A Gloriosa Garota do Distrito 13

Rose McRay

Rose ficou encarando a foto de John até ela sumir.O renegado estava morto,em breve mais seis estariam mortos e eles teriam o vencedor.As apostas deviam ser altas,como eram todos os fins de jogos.Sua tia devia estar se divertindo com aquilo,provavelmente torcendo pra que ela morresse.Devia ter feito isso enquanto Rose lutava com Keiko,Rose não queria matá-la,mas foi necessário.A luta foi dura,Keiko era forte,e muito rápida,depois de uma luta cansativa foi que Rose cortou a garganta da menina.

Seu primo era quem devia estar sofrendo,e era por ele que ela queria voltar.Ser feliz ao lado da única pessoa que gostava dela nesse mundo.Se fosse vitoriosa,ela poderia reencontrar seus pais que agora eram Avox.Ela os traria para a casa dela,pagaria a reconstrução da língua dos dois,e ela seria feliz.Longe da vaca de sua tia,longe dos libertadores e toda aquela confusão do distrito 13.

Perdida nesses pensamentos,ela passou a noite sonhando acordada.Sonhava com seu pai,sua mãe,seu primo,numa vida perfeita!Os primeiros raios de sol já raiavam.Rose pôs a mochila nas costas,e resolveu sair das campinas,talvez existisse uma ilha onde ela pudesse sonhar a vontade.Afinal todos pareciam estar nas campinas,caçando uns aos outros.

Em poucos minutos ela chegou ao recife.Ninguém,ela subiu nas pedras,e foi em direção a ilha que estava no horizonte.Levou uma hora pra chegar.E maravilhou-se,era a ilha perfeita cheia de flores,jardins e lagos.Borboletas e abelhas complementavam a decoração natural do lugar.Era perfeito.Rose andou um pouco,jogando a mochila perto do lago.Ela sentou-se junto a água cristalina onde carpas e peixes dourados nadavam na água,fazendo companhia a alguns sapos.

Em meio a toda a beleza do lugar,Rose simplesmente adormeceu.Teve sonhos tranquilos,onde os tributos eram mortos por bestantes e ela escapava com vida por estar na ilha da primavera.Onde ela mudou-se para o distrito 4,e lá viveu em paz com seus pais e seu primo.

Ela queria que aqueles sonhos fossem realidade,queria estar agora com sua família,vivendo em paz,longe daquela euforia da Capital.Mas ela pensava no lado negativo,se ela fosse vitoriosa teria de ser mentora,teria de instruir crianças em como sobreviver e matar.Seus mentores apostavam nela,sempre achavam que ela chegaria entre os finalistas.Seu parceiro de distrito Filipe,apesar de confiante era fraco,desde o começo sabia que não ia durar muito.E como esperado a morte dele foi precoce.Era apenas mais um coitado,apenas mais um cordeiro que estava sendo apenas preparado pra ser abatido.Não só ele mas muitos ali presentes.

Todos os anos,tinham aqueles que serviam como a entrada de um suntuoso banquete.Aqueles que morriam logo no início dos jogos.Que corriam pra Cornucópia na esperança de sobreviver,ou já com o intuito de morrer e acabar logo com o sofrimento.Muitos tributos que morriam sem nem ter a chance de lutar por suas vidas.

Rose lembrava-se dos nomes de todos os tributos,lembrava-se da face de cada um deles.Nicholas,Cintya,John,Candice,Shayenne,Katherine,Rebecca,Septimus,Elliot,Samara,Kimberlly,William,Aryalie,Yuri,Keiko,Thaslym,Peter,Wallace e Filipe.Jovens que tinham uma vida inteira pela frente,mas que agora estavam mortos,e de nada adiantava chorar pra que eles voltassem.De nada adiantava dizer:"Tiveram uma morte gloriosa!".Ainda assim foi uma morte,ainda assim eles haviam perdido o único bem que recebiam sem dar nada em troca:a vida!

-Atenção tributos,vocês foram maravilhosos,foram os melhores e provaram que são bravos,todos vocês tem pelo menos uma morte em suas mãos,ou seja,todos entraram no espírito da coisa.E por isso vamos fazer algo por vocês.Cada um receberá uma arma nova,mas com uma condição:assim que receberem a arma terão de sair por aí,caçando seus colegas tributos.Todos vocês tem um espírito de voracidade dentro de si,o que torna as coisas mais fáceis.A arma que vocês ganharam terão a ver com suas habilidades.Façam bom proveito,bons Jogos Vorazes e que a sorte esteja sempre a seu favor!

Rose gelou,matar,aquela era pior palavra já escutada.Matar outra pessoa não era fácil,os vitoriosos eram abalados por intensos pesadelos,onde os tributos voltavam as suas mentes,e suas atrocidades eram relembradas.De que adiantava sair com vida,se teria sangue de inocentes em suas mãos.

Segundos após o anúncio Rose recebeu um paraquedas.Trazia uma espada prateada bem reluzente,com o número 13 no cabo,e seu nome escrito na lâmina.Provavelmente era bem afiada.Rose olhou para a espada por um bom tempo,quando um barulho a acordou de seu transe temporário.Atrás dela estava um bestante.Era um urso gigantesco,com as garras mais afiadas que o comum.O urso olhou-a com uma fúria inacreditável,em seus olhos era notável a sede de sangue.

O urso partiu pra cima dela,Rose matou-o com a mesma facilidade com a qual matou o homem lagarto.Após trucidar a criatura,Rose lavou a espada no lago,e viu seu reflexo.Ela poderia matar mais alguém?Seria capaz de ter mais culpa para si?

Rose pegou a espada,ela não podia continuar com aquilo,não podia fazer o que eles queriam.Ela não era escrava deles.Ela era livre,livre pra fazer o que quiser,não podia sair vitoriosa apenas pra ser mais um servição do presidente:

-Não vou fazer o que vocês querem estão ouvindo?Eu sou livre,livre pra fazer o que quiser,não pertenço a vocês.Eu sou livre-ela olhou a espada-eu sou LIVRE!

Ela enfiou a espada no próprio estômago.Sorriu para o céu.Sabia que todos estavam assistindo.Sua tia devia estar felicíssima.Ela pensou no seu primo,ele ia entendê-la.Rose não tinha conhecido seus pais mais tudo bem,pela primeira vez em sua vida ela sentiu-se como nunca.E quando ouviu seu tiro de canhão ser anunciado todos tinham certeza.Ela estava livre!