Sentei no banco do motorista, pisei na embreagem, mudei para a primeira marcha e esperei Vincent entrar. Assim que ouvi a porta atrás de mim bater, dei a ignição e ouvi o ronco do motor.

Conduzi o carro de vidros escuros para fora dos terrenos da mansão e peguei o caminho que levava à Miami.

Dirigir um Porshe sem estar sob pressão era assustador, um carro muito, mas muito silencioso, eu tinha de prestar atenção ao painel para saber quando o carro pedia marcha.

-Não imaginei que você soubesse dirigir tão bem. Sabe decentemente para salvar sua vida eu já imaginava, mas bem. Isso foi surpreendente – Vincent comentou e mesmo sem ver o rosto dele já pude imaginar o a cara de falsa surpresa que ele estava fazendo.

-Quando eu não estava matando vampiros eu era a campeã dos rachas da Associação – satirizei e logo o ouvi rindo.

-Sempre imaginei que você tinha cara de quem corria – ele falou – mas eu preferi deixar quieto para te dar a chance de confessar sozinha.

Eu ri da piadinha, mas preferi ficar em silêncio e prestar atenção na estrada.

Já estava anoitecendo quando a gasolina começou a chegar perto da reserva, Vincent mandou que eu parasse no primeiro posto que víssemos.

Entrei num posto que estava cheio de caminhões e no restaurante podia-se ver alguns carros, parei na frente da bomba e um frentista veio encher o tanque. Assim que ele terminou Vincent passou o dinheiro e eu paguei.

-Vá até os caminhões e pare entre dois – Vincent pediu, eu apenas concordei com a cabeça, liguei o carro e fiz o que ele pediu.

-Que foi, Vincent? – perguntei assim que parei o carro.

-Vou assumir a direção por um tempo para que você possa descansar – ele respondeu e pulou para o banco do meu lado.

-Certo então – pulei para o bando de trás – obrigada.

Ele deu apenas uma risadinha e ligou o carro, mal entramos na estrada e eu já me encostei no vidro da janela. Não precisou de muito para que eu dormisse.

Quando acordei o carro estava andando em alta velocidade, e já estava amanhecendo, deveria ser algo como quatro ou talvez cinco da manhã. Sentei direito no banco e comecei a massagear o pescoço que estava doendo por causa da posição em que eu dormi.

-Nós estamos chegando? – perguntei sonolenta.

-Quase lá, somais umas duas talvez três horas – ele respondeu e eu vi seu sorriso irônico pelo retrovisor.

-E esse é seu quase chegando?

-O tempo é relativo, minha cara.

Paramos rapidamente no acostamento e Vincent pulou para o banco de trás, logo depois eu fui para o da frente e coloquei o carro para continuar a viagem.

Ele estava certo, duas horas depois eu estava entrando em Miami, passamos por uma avenida que beirava a praia, mas Vincent pediu para que fossemos mais para o centro da cidade.

Chegamos, a parte cheia de lojas, bares, boates, restaurante e tudo que o centro de uma cidade turística tem. Vincent pediu para que eu entrasse em algumas ruelas que me levaram para uma parte mais simples e isolada da cidade.

-Está vendo aquela garagem ali? – Vincent apontou para a garagem de uma oficina – entra lá.

Eu o obedeci e entrei na garagem, parei atrás de uma Ferrari amarela e do lado de um fusca branco cujos vidros eram escuros como os do carro

que eu estava.

Vincent saiu do carro e eu o segui, ele passou por uma porta de vidro que levava a uma simples recepção que estava praticamente vazia, com exceção das pessoas que estavam atrás do balcão de atendimento.

Uma mulher alta de cabelos com cachos perfeitos castanhos meio avermelhados e um sorriso simpático veio até nós.

-Oras, se não é o Vincent – ela comentou e o abraçou – chegou bem na hora.

-Pontualidade é meu sobrenome – ele respondeu com um sorriso de lado – mas você já sabe disso, certo Camille?

-Os séculos passam e continua o mesmo galanteador barato de sempre – ela rolou os olhos e olhou para mim – essa é a pessoa que você me falou?

-Sim – ele respondeu sorrindo.

-Sabe, eu sempre achei que você era mais seletivo, embora continue com sua coisa pelas pessoas altas.

-Sua gentileza é infinita – ele sorriu sarcástico e ela retribuiu o gesto.

-Bem, vamos, vou mostrar para vocês o bebê que vão usar de agora em diante – Camille pegou uma chave e saiu pela porta de vidro e nós a seguimos.

Ela caminhou pelos carros até chegar no fusca – eu lhes apresento uma das minhas maiores obras de arte, isofilme, direção hidráulica, freios ABS e rodas de liga leve. Isso sem contar o alarme – se gabou – nunca vão ver um fusca como este na vida, então cuidem bem.

-Sim senhora – Vincent falou batendo uma continência.

Camille andou até mim e me deu a chave – cuide bem do carro e desse ruivo – ela pediu baixinho – mas quando ele merecer pode dar uns sopapos.

-Pode deixar – eu sussurrei e peguei a chave.

-Você vai passar por aquela lugar ali, vai dar em um estacionamento super movimentado, depois é só seguir as indicações e sair como se nada tivesse acontecido.

Concordei com a cabeça e entrei no carro. Vincent entrou e se sentou do meu lado minutos depois.

-Boa sorte – Camille desejou sorrindo e acenando coma mão.

Dei a partida e segui o caminho que ela me indicou, a passagem dava para apenas um carro e depois de algumas curvas saí em um estacionamento de subsolo. Minutos mais tarde já estava de volta na avenida a beira da praia.

-Você contou sobre mim? – perguntei enquanto ia para a auto-estrada.

-Claro, Camille é muito confiável é a prima dos gêmeos –ele contou – a família dela serve a minha a gerações e particularmente ela e os gêmeos são leais a mim.

-Vocês já tiveram um caso – afirmei rindo.

-Claro que sim – ele deu um sorriso de lado – mas isso foi no século passado.

-Como você é velho – rolei os olhos e peguei o caminho que ia para Nova York.

-Eu não sou velho, você que é muito nova.

Eu apenas sorri e continuei a prestar atenção na estrada acelerando o máximo que o fusca deixava, seria uma longa viagem,mas do mesmo jeito valerá a pena,a cada hora fico mais próxima da minha vingança.