Roran estava congelando, encharcado até os ossos. Os sons de trovão ressoavam, enquanto ele subia a trilha lamacenta do caminho para as cataratas do Igualuda. O vale de Carvahall se estendia lá embaixo, banhado pelo sol, enquanto Roran se encharcava com os respingos da imensa cachoeira. Uma chuva está vindo, Roran pensou.

Desistindo de subir, desceu a trilha novamente, indo buscar katrina, que ficara no campo de trigo, que era a antiga fazenda de Garrow. Ela agora ficava nos fundos de um forte baixo, , inacabado. O muro de pedra tinha três metros de altura e circundava uma pequena área, ainda com menos de um terço do tamanho que teria quando completo. A torre leste estava terminada, depois de cinco anos de trabalho árduo de homens de Carvahall, Varden que haviam se unido ao condado, e homens do império que decidiram passar suas vidas com o povo de Carvahall, povo do Conde Roran martelo forte. Cem anões passaram por ali algum tempo depois da guerra, e haviam dado alguns conselhos sobre a construção e localização do forte, cheando a fazer uma planta três vezes maior do que o desenho original.

Roran chegou perto de onde Katrina estava sentada, com Ismira brincando ao seu lado. Ele gentilmente começou a conduzi-la de volta para o forte, explicando sobre a chuva que viria.

O som de trovões aumentou, assustando Ismira, e a fez correr para a mãe. Rroran colocou Ismira no colo e correu com Katrina em ditreçao à construção de pedra.ele havia demorado alguns minutos para chegar até elas, e a chuva começou a cair quando eles chegavam à curva do Anora onde ficava a fortificação, diminuindo seu campo de visão a cerca de cinquenta metros. Ele continuou andando, pois katrina não podia correr, fraca que estava pelo parto de Brom.

Roran sentiu um frio na espinha, um pouco antes da trompa soar. O instrumento de quatro metros de comprimento estava acoplado á torre soou mais alto do que o barulho da chuva. Roran parou, com a espada e o martelo em punho. A trompa soou mais três vezes. Então a chuva parou abruptamente. O céu ficou vermelho como sangue. Os cidadãos de Carvahall correram para suas casas, os soldados para os quartéis e para defender os muros baixos da “fortaleza”. A trompa soou mais três vezes. Roran queria correr, mas seus pés afundavam na lama. Nesse instante, um gigantesco exército irrompeu das árvores, e bloqueou a estrada para Thenisford. Demorou apenas alguns minutos para os homens de Carvahall se agruparem no forte e trancarem Roran para fora. Ele virou-se, empurrou Katrina para fora do lodaçal, e correram juntos na direção das cataratas. Roran se sentia covarde, como se estivesse abandonando seu povo para a morte. Mas por mais que tentasse, não conseguia fazer nenhuma outra coisa. Katrina. Ele a mandou subir com Ismira até o abrigo que haviam construído sobre as cataratas. Katrina beijou Roran com força, e por alguns segundos, nada existia além dos dois.

—Não morra!- ela disse, e virou-se, segurando a mão da filha e a arrastando para longe.

—papai!- Ismira gritou.

Roran desviou os olhos para Carvahall.

Katrina começou a correr.

Roran postou-se no início da trilha, preparado para os inimigos que viriam. O forte foi invadido por centenas de soldados, que atearam fogo às construções. Os últimos soldados de Carvahall não se renderam nem gritaram, nem tentaram debandar. Eles se agruparam em um círculo defensivo, dizimando dezenas de soldados antes de serem subjugados.

Roran não acreditava no que via.

Milhares de soldados enchiam a terra como formigas. Quando chegaram mais perto, correndo em direção à ele, viu que não eram apenas humanos. A maior parte eram criaturas mistas, monstros podres. Um exército de demônios sedentos de sangue. Espectros comandavam as hostes cruéis de monstros, e todos corriam em sua direção. Não fazia o menor sentido. Ele esmagou o crânio de um demônio baixo com o rosto coberto de muco verde, decepou um homem sem dor, e transpassou um ra’ zac.

Então ouviu o grito.

Roran não se importou com as hordas sedentas de sangue atrás de si. Katrina. Ele correu trilha acima. Um golpe o derrubou na lama. Ele virou e decapitou o soldado que o derrubara. Ao olhar para a cabeça que rolava, ele vomitou. Era Alberich. O grito de Katrina ficou mais agudo. Roran virou o pescoço devagar, conforme o mundo desacelerava ao seu redor.

Katrina.

—papai!!- ismira gritou.

Vários ra’ zac cercavam Katrina, bicando-a repetidamente. O grito de Katrina tornou-se um gorgolejo quando um dos ra’ zac perfurou seu pescoço com o bico quitinoso. Roran sentiu uma emoção nova. Ele achava que era capaz de odiar antes. Estava errado. Ele foi dominado por uma fúria avassaladora. Em segundos, matou todos os ra’ zac, desviando o olhar do cadáver de katrina e do que restara de Ismira.

Um som imenso de trovão fez tremer a terra e abalou seus ossos. Quando olhou para cima, viu um dragão. Ele era facilmente do tamanho de carvahall inteira, e incendiou uma das matas que circundavam o vale com um único movimento da mandíbula. Devia ser algumas dezenas de vezes maior que Churuikan, e da cor da própria noite.

—Ninguém me deterá- O dragão falou, com a voz de mil trovões. – Ninguém me vencerá agora.

Roran gritou e atacou, não se importando quando as chamas o cercaram, queimando sua pele, com o som de mil quedas d’água. Num último esforço, girou o anel em seu dedo e falou, sem ar nos pulmões:

— Ajude-me Eragon. Ajude-me Saphira.

O som do vento era ensurdecedor. Uma sensação de frio percorreu seus braços, como se ele estivesse congelando ao invés de queimar. Ele estava cercado de nuvens negras. Saphira rodopiou abaixo dele, presa em uma corrente de ar frio. Roran agarrou-se a Eragon, quando Saphira caiu, sem controle. Roran ouviu vagamente um comentário, e percebeu que fora ele quem falara. Mas não conseguia lembrar o quê. Foi distraído desse pensamento quando a bruma ao redor deles se desfez. Eles entraram numa paisagem Titânica: montanhas brancas de nuvens altas e acasteladas. E o vale...

—Desvie!- ele gritou.

Saphira bateu as asas com força, mas não seria o suficiente. Eles foram sugados pelo redemoinho de nuvens. Voando para baixo em grandes círculos turbulentos. Roran sentiu quando foi violentamente separado de Saphira, e caiu para dentro do funil rodopiante de nuvens. A queda era interminável, um misto de sensação de liberdade e aceitação da morte. Ele sentiu algo frio comprimindo seu estômago enquanto caía. Enquanto saía das nuvens, viu Saphira se precipitar rodopiando para o mar lá embaixo. Embaixo. Quando olhou para baixo, Roran perdeu toda a esperança de viver.

O olho de Javali o encarava de volta. As pedras pontiagudas no centro do redemoinho pareciam formar uma boca medonha, sorrindo para ele. Roran fechou os olhos quando Saphira rugiu, caindo sobre as rochas, e esperou, resoluto, o abraço fatal do redemoinho.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.