Seja bem-vindo ao meu (não) querido cantinho. Desculpe-me pelo atraso, mas acho que isso não importa.

Eu estava meio doente na época e, como eu era ingênuo, não queria parar de voar, era inverno no local onde eu estava, então decidir ir a outro local. Dei partida ao vôo. Estava caindo uma nevasca terrível. Tudo ficou escuro e eu comecei a cair.

Acordei meio tonto. Vi dois olhos olhando para mim. Imediatamente tentei voar, mas não conseguia, olhei para minha asa direita e vi que ela estava toda enfaixada.

-Calma, amiguinho – Disse a mulher que estava perto de mim, dei um passo para trás, uma humana tinham mim visto, era agora que eu morria, não pela humana, mas pelo conselho de dragões.

-Não se aproxime – Disse, ela se assustou. Agora eu estava cometendo outro crime, falar com os seres humanos.

-Meu Deus, você fala – Ela tentou me agarra, mas eu tentei voar e cair da mesa onde estava- Por favor, não.

-Você vai contar a alguém sobre minha existência?

-Não – Ao falar isso a campainha tocou. – Venha! Se esconda no armário – Ela abriu para mim, entrei sem hesitar.

Por uma brecha olhei, dava para ver da cozinha, onde eu estava, até a porta da frente. Ela abriu a porta e um homem de barba muito mal-feita entrou, estava totalmente embriagado(bêbado).

-SUA MERDINHA – Gritou ele com ela, lhe deu um soco no rosto que quase lhe quebro o nariz – TU TA MIM TRAINDO, NÃO É? – Ela não respondeu ficou olhando para ele, abismada.

- VADIA – Ele a chutou, com a garrafa em sua mão bebe até metade, continuou a chamar de vadia e a chutar.

Um tempo se passou, tive vontade de sair do meu esconderijo e dar-lhe uma boa mordida, mas não poderia fazer muita coisa no estado que estava. Ele reabriu a porta e foi embora. Sentir o frio de fora. Ela se levantou e fechou a porta, estava muito machucada. Lentamente sair do esconderijo. Ela, fraca, caiu no chão. Corri até ela.

-Você está bem? – Perguntei, estava de frente a ela, ela mim olhou e fez um pequeno carinho na minha cabeça.

-Obrigada – Disse ela, sorrindo.

-Por quê? Por ser covarde e não ti ajudar naquela situação!? – Disse elevando a voz.

-Não, sei que está em péssimas condições – Disse ela, mantendo o mesmo sorriso – Por ter se preocupado comigo.

-Quem era aquele? – Perguntei com raiva, não por ela, mas por aquele homem.

-Meu noivo.

-Por que ainda está com ele? Por que ainda atura aquele homem? Por quê? – Ela deu uma risada e aos poucos foi se levantando.

-Porque eu o amo – Ela mim encarou.

-MAS ISSO NÃO TEM SENTIDO – Agora eu estava gritando – NÃO TEM SENTIDO AMAR AQUELE HOMEM, NÃO TEM.

-Por favor, deixe-me descansar um pouco – Disse ela.

O inverno foi passando e aquela mesma pessoa foi cuidando de mim. Mas um dia ela dissera que iria embora. E foi. Felizmente ela não precisaria se preocupar comigo, pois estava totalmente curado.

Ela saiu primeiro da casa. Eu fiquei mais uma noite e logo tarde ouvir batidas. “É ele” Pensei. Um impulso surgiu em mim. Abrir a porta e, como sempre, ele entrou bêbado já gritando.

-CADÊ VOCÊ MERDINHA? – Gritou ele.

Sem perceber eu já tinha enfiado meus dentes em sua nuca, não era meu plano inicialmente, eu só queria mostra aquele ser repugnante que ela preferia ir para longe ao invés de ficar aqui com ele. Mas ao ouvir o tal “apelido” que ele colocara em minha amiga (sim, amiga, eu tinha ficado amigo daquela humana), tive esse impulso. Agora meu desejo era matá-lo, pensei um pouco, mas já era tarde de mais, ele tinha morrido.

De manhã a vizinha tinha chamado a policia, pois tinha visto o corpo. Eles relataram que ele fora morto por um pequeno cachorro. Alguns acharam impossível um cachorro pequeno ter tamanha força, mas aquele era a única opção lógica.

Não tive muito tempo para acompanhar o caso. Eu tinha voado diretamente para a cidade de minha amiga humana. Estava feliz e eu tinha certeza que ela também iria ficar mais aliviada por ter aquele homem tirado de suas costas. Eu ainda sentia o gosto do sangue em minha boca, aquela sensação era estranha, foi a primeira vez que tinha matado um humano.

A viagem durou 4 dias. Cheguei empolgado. Procurei pelo apartamento que ela tinham mim indicado. Sobrevoei a janela do apartamento 809, no 8° andar. Vi os cabelos avermelhados da minha amiga, entrei sem cerimônia.

-Lara, ele morreu ele morreu – Disse, posei na mesa de trás do sofá, ela não respondeu, ficou na mesma posição – Lara? Voc... – Eu voei até seu lado, mas não continue a frase.

Ela estava com uma faca em seu pescoço e os sinais de decomposição já eram óbvios.

Olhei para a mesinha a frente e viu um bilhete, para ser mais especifico, uma carta. Fui até lá e em voz alta mesmo li:

“Querido amiguinho,

Fico feliz por você ser a primeira ‘pessoa’ a ler isso. Como ver eu estou morta, isso ninguém vai discutir, né!?

Bem, sei exatamente quem matou ele e eu perdôo, pois sei que pensou em mim. Mas eu não agüentei, agora peço a você seu perdão. Por quê? Isso você já respondeu por si mesmo.

Então isso é um adeus, meu caro amigo.

Jogue essa carta fora ou a coma.

De sua melhor amiga,

Lara Fernanda”

Não tive tempo de ficar, ouvi a porta ser arrombada. Rapidamente peguei a carta com minha boca e voei pela janela.

De uma árvore comecei a comer e sem perceber lágrimas caíram de meu rosto. Uma dor incrível atingiu meu coração. Era a primeira vez que eu chorava. Os outros dragões diziam que dragão não chora, mas isso não é verdade. Eu chorei, mesmo depois de engolir todo o papel. Aquela foi minha única amiga. E ela sabia que o tinha matado, mas mesmo assim ela mim perdoou. Eu a amava muito, de coração. Mas tanto que fiquei uma hora com meus dentes cravados em minha perna. Lamentei por ter feito aquilo. Lembranças vieram minha mente. Todos os momentos bons que passei com ela e como ela cuidara de mim.

Espero que tenha gostado...

...Então até...