POV Andy

Era tudo muito confuso.

Eu odiava Ramona por simplesmente me fazer tocar nesse assunto. Eu me odiava por deixar-me render tão fácil assim. Era muito fodido tudo, mas era como seu necessitava falar com ela. Quando olhei me seus olhos e vi uma angústia, eu sabia que tinha que falar.

Mas era errado demais.

Eu estava me sentindo sufocado, com medo. Era impossível que uma simples garota mimada, fútil e idiota conseguisse mexer tanto comigo. A porra do plano era sequestrá-la e não ficar com viadagem para cima dela.

Balancei a cabeça, afastando os pensamentos melodramáticos que eu tava tendo. Finalmente percebi que tinha dado um fora na Mona no momento em que a garota foi me abraçar. Mas também, o que ela queria que eu dissesse? Definitivamente, ficar com jeito de viado é foda!

– Afinal, o que ela acha que eu sou? Não vou ficar de mi,mi e blá, blá, não! – resmunguei totalmente sozinho, ainda na cozinha. Sabia que se alguma pessoa me visse naquele estado, acharia que já está na hora de me internar no hospício. Bem, isso era simples, bastaria eu dar um tiro e enterrar no jardim.

Caminhei em passos largos até o meu quarto, meu corpo pedindo descanso, ignorei o cansaço, entrando com tudo no quarto, vendo uma cena meio tosca.

– Que merda é essa que você está fazendo? – rugi.

Na minha frente eu via Ramona com lágrimas nos olhos, seu rosto meio enrugado de dor. Naquele momento eu senti muita raiva. Eu via claramente o quanto de pena ela sentia por mim, tirei essa exata conclusão ao ver ela se virar para olhar-me, a expressão surpresa, para depois, uma cena de pena passar por seu rosto.

– Eu-eu... Eu-eu só estava... - ela balbuciava enquanto secava algumas das lágrimas.

Interrompi-a. Entrei dentro do quarto, olhando para ela com ódio.

– Está sentindo pena, não é? Eu sei. Eu nunca deveria ter falado isso para você, garota estúpida. Você é como as outras! – acusei, sendo morto pela raiva dentro de mim.

Uma parte de mim, dizia-me para parar de ser tão tolo e escutá-la, outra parte de mim e mais forte, queria gritar com ela e espancá-la.

– O quê?! Não! – Mona levantou-se rapidamente, de supetão. Seu rosto agora estava com uma expressão de surpresa e indignação com minha acusação. – Você é um completo idiota!

Ficamos me silêncio. Cada um com os seus pensamentos, eu tinha certeza que meus punhos estavam fechados nesse exato momento. Mona ainda estava de pé, imersa em pensamentos, o único som que se ouvia era de nossos respirações ofegantes.

– Eu sinto muito por tudo – Mona sussurrou. – Eu te entendo.

Comecei a rir, ou melhor, gargalhar. Minha risada preenchendo o espaço grande do quarto e o corredor. Só podia ser piada mesmo!

– Parabéns! – bati palmas, depois de finalmente recuperar o fôlego. – Muito boa sua apresentação, pode até pegar um papel no teatro agora.

Andei até ela, pegando rapidamente seus punhos, os prendendo. Mona tentou impedir-me, mas não daria nada, ela não tinha forças para afastar-me dela. Fiquei de cara a cara com a mesma. Seus olhos azuis fitando os meus raivosamente.

– Você não sabe onde se meteu, Ramona. Não me entende. Então..Diga-me como é sofrer com sua vidinha fácil? O que foi? Quebrou o salto alto? – zombei, entre dentes.

Vi Mona mudar de cor. Sua pele clara e meio pálida, tomou uma colorização vermelha, não de vergonha, e sim de ódio.

–VOCÊ NÃO SABE DE NADA! VOCÊ NÃO TENHO O DIREITO DE FALAR ABSOLUTAMENTE NADA! – gritou. Algumas lágrimas ameaçavam cair, mas ficaram presas.

Sorri.

– Você acha que isso daqui é uma brincadeirinha, princesa? Você está enganada. Ninguém aqui está jogando o seu pique romance, sua idiota. – Segurei queixo, forçando-a olhar para mim. – Você está sozinha! – murmurei amargamente.

Seus olhos azuis faiscavam de ódio, rancor, raiva. Ficamos alguns minutos nos enfrentando silenciosamente.

– Larga.A.Merda.Do.Meu.Pulso – Mona falou pausadamente, entre dentes, tentando livrar-se de mim.

Aos poucos, fui soltando seu braço. Ainda encarando-a. Mona rapidamente livrou-se de mim, com um pouco do força ao tirar o braço. Sem falar nada, saí do quarto, batendo a porta com força.

***

Entrei dentro do meu escritório rapidamente, colocando um uísque no copo, tomando uma grande golada. O gosto amargo atingiu minha garganta com tudo. Minha cabeça estava cheia de pensamentos confusos, a raiva ainda queimava meu corpo. Apertei o copo com força.

– Inferno, inferno! – praguejei, jogando com força o copo no chão.

No mesmo instante, a porta se abre e de lá entra Collins.

– Cara, o que é isso? Não desconta no copo, não – falou risonho, sentando-se na cadeira de frente para a mesa.

Continuei sério, minha voz meio que saiu cortante demais.

– O que está fazendo aqui? Pensei que tinha mandando você ficar com a Barbie.

Collins levantou as mãos, como se falasse que estava rendido.

– Calma aí, mano. Paz e amor. – Fez um sinal tosco com as mãos, como se fosse um hippie. – O que te aflitas?

– Adivinha? – perguntei ironicamente.

O rosto de Collins tornou-se duro.

– Deixe-me adivinhar, a princesinha já deu um show, né? Você sabe cara... Eu posso dar um jeito nisso...

– Não. – Cortei-o. – Não acha que precise de medidas drásticas... por enquanto. Mas mudando de assunto, o que você veio fazer aqui? – perguntei. Minha voz agora já estava calma, mas ainda havia tensão.

Collins riu, como se o que fosse contar fosse super-divertido.

– Você não vai acreditar! Parece que a filha do cão tinha realmente razão! Conseguimos pegar as câmeras que a guria colocou e...

– Pera! Como você conseguiu pegar as câmeras? Isso é muito perigoso! – interrompi-o.

– Nossa Andy, deixa de fazer drama!Enfim, vai quer saber o que não? – perguntou com um pouco de irritação.

– Hum. Desembucha logo, caralho!

Collins me ignorou.

– Como eu estava dizendo, conseguimos pegar as câmeras e você não vai acreditar na surpresinha que acabei de descobrir! – Pegou algo no bolso, que logo descobri ser uma fita.

– Coloca logo! – falei meio ansioso.

Collins revirou os olhos, levantando-se e colocando a fita no DVD e ligando a televisão. Logo sem seguida, sentou-se novamente.

A televisão logo ligou e vi que a imagem preta mudou, passando a ser a imagem do escritório de James. Tremi de ansiosidade.

James logo apareceu, entrando com dois homens bastantes elegantes; com ternos e tudo. Sua expressão sempre séria e aparência bastante parecida com a da irmã.

– E então, conseguiram? Sua voz demonstrou ansiedade. Sentou-se na sua poltrona, sendo seguido pelos dois homens.

Hã... Desculpe-me senhor, mas infelizmente não conseguimos fazer o que o senhor queria. – O homem mais baixo começou, falando nervosamente e tremendo.

– Como assim, não?! QUE BOSTA VOCÊS FIZERAM, SEUS MERDAS? gritou, alterado.

Os dois homens tremeram de medo.

Senhor, colocaram os maiores atiradores para exterminar nossos capangas. – Dessa vez quem começou foi o homem mais alto, tremendo nas palavras. A garota e sua amiga estavam lá dentro, não se pôde saber se eles fizeram algo com as duas. Os nossos espiões infiltrados não conseguiram nada lá dentro, mas um deles... Confirmou com a garota está viva.

Arregalei os olhos, sendo acompanhado por Collins. Tremi de raiva ao ouvir a palavra espiões. Então tinham pessoas imundas infiltradas aqui dentro de minha casa?!

– MAIS QUE MERDA! – James gritou. – SEUS FILHOS DA PUTA IMPRESTÁVEIS!

Os homens ficaram em silêncio.

– Mas senhor...

– Não vou repetir. Eu quero Ramona morta e Eve para mim. – James sorriu. – O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL! ANDE!ANDE! O QUE ESTÃO ESPERANDO?! – E assim, os dois homens assentiram rapidamente saindo logo me seguida, tropeçando nos próprios pés.

Vi que Collins tinha fechado os punhos e eu não soube o motivo, sua expressão raivosa parecia que ia matar uma pessoa. Não pude questioná-lo, estava em choque demais.

– Finalmente irei exterminar essa praga que está entre minha vida – James falou sozinho, gargalhando logo sem seguida da sua ''piada''.

Alguns minutos depois, James saiu do escritório. E a fita acabou.

– Cara... – Collins começou.

– Então quer dizer que o filho da puta quer matar a própria irmã? E ainda quer de presente a melhor amiga? – esbravejei, mexendo no meu piercing. Sentia a fúria de antes voltando-me novamente.

Collins olhou-me, exasperado.

– Precisamos fazer alguma coisa! Primeiro: temos que achar a merda dos espiões o mais cedo que pudermos! Segundo: precisamos arranjar uma estratégia rapidamente. Terceiro e último: Temos que falar...

– Para a Ramona. – Completei sua linha de pensamento.