Brian acordou com o despertador e sentiu uma enxaqueca horrível. Desligou o mesmo com dificuldade e sentou-se na cama enquanto botava a mão na cabeça. Estava se sentindo enjoado. Ligou para o dono do hotel.

Alô?

– Sr. Bass? É o Brian Haner.

Fale.

– Desculpe incomodá-lo, mas estou passando muito mal hoje, não estou com condições de trabalhar.

Tudo bem. Pedirei para colocar alguém em seu lugar. Mas só por hoje. Melhoras.

– Obrigado.

Desligou o telefone e ficou fitando-o por alguns minutos. De repente começou a lembrar que algo muito especial aconteceu ontem, só que não conseguia lembrar de nada. Se esforçou e viu em sua mente uma mulher de cabelos negros. Colocou o telefone em alguma mesa e olhou para a cama. De repente lembrou de uma mulher estar sentada na cama enquanto ele, embriagado, estava deitado. Mas isso era tudo que conseguia se lembrar. Foi para a cozinha e colocou um copo de leite em cima da mesa, sentou e ficou fitando o nada.

– Você vai ficar bem. Quando eu te vi, não sabia por que, mas precisava te ajudar. Senti algo muito forte por você.

Lembrou o que a mulher havia falado. Sua voz estava quase que sussurrando em seu ouvindo. Seu estomago começou a embrulhar e sentiu algo voando dentro dele. Ficou sem vontade de tomar o leite e o deixou de lado. Sentou no sofá e começou a ver TV, mas não conseguia prestar atenção. “Preciso saber quem é essa mulher”, era a unica coisa que conseguia pensar, mas seus pensamentos foram cortados pelo som do celular que estava em seu bolso. E foi aí que Brian percebeu que ainda estava com a roupa de ontem. Cheirou sua blusa e sentiu o aroma do álcool. Pegou o celular, era Jimmy.

– Alô?

Ontem você não me atendeu o dia inteiro. Está tudo bem? Estou no Starbucks, queria saber se você vai vir hoje.

– Estou passando mal, Jimmy. Não vou para o hotel hoje.

– Logo hoje que Elizabeth volta para o trabalho? – Respirou fundo e lembrou que não havia dito para Jimmy o que tinha acontecido.

– Ela é uma vadia, Jimmy.

Como assim, cara?

– Eu não quero mais vê-la na minha frente. Depois do trabalho passe aqui que nós conversamos. Preciso te contar tudo que aconteceu ontem. E também vou querer algumas explicações sobre… - Brian parou um pouco para refletir e continuou. - Sobre paixão da primeira vista.

Então resolveu admitir que eu estou certo? – Jimmy deu uma gargalhada. - Eu sempre estou certo. Mas aconteceu algo tão grave assim com Elizabeth?

Sim.

Ok, eu irei passar aí mais tarde então. Agora vou pro trabalho. Na verdade, vou chegar atrasado porque to sem minha carona hoje. Viado. - os dois riram e então desligaram.

Brian começou a pensar seriamente sobre o que Jimmy havia falado sobre ter laços com ele em outras vidas. Talvez seja verdade. Até que faz sentido. Faz mais sentido do que nós morrermos e tudo acabar e ficar tudo preto, como havia falado. E o que sentiu por aquela mulher, foi algo inexplicável. Algo que nunca havia sentido antes, nem por Elizabeth. Precisava encontrar aquela mulher.

Então quando Brian estava saindo, percebeu que precisava de um banho. Entrou em sua banheira e ficou até a água ficar fria, e isso durou meia hora ou mais. Percebeu que sua enxaqueca estava piorando, então resolveu colocar uma calça jeans, uma camisa do Iron Maiden e seu chapéu de couro preto, que ficava muito bem nele, já que tinha um cabelo comprido, e então foi tomar um remédio. Procurou onde a chave estava e não a achava em nenhum lugar. “Vou ver se está no chaveiro”, o que seria inútil porque Brian nunca colocava a chave no lugar certo. Mas, para a sua surpresa, lá estava ela. Ao pegar a chave lembrou quando a deu para a mulher. “Preciso achá-la”, disse decidido enquanto saia pela porta que, estava destrancada.

Pensou em pegar o carro, mas acabou decidindo andar a pé. Lembrou-se que ontem a noite, após sair do bar embriagado, foi para o Central Park. Foi lá que conheceu aquela mulher. Sentou em um banco qualquer e começou a se esforçar para lembrar de mais alguma coisa. Começou a lembrar da cor de seus olhos, de suas roupas. Lembrava de seu cabelo negro, longo e liso. Ela é linda. E ele precisava achá-la novamente. Ficou andando pelo Central Park com esperança de achá-la mas foi em vão. Naturalmente ela estava trabalhando em algum lugar nesse momento. Então resolveu sair de lá, andar sem rumo e pensar a respeito sobre tudo. “Eu estou com uma sensação de que a minha vida vai mudar depois daquela noite. Não sei explicar como, mas acho que estou apaixonado por uma mulher que nem o nome eu sei. Não sou assim, não sou de me apaixonar fácil. Tem alguma coisa diferente, eu não a conheço. Nunca a conheci, para sentir algo tão forte. Mas, se eu nunca a vi antes, por que parece que sim? É tudo tão confuso”.

Estava preso em seus pensamentos quando abriu a porta de sua casa e abriu a geladeira, fitando-a, sem sentir fome. Resolveu pegar uma cerveja e ver TV. Bocejou e percebeu que estava sentindo sono e acabou adormecendo.

Acordou com a campainha. “É ela! Ela sabe meu endereço, é lógico que é ela! Ela voltou, por que sente o mesmo que eu.” Animado, foi atender a porta e logo viu que era o Jimmy. Ao ver a expressão de Brian, o mesmo deu uma gargalhada.

– Estava esperando alguém? - Ainda rindo, continuou. - Posso entrar?

– Pode. - Brian disse, não respondendo sua primeira pergunta. E Jimmy já foi se acomodando no sofá.

Brian pegou duas cervejas e Jimmy ouvia atentamente tudo que o mesmo tinha para falar.

– Eu não estou conseguindo acreditar no que a Elizabeth fez. Você está melhor? - Jimmy perguntou preocupado.

– Sim, estou bem. Por que depois que tudo isso aconteceu eu conheci uma mulher. - Então, empolgado, Brian contou tudo que se lembrava.

– E o que você sentiu por ela?

– Algo inexplicável! Parece que eu já a conhecia, mas eu não conheço! - Jimmy deu uma gargalhada enquanto dava um gole em sua cerveja.

– Sabe, as vezes, vocês dois poderiam ter laços em outra vida, vocês se conheceram, e como se amavam muito, voltaram a se encontrar. Ou pode ser também que o amor de vocês foi atrapalhado não pela vontade própria dos dois. Bom, não sei. É complexo.

– Por mais que você explique mal… - Brian riu e continuou. - Faz sentido. Mas ainda não respondeu todas as minhas perguntas. E eu quero encontrá-la, Jimmy. Ela sabe onde eu moro, por que não veio me ver?

– Cara, é estranho. Ela deve querer te ver também. A mulher mesma não disse que sente algo por você também?

– Sim. Mas será que foi algo da minha cabeça?

– Creio que não. - Brian sempre acreditava no Jimmy, e então os dois sorriram.

– Tenho tantas perguntas ainda. - Brian falou, botando a mão em sua cabeça para segurá-la.

– E eu sei onde você pode ter as respostas. - Brian o olhou atentamente. Jimmy deu o ultimo gole em sua cerveja e a colocou no chão da sala.

– Pare com essas pausas dramáticas. - Os dois riram.

– Bom, tem uma biblioteca que aluga-se livros espiritas. Amanhã, depois do trabalho, eu irei levar você lá. Vou te ajudar a escolher um livro bom. Já li muitos dessa biblioteca e sei te dizer qual são os melhores para as suas perguntas.

– Ótimo. Obrigado de verdade, Jimmy. Bom, estou cansado. É melhor você ir. - O amigo fez um gesto com a cabeça e estava saindo, quando Brian suspirou. - Jimmy. - ele olhou para trás. - Eu realmente acredito que temos laços em vidas passadas. Você é o meu melhor amigo, e isso aconteceu muito rápido. - Jimmy apenas deu um sorriso largo e sincero e saiu pela porta.