Hypnotized

Capítulo IV ~ Seus sentimentos, sua música.


Capítulo IV ~ Seus sentimentos, sua música. Tsukiro acordou sentindo-se estranhamente bem. Levou alguns minutos para perceber, ou entender aonde estava: sua antiga casa, a de seus pais adotivos. Isso explicava tudo, sentia-se assim pois não dormia em uma cama confortável há dias. Mas algo o preocupava mais do que isso, e era o fato de estar na mesma casa do homem que tentou assassiná-lo. Seu coração começou a bater mais rápido com o pensamento, mas foi lentamente se acalmando, pois afinal, ainda estava vivo. Mas suas esperanças não duraram muito, depois que ouviu batidas na porta do quarto.

-Garoto, saia daí agora, e venha comigo! - Gritou a voz de seu pai.
-Já vou! - Respondeu ele.

Essa havia sido a resposta dele apesar de tudo. Só agora pensava, porque respondeu isso? Ele era livre agora, ninguém mais tinha o direito de mandar nele. Talvez fosse o sono afetando seu raciocínio.

Verificou se estava tudo no lugar, isso incluia seus ossos, orgãos internos, e até mesmo sua cabeça. Certificou-se também de que não tinha nenhuma mancha de sangue nas roupas, e se olhou no espelho para ter certeza. Encontrou um pequeno problema: havia um corte não tão raso em seu rosto, e lembrou-se do impacto. Sua raiva voltou na mesma hora, mas tentou se segurar, queria descobrir o que seu pai queria.

Depois de 10 minutos andando sem trocarem uma única frase, Tsukiro reconheceu o caminho. Estavam indo para o cemitério. Ele já entendia o que ele queria saber, mas já era tarde para voltar, ainda porque viu uma multidão imensa na entrada. Quando ele chegou, todos olharam para ele, e mostraram o túmulo, perguntando o que ele já esperava que lhe perguntassem.

-Não fui eu. - Respondeu simplesmente, suspirando.

Óbviamente não acreditaram, então ele tomou uma atitude inesperada. Trouxe sua guitarra, sentou-se no chão e começou a tocar, sua raiva sendo transformada em música.

Nota: As músicas são todas cantadas na voz do garoto, então usem a imaginação. Eu cantaria elas eu mesmo, mas não acho que minha voz seja boa, muito menos hipnotizante, então fica por conta da imaginação de vocês. Mas se ainda assim quiserem ter uma idéia melhor da voz dele, o refrão da música que ele canta no final, aproxima-se um pouco da voz dele.
http://www.youtube.com/watch?v=A6zuIT0dZuQ

Letra da música: http://letras.terra.com.br/pillar/293744/
Tocar uma música. Esse único ato fez com que todos enxergassem a verdade. Enquanto a raiva de Tsukiro podia ser sentida e compreendida pelos outros, tudo por causa de sua música, eles viram o que realmente aconteceu.

Assim que começou a tocar, todos pararam, lentamente, ainda aceitando a música dentro deles. E depois, todos ficaram calados, somente ouvindo enquanto Tsukiro tocava sua guitarra e cantava para todos suas palavras de ódio.

Ninguém mais o questionou, deixaram-no ir embora, mas ainda restava a dúvida em suas mentes, não acreditavam que o que haviam visto era real. Era algo fora do comúm, e isso indicava que os humanos não pareciam ter contato com a raça a um bom tempo. Se tiveram, não tinham consciência disso. Qual era a história dos Altair?

Deixaram-no ir, mas ele não recebeu um único pedido de desculpas. Ali chegou sozinho, e dali sairia do mesmo jeito, sem mudar nada. Não perdeu tempo, simplesmente se preparou e deixou a vila. Porém, quando saia, ouviu um som de flauta. Sorriu, satisfeito, e então deixou a vila correndo.

-Heheheh, você é um garoto inteligente. Tenho esperanças em você, criança. Torne-se forte! - Disse uma voz idêntica à de Tsukiro, enquanto este corria em frente.

Não fazia idéia de quem era, mas sentia que não era mal. Parecia até mesmo curioso, curioso para saber como o garoto evoluiria. Tsukiro pensava somente em uma coisa, e era o fato de que ele se tornaria mais forte. Mas ele pensava além disso...ele queria ser mais forte do que qualquer um. Somente desse jeito ele poderia viver em paz, ou assim pensava.

A primeira coisa que fez foi voltar para o local de onde partira, uma cidade chamada Melquior. Sentia uma força dentro de si, uma energia diferente. Estava mais forte, e sabia disso. Mas ainda era uma criança, e ele se perdeu no pântano, e levou 7 dias para escapar, mas saiu pelo lado errado. Para contornar a floresta até o lado que queria, levou mais uns 3 dias. Teria descansado na vila, mas não sentiu necessidade. Ainda tinha energia de sobra.
E agora, o deserto. Tinha certeza de que ele só tinha ficado mais quente nos últimos dias. Respirou fundo, fechou os olhos e deu um passo à frente, encostando na areia, e então...reabriu os olhos, olhando em volta, e então para o chão. Sentia que a areia estava mais quente do que a última vez, mas seus pés não se queimavam. Ao menos, não tanto quanto antes, não faria nenhum estrago atravessá-lo descalço.

\"Estamos entre eles, mas não somos como eles\". Lembrava-se agora de ter ouvido algo assim quando desmaiou na floresta, mas não havia prestado atenção. Só agora a mensagem aparecia mais claramente em sua cabeça. Seu corpo estava evoluindo, além das capacidades humanas, e ainda estava no começo de sua vida.

Só agora entendia o porquê de todos terem uma reação estranha em relação ao garoto. Estava se desenvolvendo rápido demais, pois aparentemente, somente mais tarde teria descoberto suas habilidades. Tiraria proveito disso, e se tornaria mais forte do que qualquer um. Com sua mente definida, foi caminhando pelo ensolarado deserto.

Exatamente três dias depois, estava de volta, e cinco crianças vieram a seu encontro.

-Tsukiro! Você voltou! Você está bem? Se machucou? Está ferido? - Perguntavam sem parar as crianças.
-Aah, calma! Estou bem sim, não se preocupem. Se comportaram enquanto eu estive fora? - Perguntou Tsukiro.

O garoto tinha passado um bom tempo em Melquior, e havia brincado com crianças mais novas, e até cuidado delas, enquanto ficou por lá. Ao que parece, elas se preocupavam com ele também.

-Ah, lembrei! Aprendi uma coisa nova enquanto estava viajando, querem ver? - Perguntou ele, sorrindo.
-Siiiim! - Responderam todas as crianças ao mesmo tempo.
-Muito bem, aí vai! - Colocou as mãos nas costas, e todas viram um brilho.
-Ei, o que tem aí? - Perguntou um deles.

Tsukiro então mostrou a todos um violão. Todos ficaram surpresos, e expressaram com um grande \"Uaaaau!\". Logo depois, todos insistiam para que ele tocasse um pouco para eles, e assim fez.
Link da música: http://www.musicuploader.org/uploaded.php?file=3273141233593162.mp3
Todas as crianças ficavam surpresas com a música, e até mesmo hipnotizadas, exceto um deles, que observava com curiosidade. Isso não o incomodou muito, então, Tsukiro tocava o violão enquanto cantava para todas, estando feliz por conseguir animá-las. Mas algo o preocupou, quando terminou a música, e todas aplaudiam, uma estava olhando para ele, ainda curiosa.

-Tsukiro, que fio é esse saindo do seu coração? - Perguntou o menor deles, devia ter seis anos ainda.

A pergunta o atingiu em cheio, era a mesma que havia feito a uma certa fada a tempos atrás. Todos olharam para Tsukiro curiosos, mas questionaram o garoto que fez a pergunta, pois não viam nada. Tsukiro estava meio abalado, mas tentou responder, para não preocupá-los.

-E-ei, que fio? Você tá vendo coisas, é? - Perguntou, com um sorriso forçado, e suando.
-Mas eu tô vendo! Um fio azul, saindo do seu coração, e indo até o seu violão! O que é isso? - Insistia a criança.
-Ei, vamos fazer o seguinte, depois conversamos sobre isso, okay? Estou cansado agora, e preciso descansar um pouco... - Todos olharam sérios para ele. - Brincadeira! Heheheh..! - Disse ele rápidamente, então todos riram, menos o garoto que havia o feito a pergunta.

Quando os outros não olhavam, lançou um olhar sério a ele, e este entendeu a mensagem. Então, todos foram para suas casas, e de noite, a criança e Tsukiro se encontraram para conversar.

-E aí, Tsukiro? Vai me contar o seu segredo? - Perguntou, meio irritado.
-Tudo bem, mas você não pode contar para ninguém. Seth, você é um Altair. -

Fim do Capítulo IV