Como o céu à noite...

Fora há algumas luas...

Wander permanecia soturno, mirando o céu salpicado de estrelas. Sua mão cerrada indicava o pensamento de determinação fluindo no obscuro de sua mente. A leve brisa do vento acariciava-lha a face, provocando arrepios em sua pele alva. Também fazia suas vestes dançarem suavemente.

Encostado na lateral da grande janela, a forma distinta de sua amada adquirindo a turva e bela silhueta. O vestido branco esvoaçava atrás de seu corpo esbelto, enquanto ela se aproximava; pé ante pé, alva e tão suntuosa quanto a lua que embelezava o céu.

Seu cabelo ébano batendo levemente no rosto, os lábios rosados e grossos, e os olhos... Ah, Wander amava os olhos de Mono. Para ele, eram como espelhos cristalinos nos quais a doce e mortal alma da moça se dispusera a se fixar. Encantadores, enigmáticos e serenos...

Ele apenas entrelaçou os braços envolta de sua fina cintura e quis fitá-la profundamente, admirando sua exótica beleza.

Era verdade, Mono se destacava das outras moças do reino. Ela era como um acolchoado por quem os soldados ansiavam para descansar depois de um batalha; um troféu lustroso a ser exibido pelo pai aos demais. Mas para Wander, era apenas a sua fonte interminável de água, onde poderia sempre recorrer para matar a sua avassaladora sede de amor.

Infelizmente, fora descuidado e perdera-a. Ele apenas se lembrou das portas abrindo-se violentamente, os guardas invadindo o quarto, um deles aprontando a besta e mirando-a no peito de Wander.

Ele atirou. Porém, não sentira a flecha perfurar seu coração; e em vez disso, sentindo um peso cair sobre seu corpo, viu que Mono interpusera-se entre a vida e a morte, salvando seu amado dos dois temíveis destinos...