Holbrook

Capítulo 20 - Total aprovação


— Vamos ter que adiar a ida a França - Chloe disse dando uma pausa, enquanto mexia em alguns papeis antes de completar sua frase. - Liam cancelou sua reunião, ela foi transferida para daqui a duas semanas.

Chloe terminou sua fala desanimada e eu a encarei.

— Sabemos o que ele faz e o que pretende, porque não vamos lá e prendemos eles sem a reunião?

— Brook disse que não é o adequado.

— Como assim?

— Ela quem disse.

Eu deixei Chloe sozinha no corredor e fui até a sala da Brooke. Quando ela me viu me cumprimentou com um sorriso.

— Qual o problema em prender o Liam?

— Precisamos das informações que ele vai dar na reunião. É vantajoso sabermos.

— E enquanto isso ele permanece solto fazendo tudo o que faz?

— Não temos escolhas.

— Temos.

— Derek... Eu sei que é complicado entender o porque deixamos um homem como ele solto se temos provas o suficiente para prendê-lo. Mas, bom, ele tem informações valiosas que seriam, digamos que, uma garantia pra CIA.

— Garantias que ela pode conseguir depois.

— Mas seria mais complicado e...

— E não importa o que ele esta tramando, o importante é os interesses da CIA.

Eu a interrompi e ela ficou em silêncio me encarando. Brooke suspirou e permaneceu me encarando por alguns segundos.

— Eu admiro você ser assim, tão honesto e sensato, mas temos chefes acima de mim e temos que cumprir ordens.

— Eles não são honestos então?

— São, claro!

Ela disse em um tom mais alto, mas se recompondo em seguida.

— Mas é mais fácil pra CIA se for assim e não irá demorar tanto.

— Entendo.

— Derek, não se mete nos assuntos dos chefes, eles sabem o que fazem e não vão gostar de saber que você os questiona.

- Certo. Eu achei que trabalhasse pra um governo cem por cento honesto, apenas isso.

Eu falei com o corpo inclinado para frente e olhando nos olhos de Brooke.

— Você trabalha, mas existe decisões que não temos que dar satisfações para os agentes.

Eu assenti e sai da sala recebendo o olhar de cumplicidade da Chloe.

— Eu também não concordo.

— É decepcionante.

— Eu sei, mas a Brooke não tem culpa, os chefes da CIA que mandam.

Eu suspirei e coloquei as mãos nos meus bolsos da calça.

— A gente se fala.

Eu falei dando alguns passos de costas e quando Chloe sussurrou um "ok", eu sorri e me virei caminhando até ao elevador e ela assentiu. Dirigi até minha casa e quando estacionei o carro fiquei pensando nas "prioridades" da CIA, quando existia um homem perigoso a solta que podia ser preso se não fosse pelas decisões dos chefes. Depois de uns dez minutos dentro do carro, eu sai e entrei no elevador indo ate meu andar.

Quando eu cheguei em casa, tudo que eu queria era comer e descansar, então peguei alguns pães e os coloquei na torradeira, abri a geladeira e tirei o suco, o colocando em um copo que logo foi até minha boca e eu senti o gosto da manga invadir meu paladar. Assim que coloquei o copo em cima da bancada e fui ver como estavam as torradas, me lembrei de pegar o creme pronto na geladeira e derramá-lo em uma vasilha qualquer.

No momento em que as torradas saíram prontas eu ouvi a campainha tocar e involuntariamente olhei pra porta pegando as torradas e as jogando no pote ao meu lado. Segurei o pote e comecei a caminhar até a porta, em seguida, pegando uma das torradas e a colocando na mão antes que gritar.

— Já vai!

Eu gritei pulando o encosto do sofá e coloquei a torrada na boca, com o pote de creme na outra mão e abri a porta dando de cara com Lexie.

— Oi!

Eu falei tirando rapidamente a torrada da boca pra não parecer tão ridículo, já que ela sorriu com o meu gesto que possivelmente havia entendido.

— Eu trouxe pipoca e sorvetes.

Louhuman falou entrando no meu apartamento e eu fiquei alguns segundos parado ao lado da porta com a mão na maçaneta a observando, até que cai em mim e fechei a porta ainda ficando enfrente da mesma, mas olhando para Lexie.

— Pipoca?

— Sim! Soube que teve um dia difícil no seu trabalho e resolvi vir e ver filmes com você.

— Chloe!

— Ela quer o seu bem, e eu também.

— Eu sei, mas ela não tinha nada que vir e ficar falando coisas pra você, te perturbando com as minhas coi..

Fui interrompido pelo abraço que Lexie me deu, me pegando completamente de surpresa, e só alguns segundos depois eu finalmente retribuir ao seu abraço.

— Lexie eu to todo suado, eu nem tomei banho ainda e...

E eu fui interrompido de novo quando ela começou a cheirar o meu ombro e em seguida o meu pescoço.

— Eu to sentindo cheiro de Dolce & Gabbana, era pra sentir outra coisa?

Louhuman perguntou depois de se afastar um pouco, mas ainda com os braços envolta de mim e olhava em meus olhos.

— Não.. Não. Dolce & Gabbana.

Eu sorri mordendo o lábio e em seguida ela riu satisfeita.

— Ótimo!

Ela voltou a me abraçar e dessa vez eu pude sentir seus dedos pressionarem o tecido da minha blusa, os apertando. Se eu pudesse olhar o seu rosto eu podia constatar que estava com os olhos fechados, os pressionando como se aquele abraço fosse algo que ela precisasse sentir. Então eu fiz o mesmo, fechei os olhos e me permiti sentir seu cheiro e o calor do seu corpo contra o meu.

Ela ficou ali por uns cinco minutos e me soltou, me olhando nos olhos, alguns segundos depois ela murmurou.

— Você gosta de pipoca?

— Eu tava louco pra comer pipoca.

Brinquei e ela riu.

— Doce.

— Ok, pipoca doce saindo em alguns minutos.

Eu peguei a sacola que ela havia trago e fui até a cozinha enquanto Lex andou até meus filmes, os analisando.

— Eu vou cobrar pela pipoca.

— Ei, você acha que escolher o filme da noite é fácil? Estamos quites.

Ela brincou e dessa vez quem riu foi eu.

— Não escolhe um filme melosinho tá?

— Você vendo "Um amor pra recordar"? Tá ai algo que eu quero ver.

— E por que você acha que na minha casa tem esse tipo de filme?

— Porque a Chloe vem aqui e ela é sua melhor amiga, certeza que tem coisas dela na sua casa.

— Droga!

Eu murmurei e ela riu puxando um filme enquanto eu mexia o açúcar no fogo.

— The riot club, o que acha?

Eu a ouvi quando estava acabando de jogar o açúcar na pipoca, que já havia ficado pronta pelo microondas.

— Garotos indelinquentes - Eu dei uma pausa para misturar a pipoca e pegar o pote andando até a sala. - Ótimo, estou precisando lembrar poque gosto de trabalhar na CIA.

Eu falei e me sentei no sofá colocando uma perna dobrada em cima do mesmo, enquanto permanecia com a outra esticada e o meu pé encostando no chão. Lexie terminou de colocar o filme e veio correndo se sentar ao meu lado, pegando algumas pipocas.

Ela encostou a cabeça no meu ombro e ficamos assim quase até a metade do filme. Por fim, ela deitou no meu sofá, e quando o filme terminou, nos comemos o sorvete e conversamos por horas, até que era tarde o bastante para que eu tivesse que levá-la até sua casa.

Eu fui com Louhuman e quando chegamos lá, eu cumprimentei os agentes que estavam parados em frente a grande mansão, pra logo em seguida ser surpreendido por seu pai que abriu a porta.

Ele nos deu boa noite perguntando como estávamos e me chamou parar entrar, convite que eu recusei por já ser tão tarde. Mas aí ele me surpreendeu de novo.

— Lexie, você já convidou o Derek?

A Louhuman olhou para o pai confusa e ele completou a frase.

— O baile de máscaras. Você me disse que queria ir com alguém especial e eu achei que fosse o Derek.

A Lex corou e eu tive que segurar o riso observando a ruiva perder o ar.

— E é, mas ele já passa ta-tanto tempo comigo - Ela gaguejou me fazendo arquear a sobrancelha e dar um sorriso debochado a encarando. - Que eu não queria que ele passasse seu único tempo livre tendo que olhar pra mim.

Ela terminou por fim colocando as mãos nos bolsos de trás da sua calça e eu dei um risada que só ela entendeu que era de pura zoação.

— Eu amaria ir.

— Mesmo?

Louhuman que olhava pro chão constrangida olhou pra mim com surpresa e seu pai sorriu.

— Viu? Ele amaria ir.

—Uhum, eu amaria mesmo.

Eu concordei assentindo e a encarei depois de olhar o seu pai por alguns segundos.

— Vai ser divertido!

— Está bem. Então é no ano novo e na mansão de uma amiga, vai começar as onze da noite.

Ela sorriu sem graça ainda com as mãos nos bolsos e se esforçando o máximo que podia pra não desviar o olhar de mim.

Eu sorri e olhei pro sr. Louhuman que estava parado na porta.

— É.. eu já vou indo, foi um prazer.

Eu sorri estendendo a mão e ele a segurou apertando com força e um olhar que com certeza queria me dizer que eu tinha sua total aprovação em relação a sua filha, já eu fingi não entender o que ele quis dizer e apenas respondi que nos veríamos novamente, me despedindo da Lexie, que murmurou alguma coisa ao pai enquanto entrava em casa.

Entrei no meu carro e quando jogava minha jaqueta no banco do carona murmurei para mim mesmo.

— Um baile de máscaras...

Sorri. Havia tempos que não ia em uma. Na última vez eu estava com uma arma. Com certeza por pura diversão seria perfeito.