Histórias de Uma Estudante Qualquer

A menina do chá e o cavalheiro


O inverno estava rigoroso, com muito vento gelado e nevascas frquentes, mas mesmo assim Charlaine andava sobre a rua coberta de neve.

Suas botas de frio faziam um barulho engraçado quando ela pisava forte na calçada, o sobretudo que vestia estava claramente grande demais para seu corpo magro e o gorro pousava sobre seus cabelos alaranjados desajeitadamente. Ela seguia seu caminho ao mercado, com o objetivo de comprar mais chá, seu maior vício. Os fones de ouvido reproduziam música pop em alto e bom som, por isso era impossível ela escutar o barulho das avenidas apinhadas de pedestres e veículos.

Após, aproximadamente, quinze minutos a pé, finalmente foi possível que ela chegasse a seu destino. Sorriu ao adentrar o pequeno comércio, já que aquele ambiente tinha aquecimento. A última coisa que vendedores iriam querer era que seus clientes morressem congelados, certo?

Charlaine praticamente correu até o corredor em que ficavam os chás e não tardou a escolher seus sabores favoritos. Já aproveitou para levar mais de um pacote, pois o inverno ainda estava começando e o tempo já estava cruel. E ela não tinha vontade nenhuma de enfrentar temperaturas abaixo de zero para comprar chá. Passou com sua cestinha cheia de chás pelo corredos em que havia leite e pegou duas embalagens desse produto.

Satisfeita, ela direcionou-se aos caixas, olhando atentamente às poças de gelo derretido no piso do mercado. Pousou suas compras na esteira e aguardou sua vez pacientemente.

-Próximo. - chamou o atendente, Quando ela o olhou, pensou que parecia familiar, mas não sabia quem era pois nunca o havia visto. - Moça? Sua vez. - ele tornou a chamar e Charlaine acordou de seu torpor. Ela era uma garota dispersa e se repreender por estar naquele estado de espírito bem na frente daquele garoto charmoso.

Ela evitou fazer contato visual com o desconhecido, mas o observava enquanto ele registrava suas compras e notou que ele o fazia com ternura. Ela sorriu, pensando no quanto aquele estranho a fazia sentir-se confortável.

-São vinte e sete dólares e noventa e cinco centavos. - ele falou, por fim. Charlaine fez um ruído que soou como resmungo e tateou os bolsos do casaco, mas eram muitos. O rapaz olhava para ela com um sorriso de divertimento. Após certa procura, ela retirou da carteira três notas de dez dólares e entregou a ele.

-Teria noventa e cinco centavos? - ele perguntou.

-Não. - ela respondeu friamente. Ele abaixou a cabeça para pegar o troco, mas na verdade ele estava ruborizado e não queria que ela o visse daquele jeito. Era estranho como ele a achava tão fofa e como ele notava toda vez que ela ia ao mercado. Ela pegou as sacolas e dirigia-se à saída.

-Menina do chá. - ele a chamou por aquele apelido que lhe dera desde que a vira pela primeira vez.

-Charlaine. - ela lhe disse, o rosto cada vez mais quente.

-Charlaine. - ele sorriu. - Para você. - ele disse e lhe deu a flor mais bem cuidada que alguém pudesse encontrar em um inverno daqueles.

Ela simplesmente sorriu.