Hurricane

Dude, what happened to you ?


Pov. Austin

Entrei em meu quarto e bati a porta com força. Passei as mãos pelos meus cabelos e se tivesse usado um pouquinho mais de força,poderia ter arrancado alguns fios.

– Droga ! - esmurrei a parede com força.

Logo em seguida,me afastei dela e percebi que minha mão tinha começado a latejar. Abri e fechei a mão umas cinco vezes até que começou a apenas formigar. Praticamente me joguei em cima da cama e queria poder ter ficado ali o resto do dia,mas era apenas 10 da manhã,e em algum momento,alguém iria vir me chamar. E eu teria que passar o resto do dia com a Ally,mas certamente não seria igual.

Depois de uns 10 ou 15 minutos,decidi ligar para a Mary. Se a Ally podia ir com o Elliot,eu podia ir com outra pessoa também,certo ? Não,isso não é uma crise de ciúmes idiota.

Pov. Ally

Aceitar o convite de Elliot não foi má ideia. Não,não foi mesmo. Eu iria apenas passar um tempo com ele no festival,e talvez,conhecer pessoas novas. Me divertir um pouco,sabe ? Seria bom ficar um pouco sem o loiro - que nesse momento está sentado no outro sofá com os olhos na televisão como se o que passasse fosse realmente interessante.

Acho que é um programa rural.

E se nem eu mesma estou olhando,imagino ele. Mas não tentei puxar conversa. Primeiro : Porque ele ainda estava bravo. Isso era tão claro quanto o dia. Segundo : Eu simplesmente não fiz nada de errado. Terceiro : Ele me ignorou o dia todo. E agora,tínhamos acabado de jantar e nossos pais ainda estavam na mesa de jantar,conversando.

Acho que o dia está sendo melhor pra eles do que pra nós. De tarde,eu fui a praia novamente para procurar Elliot. O encontrei rapidinho jogando vôlei com uns amigos. Ele apenas deu um sorriso de orelha a orelha quando eu disse que iria ao festival. Percebi que ele poderia ter me abraçado naquela hora,mas por algum motivo tentou não transparecer tanta felicidade.

O que foi meio em vão.

Observei meus pais e os Moon's ainda na mesa de jantar. Por algum motivo,minha mãe não parecia tão confortável quanto o resto,e me perguntei se ela ainda estava com os mesmos problemas. Penny apenas concordava com um sorriso de canto - um tanto forçado - e olhava aparentemente para o nada. Como se seu pensamento estivesse bem longe. E quanto Mimi - mãe de Austin - teve que chamar a atenção dela umas 4 vezes para que ela respondesse uma simples pergunta,percebi que era mesmo verdade. Um suspiro pesado me chamou a atenção.

No outro sofá, Austin se levantou com a mesma cara emburrada,e subiu pelas escadas. A maneira como agimos realmente não é normal. Tanto pra mim,quanto pra ele. Somos instáveis. E de alguma forma,sempre acabamos assim. Sempre acabamos brigando. E no final,sempre fazemos as pazes.

– O que houve com Austin ? - minha mãe perguntou. Ela se sentou no sofá do meu lado e me encarava ainda interrogativa.

– Não sei - me apressei em dizer - Ele é sempre estranho.

Ela deu uma risadinha disfarçada.

– Seja lá o que você fez,tem que consertar - ela disse.

– Eu não fiz nada - suspirei. Por que eu tenho que ser sempre a culpada de tudo ?

– Eu acredito em você - Penny passou as mãos nos meus cabelos como se quisesse me reconfortar.

– Mãe,amanhã vai ter um festival no centro da cidade,e eu queria muito ir ... Mas não sei até que horas vai durar.

Ela me olhou com os olhos cerrados como se desconfiasse de algo.

– Austin também vai ir ? - enfim perguntou.

– Não sei - murmurei.

Ela me olhou,ainda desconfiada.

– Tudo bem. Não vou perguntar mais nada - ela se levantou do sofá com os braços pra cima como se estivesse se rendendo. Voltou para a mesa de jantar,e revirou os olhos,quando ouviu que meu pai estava falando novamente do trabalho.

( ... )

– ... E acho que daqui menos de 1 hora já vai ter o show de uma banda - Elliot falava enquanto caminhávamos por uma das ruas da cidade que haviam sido fechadas para o tal festival.

Tinha muitas coisas ali. Algumas banquinhas com blusas e outras peças de roupa para vender,tinha também algumas banquinhas de atividades como a que estávamos passando bem na frente agora. Era algumas mulheres maquiando outras garotas.

O cinema que também ficava naquela rua estava fazendo algum tipo de maratona de filmes de terror.

Mas é claro que o principal - pelo menos pra mim - ainda seria a banda. Devo confessar que estava achando as coisas sem graça demais. Elliot estava sendo totalmente simpático e me apresentou alguns de seus amigos. Não me senti excluída da conversa nem nada,eles também eram legais.

Mas depois de mais ou menos 1 hora percebi que eu não queria mais estar ali. Pra mim,não faria nenhum diferença se eu tivesse ficado em casa lendo um livro ou vendo um filme.

– Você está bem ?

Uma voz fina e sonora falou atrás de mim. Me virei para encontrar uma garota baixinha de cabelos totalmente pretos e olhos azuis claros me encarando. Acho que o nome dela era Lauren. Elliot tinha me apresentado ela,se não me engano,era a namorada de um primo dele.

– Claro - respondi tentando sorrir.

Ela deve ter percebido que parecia falso ou forçado. Apenas soltou um sorrisinho e deu dois passos para ficar exatamente do meu lado.

– Está quieta demais - ela observou.

Lauren segurava uma latinha de coca-cola e bebericava no intervalo de cada frase.

– Não costumo falar demais ou ser agitada.

– Aposto que tá achando isso um tédio não é ? - ela riu - Não parece muito animada ou confortável.

– Não,não é isso. Só não estou com a cabeça aqui - disse.

Ela me olhava como se conseguisse ler meus pensamentos. E por um momento,pensei que ela pudesse. Me perguntei por que ela quis vir até mim e começar um tipo de conversa.

– Não precisa mentir. Na verdade,nem eu estou muito animada aqui - ela suspirou - Preferia comer um lanche no McDonald's. Mas assim que a tal banda chegar,vai ser melhor. Pelo menos,vai ter música.

– Com certeza a música melhora qualquer coisa - disse e ela assentiu ainda tomando sua coca-cola.

Assim como Lauren disse,assim que a banda começou a tocar o clima ficou bem melhor. Conversamos por um tempo enquanto isso,e quase meia hora depois,decidimos sair mesmo dali e ir comer um lanche no McDonald's.

Então apenas deixamos os garotos ali e saímos. Elliot apenas assentiu e sorriu para mim. E agora,Lauren e eu estávamos comendo um lanche enquanto conversávamos.

– Você e Drew estão juntos a muito tempo ? - perguntei depois que finalmente consegui me lembrar o nome do primo de Elliot.

– 1 ano e meio. Mas nos conhecemos á mais de 2 anos. Sabe,eu demorei 6 meses pra aceitar sair com ele.

Dei uma risada. Ela era mesmo muito engraçada e parecia ser uma boa pessoa. Algumas vezes,olhei pela janela do lugar tentando imaginar aonde Austin estaria. Ele não estava mais em casa quando eu saí e duvido muito que já tivesse chegado. Algo muito estúpido na minha mente me fazia querer acreditar que a qualquer momento ele passaria pela aquela rua.

E passou mesmo.

Pensei que fosse algum tipo de miragem quando enfim,o enxerguei. Estava com um casaco preto e capuz. Até mesmo com o rosto quase coberto e com o escuro da noite ,pude reconhecê-lo. Ele ainda usava o mesmo jeans rasgado de hoje a tarde,e seu tênis vans também era o mesmo.

Austin não estava sozinho.

Havia um grupo com ele. Todos pareciam incrivelmente idiotas. Algumas garotas assanhadas,e uns garotos imbecis.

Percebi depois de um segundo que Austin já andou com gente assim na escola. Não deveria ser tão ruim pra ele.

– O que você tá olhando ? - Lauren perguntou curiosa.

– O que ?

– Você tá olhando pra alguma coisa na rua sem piscar á quase 5 minutos.

Revirei os olhos. Ela estava sendo exagerada,não eram 5 minutos. Tudo bem,no máximo 3. Mas nada mais.

– Não é nada.

Ela me olhou com os olhos estreitos mas ela preferiu não falar mais nada.

Depois de mais alguns minutos,já tínhamos acabado o nosso lanche e decidimos voltar para o festival.

Nenhum sinal de Austin por lá.

Com certeza ele e os "novos amigos" devem ter ido para uma direção bem diferente da minha. Depois de mais um tempo no festival,voltei para casa. Elliot me acompanhou até lá e me agradeceu por eu ter aceitado ir com ele. Nos despedimos e por fim,entrei.

Silêncio.

Era isso que tinha ali. As luzes da sala estavam acesas mas não havia nenhum sinal de ninguém ali.

– Mãe ? Pai ? - perguntei.

Ninguém respondeu.

Acho que nem mesmo os pais de Austin estavam ali. Olhei no relógio da cozinha e percebi que já tinha passado da 00:00. Deveriam estar dormindo e esqueceram a luz acesa.

Ótimo. Não estou com o mínimo de sono. Fiz um sanduíche e me sentei no sofá da sala. Liguei num dos canais de filmes e parei em um de terror que estava no começo.

Olhei no relógio de novo - dessa vez no da televisão - e agora,já eram 01:42 da manhã. Continuei olhando o filme por mais alguns minutos.

Ouvi a porta da sala se abrir pesadamente. Estava chaveada,então deveria ser o loiro idiota. Ela bateu causando um pequeno estrondo. Me virei para xingá-lo mas parei quando o vi parado,encostado na porta,o olhar que antes estava no filme de terror que eu estava assistindo na televisão parou até mim.

E ele me fitou,com a expressão tão séria que nem parecia ele mesmo.

Mas não foi isso que me fez parar. O motivo da minha pequena "paralisação" foram os machucados no seu rosto. Sua boca estava cortada e um pouco do sangue escorria. Seu olho estava roxo e um pouco inchado.

Me levantei do sofá o mais rápido que pude. Mas não fui até ele. Fiquei apenas parada como uma tonta o encarando,e a única coisa que saiu da minha boca foi :

– Cara,o que aconteceu com você ?