.

Me encostei na porta e chamei sua atenção. Os olhos azuis da menina me derretiam inteira, e me fez ficar ainda mais com saudade de Castle. Odeio dormir sozinha quando ele viaja. Antes eu sentia que tinha os meninos dentro de mim, era uma companhia. Mas hoje era diferente. Seria apenas eu e aquela cama enorme com os travesseiros com o cheiro dele.

— Vem dormir com a mamãe hoje? – perguntei baixinho e ela sorriu. Sabia que ela não negaria.

— Está com saudade do meu pai? – perguntou ficando de pé na cama quando me aproximei.

— Estou. – a ruiva abraçou meu pescoço.

— Eu também. – beijei seu rosto carinhosamente

— Então, vamos?

— Sim. – seu sorriso me fez sorrir também. – me leva no braço?

Agora ela quem fazia manha. Segurei a ruiva em meus braços e fui para meu quarto.

— Hoje eu vou dormir bem agarradinha com você. Vou te apertar até você implorar para eu te soltar. – disse agarrando-a com certa força.

— Então eu também vou te apertar bem muitão. – ela se agarrou mais a mim. Eu ri. Assim que cheguei eu cai cuidadosamente com ela na cama, fazendo uma pequeno ataque de cocegas até ela pedir para parar.

Dormir aquela noite sem Castle foi chato, mas Alexis fez um pouco da minha saudade passar. Acordei com um chorinho fino que vinha da babá eletrônica. Ainda era cinco horas da manhã, mas era exatamente a hora que os meninos acordavam com fome. Fui até o quarto deles e pegue Jack, que chorava quase que desesperadamente por atenção. Ele odeia a fralda suja.

Quando ele terminou de mamar, foi a vez de Reece, que ainda dormia, mas eu tinha que acordar. Reece era o tipo que, mesmo com fome, preferia dormir. Troquei sua fralda suja e depois me sentei na poltrona com ele em meus braços. Quando ele acabou, peguei o celular em meu bolso e liguei para Castle.

Era bom matar a saudade dele. Estou louca para dizer o quanto senti sua falta, mas não podia deixar de dar uma bronca nele por não me ligar. O que aconteceu com o “não dormiremos sem nos falar”? Fui compreensiva no começo, depois fiquei preocupada, mas quando chegou a madrugada e ele não deu notícias, nenhuma mensagem, eu fiquei mesmo foi com raiva.

Mas foi só eu ver sua cara amassa de sono pelo celular que minha raiva passou. Na verdade eu acho que foi bem antes, assim que ouvi sua voz rouca de quando ele acaba de acordar. Parecia a primeira vez que nos falávamos por telefone. Meu coração acelerado de ansiedade e logo depois se derretendo e amor quando ele atendeu.

É tolo, eu sei. Mas eu sou uma mulher apaixonada.

Fazer o quê?!

Reece não quis voltar a dormir depois que desliguei o telefone, então resolvi descer com ele em meus braços. Não demorou muito tempo e Martha chegou, roubando ele de mim. Era sempre assim, mas eu não me importava. Ver Martha como uma avó coruja era maravilhoso. Perto das sete eu subi para acordar Alexis, e como sempre ouvi resmungos de que ela queria ficar em casa.

Seu mau humor matinal durava pouco. Bastava um bom banho quente para ela ficar de bem com a vida e aparecer sorridente e saltitante pela sala. Alexis estava ainda mais vaidosa, gostava sempre das unhas pintadas e cabelo bem arrumado. Alguns dias atrás me pediu para lhe ensinasse a passar o gloss direitinho, porque ela sempre borrava. Foi divertido ver a cara de Castle, e mais ainda ver seus resmungos depois, mas minha menina estava crescendo e queria aprender a passar gloss direito.

Depois do nosso café da manhã, Alexis pegou o ônibus para ir à escola. Era o mesmo veículo que a pegava e deixava aqui quando não podíamos ir. Mas é claro que ela não esqueceu do piquenique o pai prometeu, e fez questão de me lembrar pela centésima vez.

— Jenny o jornal já chegou? – sentei a mesa para terminar o meu café. O olhar de Martha praticamente congelou na Jenny, não entendi bem o porquê, mas elas estavam estranhas.

— Sim, Kate. Está perto do sofá.

— Ótimo, eu quero ver se saiu algo sobre a festa de Castle ontem. – me levantei animada e busquei o jornal.

Castle sempre recebeu o jornal de Nova Iorque aqui. Ele gostava de saber o que estava acontecendo por lá, mesmo estando longe. Tirei as páginas que não me interessavam e vi o que eu menos gostaria de ver. Na caba da coluna social estava Castle, sorridente enquanto cumprimentava alguns fãs. Mais embaixo tinha uma pequena sequência de fotos onde ele aparecia conversando animado com uma mulher e logo depois entrando com ela no elevador.

“RICHARD CASTLE APROVEITA A NOITE EM NOVA IORQUE”

Era exatamente essa a manchete.

Deixei meus olhos varrerem por todas as fotos. Na primeira ele estava sorrindo enquanto eles conversavam. Na segunda ela tinha a mão tocando o braço dele, quase inocente, mas eu sei bem que não era. Na terceira ela o abraça, e ele retribui. Na quarta e última foto, ele está segurando o elevador para eles subirem.

— Kate, eu vi essas fotos mais cedo. Imaginei que você iria vê-las também, por isso vim para cá. – ouvi Martha, mas meus olhos não deixavam aquele pedaço de papel. – eu sei o que esses jornais fazem para vender. Aposto que isso tem uma explicação...

Permaneci em silencio.

Meu coração gritava que tudo aquilo era mídia. Que nada era verdade. Mas minha cabeça dizia para confiar no que eu vejo, nos fatos. Virei a página rapidamente e li a matéria.

“... o autor Richard Castle distribuiu sorrisos na noite de autógrafos...”

“... nem a esposa e nem os filhos do autor estiveram no evento...”

.... um funcionário do hotel confirmou que os dois desceram no mesmo andar...”

“... fonte próxima ao casal disse que eles passam por crise...”

Era uma matéria curta, mas cheia de mentira. Eu sorri irônica.

— Como assim fonte próxima ao casal? Somos próximos dos nossos amigos, e eu sei que eles não diriam nada. E além disso não estamos em crise! Quem inventou isso?!

Olhei para minha sogra, que já não tinha Reece em seus braços. Agora Jenny o segurava.

— Minha querida, você nunca conviveu com esse tipo de gente. Eles inventam coisa para vender. Só nisso que eles pensam.

— Eu não sei o que pensar... – meus olhos caíram novamente para as imagens.

— Kate você precisa conversar com o Richard. E eu não estou defendendo ele, mas tenho certeza que isso tudo é mentira.

Olhei bem para a ruiva, mas não disse nada. Ficamos em silencio alguns segundos até que meu celular tocou.

***

Ouvi quando o taxi parou na frente de casa.

Ouvi a voz de Castle agradecendo e depois conversando com alguém. Provavelmente Cosmo, que sempre pula em cima dele quando chega.

Ouvi a mala sendo arrastada pela varanda e logo depois a porta da frente se abrir.

Soltei o jornal que estava em minha mão e apenas sorri, vendo meu marido largar a mala em qualquer lugar e vir na minha direção com um sorriso no rosto. Estava sentada no sofá, e apenas esperei que ele chegasse perto de mim. Seu beijo simples, mas cheio de saudade me reconfortou. Eu precisava daquele beijo.

— Estava com saudade. – ele sussurrou quando nos separamos e eu sorri.

— Eu também estava. Morrendo. – dei mais um beijo e o encarei. – você demorou.

— Sim, estava muito transito vindo para cá. Mas mandei mensagem assim que desembarquei, você viu?

— Sim, mas estava ocupada arrumando as coisas do piquenique que você inventou. – cerrei os olhos em sua direção e ele riu.

— Eles só dormem? – perguntou olhando para os carrinhos parados ao meu lado. Jack e Reece estavam no sono da tarde deles, e eu espero que eles estejam acordados no nosso passeio.

— Para meu alívio, sim. Reece não dormiu a manhã inteira, e Jack acordou perto das oito e não quis sair do meu colo.

— Isso que dá você ser viciante. – ele sussurra enquanto se inclina para me beijar. – o que estava fazendo?

— Lendo... nada demais. – levantei. – porque você não vai tomar seu banho? Eu vou fazer um lanche rápido, estou morrendo de fome. Quer? – falei enquanto caminhava até a cozinha.

— Claro. – de longe vi Castle pegar o jornal debaixo da almofada no sofá e xingar algo baixinho.

Peguei tudo o que precisaria para preparar uns sanduíches para nós dois. Mesmo sem olha-lo, podia sentir os olhos de Castle em mim. Provavelmente se perguntando porque eu não toquei no assunto, ou o que se passa pela minha cabeça.

Permaneci calada até ele tomar coragem e vir ao meu encontro.

— Você leu o jornal? – perguntou enquanto se acomodava a minha frente da ilha da cozinha.

— Sim.

— Viu as notícias? – eu sorri.

— Claro que sim.

— E não vai falar nada? Eu sei que...

— Eu devo acreditar em alguma coisa que está aí? – apontei para o jornal em sua mão.

— Claro que não! Isso...

— Então assunto encerrado. – o interrompi. – pelo menos por enquanto. Mais tarde conversamos, ok?

— Tem certeza?

— Absoluta. – sorri mais uma vez e escutei os resmungos dos meninos. – pode terminar? Vou olhar se eles acordaram.

Castle concordou sem dizer muita coisa e eu segui para sala. Os dois já estavam acordados e Jack não estava nada feliz por ficar deitado. Agora era assim, ele sempre queria estar nos nossos braços.

Aproveitei que estavam com a fralda suja para dar banho nos dois e arruma-los para o passeio.