Hurricane

Tickets and Unresolved Problems


Pov. Ally

Abri meus olhos, já no dia seguinte, e primeiramente, não entendi o que eu estava fazendo ali: Em um quarto diferente, que parecia irreconhecível quando eu ainda estava meio sonolenta.

Em poucos segundos, minha visão foi melhorando. E é, aquele era o quarto de Austin. E não, não tinha sido um sonho. Cada momento da noite passada que se passava pela minha mente totalmente clara agora tinha realmente acontecido.

Me senti estranha.

Digo, tinha tudo sido incrivelmente perfeito, e eu tinha amado. Mas eu não podia negar que meu corpo doía. Mas bem, especialmente em uma parte.

Um tempo atrás, digo, uns dois anos, minha mãe e eu tínhamos conversado sobre intimidade. E é claro que foi uma daquelas conversas chatas e vergonhosas na qual eu realmente fiquei como um pimentão. Mas eu tinha passado por isso. E vejo que as coisas que ela me disse eram verdades. Mas naquela época, ela falava em um tom amedrontador, para justamente me dar medo.

Acho que era a maneira dela me dizer para não fazer.

E toda aquela história de estar preparada, de sentir que é o momento certo, realmente não deveria importar pra ela quando se tratava de mim: da sua filha.

E eu não fazia a mínima ideia do que falar - e se falar - para ela.

Austin não estava no quarto, meus olhos procuraram por ele mas acabaram ficando cegos novamente pela luz do sol que passava pelas cortinas.

Ouvi o barulho de algo caindo lá em baixo, no primeiro andar. Eu não sabia dizer o que era, mas o estrondo foi alto. Parecia até mais de uma coisa. Eu ri por um instante, imaginando o que o loiro estaria fazendo.

Me espreguicei na cama. O quarto dele deveria ser um pouco maior do que o meu,e a cama parecia bem mais confortável do que a minha agora também.

Meu celular começou a tocar.

Levou um tempinho pra atinar a levantar da cama - completamente enrolada nos lençóis - e ir pegar minha bolsa do outro lado do quarto, aonde estava o celular.

– Alô ? - Atendi o telefone sem olhar quem era, mas já tendo uma leve certeza.

Filha ? Oi, tudo bem ?

– Oi mãe. - Respondi, um pouco constrangida por estar falando com ela logo agora. - Tudo bem.

– Como foi a noite ?– Minha mãe achava que eu tinha dormido na casa de Trish, para uma noite das garotas. Senti um nó na garganta enquanto tentava responder. A cada dia que passa, eu percebo o quanto preciso aprender rápido a contar mentiras.

Austin apareceu encostado na porta do quarto, me observando curioso. Ele estava apenas de bermuda. Eu estava olhando pra ele quando finalmente respondi á minha mãe.

– Ótima. A noite foi ótima. - Minha voz saiu perfeitamente normal, até porque eu não estava mentindo. Só ocultando uma parte da verdade. E de qualquer jeito, minha noite tinha sido mesmo ótima, minha mãe só não precisava ficar sabendo como.

Penny apenas perguntou que horas eu voltaria pra casa e eu disse que ainda não sabia. Logo desliguei o telefone e continuei encarando Austin.

– Bom dia. - Ele disse, parecendo estar tomando cuidado com as palavras.

– Bom dia. - Repeti.

Eu estava segurando o lençol em volta de mim com uma das mãos e era a outra que estava segurando o celular, quando apenas joguei o aparelho dentro da minha bolsa novamente, minha mão ficou solta, e talvez eu estivesse um pouco envergonhada.

Ele caminhou tranquilamente até mim. Sempre com seus olhos grudados em mim e eu não sabia se simplesmente correspondia seu olhar, desviava ou apenas deixava meu rosto enrubescer. O que é, acontece bastante quando estou com ele. O loiro segurou minha mão que estava solta e acariciou a palma dela.

– Você está bem ?– Ele perguntou. Havia um "quê" de preocupação á mais na sua pergunta. Eu ficava realmente feliz com isso, com o jeito que ele demonstrava se importar comigo.

– Eu estou perfeitamente bem. - Respondi. Ele parecia em dúvida com a minha resposta. Dei o meu melhor sorriso antes de continuar: - De verdade, eu estou bem. Foi tudo incrível pra mim.

Ele sorriu, parecendo acreditar um pouco mais agora. Me beijou delicadamente. Depois da noite passada, talvez eu ficasse com vergonha disso, mas era normal agora. Eu ainda amava beijá-lo desse jeito, ainda amava quando ele passava suas mãos pela minha cintura e me apertava mais contra ele e eu ainda o amava. E agora eu me sentia completa.

– Eu acho que preparei o café da manhã. - Austin disse, ainda com as mãos na minha cintura.

– Como assim "eu acho" ? - Perguntei. Mas a verdade é que eu fazia uma ideia do que ele quis dizer. Digamos que, quando ainda estávamos de férias, Austin não se deu muito bem com a cozinha.

– Hã, eu até fiz alguma coisa, só não sei se dá pra comer. - Eu ri da expressão que se encontrava no seu rosto agora.

– Eu dou um jeito nisso. Só preciso me vestir. - Falei.

– Você fica bem assim. - Ele disse, com seu sorriso safado no rosto e puxando uma parte do lençol que era a única coisa que cobria meu corpo.

– E você ainda é um babaca.

( ... )

O resto do final de semana não poderia ter sido melhor. Minha mãe parecia desconfiada, mas eu sempre mudava de assunto quando ela perguntava algo. E bem, meu pai e ela ainda estavam naquele clima de segunda lua de mel, então, ela não prestou tanta atenção assim em mim.

Mas hoje já era segunda-feira. O que significava que eu teria que ir pra escola. O que também não era tão ruim agora, eu ainda veria Austin lá.

As aulas seguiram normal, eu ainda precisava aguentar os professores chatos até a hora do intervalo, aonde eu finalmente poderia ver meu namorado e meus amigos, já que eu não tinha aulas com eles agora.

– Finalmente - murmurei sozinha quando o sinal da última aula antes do almoço tocou.

Aquela aula, em especial, era horrível pra mim porque Nick fazia ela comigo. E ele nunca mais me dirigiu uma palavra.

Estava terminando de pegar meus livros quando ele passou por mim, com a cabeça baixa parecendo observar algo em seus tênis. Ele deixou cair um papel, uma folha de caderno cortada pela metade virada pra cima. Tinha algo escrito nela.

Chamei seu nome para ele pegar o papel, mas o mesmo já estava passando pela porta da sala e se me ouviu, simplesmente me ignorou.

Agarrei a folha e li o que estava escrito nela.

"Ally, eu sei que não nos falamos á alguns dias, mas eu queria resolver isso. E tenho uma coisa muito importante pra te falar. Vou entender se você não quiser mais falar comigo, mas por favor, só vá na sala 112 depois das aulas. Eu estarei lá."

Em baixo tinha seu nome assinado.

Então isso era um bilhete. E era pra mim. E ele também tinha deixado cair de propósito. Franzi a testa enquanto relia aquilo outras vezes. A sala 112 não estava sendo usada esse ano, ficava no primeiro andar e costumava ser para apresentações de slides e vídeos. A escola tinha outro lugar melhor pra isso agora, no último andar, então a sala ficava sempre vazia. Só que eu pensei que ficasse fechada com chave também.

Guardei o bilhete no meio de um dos livros e saí da sala. Eu não sabia se iria mesmo, não depois do que o ouvi falar "sem querer" no parque. Eu tinha medo do que mais ele queria me dizer.

Mas também não queria ficar brigada com uma pessoa que me ajudou tanto no início das aulas. Decidi apenas ir para o refeitório e resolver se iria ou não depois. Só um pequeno detalhe: Eu realmente não podia falar sobre aquilo para o Austin.

Eu queria resolver as coisas com Nick sozinha, sem que o loiro tenha uma crise de ciúmes ou algo assim.

E agora eu tinha apenas um bilhete e talvez alguns problemas não resolvidos.

Continua ...