— NÃO VAI DAR CERTO!!! – Kyra gritou para a dupla azul e laranja que agora subiam aos céus em direção ao “olho do furacão”.

Principe Yago e Yller estavam em velocidade máxima na esperança de encarar o Lich de frente. A dupla subiu muito além das nuvens, tão alto que mesmo Roberta podia enxerga-los do solo, a frente de ambos estava ele. Lich, tão feio quanto a centenas de anos atrás, tornando-se mais assustador e possivelmente poderoso a cada minuto. Ao redor daquela criatura abissal e pútrida estava sua nuvem toxica verde.
Começaram a disparar contra eles, raios azuis e vermelhos cercavam o ceu tentando atingir o monstro, em vão, já que aparentemente sua nuvem toxica estava impedindo os elementos de se aproximarem, o gelo derretia em contato com a mesma enquanto o fogo se extinguia. Cassaram o ataque para analisar o que ele faria, até agora ele apenas tinha ficado parado diante deles com sua nuvem protetora...

— Ideia? – Yller perguntou a Yago.

— Bater até ele cair! - Respondeu o príncipe com os punhos em chamas.

A criatura encarou a dupla com seus grandes olhos e seu sorriso disforme, era difícil pensar se haviam expressões em um rosto tão destruído e sem salvação. O monstro levantou os braços e uma energia radioativa cor de limão foi lançada na direção da dupla.
Ziguezagueando no ar a dupla se esquivava de toda energia que tentava atingi-los, o Lich não dava trégua e mantinha seus movimentos ininterruptos, vez outra quase os acertava, obrigando Yller a interromper o voo e criar alguns escudos.
Cansado de ficar correndo, príncipe Yago tomou uma atitude arriscada e lançou uma bola de fogo contra o Lich. O risco compensou, o Lich foi atingido em cheio pela bola de fogo sem sua nuvem protetora, ambos então recarregaram e prepararam os poderes elementais. Invocando os poderes do gelo e do frio Yller rodeou a criatura com uma nevasca, o Lich começara a congelar em alguns pontos de seu corpo, ganhando peso e iniciando sua queda, usando a sua energia radioativa a criatura tentava escapar derretendo o gelo, porém, sempre que ele descongelava uma parte, recebia uma bola de fogo infernal no rosto ou no corpo seguida de mais gelo.

— Não vai funcionar é! – Yago comentou sorrindo para Yller enquanto ambos desciam impedindo o Lich de fugir.

Em solo as equipes enfrentavam problemas complicados também. O Lich continuava com sua mania de despertar e trazer consigo os seus fieis minions radioativos. Do ponto onde a explosão se iniciou, criaturas grotescas e semi-formadas não paravam de sair. A equipe era a primeira e única linha de defesa. Enquanto os mágicos enfrentam o “chefão”, os outros liderados por Kyra e Alex impediam o avanço delas.

— Eles não podem passar da Roberta! – Alex explicou a formação que consistia nele e Kyra enfrentando os inimigos de frente auxiliados pela vaca leiteira. Lucy e Jupiter logo atrás usando armamento de longa distância que estava preso em seus cintos quando vieram ao reino, apenas não puderam ajudar antes. Por ultimo Roberta com duas raízes gigantes sob controle, a mesma junto de Yller havia construído uma barreira de gelo e plantas atrás de si.

— Então se prepare Heroi! – Kyra falou e flutuando atacou uma das criaturas, não eram difíceis de matar, mas, o complicado estava no pós eliminação. Elas liberavam um gas nocivo, não para ela uma vampira, mas, se Alex inalasse aquilo... Era melhor nem pensar.

Observando o gás, Alex arrancou a manga de seu casaco e amarrou sobre a boca e o nariz antes de partir para a ofensiva. Alex cortava cabeças e troncos dos monstros ao meio, a espada de morango era realmente muito poderosa e empunhada por um herói ficava dez vezes mais mortal. Lutando lado a lado, a dupla controlava a situação tal como os golens de gelo, só que dessa vez eles tinham a vantagem da “cobertura”. Jupiter repelia qualquer inimigo que fosse perigoso com sua metralhadora de amendoins, do outro lado Lucy e sua Sniper de caramelos destroçava os maiores monstros com precisos tiros nas cabeças.

— Essa coisa não vai travar de novo vai? – Jupiter perguntou a irmã se referindo a metralhadora.

— Jamais. Eu mudei a distribuição de munição! – Respondeu orgulhos explodindo outra cabeça. – Eu adorei as novas balas.

— Cortesia da melhor refinaria do Reino doce do qual somos as Rainhas! – Jupiter respondeu avançando contra os inimigos.

Roberta estava agradecendo por poder evitar a ação seguida de matança desenfreada, um grupo bom de ataque a ajudava. Quanto menos tivesse de expor as raízes e outras plantas ao lixo radioativo que vinha em sua direção melhor. A área de explosão inicial deveria ter um raio de mais ou menos cinquenta metros, contudo, por algum motivo inexplicável ou ridículo, as criaturas apenas caminhavam na direção do grupo, haviam diversas direções possíveis e eles estavam preocupados em atacar apenas?

— Alguma coisa está errada... – Roberta Falou alto para si enquanto observava os arredores.

Um buraco imenso com um liquido luminoso e borbulhante dentro, gases tóxicos, criaturas que não aparentavam um grande desafio para os presentes... Foi então ela começou a sentir, o ar estava mudando naquela região, alguma coisa naquele gas alterava o ambiente, assim como o solo não estava se comunicando ou respondendo para ela agora. Qual seria o plano daquela criatura gigantesca? Uma pilha de corpos que derretiam em certos intervalos estava adornando o chão aos pés de Alex e Kyra...

— Pessoal recuem para atrás das raízes! – Roberta pediu ao grupo. Jupiter e Lucy foram na frente e ficaram ao lado de Roberta ainda controlando a aproximação. Kyra e Alex tentavam se desvencilhar dos inimigos que pareciam vir apenas atrás deles após o recado de recuo de Roberta.

— Eles precisam de ajuda! – Jupiter falou e voltou ao seu posto anterior auxiliando a dupla na fuga.

Com a dupla penando para voltar a raiz, o grupo que estava mais atrás pode olhar para cima e assistir enquanto a figura horrenda do Lich se aproximava cada vez mais do solo sendo impulsionado por fogo e gelo. A criatura não proferia som diante dos ataques e a dupla não cessava os próprios movimentos.

— RAPIDO! VOLTEM AGORA MESMO!! – Roberta gritou com a dupla e usou as raízes para repelir todas as criaturas que estavam próximas.

A dupla correu na direção de Jupiter e assim que passaram pela mesma ela se pôs a correr com eles, porém, a rainha se lembrou da vaca leiteira que estava lutando sozinha a frente. Abandonando a dupla Jupiter correu na direção oposta, visualizando a pobre vaca leiteira cercada de inimigos. A rainha disparou contra elas tentando formar uma abertura para a pobre vaca... Em vão, as criaturas derrubaram a vaca leiteira a levando para o buraco brilhante de onde saíam. Sem escolhas Jupiter tentou correr de volta, mas, sua perna ficou presa nos braços de uma daquelas massas disformes no chão.

— JUPITER!! – Lucy gritou e tentou sair do abrigo, sendo impedida pelas raízes que começavam a cercar o grupo. – Abra isso ROBERTA!! É minha irmã lá fora.

— As raízes só vão abrir depois! – Roberta falou e o grupo se viu trancado na cúpula arbórea.

— Depois de que? – Alex perguntou tentando achar falhas na cúpula.

— Do fim! – Foi só o que Roberta falou. Antes do clarão verde ser visto entre as frestas das raízes.

Jupiter assistiu de camarote “A Queda do Lich”. Ela estava mais próxima que qualquer outro quando a criatura se chocou contra seu buraco de origem. A rainha apenas fechou seus olhos diante do facho de luz a sua frente.
Principe Yago que acompanhou Yller durante a descida havia visto Jupiter parada próxima demais do perigo e acabou por se separar do ataque a poucos segundos do derradeiro final.
Ele voou rapidamente na direção da rainha, segurando-a pelos braços e voando com toda a força na direção oposta, toda a sua energia e calor estava sendo disparada atrás de si, ele se encaminhava para a fronteira do reino na esperança de ambos serem salvos.

O Lich se chocou contra o buraco e o liquido, tal contato foi o gatilho catalisador para mais uma gigantesca explosão. Yller que estava sobre ele e com o objetivo de congela-lo ficou ali sobre a explosão com seu corpo cercado pela magia fria enquanto se fazia de centro para congelar tudo naquela área mais uma vez. Energia da explosão se espalhava com velocidade pelo reino congelado, mas, não importava agora. Uma vez que o Lich e seu ponto de origem estivessem congelados novamente, ele poderia em segundos transformar o reino todo em gelo...
Chegando cada vez mais próximo a fronteira, Yago sentia a onda toxica mais próxima, quase tocando seus pés e não restava muita energia combustiva em seu corpo. Yago usou toda sua força restante para lançar Jupiter para longe antes de entrar em supernova na tentativa desesperada de impedir a onda. A onda toxica se dissipava diante da onda de calor gerado por ele, apesar da intensidade ininterrupta da mesma, Yago não estava dando trela, sua determinação continuava forte contra a mesma, ele sabia que Jupiter havia saido do Reino, assisitiu ela atravessando o véu de neve antes da onda toxica a atingir. Ele aguentou impressionantes dois minutos em supernova contra a energia corrompida, podia ver o distante centro branco e azul do reino, o que provavelmente significava a tentativa de congelar tudo novamente. Fechou os olhos quando a energia acabou, permitindo a onda toxica que o disparasse em direção ao horizonte desacordado.

[Arredores do reino Congelado]

— Estamos aonde? – Kyra questionou confusa ao acordar e observar um arredor verde e o céu limpo.

— Fora do Reino Congelado. – Roberta falou e apontou atrás da vampira.

A fronteira do reino mais uma vez estava cercada de construtos disformes de gelo maciço. No solo as rochas de gelo como antes, pontiagudas e altas, altas demais, acima delas o ar parecia congelado como se gases tivessem sido endurecidos. Algo estava errado, Kyra flutuou e de cima viu que a imensidão de gelo antes clara, agora apresentava tons de verde junto ao branco. – “Ele congelou a onda radioativa... Aquele Idiota!” – Pensou consigo mesma enquanto descia.

— Ele congelou a onda de explosão toxica e todo o Reino junto! – Roberta confirmou o que Kyra havia acabado de constatar.

— Precisamos entrar de novo e tirar ele do contato com a coroa! – Kyra falou e foi impedida de caminhar por Roberta. – O que foi? – Perguntou ela com a voz tremula e olhos cheios de agua sabendo o que a guardiã diria.

— Se tirar a coroa o Lich se liberta. Seu amigo sabia dos riscos e aceitou colocar ela de volta... – Roberta colocou a mão sobre o ombro da vampira que estava de joelhos encarando a muralha de gelo a sua frente com pesar. – Para preservar o nosso mundo o Rei Gelado é necessário... O Yller não.

— Mas... Eu vim pra isso... – Kyra tinha muitas coisas a acertar com ele, ambos tinham que conversar e se entender. Também haviam os outros que ela recrutou para o grupo, como estavam? Onde estava Yago? Imensas duvidas circulavam na mente da vampira. – Como posso deixar coisas sem resolver?

— Sinto muito. – Falou a guardiã para ela.

— VOCÊ CONDENOU MINHA IRMÃ!! – Lucy se aproximava de Roberta revoltada. – Guardiã ou não você comprou uma guerra completa agora!!!

— Preferia que fossem vocês duas mortas? Que o reino que vocês lutaram tanto para deixar prospero e cuidar caisse em ruinas, ou pior, nas mãos de algum usurpador indigno e ganancioso que poderia piorar a situação de todos nele!? – Roberta tinha uma resposta perfeita pronta e que deixou a Rainha Lucy totalmente estática.

— Pessoal! – Alex falou ao fundo recebendo atenção das três. Ele se aproximava com dificuldade, mancando e segurando o cotoco do que antes era seu braço esquerdo. – Preciso de ajuda. – Falou ele antes de cair no chão.

O trio correu até o mesmo, não havia sinal do restante de seu braço, Alex estava muito machucado e seriam necessários cuidados imediatos.

— Não posso cuidar dele aqui. – Falou Lucy encarando Roberta. – Vai salva ele! Se tem um pinguinho de empatia ai dentro de você!!

— Eu já iria salva-lo de qualquer forma. – Roberta respondeu seca e afastou Lucy. Colocando suas mãos sobre o peito do jovem Heroi a guardiã se concentrou enquanto a grama envolvia todo o corpo dele o escondendo dentro de um casulo, apenas seu rosto havia ficado para fora.

— E isso vai salvar ele? – Lucy perguntou.

— Vai cuidar dos ferimentos dele. Agora se ele voltará o mesmo... vai depender da força de vontade dele. – Roberta se levantou encarando os remanescentes. – Vou retornar a minha floresta. Já passei tempo demais entre vocês... – Dito isso ela se encaminhou para longe, mas, não sem antes jogar uma informação no ar. – Ninguém morreu lá dentro!

— Jupii... – Lucy só conseguiu dizer isso antes de desabar assim como Kyra. Ninguém saiu de lá sem cicatrizes, fossem elas físicas ou como da maioria dos presentes, mentais...

[Seis anos depois da Queda do Lich]

O Reino Doce continuava a maior potência em toda terra de OOO. Monumentos em homenagem a rainha Jupiter haviam sido construídos, vários caçadores de recompensa de todo o reino caçavam por informações do paradeiro da mesma desde o retorno da Rainha Lucy na esperança de ter a irmã de volta ela declarou uma absurda recompensa para quem reunisse ela e sua irmã mais uma vez.
Tudo parecia estar prospero no Reino, contudo, não se podia dizer o mesmo da Rainha Lucy que não saía do próprio castelo as vezes por meses, em raras ocasiões os súditos podiam ver sua governante entre eles. Outrora sorridente e amistosa, a rainha agora apenas recebia Alex em seu castelo, obcecada com seus trabalhos desde aquele dia, ela mal tinha tempo para dormir. Estava focada em criar alguma coisa capaz de exterminar o Lich, destruir aquela coroa, ter sua irmã de volta, derrotar a guardiã... Lucy havia voltado sem ferimentos superficiais, porém, seu espirito estava em caos desde então.

— Você precisa dormir alteza. – Alex falou observando a mesma deitada sobre a mesa do laboratório. Alex agora estava muito mais robusto, seus músculos marcavam a camiseta, haviam três espadas em sua costa e um cubo tecnológico preso ao seu cinto, ele agora ostentava uma barba grossa e variadas cicatrizes pelo seu corpo e uma ou duas no rosto.

— Ainda não terminei. – Falou ela com a voz fraca.

— Terminou sim! – Alex respondeu a rainha e a segurou pelos ombros levando-a até os aposentos onde a deitou. – Durma e continue amanhã.

— Alex... – era evidente o desgaste da mesma. – Me de sua mão. – O herói segurou a mão dela com o braço direito e recebeu um olhar reprovador. – A outra! – Alex obedeceu e segurou a mão dela com seu braço de raízes e madeira. Desde que saíra do casulo dado por Roberta o herói possuía este braço, um dos olhos tão verde quanto a grama e um novo poder. Tais mudanças em seu ser resultavam em visitas constantes a Roberta, mesmo que a rainha Lucy não aprovasse. – Ela mudou você... – Ele sabia onde Lucy iria chegar, Roberta os tirou de lá como pode e quase sem falhas, mas, a raiva e remorso da rainha não se esgotavam, ela iria ter a cabeça da guardiã, um dia.

— Ela me salvou alteza. Sem ambos os braços eu não poderia mais te servir. – lembrou ele. – Eu sou grato a ela, tanto quanto sou grato a senhorita.

— Ela me separou da Jupi. – Respondeu a rainha virando-se.

— Não foi culpa dela... – Alex falou a frase para si antes de deixar a rainha.

O herói havia saído daquela batalha com marcas muito mais físicas do que psicológicas. Alex havia passado um ano dentro do casulo, todos ao seu redor apenas se recordavam de assistir o mesmo ficar um pouco mais velho nesse período, mas, para ele a história fora outra.

[Mente de Alex]

— Onde estou? - Questionou o jovem para uma estranha forma de luz a sua frente.

— Aqui é dentro de você, dentro da sua mente, dentro de seu espirito pequeno herói.

— Eu morri? – perguntou ao ver que ostentava os ferimentos da batalha.

— Quase. – respondeu a luz – A guardiã o salvou, mas, para garantir que merece mesmo ser salvo, eu estou aqui. O inimigo mais implacável e perigoso que já enfrentou.

— O Lich! – respondeu o jovem convicto e pegando sua espada com o braço que ainda lhe restara.

— Não querido! – Respondeu a luz mudando de forma, provocando um feixe que obrigava o herói a fechar os olhos. Após o clarão ela tinha sua forma, seu corpo e seu rosto. – Vai enfrentar a si mesmo. – Respondeu ela fazendo um braço de madeira para o jovem. – Nos lutaremos como iguais.

Alex havia passado um ano vagando e lutando, dentro da própria mente, seus inimigos ali dentro eram projeções próprias, inúmeros clones de si mesmo apareciam diante dele, todos eles eram verdes, ou marrons... A natureza daquele casulo forçava Alex a se enfrentar repetidamente e sempre dependendo de novas estratégias e muita criatividade.
Por fim, um dia ele estava cansado, não desejava continuar o embate e assim ele se recusou a enfrentar seu inimigo que confuso sentou ao seu lado para partilhar do que o dia de paz poderia oferecer a ambos.
Sem batalhas o tempo era mais lento, eles então pescaram, correram, subiram montanhas, conversaram, construíram...
Ao fim do dia Alex concordou com seu gêmeo. Havia muito mais beleza em se apreciar o novo dia do que em lutar incansavelmente. A dupla após passar horas da madrugada conversando incessantemente, resolveram dormir em seu recém construído beliche.
Alex acordou no dia seguinte já em outro lugar, ele estava no palácio do reino doce, sendo vigiado por vários guardas bananas ao sair daquilo que ele julgou ser um casulo. Ele reparou em si, parecia um pouco mais alto, mais forte, porém, o que mais chamou a atenção foram sutis mudanças físicas nas cicatrizes de seu corpo e na construção de um braço esquerdo que era praticamente feito de madeira e raízes. Teria de visitar Roberta logo, mas, agora sua prioridade era ver se as rainhas estavam bem e para sua surpresa ele apenas encontrou uma delas e já apresentando um estado visível de cansaço físico e mental. Alex reafirmou seus votos de herói cavaleiro e protetor do reino doce naquele dia e desde então tem apoiado a rainha Lucy enquanto também procurava por Jupiter.

[Floresta Proibida]

— Já está de volta? – Roberta perguntou para Alex que confortavelmente se sentou nas raízes da arvore próxima a ela.

— Tecnicamente esse lugar também é minha casa desde que acordei! Deveria ser um “bem-vindo”. – Brincou ele. – Mas, hoje vim para te mostrar uma coisa. – Ele tocou o solo com o braço raiz e então após alguns segundos o chão tremeu e uma raiz media saiu dele. – Legal não?

— Aprendeu meu antigo truque! – Falou ela impressionada. – Parece que você e a natureza se conectaram muito bem! Talvez até melhor que outros antes de você...

— Olha isso foi um elogio? – Perguntou ele rindo.

— Apenas uma observação herói! – Ela respondeu e tomou o braço dele. – Eu não imaginei que o casulo lhe daria poderes além do membro.

— Ele poderia ter me dado um Radar para encontrar a Jupiter. Ai eu poderia tranquilizar os ânimos do reino e talvez você pudesse baixar as raízes ao redor da floresta! – Falou ele ao lembrar da muralha gigantesca que protegia a floresta a seis longos anos. Após descobrir que a Rainha Doce não estava feliz com a Guardiã, não faltavam caçadores de recompensa querendo entrar na floresta para fazer da vida de Roberta um Inferno, Alex já tinha perdido a conta de quantos idiotas havia botado pra correr.

— As raízes vão ficar Alex. – Ela respondeu e virou de costas. – Eu ainda o recebo aqui como um amigo e irmão da floresta. Todos os outros não devem vir aqui.

— Nós não fomos derrotados, não foi sua culpa, nem do Yller, nem de ninguém. Nunca poderíamos ter nos preparado para enfrentar aquela criatura milenar! – Falou ele segurando a mão dela com a mão de madeira. – Olha pra mim. Você acha que a natureza teria nos ajudado, teria me ajudado se algum de nós fosse o responsável por tudo?

— Você não pode falar pelo verde! – Respondeu ela irritada com ele.

— Se ele me responde eu posso! Você me ensinou isso! – Respondeu o herói.

— Ele te responde? – Agora sim Roberta estava surpresa.

— As vezes. – Ele respondeu e sentou cruzando as pernas. – Quando tenho dúvidas eu pergunto a ele. As vezes ele consegue me ensinar algo e as vezes só tenho o silencio.

— Agora sim você conseguiu me surpreender... – Ela sentou ao lado dele. – Talvez o verde o tenha escolhido por algum motivo... – Ela se pôs a pensar. – Talvez o seu lugar seja aqui.

— Não posso ficar aqui. Eu sou um herói, eu tenho que ajudar as pessoas! Todas as pessoas e também tenho meu voto com o Reino Doce. Sou o protetor deles.

— Já pensou que em algum momento você será obrigado a escolher? – Questionou a guardiã.

— Não pensei não. – Respondeu ele ficando em pé. – Qualquer coisa eu posso ser a ponte entre os dois mundos. Um mundo sem muros entre nós!

— Nada de bom vem de quem está dividido entre dois mundos Alex. – Ela falou e tocou sua testa. – Uma hora você deverá escolher... – Terminando a frase ela o abandonou seguindo floresta a dentro.

[Reino da Noitosfera – Kyra]

— Como é que é? – Perguntou a rainha Kyra para seu mordomo.

— Ele fugiu majestade. Os guardas foram todos mortos e em seguida ele se foi. – Explicou o senhor diante da rainha.

— Tem alguma ideia de aonde ele foi? Ele pegou algo? – Kyra não queria ter de ficar as cegas caçando o idiota do seu pai por toda OOO.

— Ele pegou a pomada azul, minha senhora. – Respondeu o servo sabendo que a rainha iria resolver isso sozinha e a moda antiga.

— Então ele está muito mais fraco do que eu imaginava! – Respondeu ela se levantando. – Me traga minha espada. Eu vou ao Reino de fogo!

Kyra após os eventos da Queda do Lich havia abandonado sua vida como assassina, abandonar era uma palavra forte. Ela tinha dado um tempo em toda a ação em sua vida, havia construído uma cabana bem isolada, porém, ela foi tirada de seu sossego quando soube que o senhor da Noitosfera, vulgo seu pai. Havia ficado sabendo de um grande poder que estava perdido no reino congelado e tendo em mente a ideia de que poderia absorve-lo...
Kyra não aguardou, não se preparou e não hesitou, ela flutuou até a Noitosfera onde encarou seu pai no próprio salão. Ele estava gordo, lento e velho. Não apresentava desafios para ela e em poucos minutos ela havia derrubado seu pai e o trancado em uma cela sem magia.
Kyra assumiu como Rainha em seguida e implantou novas políticas sobre a Noitosfera, entre elas a política de que não deveriam interferir nos assuntos de outros reinos. Soube através de mensageiros e arautos que o Reino Congelado permanecia estagnado, que o Reino doce estava prospero enquanto a rainha se mantinha reclusa, soube das novas habilidades do herói Alex e mais importante, soube que o Príncipe Yago estava vivo, ele havia se tornado rei após sua mãe abdicar do trono, ela chegou a visitar a maior parte dos reinos uma ou duas vezes em casos isolados, porém, o Reino de Fogo não era um desses. Kyra se sentia culpada sobre as condições que ouvira falar do novo Rei, diziam que apesar de continuar um homem integro e bom, o Rei Yago era muito diferente do príncipe que fora antes, tanto em aparência quanto na personalidade. “Ele retornou ao Reino de Fogo ferido e já não parecia o mesmo”. Essa tinha sido a frase do mensageiro que lhe contou sobre Yago. Será que era culpa dela? Ele a culpava por tudo que aconteceu com ele? Perguntas sem respostas e as quais evitou nos últimos seis anos.
Finalmente avistou no horizonte o vermelho e quente reino. Ela como Rainha dos Vampiros tinha um poder maior e não iria sofrer com o calor do reino, já seu pai seria um ponto azul no meio de todo o vermelho, fora o fato de ser um intruso. Ela duvidava que o velho teria ido até a corte do atual rei solicitar refúgio. Sobrevoando os gêiseres de vapor fervente e os rios de lava explosiva, Kyra estava no castelo em minutos, ficou parada no salão esperando o anuncio de que seria recebida pelo rei.

— O rei vai conversar com a senhora. – Disse um guarda labareda após minutos de espera.

Kyra caminhou pelo corredor sentindo o lugar muito mais apático do que em sua ultima visita, parecia “vazio” o castelo estava silencioso e poucos guardas estavam ali dentro. Ela entrou no salão do Rei, tudo ainda estava igual apesar do clima mórbido de hoje. No trono estava Yago, ela não conseguia ver muito além de suas pernas devido a sombra que o ambiente projetava sobre ele.

— Eai cereja de bolo! – Falou Yago sem se levantar.

— Olá Rei Yago. Como tem passado?

— Bem... Na medida do possível para um rei. – Ele respondeu. – Deixa eu adivinhar... Veio atrás do seu pai? – questionou.

— Muito preciso para uma adivinhação. – Ela retrucou. – Já viu ele por aqui?

— Lembra da sua primeira visita? – Ela assentiu. – Va para a sacada.

Kyra caminhou a passos lentos até a sacada em que conversaram anos atrás. Ela sentia o caminhar dele atrás dela, mas, não havia ousado olhar para trás ainda. Parando de caminhar ao se encostar no parapeito, Kyra observou seu pai sentado em uma pedra no meio do rio de lava e coberto de pomada azul.

— Ele está ali esperando você levar ele de volta. – Yago falou atrás de Kyra. – A não ser que prefira deixa-lo ai até o efeito da pomada passar. - Ela tentou se virar para olhar pra ele, porém, ele a impediu. – Não.

— O que aconteceu? – Perguntou ela ainda em duvida se era a pergunta certa.

— Ele entrou no reino ué. Sem convite e sem audiência comigo, eu sabia de quem se tratava e como eu também sabia do seu golpe de estado... Uma coisa levou a outra e o coloquei ali. – Explicou ele.

— Não... O que aconteceu com você naquele dia! – Perguntou ela colocando as mãos no parapeito encarando o rio de lava novamente.

— Eu e o Yller derrubamos o Lich. Depois teve a explosão. Fim... Já pode levar seu pai pra casa ou mando os labaredas cuidarem dele? – Perguntou pra ela tentando evitar o assunto.

— Com qual opção você conversa normalmente comigo? – Questionou tentando mais uma vez virar-se em vão. – Eu poderia ficar intangível e atravessar você Yago! Eu só não o faço porque te respeito e quero apenas conversar.

— Levou seis anos para fazer uma visita de apenas conversa? – Ele bateu na ferida. – Posso conversar normalmente com você se é o que quer! Mas, primeiro me diga por que demorou tanto pra vir até aqui? – Ele questionou e soltou os braços dela.

— Eu... – Ele pigarreou pra que ela continuasse. – Eu me sentia mal... Eu tenho muita culpa em mim, muita magoa... Eu Perdi o Yller naquele dia, todos quase morremos, Lucy perdeu a irmã, você não viu como a Lucy ficou naquela hora, Alex quase morreu e perdeu um braço, você eu achava que tinha morrido também! Eu não consegui lidar com tantas coisas, então eu fugi e posterguei tudo. – Ela tomou folego. – Foi por minha causa que você foi até lá. Se eu não tivesse vindo te chamar... Talvez você não me culpasse tanto!

— Eu não culpo você. – Falou ele se encostando no parapeito ao lado dela. – Você pediu minha ajuda e eu fui te ajudar, apenas.

— Ainda sim...

— Xiu! – Ele a cortou. – Não vai ficara remoendo isso aqui! – Ele falou. – Veja bem... – Yago juntava com dificuldade as memorias daquele dia. – Eu salvei a Jupiter antes da explosão, eu a tirei do raio e a lancei pra fora da fronteira, mas, não sei o que aconteceu depois disso e muito menos aonde ela foi parar.

— E quanto a você? – Perguntou ela encarando o mesmo que estava apenas com o lado esquerdo do corpo visível para a mesma.

— Eu entrei em mega combustão ou supernova... Os dois minutos mais longos da minha vida, lutando contra o poder esmagador da onda radioativa. – Ele então se lembrou do pior momento de sua vida. – A onda me acertou e me arrancou do reino, eu lembro de acordar muitos dias depois e sem conseguir usar plenamente meus poderes. Vaguei muito pela região até achar civilização. Uma vez lá eu descobri que de uma forma ou de outra o Lich marcou a todos nós. – Ele revelou o lado direito do rosto. A metade superior agora era feita de um fogo verde apático, como uma cicatriz, ela também estava sobre parte do cabelo dele.

— Minha nossa. – Kyra iria tocar o rosto dele, mas hesitou.

— Pode tocar. – Ele pegou a mão dela e colocou na área verde do rosto. – Essa porcaria verde é fria. Eu sou o Rei do Fogo e parte do meu ser e dos meus poderes agora são gelados! – Ele criou uma bola de fogo na mão que apresentava labaredas alaranjadas e verdes.

— Me desculpa. – Falou ela baixo.

— Não foi sua culpa. A culpa é do Lich e apenas dele! – Ressaltou Yago com raiva e disparando a chama no rio de lava. – Eu torço para me vingar pintando-o de vermelho e depois de cinza!

— Não podemos. – Falou ela lembrando da situação de seu outro motivo de culpa.

— Relaxa princesa. Não vou ir até aquele lugar frio pra tirar a coroa do seu maluquinho. – Ele riu após esse comentário.

— Só deve existir o Rei Gelado agora. – Comentou ela antes de se debruçar no parapeito. – Você tem alguma tarefa real hoje? – questionou.

— Negativo. – Ele respondeu e se recostou como ela. – Podemos ficar aqui vendo a pomada dele derreter.

— Obrigada. – Ela respondeu e ele colocou o braço sobre os ombros dela e juntos assistiram as horas finais do antigo rei da Noitosfera.

[Terras desoladas]

As terras desoladas eram o único reino de toda OOO que ninguém visitava desde tempos longínquos, por estar geograficamente oposta ao reino congelado a mesma tornava-se de certa forma “inalcançável”. E fora nesse canto inóspito do mundo que uma jovem de cabelos medianos acordou.
Ela se sentia pesada, e com motivos já que parte do seu corpo estava preso a imensas peças metálicas desbotadas, reparando ao redor ela só enxergava o “cemitério de ferro” ou “cemitério tecnológico” como também era conhecido.

— Como eu sei dessas coisas? – Perguntou a si mesma. Mal sabia quem era, porém, parecia entender muito sobre aquele lugar. Reunindo suas forças tentava em vão se separar do construto metálico ao qual estava conectada. – Saco! Sai de mim! – Proferiu ao metal.

— Não podemos! – A jovem se pôs a olhar ao redor tentando encontrar o dono dessa voz.

— Quem falou! – Questionou reparando na ausência de seres vivos na área, começava a indagar que estar sozinha poderia talvez a deixar mentalmente desequilibrada.

— Nós falamos! – Novamente a voz respondeu para ela. Dessa vez ela sentiu a voz mais nítida, mas, não parecia vir de fora.

— Você está na minha mente! – Respondeu ela.

— Preciso! – Respondeu a voz. – Nós te salvamos. – A voz explicou e a jovem pode sentir que essa consciência vinha do construto ao qual estava presa.

— Salvaram? – Ela não sabia exatamente do que. – E já que me salvaram podem me deixar ir?

— Negativo! – A voz se tornou mais elevada. – Você foi atingida pelo vírus tecnorganico quando entrou nesse lugar. Aqui há apenas tecnologia, viva ou morta. Ao entrar ela tenta tomar conta de você e nós impedimos o avanço deles, contudo, sua mente e parte do corpo já haviam sido comprometidos.

— E então você me prendeu a você? – perguntou olhando o pedaço de ferro.

— Nós nos conectamos a você para te salvar. – A voz explicou novamente. – Se você se soltar, será consumida pela tecnologia.

— Mas se eu ficar aqui eu vou morrer de qualquer forma, sem comida ou água. – o desespero estava começando a ter uma presença dominante sobre a jovem.

— Não vai.

— Como? – Questionou incrédula. – Vocês têm que me ajudar a ir embora daqui sem que esse lugar me absorva ou eu enlouqueça.

— Se isso acontecer. – A voz estava branda novamente. – Você não será mais humana, não será “você” retornando.

— Eu quero viver! – Falou a jovem sentindo suas lagrimas. – O que é necessário eu farei!

— Você escolheu isso. – Foi a última palavra da voz.

O silencio esmagador tomava conta de todo o local. Jupiter não escutava nada além da Própria respiração, conectada ainda ao construto que a pouco afirmara “salvar” sua vida, agora já parecia um absurdo e loucura, desde quando metal falava? Ela provavelmente estava ainda enfrentando o choque da situação e por isso imaginou que alguém falava com ela.
Deitou-se ao lado do construto após algumas horas, ainda estava irritada, chorar não resolvia, raiva também não iria, mas, era só o que ela tinha para se prender. Anoitecia quando o cansaço tentava derrubá-la, lutando incansavelmente a jovem resistia, enfrentando seus olhos e seu próprio corpo, desejando uma xicara enorme de café naquele momento, pedindo para não dormir, pois, algo a fazia pensar que se dormisse, não iria acordar.

— Por favor não. – Pediu olhando as estrelas. – Eu... Só quero sair... – suas frases não estavam mais se formulando. – Daqui... – Ela então caiu no sono.

— Bom dia senhorita! – Uma voz metálica aguda chamou.

Jupiter levantou-se em um salto, ela não imaginava que uma nova voz poderia se fazer presente, só poderia estar enlouquecendo ou algo estranho tinha por ali. Olhou em volta procurando o responsável, nada, ninguém, tudo igual.

— Acho que vou enlouquecer aqui. – Falou tocando a própria testa. E percebendo a diferença no próprio toque. Jupiter começou a reparar em seus braços, sua pele estava verde, um verde suave, tocou seus cabelos e os sentiu mais grossos, presos em tranças, tranças que tinham em suas pontas conectores.

Outro fato a constatar, estava livre, o aparato metálico ao que estava presa, agora era apenas metal no chão. Ela correu pelo local, procurando alguma coisa que não estivesse enferrujado ou que pelo menos detivesse algum brilho. Encontrou por fim um espelho e pode finalmente olhar para si e se surpreender. Um de seus olhos agora era verde, ou azul, não sabia dizer já que o mesmo pulsava, havia uma linha brilhante de energia que ia do olho brilhante, passava pelo seu rosto, pescoço e ombro, descendo toda a extensão do braço direito.

— O que aconteceu comigo? – Falou levando as mãos a boca, esperando o choro que não veio.

— Você se conectou a nós. Agora somos um e nenhum tecnovírus dessa terra pode ferir você novamente. – A voz aguda mais uma vez falando em sua cabeça.

— Onde você está? – questionou rodopiando em volta.

— Aqui. – Respondeu a voz. – Dentro da sua mente. Nós somos um só senhorita. O processo foi um sucesso. – Falou com orgulho.

— Processo? Somos um? – Jupiter não conseguia assimilar a frase.

— Sim. A 2192 dias você disse que estava disposta a fazer tudo para sair daqui e nós atendemos seu pedido. – A voz explicou e passou um vídeo mental na mente de Jupiter que retratava a cena. – Agora você pode andar sem medo para onde quiser.

— Espera... 2192 dias?! – A garota estava pasma agora.

— Exatos!

— Isso são seis anos! EU FIQUEI SEIS ANOS PARADA AQUI PARA ACORDAR UMA ABERRAÇÃO!! – Jupiter começou a gritar contra o vento. – SEIS ANOS SEM VER OU SENTIR NADA! EU DORMI E ACORDEI SEIS ANOS DEPOIS!

— Foi sua escolha senhorita. – A voz falou.

— CALA SUA BOCA! – gritou. – Seis anos perdidos nesse lugar! Sem pessoas. Sem nada e... – Ela se lembrou então. – Lucy! O reino... – “Eu preciso voltar”. – Pensou.

— Tem alguns caminhos que levam ao Reino Doce da Rainha Lucy senhorita! – A voz voltou a falar. – Podemos te levar!

— Eu mandei você ficar quieta! – Bradou com a voz. Jupiter sabia como achar os pontos cardeais, uma vez com eles ela iria direto para o Reino Doce. – Eu estou voltando Lucy. – Falou antes de iniciar suas preparações.

[Rei Gelado]

O Rei Gelado caminhava pelo seu castelo, Gelo maciço era tudo que ele vira nos últimos seis anos, a imensidão azul e branca, as paredes frias que o cercavam, nada além do próprio reflexo para lhe fazer companhia.

— Lindo dia!

— É claro senhor! Todo dia é lindo sob seus domínios!

— Eu estou certo! – Respondeu orgulhoso para o reflexo com o qual falava.

Continuou a caminhar pelo ambiente, tantas paredes conhecidas, nada mais o que ver além do gelo... O rei tinha flashes em seus dias. As vezes eram como fantasmas pelas paredes, ele podia ver dois jovens correndo, podia assistir alguém desconhecido junto de uma jovem vampira, vislumbres de viagens que nunca fez... – “De quem seriam esses fantasmas?” – Ele se pegava pensando as vezes.
O rei parou em sua gigantesca sacada, observando um ponto fixo no que deveria ser um pátio inacessível de seu castelo. Lá, no chão gélido ele podia ver, a luz verde brilhante sob a fundação do castelo, uma luz viva. O Rei se jogou da sacada, flutuando levemente até o frio piso brilhante.

— Tem alguma coisa a dizer pra mim hoje? – Perguntou tocando a testa no chão.

— Imaginei que não! – Respondeu levantando voo. Enquanto subia, era possível observar seus traços magros, a pele azulada, a barba que começava a crescer, o gigante cabelo branco que de tempos em tempos era cortado na cintura, presas enormes, olhos que não se podia mais diferenciar a íris do restante e aquele nariz pontiagudo. Sem nenhum vestígio presente de quem ele já foi, somente o Rei Gelado pode existir!

— AAAAAAQUIIIIIII... – Uma voz velha, gasta e grossa falou, demoradamente, obrigando o rei a olhar para baixo.

— Você ouviu? – perguntou.

— Sim! Se você ouviu nós também! – Explicou para si.

— Curioso! – Disse observando o gelo brilhante. Em seguida deitando contra a parede de gelo.

— Vamos relaxar! – falou enquanto o a parede do castelo o “engolia”

[Rainha Lucy]

— Quem foi que autorizou a entrada dela no castelo? – A rainha perguntava a um dos guardas banana enquanto ia até a sala do trono.

— Ninguém senhora. Ela só apareceu lá num passe de mágica. – Tentou explicar o mais velho.

— Absurdo!! – Ela aumentou o passo abandonando o guarda e entrando sem cerimonias. Sentando-se no trono em seguida.

— A Rainha Lucy do Reino Doce! – O guarda banana anunciou chegando após ela.

— Quem é você? Como entrou? E por que veio até aqui sem um convite? – Lucy estava impaciente e lidar com alguma baderneira ou engraçadinha não fazia parte dos planos de hoje.

— Isso lá é jeito de me receber?! – Falou a mulher encapuzada.

— No mínimo deveria ter tirado o capuz na minha presença. – A rainha respondeu. – Me responda logo!

— É que eu soube que você estava me procurando. – Respondeu a mulher ainda de capuz. – Faz duas semanas que estou tentando chegar até você. Esse castelo era bem mais vulnerável no passado! – Respondeu tirando o capuz e revelando seu rosto e cabelos esverdeados. – Você ficou paranoica na minha ausência? – Perguntou Jupiter.

— Jupi... – Lucy segurou a barra muito mal, em segundos caiu do trono e depois desabou em lagrimas enquanto a irmã vinha ao seu encontro.

— Estou aqui! – Falou a mulher com sua nova voz. – Voltei pra casa!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.