Com insônia... Sim, o que eu sou na Monarquia não me impede de uma coisa tão comum como isso.

Estou vagando pelo castelo, até a cozinha para apanhar um copo d'água.

Um silêncio fora do comum, até ouvir o que se parece respiração ofegante de duas pessoas.

Olho pelo corredor, até ver o homem e uma mulher se agarrando.

– O que está havendo aqui? - Pergunto com a voz um pouco alterada.

– Ferrou - Ouço a pessoa dizer.

– Estou esperando, o que está havendo aqui? - Pergunto mais uma vez, agora irritado.

– Explica pro Rei, Andrew! - Ouço Alana dizer.

– Andrew? Alana? - Digo e vejo eles se soltarem, se ajeitando.

– Rei Rodolfo, eu posso explicar... - Vejo Andrew dizer nitidamente nervoso.

– Não! Não precisa! Eu sei exatamente o que eu vi! - Digo e vou até eles - Amanhã quero vocês dois bem cedo no meu escritório. - Digo e saio.

– Mas... Alteza... - Andrew insiste.

– Sem mais! Não insista! - Digo firme e saio em direção à cozinha.

Nervoso, pego o copo de água, dou uma volta para não ter que ver novamente essa pouca vergonha. E depois vou para o quarto. Só consigo pensar no que fiz minha filha passar ao aceitar esse noivado sem fundamento.

Amanhã vou resolver isso... De tanto pensar caio no sono.

Andrew

Tremi quando ouvi aquela voz, pensei que seria expulso do palácio na hora. Mas me surpreendi quando ela mandou eu e Alana ir a seu escritório pela manhã.

Eu ainda não estou confiante de que ele queira apenas conversar. Mas quem sabe.

Dessa vez eu me livrei de Alana, por causa dela e da minha delinquência posso acabar estragando os planos de meu tio.

Meu tio vai querer me matar quando descobrir. Tenho que pensar em alguma coisa para evitar que isso aconteça...

Deito-me e começo a pensar em variadas possibilidades de desculpas. Tem de ser uma bem convincente.

Fico durante toda a noite remoendo e tentando elaborar um plano.

Clara

Acordo com os olhos ainda vermelhos, essa sem dúvidas não foi minha melhor noite.

Depois de ficar um longo tempo no banho... Quando saio, logo encontro Lilian e Marie, que me puxam para a cadeira, e começam a me arrumar.

Meu pai me mandou um bilhete por elas. O pego e começo a ler:

"Filha, tenho um assunto muito importante para falar com você. Tive que ir com urgência até o reino da Costa Oeste. E peço que assim que eu chegar me encontre em meu escritório.

Um abraço, Papai"

Confesso que estou ansiosa e com medo ao mesmo tempo. O que será que ele tem para me falar?

Desço pensando em falar com minha mãe, talvez ela possa me adiantar.

Depois de perguntar, ela me responde:

– Não sei filha! - Diz me olhando nos olhos - Você vai ter que esperar ele chegar. - Ela termina.

– Tudo bem então - Digo um pouco desanimada.

– Filha, agora tenho que ver os últimos detalhes do baile. Se você gostasse até te chamava, mas sei que não gosta muito. - Ela diz e eu concordo - Porque não vai lá para a sua árvore ler um pouco, está bem?!

– Está bem! - Digo e lhe dou um sorriso.

Ela beija minha cabeça e sai.

Vou até meu quarto buscar meu livro, depois sigo em direção ao jardim. E subo na mesma árvore de sempre, passa um tempo até que...

– Clara?

Ouço alguém me chamar.

É engraçado que venho aqui para ter paz, mas sempre me acham.

Olho para os lados a procura da voz que eu já sei de quem é.

Está bem vestido como alguém da realeza... Seu cabelo está bem arrumado, e está impecável.

– Julian? - Pergunto descrente.

– Lorde Julian Trevis... - Ele me diz fazendo uma reverência e eu fico surpresa.

– Lorde Julian? – Repito.

– Sim, agora sou Lorde. Tinha que arrumar um jeito de ficar próximo de você princesa... - Ele diz me fitando e sorri - Antes que você pergunte, porque eu sei que vai - Sorrio com essas palavras - fui conversar com sua mãe e ela já sabia sobre sua avó, eu contei a ela que sou seu guardião e ela me ajudou com isso. - Diz apontando para a roupa - Ah e com o título de Lorde também. – Ele sorri.

Tento descer da árvore, mas tropeço e quase caio. Só que Julian é mais rápido e me pega antes de eu cair de cara. E então cai eu e ele.

– Já vi que você vai me dar muito trabalho. Nem cheguei e já estou te salvando. - Ele diz e sorri.

Sorrio um pouco envergonhada. Mas logo isso se vai.

Deitados na grama, passamos novamente a tarde inteira conversando.

Até eu me lembrar do feitiço...

– Julian e o feitiço? - Pergunto um tanto intrigada.

– Depois que passamos das muralhas do castelo, é protegido por uma magia que quebra a magia de qualquer um que passe pela mesma. É como um escudo invisível. - Ele diz e me olha.

– Ah sim entendi. E você vai ficar quanto tempo?

– Não sei, é um tempo indefinido. Vou ficar o tempo que for preciso. - Ele diz e olha para o nada - Já está tarde, porque não entramos? – Acrescenta.

– Sim, vamos!

Ele me ajuda a levantar da grama, começa a se limpar e eu faço o mesmo.

Quando termina me olha e eu o fito. Ele estende a mão até meu rosto onde põe uma mecha de cabelo atrás da orelha.

– Não se preocupe, vai ficar tudo bem! Vou estar sempre aqui para te proteger! - Me diz enquanto alisa meu rosto. Arrepio-me com seu toque.

– Eu sei que sim! - Digo enquanto solto a respiração que nem sabia que estava presa.

– Vamos! - Ele diz e caminhamos adentrando o Castelo.

Quando chego tenho de ir para meu quarto me arrumar para o jantar, Julian me acompanha até o mesmo.

– Aqui é meu quarto. - Digo quando paro na frente da porta - Mas você já deve saber...

– Sim, eu sei! - Diz abrindo um sorriso - Até mais princesa. - Acrescenta e beija minha mão.

E sai em direção ao seu quarto acho...

Logo Lilian e Marie chegam ao quarto e me dão um recado: Meu pai chegou!

Arrumo-me um pouco mais rápido do que o normal e vou para seu escritório.

Quando chego e entro já o encontro lá... Mas não só ele... Vejo minha mãe ao seu lado, Andrew e Duque Fernando de um lado. Alana e seus pais do outro.

– Clara! Preciso te contar, ou melhor, dizer uma coisa. - Meu pai diz e sinto o medo se espalhar.