POV'S Mona

Eu me sentia invulnerável por dentro. Meu corpo e meu coração vacilavam só de me imaginar longe de Andy... Mas ao mesmo tempo, eu não podia ser uma telespectadora do que iriam fazer com a minha amiga. Não, eu não seria! Por mais mimada e fútil que Eve era às vezes, eu via ainda certa ingenuidade e inocência naquele seu olhar verde claro. Era como jogar uma boneca de vidro no chão e vê-la quebrar-se. Era deprimente. E eu não era de ferro, meu coração dizia para compreender o lado de Andy, e voltar. Mas minha mente recriminava-me rapidamente, quando eu dava um olhar sobre o ombro para a Barbie, que parecia nervosa e com medo.

— Mona? — Eve saiu de seu estado de choque e adrenalina, me olhando e me avaliando. Olhando de certo ângulo, ela realmente parecia uma boneca de vidro, preste a cair e quebrar. Senti certa irritação enquanto meus olhos bateram em suas roupas: saia extremamente curta e rosa, uma regata branca junto com uma jaqueta rosa. Mas nada me irritou mais do que a maquiagem forte e o salto agulha de quinze centímetros que ela usava.

— Mas que merda, Eve! Que tipo de roupa é essa? — reclamei, irritada. Eve franziu o cenho, olhando para a sua roupa.

— Não tô vendo nenhum problema.

Xinguei alguma coisa inteligível e batuquei no encosto da janela, pensando em alguma forma rápida de sairmos dali. Eu olhava fixamente para lá fora, pensando num jeito rápido e fácil de passarmos despercebidas. Eu poderia sair até que de um jeito fácil, mas Eve... Desajeitada do jeito que era, com certeza gritaria e chamaria a atenção dos seguranças.

— Olha, precisamos sair daqui mais rápido do que tudo — balbuciei, olhando para a minha outra mão, onde continha cartões e a primeira chave que achei de um carro — Você não pude ficar com esses saltos e com essa saia. Está fazendo frio e não me parece ser muito bom para o bebê esse sapato. Coloque uma calça e pegue uma sapatilha qualquer, enquanto eu vou pensar em algo. Eu te dou menos de cinco minutos.

— Tá, tá. Eu não demoro — se enfiou no closet dela, resmungando. Revirei os olhos, suando frio. Eu precisava ter uma ideia rápida e fácil.

— Pronto, nem demorei. Viu, não sou tão irresponsável assim! — ouvi Eve chegar. A olhei, brava novamente. A saia fora substituída por uma calça jeans apertada e rosa, e a sapatilha de salto pequeno e rosa ficava no lugar do salto. Não era a melhor escolha de roupa, mas era melhor do que antes.

Já sei! Tive uma ideia! Uma ideia brilhante e fácil. Céus, precisa dar certo.

— Eve — sorri amarelo.— Acho que você vai ter que colocar de novo a saia e o salto.

[...]

— Ô Mona, não dava para o James sei lá, marcar um dia melhor para vir aqui? Que merda, não quero beijar aquele gordo melequento ali, não!

Suspirei pela décima vez, voltando a falar para Eve.

— Eve, James não está brincando. Você precisa fazer isso, por você e pelo seu filho. Você realmente precisa fazer isso — falei pausadamente, cansada. Eve me olhou, percebendo que aquilo era mais sério do que imaginou. Deu um sorriso falso e bagunçou os cabelos, deixando-os mais sexy's.

— É, o que não fazemos para perder o resto de nossa dignidade.

Em outra situação, eu estava gargalhando. Eve estava novamente com a saia e o salto, os cabelos amarrados estavam soltos num penteado sexy. Ela trocou o batom rosa para o vermelho e ajeitando a saia, saiu rebolando até o porteiro. Eu torcia com todas as minhas forças que ela não se esquecesse do que faria.

Parecia uma puta sorte, mas o porteiro ali era bem e iniciante, por isso não sabia quem era nós. E pelo seu excesso de feiura, não me admiraria se ele fosse virgem. Cara, que homem mais feio e seboso! Deixei esses pensamentos de lado, focando no plano.

Saí rapidamente, e disfarçadamente, olhando para os lados para ver se alguém ainda tinha me visto ali. O jardim estava estranhamente sem seguranças, o que facilitava. Corri com as chaves para a garagem, apertando o botão de destravar.

Olhei para a Ferrari vermelha com um símbolo quase invisível de quatro espadas no canto e balancei a cabeça, aquele era um dos milhares dos carros de Andy. Ele não sentiria falta, não é? Entrei rapidamente, pegando no meu bolso um lenço e um óculos. Parecia inútil aquilo, logo que Andy visse a gente, ligaria os pontos rapidamente. Ignorei essa parte, ligando o carro e tentando não fazer o motor rugir e fazer muito barulho. Sorri sarcasticamente, pisando no acelerador quando vi Eve em frente a ''casinha'' do porteiro, sorrindo como se fosse uma coisa muito divertida o que fazia. Ao seu lado, eu podia ver o gordinho desmaiado. O portão estava aberto e numa velocidade incrível, Eve entrou dentro do carro. Foi o sinal para que eu acelerasse, cantando pneu e já ouvindo barulho de lá dentro. Era questão de minutos para que alguém viesse nos seguir, e eu me sentia anestesiada.

Estava fugindo de quem mais amava. Isso era tão injusto.

Acelerei ainda mais, ouvindo o grito histérico de minha amiga. Estávamos quase no limite da velocidade e não me preocupei com isso, sabia dirigir muito bem. Suspirei fundo, pensando que agora não tínhamos mais destino. Éramos almas perdidas, frutos da nossas próprias escolhas. Aonde eu iria ficar sem que Andy descobrisse?

De repente, senti um espasmo de choque me atingir. Eu sabia exatamente para onde iríamos.

POV's Eve.

Pelos sapatos mais lindos do mundo, o que estava acontecendo aqui? Fala sério, não existia mais paz e amor nesse mundo? Eu tinha acabado de chegar de viagem, e voialá! Estamos viajando e eu nem sei para onde. Realmente foi um péssimo dia para James chegar. Eu me sentia um lixo, pois ainda não tinha tido um digno sono de beleza. E o jeito que Mona estava agindo... Meus sentidos gloriosos estavam falando para mim que tinha mais caroço nesse angu.

Estávamos nesse exato momento sentadas numa poltrona de avião, e eu estava com uma vontade de vomitar e nem sabia o motivo. Podia ser comida estragada mesmo, talvez a que comi no avião.

— Mona... Para onde vamos?— questionei, curiosa.

— Não faça perguntas que não vai querer saber, Eve. Está tudo bem, por que não dorme? Eu vou cuidar de tudo, eu te prometo.

Estranhei seu tom de voz, mas eu me sentia um caco. Por que não dormir, não é mesmo? Me aconcheguei na poltrona, fechando os olhos.

...

— Eve, vamos! Eve, acorda.

Senti uma voz irritada e doce e o ao mesmo tempo, me chamando. Resmunguei, abrindo os olhos e vendo grande orbes azuis fixadas em mim. Levei um susto.

— Ei, saco! O que é? Onde estamos..? — perguntei vagamente, arrastando minha voz. Eu me sentia irritada mais do que normal. Sinceramente, eu não sabia muito o que estava acontecendo comigo, isso era tão estranho.

— Já pousamos. Vem, vamos embora. Peguei sua mala urgentemente, não temos tempo— a voz dela demonstrava nervosismo.

— Tudo bem — concordei, pegando minha mala de mão. Lembrei o quanto estava irritada com Mona por não me deixar levar a outra mala. Aqui só continha as coisas mais necessárias.

Saímos do avião, e logo abri a minha mala, procurando meu celular.

— Mona — paralisei.— Fomos roubadas. Ai meu Deus, meu celular!— esperneei, prestes a chorar, estava desesperada.

Mona me olhou, e não entendi sua expressão.

— Eu... Deixei os celulares na mansão.

A olhei com ódio.

— Mas que merda....?

Ela não me respondeu, apenas encarou fixamente a frente, andando mais rápido. Eu senti que nada estava tudo bem.

— Mona — pedi, baixinho.— Por favor?

Ela parou rapidamente.

— Depois, Eve. Seja bem vinda de volta à Rússia.

Abri a boca e fechei.

— Como assim?! Não estamos fugindo de James?! Que droga é essa? Estamos na Rússia, na Rússia!— chamei atenção de algumas pessoas, algumas nos olharam confusas, não entendiam o inglês que eu falava.

— Está tudo bem — falou, em russo. Eu entendia um pouco da língua, mas não era fluente. A língua era estranha e diferente, por isso com dificuldade e por conta dos anos que fiquei aqui, acabei aprendendo o essencial.

Meus olhos encheram de lágrimas.

— Eu estou com medo, Mona. Eu quero saber, eu preciso saber o que está acontecendo — implorei, deixando as lágrimas jorrarem de meus olhos.

— Eve, Collins e Andy iriam te obrigar a abortar. Eu não queria isso... Eu sinto muito. - Mona nem olhou em meus olhos, no instante percebi que isso era mais difícil para ela do que para mim.