Hurricane

Hurricane — capítulo único


Era quente, sufocante até, estar em um lugar que parecia pequeno dado ao limite máximo de pessoas que poderiam caber ali dentro. O teto baixo fazia tudo ao seu redor parecer pequeno, menor ainda e se não fosse pelo som que retumbava pelas caixas de som, preenchendo o espaço vazio que distanciava o topo das cabeças do teto ela certamente não estaria ali.

Mas era divertido, estava sendo divertido.

Quem diria que ir ao show de uma banda que ela sequer conhecia o nome poderia ser uma experiência tão excitante?

Os poros de seu corpo pareciam saltar dada a energia das pessoas que se espremiam de todos os lados ali dentro, com seu corpo prensado em uma grade de metal que estava mais quente do que deveria e ela jurava que alguém pisara em seu pé, mas dor parecia mínima graças a euforia que sentia.

Aquela noite que nada prometia acabara por se tornar algo a mais.

Então ele aparecera em cena e tudo virara de cabeça para baixo, para voltar ao nível correto logo em seguida.

A música ficara esquecida em um dos lados de sua cabeça, seus pensamentos em um turbilhão descontrolado subindo e descendo a medida que seu corpo saltava.

Por que ela pulava? Honestamente, até mesmo ela gostaria de saber pois naquele momento algo dentro de si parecera atraído pelo cabelo cor de rosa ridículo dele.

Em um dia normal aquilo não faria diferença, era uma questão de mudar de calçada e tudo estaria resolvido.

Mas naquele momento tudo estava diferente, ela se sentia diferente.

Talvez fosse a energia das pessoas ao seu redor naquela lata de sardinha, talvez fosse pela música que parecia mais alta a cada segundo que passa ou talvez fossem esses dois fatores juntos!

Sua cabeça já não era completamente racional naquele momento e ela poderia culpar aquele lugar, as pessoas e a banda da qual ela não sabia o nome sobre isso.

Amanhã quando ela acordasse em seu quarto segura de tudo e de todos ela poderia apenas se dar ao luxo de esquecer.

Esquecer das pessoas saltando e batendo suas cabeças, esquecer do show, da banda e da melodia de suas músicas, de ter puxado o pulso daquele ridículo cabelo cor de rosa e principalmente do beijo que roubara dele quando este lhe sorrira, como se a houvesse notado pela primeira vez naquela noite.

Porém a sorte de Izumo gostava de lhe pregar peças, quando depois do beijo roubado ela teve seu corpo em estado do êxtase e completamente manipulável, levado para fora da casa noturna, para longe do barulho dos saltos das pessoas e de tudo aquilo que trouxera coragem naquele momento de total e completo impulso.

Ele era o irmão mais novo do vocalista daquela banda e que assim como ela, havia sido arrastado para aquele show contra a vontade, o que acabara por se tornar um evento enfadonho quando ele a vira se afastar do grupo de amigos com os quais havia entrado - sem conseguir deixar de segui-la com os olhos nem por um segundo.

Ao menos por um momento, quando ele a vira, toda a frustração de ter sido roubado pelo próprio irmão na cara dura deixara de ser importante.

Todo o calor daquele lugar, o barulho infernal das pessoas e qualquer outra miudeza que o incomodassem até então deixaram de fazer sentido.

Então ela o beijara e Renzo jurara a si mesmo que poderia desmaiar, ser pisoteado por um grupo de fãs ensandecidos naquele exato momento que ele não ligaria, muito menos se importaria, de morrer pela falta de ar em seus pulmões. Ele deixaria este mundo com um sorriso abobalhado no rosto, tamanha a sua felicidade.

Um furacão poderia ter passado sobre o seu dia, mas no final da noite quem saíra ganhando fora ele.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.