Acordei no meio da noite sufocada... Após ter tido mais um sonho ou pesadelo não sei.

Começou dentro da gruta, minha avó me dizendo que está chegando o dia e que tenho que ser forte. Ainda não sei que dia é esse que ela tanto fala, dia do que?

Depois apareci dentro do castelo, no meu quarto para ser exata... Olhava pela janela e via o reino totalmente destruído.

Não sobrara nada, uma árvore ou casa se quer. Estava tudo acinzentado e via um exército de vermelho vindo em direção ao castelo. Enquanto ouvia uma voz na minha mente que dizia: Vai fugir de novo?

Como assim fugir de novo? Porque isso é comigo? Não consigo entender.

Coloco meus pensamentos no lugar e depois de muito pensar... Chego à conclusão de que na verdade não sei de nada mesmo, apenas o que minha avó me diz nos sonhos, e que estou predestinada. Mas nada faz sentido... Nada parece se encaixar na minha mente.

Pego um pouco de água na jarra em cima da cabeceira e bebo.

Penso na floresta... O quanto ela é linda. Na minha mãe que tem sido mais carinhosa comigo. Penso em o quanto me aproximei de Julian. E com todos esses pensamentos adormeço novamente...

Julian

É bem cedo... Decido sair do castelo e ir até a floresta.

Vou pela estrada normalmente e chego à cidade. Estou observando as pessoas a minha volta quando um menino aparece com um bilhete e diz que mandaram me entregar. Agradeço e lhe dou uma moeda de ouro.

Estranho... Um bilhete para mim?

Olho ao meu redor e tento ver se alguém olha em minha direção. Mas todos a minha volta parecem estar atarefados. Então abro o bilhete e me surpreendo com a caligrafia e seu conteúdo:

“Julian, sou eu Andrew, seu irmão. Papai me mandou aqui para conversar com você. Meu tio e eu estamos a sua espera na Capela da cidade, na sacristia. São assuntos de seu interesse.

Ass.: Andrew”

Andrew me mandou este bilhete? Então ele e meu pai sabiam o tempo inteiro onde eu estava e não me procuraram? Porque estou surpreso se sempre fui o rejeitado do meu pai?

Por mais que ache que isso não deve ser coisa boa, vou até lá averiguar.

Caminho em direção à Capela, olhando para os lados atentamente para ver se ninguém me segue. Então entro e vou direto para onde foi me indicado. A sacristia.

Entrando lá me deparo com dois homens de capuz. Eles abaixam o capuz e um deles começa:

– Ora, ora vejam só como está crescido Julian... - Um deles diz.

– Venha cá abraçar seu irmão! - Diz e ainda estou parado no mesmo lugar - Não se lembra de mim Julian? Sou eu Andrew.

– O que quer Andrew? - Digo firme.

– Hum... Então você gosta ir direto ao ponto? - Pergunta incrédulo - Então vou ser direto também...

– Apenas diga o que quer e me deixe. Vocês sempre souberam onde eu estive e nunca vieram atrás de mim. Se vieram agora é porque querem alguma coisa! - Digo o encarando.

– Calma irmãozinho, reclame isso com nosso pai não comigo. - Ele diz sério enquanto me fita - O negócio é o seguinte, eu soube que está no castelo... Deve ter chego no dia que fui embora. Pois bem, saiba que eu estava noivo de Clara, só que eu dei um pequeno deslize e acabei sendo expulso do palácio...

Então ele é o ex-noivo de Clara. Eu não cheguei a vê-lo porque assim que cheguei ele tinha sido expulso então nem me preocupei em conhecer o mau caráter.

– Então foi você? Como pôde fazer isso? - Digo e vejo abrir um sorriso.

– A amiguinha dela deu em cima de mim, a culpa não foi só minha está bem? E além do mais eu não te chamei aqui para falar sobre isso. - Ele diz se levantando da cadeira.

– Então fale logo - Digo já sem paciência.

– Eu sei quem está comandando os ataques aos outros reinos. E também posso o impedir de atacar Hopeland. Mas com algumas condições... - Ele diz se aproximando.

– Que condições seriam essas? - Pergunto interessado.

– Eu sei que você gosta dela Julian e que tem passado muito tempo com a mesma... E ela deve ter algum sentimento por você e não posso deixar que isso aconteça. Eu a amo. E posso garantir a segurança dela. Melhor que você até... Você sabe que não pode proteger ela se caso acontecesse o que aconteceu com os outros reinos. - Ele diz e permaneço calado - Minha condição e que você invente qualquer coisa para ela e vá embora do castelo. Se você for não vai ter ataque e todos ficam felizes. - Ele me disse enquanto andava a minha volta.

– Se você gostasse dela de verdade não teria a traído, se eu aceitasse sua proposta seria apenas para manter ela segura. Você não pode apenas impedir que não aconteça? O que você ganha com isso? - Digo e o vejo revirar os olhos.

– Já disse minha condição... Ou aceita ou coloca a vida dela em risco... E não poderá fazer nada para impedir. Você escolhe! - Ele diz me fitando.

– Você pode me dar alguns dias? - Digo tentando um tempo para pensar.

– Segundo o meu cálculo o ataque seria daqui a uma semana. Você tem um dia, apenas um dia! Não tente passar por cima de mim, a vida dela que está em jogo. Assim como você, eu só quero o melhor para ela... Não me decepcione irmão! - Andrew diz e sai da sala com o outro homem que imagino ser meu tio.

Apenas um dia...

Clara

Depois de arrumada, desço para tomar café e sinto falta de Julian.

Ele deve ter ido à floresta falo para mim mesma tentando não pensar o porquê dele não estar aqui.

Termino e vou para a biblioteca...

De repente me deu vontade de abrir a gaveta trancada. Depois de aberta, olho e olho a gaveta. Tento abrir, mas ela emperra, então coloco minha mão dentro dela e sinto como se fosse alguma coisa oca. Bato de um lado da gaveta e um som. Bato no outro e outro som. Aperto um dos lados. Até o que a pouco parecia a parede da gaveta é agora um compartimento secreto. Dentro vejo alguns papéis amarelados, devem ser antigos e algumas anotações...

Reconheço essa letra... É de minha avó!