Hold On To Me For One Last Time

So save your breath, I will not hear.


Atenção todos os telespectadores, estamos ao vivo em uma escola pública chamada Adamantina e a escola inteira está pegando fogo! Houve um incêndio horrível, não sabemos se as pessoas sairão vivas e também não sabemos a causa do incêndio. Voltem as suas programações. Obrigado por ouvir.

As palavras do repórter soavam como vidros sendo jogados sobre todo o corpo de Jimmy e Leana. Sem pensar duas vezes, Jimmy ligou para Brian.

- Liga a TV no canal 45.

- O que houve?

- Apenas faça isto.

E desligou, ainda fitando a TV.

- Lea… Esta é…

- Sim. A escola de Amy.

Os dois começaram a chorar. Leana não tinha afinidade com Amy, mas sentia que ela era muito querida.

Jimmy e Leana estavam chegando no hospital quando avistaram Brian nas escadas de cabeça abaixada. Jimmy apenas pegou em seu ombro, o que fez com que ele olhasse para cima com os olhos encharcados e vermelhos.

- Jimmy… - Brian apenas conseguiu murmurar seu nome. Criou forças para levantar e abraçou forte seu amigo. Leana estava do lado com cara de choro também.

- Por que está aqui fora?

- Parece que me falta ar quando fico na sala de espera. Jimmy… Será que Amy vai ficar bem? Me disseram que as queimaduras foram horríveis.

- Eles vão fazer tudo que pode. - Leana interrompeu tentando confortá-lo enquanto botava a mão em seu ombro. Os três se abraçaram e ouviram passos. Era Vanessa. Jimmy ao vê-la olhou para baixo, sem conseguir encará-la nos olhos.

- Como Amy está? - Vanessa estava com os olhos molhados e brilhantes. Brian começou a chorar novamente e os dois se abraçaram. Uma enfermeira loira de olhos azuis veio em nossa direção com uma expressão ruim. Brian a fitou e esperou que falasse algo.

- Sinto muito. - Essas duas palavras acabaram com o mundo de Brian e de Jimmy. Vanessa e Leana ficaram muito tristes também.

-

O enterro foi no dia seguinte. Brian chegou perto do cachão que ainda estava aberto e o rosto de sua amada estava tapado, devido as queimaduras. Pegou um colar que ele daria à ela de presente quando fizesse aniversário. Faltava apenas três dias. Então colocou delicadamente em sua mão. Fechou o cachão e olhou para baixo deixando algumas lágrimas caírem, sem se importar se estavam vendo ou não. Se agachou e jogou uma rosa branca sob o cachão.

- Eu te amo. - Ele murmurou baixinho e tocou suavemente aquela caixa dura querendo de alguma forma tocá-la.

Brian sentiu uma mão em seu ombro e, com os olhos embaçados por causa das lágrimas, avistou Vanessa também chorando. Ela o ajudou a levantar e sentar junto com Jimmy e Leana. Os dois não estavam confortáveis com a presença de Vanessa, mas estavam em um momento muito difícil para pensar nisso.

-

Os dias se passaram e Brian estava entrando em depressão. Não conseguia pensar em nada mais do que Amy. Jimmy e Vanessa tentavam alegrá-lo, mas de nada adiantava. Estava lá, em uma tarde fria de inverno vendo TV com a mesma expressão de cansaço no rosto quando a campainha tocou. Era Jimmy, ele o atendeu com aqueles olhos caídos e nenhum sorriso no rosto.

- Brian. Eu sei que você não está passando pelos dias mais felizes de sua vida, mas… Já faz um mês do acidente!

- Foda-se. - Brian respondeu frio e sem nenhuma expressão.

- Brian… Eu odeio te dizer isto, mas Chuck te demitiu. - De repente a expressão dele finalmente mudou. Seus olhos se arregalaram.

- Como?

- Você faltou demais. Sinto muito. - Brian socou a parede e deu um gemido fraco por causa da dor. Se olhou no espelho e viu seu cabelo despenteado e sua barba por fazer.

- Preciso fazer uma ligação. - Brian voltou com aquela expressão cansada no rosto. - Até mais. - E fechou a porta na cara de Jimmy.

- Alô? - Uma voz feminina atendeu e Brian suspirou. Como sentia falta daquela mulher.

- Mãe? Sou eu, Brian.

- Brian, meu querido! Que saudades de você.

- Mãe… Eu… - Brian começou a chorar.

- O que houve, meu filho?

- Mãe, eu não aguento mais aqui. Depois que eu perdi Amy eu…

- Amy? - De repente Brian lembrou que sua mãe não sabia nem da metade de sua vida. Depois que seu irmão mais velho foi morar em Manhattan não demorou muito para ele ir junto. Johnny era um homem corajoso e servia o exército. Nessa época os dois se comunicavam sempre com a mãe. Mas, após Johnny morrer na guerra, os dois se distanciaram. Parecia que o irmão mais velho que era a mão que segurava a corda da relação de mãe e filho.

- Mãe… Eu a amava. Ela morreu faz um mês e… Eu não consigo mais. - Brian chorava sem se importar com mais nada. - E agora eu perdi o emprego. Mãe, eu não tenho mais nada. Não aguento mais aqui. Nada mais me prende. - Se arrependeu ao dizer isto, pois amava Vanessa e Jimmy. E gostava da companhia de Leana.

- Pode vir morar comigo, se quiser. Ainda moro em Miami. Você vai gostar de relembrar os velhos tempos. Seu pai ficará muito feliz também. - Então a imagem daquele senhor autoritário veio à sua cabeça e um sorriso brotou em seu rosto. Brian o amava. De verdade. Sentiu um alívio no peito por saber que ainda estava vivo.

- Ótimo. Pegarei o primeiro avião que tiver amanhã de manhã. Irei te manter informada.

- Tudo bem meu filho. Eu te amo, estarei te esperando.

- Eu também te amo.

E os dois desligaram. Brian suspirou e finalmente conseguiu sorrir. Mas então a imagem de Amy voltou à sua mente junto com sua depressão. Colocou a mão no rosto e começou a chorar novamente.

Jimmy estava sentado na frente da casa de Brian com a mão no rosto. Não sabia mais o que fazer com o amigo. Ouviu passos vindo em sua direção e viu Vanessa. Ainda era estranho vê-la. Mas ela sentou ao seu lado e ficaram se olhando por alguns minutos sem dizer nada. O silêncio dizia tudo.

- Eu terminei com você por que… - Ela começou.

- Não. - Jimmy a interrompeu. - Vanessa, olha… Eu realmente te amava. De verdade. Mas não mais. Então, por favor, guarde seu fôlego, eu não vou ouvir.

Jimmy se levantou mal humorado deixando Vanessa para trás. Ela sentiu um aperto no coração e sentiu lágrimas caindo sobre seus ombros.

Brian tomou um calmante para pegar no sono mais rápido. Foi isso que aconteceu. Teve um sonho doce.

Brian estava andando por uma praça em um dia de verão. Mas não estava calor, mas também não estava frio. De repente ele se viu em um banco, totalmente bêbado. Reconheceu a cena na hora. Depois, vira Amy o ajudando. De repente, ventou muito e ele se sentiu indo para outro lugar. Apenas um parque, sem ninguém. Se sentou em um banco qualquer e avistou uma mulher vindo com vestidos longos e branco até os pés, cabelos negros e um chapéu cobrindo seu rosto, também branco. O coração de Brian começou a bater mais forte. Era Amy. Ele queria dizer alguma coisa, perguntar se estava tudo bem, mas sem ao menos dizer, ela o respondeu:

- Está tudo bem. Por favor, não chore mais por mim. - Amy segurou seu rosto com delicadeza e Brian sentiu seu toque suave. - Aqui é maravilhoso. Mas se você continuar sofrendo, eu vou sofrer também. Saiba que eu estou viva. Eu sou uma pessoa muito espiritualizada, lembra? Eu, assim como você, sabemos que a vida continua após a morte, esqueceu? - Ela estava certa. Brian havia esquecido tudo que aprendera.

- Eu te amo. - Brian disse por fim e Amy abriu um sorriso.

- Eu te amo. Sempre amei, sempre amarei. Não importas quantas vidas venham, iremos nos encontrar em todas. Infelizmente nosso amor foi cortado. Iremos recompensá-lo em outra vida. - Ela sorria o que fazia com que Brian sorrisse também. Ele se inclinou para beijar seus lábios suavemente.

- Me abrace pela ultima vez. - Amy pediu, chorando. Os dois se envolveram em um abraço forte e caloroso. Era muito real. Os dois choravam e acariciavam um ao outro. Estava silêncio, não havia mais o que falar. - Agora você deve ir. - Amy selou seus lábios pela ultima vez e Brian acordou. Estava na cama. Olhou para o lado e viu Amy sorrindo.

- Olhe sua gaveta. - E então desapareceu.

E então Brian acordou de verdade. Estava chorando. Logo lembrou que Amy pediu que olhasse sua gaveta e obedeceu. Quando viu, chorou mais ainda. Lá estava um colar de prata que ele daria à ela. Mas não podia ser. Ele mesmo havia colocado no cachão. O segurou forte e guardou em uma caixinha.