PDV Eloise

Abri os olhos devido à claridade repentina que tomava conta do ambiente, e lá estava eu na praia de novo.

A brisa chacoalhava meus cabelos e trazia a maré para mais perto de mim, o sol me aquecia e eu me divertia com as cores que minha pele refletia na água.

Sentei na areia e fiquei admirando as ondas que vinham e iam como se nada pudesse para-las, era tudo tão mágico. Tão pacífico...

- Eloise?

Sai do transe ao ouvir aquela voz conhecida.

Eu nunca esqueceria aquela voz, nem que se passassem milhares de anos, aquela doce voz que contava historias para que eu e me irmão fossemos dormir e que afugentava todos os pesadelos quando ainda era pequena.

Virei-me apenas para ter certeza de onde a tal voz estava vindo.

- Mãe?

Elizabeth Masen sorriu e abriu os braços.

- Não vai dar um abraço na sua velha mãe?

Aos risos fui correndo e a abracei. Há quanto tempo eu não a via meu Deus, eu mal podia acreditar que ela estava ali. Toda esbelta com seus lindos cabelos cor de bronze esvoaçando no vento junto com seu vestido verde.

- Mãe! Mãe é a senhora mesmo? – Perguntei entre lágrimas encarando-a

- Ora, claro que sim menina, não reconhece mais sua própria mãe? – Disse sorrindo

- Não... Não é isso... É que... O que a senhora está fazendo aqui?

Seu rosto assumiu uma expressão séria.

- Eloise, eu não tenho muito tempo para te explicar, mas você precisa confiar em mim.

Franzi o cenho.

- Claro que confio. O que está acontecendo? A senhora está me assustando.

- Shh. Escute, entenda que o fato de eu estar aqui agora significa que estou quebrando muitas regras, então tente fazer exatamente o que eu estou falando.

- Mãe, o que...

- Não me interrompa. Apenas escute. Você precisa voltar.

Agora ela não estava falando coisa com coisa.

- Mas, voltar pra onde, eu sempre estive aqui.

- Eloise Giovanny Masen Cullen, volte!

Imagens de pessoas que eu não me lembrava de ter conhecido me passaram pela cabeça, deixando-me atordoada.

- O- o-o que está acontecendo?

Minha mãe me segurou pelos ombros me obrigando a olhar para ela.

- Você me prometeu que cuidaria de seu irmão pra mim lembra-se. – A imagem de um Edward de olhos dourados me passou pela cabeça. – E há alguém que sofrerá demais se você partir agora. – E a figura de um rapaz de cabelos castanhos claro com olhos que pareciam ouro líquido apareceu em seguida.

- Isaac...

- Exato, você entendeu. – ela estava sorrindo agora, e assim se afastou de mim.

A encarei e a areia sob meus pés começou a me sugar para baixo para meu completo desespero.

Gritei por socorro, mas minha mãe nada fez apenas ficava me encarando com um sorriso nos lábios.

Eu já quase não via sua figura quando a ouvi falar pela ultima vez.

- Seja feliz minha filha.

E as luzes se apagaram novamente.

Levantei ofegante e olhei em volta.

O quarto no qual me encontrava com certeza não era o de Volterra.

Respirei fundo e uma pequena dor veio do meu abdômen. Lembrei-me de tudo o que havia acontecido. Levantei a blusa e agora não havia nem sequer uma cicatriz de onde havia estado a espada de John Roker.

Sorri, meu poder havia voltado.

Tirei as cobertas de cima de mim e fui até a janela, garoava, mas era obvio que logo o céu se abriria.

Passei os olhos pelo quarto procurando um calendário ou relógio.

Que horas deviam ser agora?

A porta se abriu de repente e eu pulei assustada.

- Elena? O que faz aqui? – Perguntei quando entrou. Ela me encarava como se estivesse vendo um fantasma. A bacia de água que estava em suas mãos caiu no chão molhando todo o tapete.

- ELOISE GIOVANNY MASEN CULLEN! O QUE ESTÁ FAZENDO EM PÉ??!! – Gritou estourando meus tímpanos. – DEITE-SE NESSA CAMA AGORA!!!

- Mas Elena, eu não preciso...

- AGOOOORAAAAAAAA!

E me sentei.

Ela suspirou e respirou fundo.

- Eu... Eu vou lá embaixo chamar Isaac e já volto, até lá não se mexa. Se possível nem respire.

Fiz um movimento para ficar em pé ao ouvir o nome de Isaac.

- Não. Sente- se!

- Mas...

- Eloise, agora.

Ela estava indo até a porta. Eu me levantei de novo.

- DEITADAAAAAAAAA AGORAAAAAAA!!!!!

E fiz o que ela mandou.

Elena saiu pela porta e eu fiquei lá esperando por uns três minutos. Até que a porta se abriu de novo daquele jeito super delicado, desta vez Isaac entrou primeiro.

Seus olhos estavam negros sem nenhum sinal de dourado. E neles eu podia ver as mais diversas emoções.

Alivio, dor, felicidade, sofrimento.

Ao me ver a primeira coisa que fez foi passar as mãos pelo rosto e murmurar algo como “obrigado”, e mais outras coisas que eu não pude ouvir e outras que estavam em francês. E Elena entrou logo depois, ela foi até onde eu estava e me abraçou.

- Oh Eloise, não sabe como ficamos preocupados com você – Sua voz era quase chorosa agora. Afastei-me dela para ver sua expressão, eu não entendia nada.

- O que houve?

- A missão foi um sucesso, vocês conseguiram matar Roker, mas... Você saiu muito ferida, Isaac me ligou e eu vim até aqui para ver o que havia acontecido. – Ela afagou meu rosto com uma das mãos – Ahhh Eloise, achamos que fossemos te perder. Mas você é dura na queda não? – Disse sorrindo e me abraçando novamente. – Quase morri quando te vi em pé aqui no meio do quarto.

Ela se afastou e olhou para Isaac, que estava concentrado olhando fixamente para mim.

- Acho que eu vou terminar de encerrar a conta do hotel. E ligar para Luke. – Levantou-se e saiu. – Já volto.

A porta se fechou e o silencio inundou o quarto.

Isaac continuava me fitando com aquele olhar negro impenetrável, e eu não conseguia desviar meus olhos dos dele.

Levantei-me e caminhei até perto dele.

- Eu... Eu não sei o que dizer. – comecei.

Ele abriu a boca para falar, mas a fechou novamente. A dor se mostrava aparente no fundo de seus olhos.

- Isaac...

- Eloise, você... Não sabe o quanto... Eu sofri quando achei que fosse perder você naquele maldito salão. Eu tirei a espada de você e te trouxe para cá e esperei que apenas com seu poder você fosse capaz de voltar. – Suas palavras saiam carregadas de sofrimento e eu só conseguia me culpar por te-lo feito passar por isso. – Você ficou sete dias inconsciente... SETE dias sem ABRIR os olhos, sem RESPIRAR, sem dar qualquer sinal de que estava VIVA, ELOISE!

Ele parou de falar e desceu um murro na parede, deixando a marca de seu punho. Nunca o havia visto desse jeito.

Suspirou e passou a mão pelos cabelos enquanto ria sem humor e encarava o vazio novamente.

- Eu liguei para Elena no terceiro dia, não sabia o que fazer. Ela chegou no mesmo dia, dizia que você ficaria bem quando eu não tinha mais esperanças. – Encostou-se na janela e voltou a olhar para mim. – E na manhã de hoje, Aro ligou perguntando sobre a missão e pedindo que voltássemos. Eu estava fechando a conta do hotel quando Elena me chamou. – um sorriso se abriu em seus lábios – Eu entrei neste quarto e vi você, acordada... Devo admitir que sempre achei que Deus se importasse apenas com os humanos, mas agora, tenho uma noção diferente das coisas.

Sem pensar duas vezes fui até ele e o abracei com todas as minhas forças. Eu havia lhe feito tanto mal, lhe causado tanta dor e ele era a pessoa que eu mais amava...

- Isaac me desculpe... – Minhas palavras saíram abafadas pela sua camisa, mas tive certeza de que ele me ouvira. - A culpa foi toda minha, eu não devia atacado daquele jeito, mas quando eu vi que eu ia te perder eu...

Seus braços me apertaram contra seu corpo.

- Ei, não precisa chorar. – disse – Você nunca vai me perder.

Afastei-me dele apenas o suficiente para poder ver seus olhos complatemente escurecidos, e pude me admirar com o lindo sorriso que havia em seu rosto.

- Eu não gosto de ver você chorar. – Disse enquanto tirava as lágrimas do meu rosto com o polegar. – Eu amo você.

Senti como se meu coração voltasse a bater.

- Eu também amo você. Muito.

Sua mão agora colocava alguns fios que estavam fora do lugar atrás da minha orelha.

- Eloise?

- O que?

- Eu gostaria muito de te beijar agora, mas eu prometi que eu só faria isso caso você me pedisse, lembra-se?

Aquela criatura que eu tanto amava, iria me fazer pisar no orgulho e pedir um beijo. Era cruel, muito cruel. Hahaha mas se ele estava achando que eu ia me entregar desse jeito...

- Beije-me?

Num movimento seus lábios estavam junto aos meus, a sincronia com que se moviam com os meus poderia até me assustar se eu não estivesse tão envolvida pelo momento e tão apaixonada por Isaac. Eu entrelaçava meu dedos no seu cabelo macio e seus braços me puxavam para mais perto.

Queria que aquilo nunca acabasse. Perto dele eu me sentia completa de um jeito que eu não me sentia com mais ninguém.

Foi Isaac quem encerrou nosso beijo.

- Temos que ir. – Disse com a boca a centímetros da minha. - Elena está esperando.

- Como você sabe? – Perguntei não querendo disfarçar o desgosto em minha voz. Eu havia tido que pisar no meu orgulho para ganhar um beijo e para mim havia sido rápido demais.

- Ela sempre sabe. Por isso ela desceu e nos deixou sozinhos.

Cruzei os braços e fiz bico, Isaac riu e roçou os lábios rapidamente nos meus, uma vez, duas vezes, três vezes.

- Agora venha. Vamos voltar para casa. – E me puxou pela mão até a porta.

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As viagens de avião eram mais tranqüilas agora.

Isaac conseguia me manter distraída enquanto o avião voava e quando eu percebia já havíamos chegado ao nosso destino.

Volterra não havia mudado muito.

Assim que chegamos, fomos caçar e logo em seguida Isaac foi falar com Aro, e Elena foi se encontrar com Luke, que havia chegado de uma missão pela manhã. Já era noite.

Eu não tinha mais nada para fazer e resolvi explorar a cidade.

Não havia muita coisa.

Terminei por ficar sentada no degrau da fonte da praça da torre do relógio olhando para o céu, cheio de estrelas. Uma coisa incrível, nunca havia visto algo tão bonito antes.

- Achei você – Isaac me tirou dos meus pensamentos e se sentou ao meu lado me puxando pela cintura para mais perto dele.

Aproximei meu rosto do dele fazendo com que nossos narizes roçassem.

- Achou que eu estava me metendo em encrencas? – Perguntei sorrindo.

- Sempre. Afinal, eu ainda tenho que proteger você.

- Ótimo, então faça um bom trabalho.

- Claro. – Disse sorrindo, e aproximou os lábios dos meus.

Mas antes de qualquer coisa, eu coloquei o dedo indicador na sua boca parando completamente sua ação. Ele me fitava incrédulo.

- Mas eu não disse que iria deixar as coisas fáceis pra você. – Rir era inevitável. – Terá que me pegar primeiro. - E sai correndo e gargalhando com Isaac atrás de mim.