Never let me go-Parte 2

Eu abri os olhos de repente.Uma escuridão tomou conta de tudo até eu sentir onde estava,havia um colchão na minhas costas,eu olhei em volta.O dormitório do internato,o relógio mostrava 3 e 10 da manhã.Eu levantei devagar

-Zane-chamei baixinho,remexendo na cama vizinha,onde ele dormia e o sacudi forte,percebendo que aquela pessoa enrolada era muito mais magra e menor que ele

-Kate,são três da manhã-falou uma voz conhecida ligando o abajur

Logo o rostinho sardento de Bianca apareceu pra mim

-Bianca !-eu gritei,pulando em cima dela e a abraçando,ela bufou.

-Kate,o que pensa que está fazendo ?-ela perguntou

-Eu senti tanto sua falta,eu tenho tanta coisa pra te contar-eu disse a abraçando mais forte

-Kate você dormiu por duas horas ! o que de tão importante aconteceu nesse tempo ?-ela perguntou esfregando os olhos.

-Hã-eu a olhei confusa,sentindo minha cabeça pesar-não,eu sumi por dias,Zane,ele...

Minha mente voltou em foco novamente,Zane !

-Onde está Zane ?-eu perguntei desesperada

-Quem é Zane ?-ela perguntou cansada-Kate você não parece bem

Eu não estava bem,como assim eu dormi por duas horas ¿ aquilo não poderia ter sido um sonho,Zane,eu,demônios,Bamy,Shay,Julie,Jack.Não,não,não.

-Ele estava comigo,há alguns minutos atrás,nós estávamos em Nova York,a polícia estava atrás de nós,então Cam nos avisou e nós íamos embora mas tinha um parque e...-eu falava de modo confuso e Bianca fez uma careta.

-Por favor deixe pra me contar dos seus sonhos amanhã de manhã.

Mas não foi um sonho,eu continuava repetindo pra mim mesma,não foi.

Bianca apagou o abajur

-NÃO !-gritei exasperada.

Eu saí correndo do quarto,abrindo a porta com um estrondo e chegando ao corredor,os gritos de Bianca se confundiam com os meus.

-ZANE !-eu gritava batendo nas portas-ZANE !

Logo dois braços me seguraram com força,mas não os que eu queria

-Segurem-na,ela pode estar sob efeito de alucinógenos-disse uma voz

-Ela estava dormindo,deixem ela em paz-gritou Bianca chorando

-Nós vamos levá-la para a enfermaria e chamar os responsáveis dela,a garota está seriamente perturbada

Um enfermeiro se aproximou com uma agulha e espetou meu braço enquanto eu gritava,eu pude ver a confusão em seu rosto quando do buraco saiu sangue espesso e dourado e então desmaiei.

Acordei com a cabeça pesada,em meus braços várias agulhas ligadas a soro e remédios,uma máquina estava medindo meus batimentos e eu podia ouvir uma conversa no quarto ao lado.

-A garota é perfeitamente normal,só parece desidratada.-disse uma voz de mulher

-Normal ? você viu a porra do sangue,parece ouro líquido,ela é algum tipo de aberração estranha

-Talvez seja uma doença-disse a enfermeira

-Aquilo não é doença,o coração dela bate mais devagar do que de qualquer ser humano que já vi,naquele ritmo,ela deveria estar morta.

-Devemos conversar com os pais dela-disse a mulher

-Não antes de eu pegar uma boa amostra daquele sangue dourado e quentinho direto da fonte-disse o médico abrindo a porta logo em seguida

-Bom dia...-ele checou a prancheta em sua mão-Katherina

-Bom dia-eu respondi checando o quarto em busca de algo pesado,sem sucesso.

-Temos que colher uma amostra do seu sangue pra alguns exames-ele disse se aproximando com uma agulha enorme e um potinho.

Eu estendi meu braço e deixei ele amarrá-lo com a faixa,assim que ele estava prestes a enfiar a agulha no meu braço eu a tomei da mão dele e espetei seu pescoço,forte o suficiente para fazê-lo gritar,enquanto saia pela porta,esbarrando na enfermeira.

-Quieta !-disse ela segurando meus braços

Eu dei um chute em sua barriga e sai porta afora apenas com as roupas do ambulatório,os estudantes ficaram em choque ao me ver saindo assim mas eu não liguei,consegui chegar no meu quarto e tranquei a porta,respirando rápido.

Tentei organizar minha mente,a última coisa que me lembro é de estar com Zane no parque,ele me contou sua história e eu adormeci em seus braços logo em seguida.Eu precisava de algo que provasse que ele esteve comigo durante todo esse tempo,mas não havia nada,olhei para meu reflexo no espelho,estava pálida demais e meus lábios estavam rachados,mas através do tecido fino eu pude ver,logo em cima das minhas costelas uma marca preta,um círculo,eu tirei a roupa rapidamente examinando a mancha

Era a marca que tinha ganhado esfaqueando um demônio,alguém apagou minha mente,mas não conseguiu apagar os danos causados a minha alma,muito menos ao meu coração.

-Eu vou conseguir achar você,onde quer que esteja meu amor,eu prometo.-eu disse encarando o espelho