Highscholl DxD Re:New

Capítulo 1: Uma Nova Vida


Oi. Tudo bem? Se você encontrou esta história, mostra como você entrou neste mundo maluco que eu, Tsukishiro Ichirou, entrou uns anos atrás, graças a um cara – na época – desconhecido: Nilymas Gremory. Eu sei. O nome é esquisito, eu sei, e provavelmente ele é um estrangeiro. Bom... começando a história...

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Tudo começou quando eu estava para entrar no meu último ano no colegial. Mas, como se a vida risse de mim, fui obrigado a voltar para a cidade natal da minha mãe: a cidade de Kuou. A razão? Adivinha. Se você pensou em "acidente de trânsito que levou a vida de meus pais", acertou.

Então, voltando para a Kuou, fui morar com os meus avós maternos (os meus avós paternos já tinham falecido), me recuperando aos poucos do luto de meus pais. A obaa-san era muito rigorosa às vezes – eu acho que era porque eu sou seu único neto... A propósito: eu sou filho único, me esqueci de contar – e o Jii-chan era calmo, fazendo piadas volta e meia.

No meu último ano do colegial, eu acabei fazendo uma amizade com um vizinho que morava a umas casas de distância da minha: um kouhai chamado Yamamoto Hajime. Era um menino que praticava kendo, fazendo parte do clube da escola, além de ser meio "esquisito" com a história da família. Mas mesmo assim, nós dois forjamos uma grande amizade, tratando um ao outro quase como irmão – ele tinha duas irmãs.

Na minha formatura, nossas famílias se reuniram para comemorar formatura minha e a mais nova das irmãs dele. Depois das festas, eu e meus avós voltamos para casa e tivemos uma pequena conversa: quando o formulário de escola secundária chegou, perguntei para a baa-chan uma escola em que ela confiasse. A sugestão dela era ir para mesma escola que a minha mãe se formou: a Academia Kuou.

Como eu realmente não tinha ideia de onde ir, achei melhor seguir a sugestão da minha avó e ir para a escola que a mamãe se formou. Conversei com o Hajime e combinamos de ir para mesma escola secundária. Era só esperar mais um ano que eu e o Hajime estaríamos na mesma escola. Admito que na época eu não notei o quanto eu estava dependente da presença do meu amigo e vizinho para não voltar a enlutar pela morte de meus pais.

A partir daqui, as coisas mudaram e muito na minha vida: a cerimônia de entrada, quando eu conheci o Nilymas e achei que estava no inferno astral da minha vida.

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Cara, como eu esperava para seguir a minha vida escolar para a escola secundária onde meus pais se conheceram: Academia Kuou. Meus pais – Rias Gremory e Hyoudou Issei – já estavam a uns bons anos sem pisar na cidade, colocando a residência dos Hyoudou "escondida" das vistas dos humanos normais.

Olha! Eu me esqueci de me apresentar: sou Nilymas Gremory.

Então, voltando: minha mãe estava animada em voltar para a cidade da escola em que ela e o papai se conheceram. Viemos nós todos: eu, meu irmão Danisen, nossos pais, seus respectivos pariatos e nossos meios-irmãos. Era muita gente, mas mesmo assim couberam todos naquele casarão. Éramos em quase quarenta pessoas! Imagina o espaço para essa cabeçada toda?

Mesmo assim, mamãe e papai iam deixar alguns de seus servos no Meikai, para ajudar ao tio Milicas em administrar os negócios da família enquanto estamos no mundo humano.

Numa segunda-feira bem típica da minha família – uma verdadeira quase guerra por uma porção do café da manhã, mesmo tendo a Asia-san, a Akeno-san e às vezes a mamãe ajudando, a preparar o café para nove filhos – que recebemos uma notícia interessante: Rainer e Kenji iriam vir morar com nós, junto da mãe do Rainer, Ravel-san. A mãe do Kenji não poderia vir morar conosco uma vez que ela estava ajudando a Gabriel-san em administrar o Paraíso – a falta dos grandes Serafins estava cobrando o seu preço pela manutenção do Sistema de Deus na mão de apenas um deles.

— Nilymas, termine logo de comer senão você vai chegar atrasado. – avisou o meu pai.

— Sim pai... – eu respondo, me despedindo de todos logo depois de me arrumar.

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Na academia, eu esqueci aonde uns conhecidos meus da escola colegial que vieram comigo para a escola. No fim, acabei indo para a cerimônia de abertura sozinho ficando mais ou menos na frente, até que algo no meio do povo me chamar à atenção.

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Chegando à Academia, olhei que conhecia a mesma quantidade de pessoas quando cheguei à escola colegial de Kuou: zero. Não esperei para parecer um esquisito e fui para o ginásio. Demorou um pouco, mas eu notei que tinha um cara me encarando: um moleque de cabelo carmesim meio escuro, mas ainda assim esquisitos. Ele me encarava como se eu tivesse falado mal de alguém da família dele: estava com a testa e sobrancelhas franzidas, além parecer estar com uma expressão de "que porra é essa?" estampada na cara dele.

Resolvi ignorar, mas acabei pagando por isso: muita – e quando eu digo muita, são muitas mesmo – pessoas notaram a encarada dele para mim, fazendo as menininhas bobas perto de nós dois darem uns risinhos. Francamente... Que irritante...

A cerimônia acabou e cada aluno foi para a sua respectiva sala, o que se mostrou uma verdadeira surpresa para mim: o garoto de cabelos carmesins escuros estava na mesma sala que eu e, ainda mais, como se não bastasse, se sentava do meu lado! Que inferno! E ele ainda por cima ficou me encarando por longos momentos na aula... Lá perto do almoço, as meninas bobinhas ficavam dando risinhos enquanto eu saía para algum canto da escola em que ele não estava.

Almocei qualquer coisa da cantina e, quando fui numa máquina comprar um suco, eu notei que umas pessoas ficavam me olhando e, para coroar a situação, davam aqueles risinhos extremamente irritantes. Pego o suco que eu queria e, quando me virei, vi a razão das risadinhas: o tal do Nilymas (descobri o nome dele por causa da chamada) estava me encarando do outro lado do pátio.

Ignorei e voltei para a sala. Até o último sinal ser dado, me vi sendo alvejado pelas olhadas esquisitas do esquisito do Nilymas e das risadinhas das colegas de turma. Voltei sozinho para casa, me sentindo estranho, com aquele sentimento esquisito de que alguém me observava cutucando a nuca. Eu estava a uns dez minutos de caminhada da rua de casa, quando mais risadinhas me perseguiam – como se o meu humor precisasse de mais disso no dia.

Resolvi me virar para trás e tentar descobrir qual era a razão das risadinhas. Descubro uma cena no mínimo estranha: o tal do Nilymas, ora me encarando, ora encarando um aluno um pouco mais baixo que ele. Olhei melhor e vi que era um aluno da escola ginasial: Hajime!

— Hajime! – eu o chamei e ele olha para mim na mesma hora. – O que você tá fazendo aqui?

— Ah! Ichirou! – ele reage meio surpreso. – Eu estava indo para casa quando esse cara estranho estava te seguindo enquanto te encarava com uma cara muito suspeita.

— Eu agradeço que você tenha tanta preocupação comigo, mas mesmo assim, não se esqueça de que ele é um colega de sala do seu senpai. – eu falo para ele, deixando-o surpreso. – Assim sendo, poderia soltá-lo? Está amassando o uniforme dele.

Hajime olha para mim com uma expressão de confusão e acaba soltando o Nilymas, mostrando apenas receio em fazer o que pedi.

— Obrigado. – agradeceu Nilymas, quando o Hajime o soltou a meu pedido, indo para a próxima entrada à direita.

— Qual é a do esquisito? – Hajime me pergunta.

— Ele é um colega de classe. – eu respondo. – Mas eu concordo com você: ele é esquisito.

E no resto do trajeto para casa, o coloquei a par do meu primeiro dia de aula – e vice-versa – até que o Hajime comentou algo esquisito:

— Você não acha que seria uma paixonite que ele sentiu por você? – podia ver o tom de brincadeira escondido nas suas palavras, além da sombra de sorriso no canto de sua boca.

Por favor, nem pense nisso... – eu respondi, com um calafrio descendo a espinha.

Nós nos despedimos quando chegamos ao portão da casa de Hajime e cheguei em casa, cumprimentando meus avós. Fui passar o meu resto de dia lendo algumas coisas, fazendo as tarefas e tendo um resto de dia normal, até o dia seguinte.

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Quem era aquele garoto? Sua presença era de uma pessoa normal, mas ainda assim era assustadoramente estranha, quase familiar. E, pior de tudo: era um imã para a mim. Eu não conseguia desgrudar meus olhos dele, ainda mais depois que ele estudava na mesma sala que eu.

Se isso serve de punição, fui alvo de risadinhas... Mas como estou acostumado com isso desde a escola primária. Porém, eu acho que o garoto – Tsukishiro Ichirou de acordo com a chamada – não estava acostumado com isso.

Ao todo, foram muitos e muitos risinhos acompanhados de minha impressão esquisita dele. No fim, na hora do almoço, acabei indo para um canto mais calmo da escola, até que o infeliz resolveu aparecer ali, fazendo a minha percepção apitar à sua presença do outro lado do pátio, despertando mais alguns risinhos.

No fim do dia, depois de deliberadamente pegar o caminho mais longo para casa, descubro que ele morava relativamente perto da minha casa! Que inferno!

— Ei, você! – chamou um garoto da escola ginasial. – Por que você está encarando ele com essa cara esquisita?

O garoto mais novo, pelo uniforme, pertencia à escola ginasial de Kuou... Mas conhecer o tal do Ichirou seria uma coincidência meio estranha.

— Não devo satisfações para você. – eu respondi a ele. O garoto se aproxima e agarra a gola do meu uniforme. – E poderia soltar o meu uniforme? Está amassando.

Como se entendesse o contrário, ele apertou ainda mais a pegada da mão e continuou a me encarar. Admito que pareça comigo encarando o Ichirou. Essa cena ridícula acabou arrancando umas risadinhas das garotas e dos garotos que passavam por ali.

— Hajime! – Ichirou o chamou e o garoto olha para ele na mesma hora. – O que você tá fazendo aqui?

— Ah! Ichirou! – o (agora) Hajime reage meio surpreso. – Eu estava indo para casa quando esse cara estranho estava te seguindo enquanto te encarava com uma cara muito suspeita.

— Eu agradeço que você tenha tanta preocupação comigo, mas mesmo assim, não se esqueça de que ele é um colega de sala do seu senpai. – Ichirou falou para ele, deixando-o surpreso. – Assim sendo, poderia soltá-lo? Está amassando o uniforme dele.

Hajime olha para Ichirou com uma expressão de confusão e acaba me soltando, mostrando apenas receio em fazer o que foi pedido.

— Obrigado. – agradeci, quando o Hajime me soltou a meu pedido, indo para a próxima entrada à direita.

Não deixo isso me abalar tanto, mas mesmo assim, aquele garoto esquisito me incomodou um pouco. Seria aquele aluno mais novo um amigo do Ichirou? Se sim, por que essa postura tão protetora?

Fiquei matutando isso até chegar em casa, cumprimentando a todos. Querendo tirar isso logo da minha cabeça, eu fui falar com meus pais.

— Mãe, Pai, tem algo me incomodando. – eu disse para os dois.

— E o que seria? – perguntou a mamãe, levantando a cabeça dos documentos que lia.

— É um garoto da escola. – eu respondo. – Ele tem uma aura esquisita, quase familiar para mim.

Parando para pensar, agora que estou na frente do meu pai, eu sinto uma aura similar até demais com a do Ichirou.

— E como seria?

— Seria como a do Otou-san. – eu respondo à mamãe, fazendo meu pai ficar surpreso pela primeira vez.

Comigo? – perguntou o papai, surpreso.

— Sim. Quase a mesma. – eu respondo. – Acho que só não é igual por ser uma pessoa diferente.

— Bem, vamos pensar nisso melhor mais tarde. – disse a mamãe, dando sinal para o fim da conversa. – Obrigado pelo aviso filho.

Fui tomar um banho. Depois peguei um lanche e fui para o meu quarto: aliás, os andares sofreram uma reforma, ganhando um quarto para os meus pais, uma para mim e um para o Danisen no primeiro andar.

No segundo andar estão os quartos dos membros do pariato do meu pai, no terceiro andar os quartos do pariato da minha mãe, no quarto andar os quartos dos meus meios-irmãos. No quinto andar temos os quartos para visitas e no sexto andar, a cobertura, mantivemos as coisas como estavam antes, assim como nos andares do subsolo. Terminei meu dia com essa ideia insana que me atormentou durante todo o tempo.

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No dia seguinte, eu fui à escola tentando ignorar os risinhos e dedos apontando para mim e o Nilymas, em sua maioria vinda das garotas. Sério, elas não têm nada melhor para fazer?

Querendo me acalmar, fui para um canto afastado do terreno da escola, perto do prédio velho. Atrás do prédio tem um pequeno amontoado de árvores que eram usadas pelos casais da escola. Mas, depois de umas "histórias de fantasmas", – francamente, quem acredita nisso? – a direção achou por bem proibir a entrada na área.

Fiquei no canto do prédio, lendo um mangá qualquer, quando um som de vozes chegou: era um casal. E, como se não bastasse, estava indo onde eu estava.

— Ah! Desculpe. – pediu a garota. Pelo que vi, ela era do primeiro ano como eu. – Não sabia que tinha gente aqui.

— Não tem problema. – eu disse para ela. – Se vocês querem usar esse canto mais afastado, eu saio sem problemas. Aproveitem bem.

Eu estava para quase dobrando a esquina do prédio, quando eu ouvi a provocação do garoto:

— Provavelmente ele estava esperando pelo namoradinho dele. – a voz do idiota era de puro deboche. – Mal sabe ele que tá ganhando um par de chi-

Eu interrompi a frase do idiota no finalzinho com um murro bem no meio do rosto. O nariz dele começou a sangrar fortemente, logo depois dele perder o equilíbrio e cair sentado no chão, aos pés da garota. Eu me aproximei, agarrei-o pelo casaco do uniforme, ergui ele perto do meu rosto e disse, no maior tom de ameaça que eu consegui:

— Escute aqui e escute muito bem. – eu e ele estávamos com o rosto uns poucos centímetros de distância do outro. – Eu não o conheço, eu não sou o namorado dele e da próxima vez que você pensar em dizer que eu tenho algo além de dividir a sala de aula comigo, eu vou transformar o seu rosto em carne moída, entendeu?

Ele balança a cabeça indicando que tinha entendido; meio frenético com receio que fosse bater nele do nada. Veja bem: eu particularmente detesto abordagens violentas. Apenas em duas situações que eu uso da agressão física: em legítima defesa e nas vezes em que perdi a cabeça. Antes foram poucas, mas agora... Esta escola está me fazendo perder a cabeça ainda mais rápido que antes.

Saí daquele canto da escola e fui para a biblioteca, fingir que estava fazendo algo de interessante ou bom.

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Cara... Eu não esperava que Tsukishiro fosse tão violento. Acho que foi como diz o ditado: cutucar a onça com vara curta. Recapitulando do início: quando eu cheguei à escola, fui fazer um pedido estranho para um amigo meu da escola fundamental. Ele teria que seguir o Tsukishiro até onde ele estava. Eu ia seguir ele e ver o que ia acontecer. Para conseguir certa veracidade com a situação – afinal, quando alguém chega dizendo "Ei, novato, eu fui mandado para cá a pedido do seu colega de classe do boato" não fica muito bem – nós também conseguimos chamar uma conhecida dele que era uma boa atriz.

Tudo correu bem até que o meu amigo fez o que eu pedi: provocasse o Tsukishiro. Cara, ele era rápido: num instante ele estava na esquina do prédio e no outro a uns dois passos, no alcance do murro que acertou em cheio o nariz do Fukuoka, derrubando ele. Para finalizar, o Tsukishiro levantou o Fukuoka uns centímetros enquanto ameaçava ele.

Céus, para um humano, ele podia ser bem violento. Esperei ele ir embora para que eu aparecesse (estava bem escondido nas árvores ali perto).

— Desculpe Fukuoka. – eu disse ao meu amigo, ajudando ele a se levantar. – Aqui. Use isso.

Ele limpou o rosto com o pano. Enquanto fazia isso, agradecia à Fujisaki pela atuação e ajuda.

— Vou levar o Fukuoka à enfermaria. – ela disse. – Nesse meio tempo, pense bem antes de provocar ele.

— Vou me lembrar disso bem. – eu respondo, apontando para o meu nariz.

Mais tarde, no final do dia, eu encenei um esbarrão no Tsukishiro, com uma desculpa logo em seguida. Mal sabia ele que eu coloquei um feitiço de leitura nele. Isso ia me ajudar em saber mais sobre ele.

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Residência dos Hyoudou, durante o horário escolar.

Na sala, os pais de Nilymas conversavam sobre o relatado pelo filho, curiosos com o que poderia ser o que incomodava tanto. Querendo cobrir a maior quantidade de teorias possíveis, Rias chama a Akeno, Koneko e Rossweisse com o intuito de conseguir algo.

— Koneko, o que você acha que pode ser o que o Nilymas sentiu? – a pergunta foi direcionada à sua [Torre] por ser versada nas artes sábias.

— Rias... Eu realmente não tenho ideia, já que eu não vi nem senti o ki desse colega do Nilymas. – responde Koneko. – Pode ser literalmente qualquer coisa.

— Não pode ser uma Sacred Gear em especial que chamou a atenção do Nilymas? – perguntou Rossweisse, já levantando uma teoria.

— Explique melhor.

— Bem, Nilymas-sama é um filho direto do Issei-kun e da Rias-sama. – começou a [Torre] de Issei. – Assim, quando ele nasceu, a maior parte dos seus poderes herdados era da sua mãe, à exceção da sua capacidade de sentir presenças de dragões.

— Ah! Entendi! – disse Akeno, surpresa. – Ele poder ter uma linhagem dracônica na família ou tem alguma Sacred Gear que é de origem dracônica.

— Seria mais ou menos isso. – terminou Rossweisse.

Curiosos também que a teoria de Rossweisse se mostrasse verdadeira, Issei e Rias começaram a levantar as diversas hipóteses de como poderia ser possível, até que o martelo foi batido pela própria Rias:

— Pode ser muito cedo para abordar o garoto. – sua voz estava meio séria. – Por conta disso... Akeno, você poderia entrar em contato com ele?

— Sim. Posso entrar em contato com ele facilmente. – respondeu a sua [Rainha]. – O que deseja em específico?

— Quero que peça para monitorar a aura dele, assim como a possível Sacred Gear que ele pode ter. – disse Rias. – É possível?

— Provavelmente. – respondeu Akeno, pegando o seu comunicador. Olhou as horas e disse. – Rias, acho melhor fazer o contato lá embaixo. Está quase na hora do Nilymas-kun voltar.

Um aceno de cabeça e todos ali foram fazer outras coisas, como se nunca tivessem esta conversa antes.

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Era mais um dia infernal na escola, sendo atormentado pelos risinhos e pela boataria do inferno. Sério, se continuar assim, eu vou bater tanto no Nilymas que ele vai chegar em casa mais vermelho que o cabelo dele.

Hoje, para tentar acalmar os meus ânimos, tentei pensar nas aulas do dia: a única que tínhamos hoje lá fora era de educação física. Bem, melhor isso do que nada.

Esperei pacientemente enquanto as aulas demoravam a passar e chegar finalmente na aula de educação física: não sei se era de propósito, mas a aula era dois tempos antes do almoço. Eu ia estar com aquela fome.

No vestiário, eu senti uns olhares estanhos em minha direção. Um dos outros alunos ali, um com cara de espertinho, se aproximou de mim e tentou começar uma conversa:

— Ei, você é o Tsukishiro, certo? – perguntou ele.

— E você seria? – eu respondi.

— Yurui Kentaro. – ele se apresenta. – Sabe, nós vimos você trocar de uniforme e vimos que tem um físico de um atleta.

— Obrigado. – realmente, não tinha como não agradecer ao elogio que ele fez. Mas algo ali não cheirava bem, e eu estava certo.

— Isso com certeza é para o seu namorado, certo? – ele perguntou. – Sabe de quem eu estou falando. Com um corpinho assim, ele com certeza deve ser o passivo na hora da brincadeira.

— Cale a boca e nunca mais se aproxime de mim. – eu respondi a ele, começando a me irritar.

Eu comecei a dar os primeiros passos para sair quando senti um puxão no meu braço: era o mesmo idiota de antes. Ele parecia querer me irritar ainda mais. Eu não estava querendo briga para o meu lado, mas este idiota pediu por isso.

— Solta o meu braço agora, ou você vai se arrepender. – eu dou o ultimato para ele.

— Ai que meda... – ele devolve em mais provocação.

— Não diga que eu não avisei. – eu comento, antes de agir.

Foi tudo muito rápido: enquanto ele tentava segurar mais fortemente o meu braço, eu dei um puxão no braço que me segurava. Isso fez com ele se aproximasse de mim e, com a mão livre, eu batesse bem forte com a palma no queixo dele, o fazendo morder a língua e me soltar.

— Quer mais? – eu pergunto seriamente. – Meu repertório de truques para me livrar de idiotas que nem você ainda não acabou.

De repente, um par de braços me abraçou por trás. Era um armário que, se você olhasse de primeira, não diria que esse cara era do primeiro ano. Eu abaixo a cabeça, fingindo tentar fazer algo. O idiota está apertando, mas não muito. No fim, dois movimentos bastaram: saltar até ficar na altura dele e engatar uma cabeçada bem no meio do rosto dele. O efeito foi instantâneo: ele me larga enquanto coloca as mãos sobre o nariz.

— Mais alguém? – eu pergunto. Ninguém responde. – Ótimo. Sempre soube que os covardes perdem a coragem quando perdem os líderes.

Saí para a aula, seguido de alguns idiotas que pensavam que podiam ser "membros da minha gangue". Por favor, olha o meu nível antes de pensar que eu vou fazer uma merda dessas.

Tirando o tumulto do vestiário, nada demais aconteceu na aula, que transcorreu normalmente. Depois de me trocar, fui para o terraço comer o bento que a baa-chan fez. Ela viu que eu estava meio nervoso, meio deprimido e resolveu fazer o meu favorito: omelete, arroz, camarão frito e tomates. A comida estava ótima. Lembrava e muito a comida da mamãe.

Por sorte, esta memória da minha mãe fez com que o dia parecesse menos irritante. Pude aturar as risadinhas, além de prestar atenção à aula. Eu caminhei até minha casa sentindo algo parecido com alguém encarando minha nuca. Mas devia ser impressão minha: toda a vez que eu me virava eu só via as pessoas que normalmente viviam ali no bairro.

Chegando eu fui direto para o meu quarto, para aproveitar o dia calmo.

Ou era o que eu esperava: pouco depois do jantar, meu celular tocou, mostrando que eu recebi uma mensagem. Era do Nilymas.

Oi Tsukishiro,

Eu comi algo que não me fez bem e estou sem poder ir à escola. Amanhã você poderia fazer um grande favor para mim: levar até a minha casa as suas anotações das aulas? Eu fico devendo um grande, gigantesco favor para você.

Obrigado.

Ótimo. Como que este meu nêmeses sabe o meu número de celular? Francamente... é uma dor de cabeça atrás da outra.

Nilymas,

Espero melhoras. Eu levo as anotações. Só preciso do seu endereço.

Resolvi ajudar, já que ele pediu com educação. Mesmo ele sendo a fonte dos meus problemas na escola, foi um pedido feito com educação. Não consegui dizer não.

No dia seguinte, a turma achou estranha a falta de Nilymas, embora ele tivesse avisado à escola que ele faltaria. Por sua falta, meu dia foi ótimo, sendo que eu evitei muitos problemas só por ele não estar presente. Se os céus fossem bondosos e me dessem isto por mais tempo...

Acabando a aula, saí direto para a casa dele, marcada no mapa que ele mandou: quando eu vi pela primeira vez, quase tive um treco. Ele morava no casarão gigante que dá pra ver da minha casa. A família dele nada na grana!

Querendo passar pelo menos uma imagem de bom moço, eu iria tratar ele bem em sua casa. Cheguei ao lugar, toquei a campainha e a porta se abriu pouco depois.

— Toma logo isso e não reclama- eu ia enfiar com vontade o caderno no meio do nariz dele, quando eu vi que era uma mulher japonesa um pouco mais alta que eu, linda, com um rabo de cavalo longo e vestida num quimono tradicional. – Desculpa. Eu sou Tsukishiro Ichirou. Nilymas Gremory-kun me pediu para que eu ajudasse entregando as anotações das aulas de hoje.

Eu disse, oferecendo o caderno com mais educação.

— Por que não entra? – ela perguntou, educada, para mim. – O Nilymas-kun está na sala, te esperando.

— Com licença. – eu respondi, entrando na casa com um sentimento de arrepio subindo a minha espinha.

A moça me guiou até a sala, onde o Nilymas, junto de muita gente me aguardava: havia um homem adulto ali, japonês, de cabelos castanhos, e uma mulher de traços ocidentais, com cabelo carmesim. Provavelmente eram seus pais. Havia ainda outro garoto do lado dele, com um cabelo muito parecido. Provavelmente um irmão.

Nos outros sofás, uns garotos e umas garotas aparentemente mais novos que eu, desde aqueles que entraram na adolescência até uns que deviam ter a idade do Hajime.

— Oi Tsukishiro. – cumprimentou o Nilymas. Ele falou normalmente, mas eu me senti intimidado com todas aquelas pessoas. – Escolhe um lugar e sente-se.

Eu acabei sentando numa poltrona perto do Nilymas e seus pais.

— Aqui. Minhas anotações. – eu entreguei para ele, meio encabulado.

— Obrigado. – ele realmente parecia doente... o que seria?

Eu ia me despedir, quando a mãe dele me interrompe antes mesmo de começar a levantar.

— Tsukishiro-kun, eu sou Rias Gremory, mãe do Nilymas. – ela se apresenta. – Este é o meu marido e pai do Nilymas, Issei Gremory. E este é o seu irmão mais novo Danisen.

— Prazer em conhecê-los. – eu respondi, calmamente. Era impressão minha ou dois dos garotos estavam se divertindo com a situação? – Nilymas, mais alguma coisa?

— Ei, garoto, não vai querer pelo menos um chá? – perguntou o Issei-ossan.

— Pode ser. – eu respondi.

— Asia, se fizer a gentileza. – ele diz em voz alta. Então, do outro lado da sala saiu um carrinho de chá, com serviço completo, assim como uns biscoitos acompanhando. Quem empurrava era uma mulher baixinha e loira, com rosto angelical, cheio de ternura. Eu olhei em volta e vi que uma das meninas ali era parecida até de mais com ela, mas com os cabelos castanhos dourados.

— Aqui, Tsukishiro-kun. – ela disse, me entregando uma xícara de chá, junto de alguns biscoitos. – Eu me chamo Asia Argento.

— Prazer em conhecê-la. Eu sou Tsukishiro Ichirou. – eu respondo em educação.

Acabou que todos ali beberam chá e comeram os biscoitos. Até que eu acabei, agradeci pelo chá e saí daquela casa. Assustava demais.

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Residência dos Hyoudou, durante a noite.

Eu acabei meus deveres mais cedo que meus irmãos, assim sendo, fui "sorteado" para ajudar com o jantar. Céus como eu odiava fazer isso. Até o final da janta eu estava pensando em como usar o feitiço que eu coloquei no Tsukishiro para fazer dele mais fácil de entender para mim, quando eu ouvi umas palavras dos meus pais, da Akeno-san, da Rossweisse-san e da Koneko-san escaparem da sala.

Parecia que eles tinham uma teoria de como descobrir o que estava no corpo do Tsukishiro. Era uma força conjunta deles com o Grigori. Eu tomava o café com o ouvido metade na cozinha metade na sala. Até ouvir umas palavras que me assustaram: isto me assustou e voei para a sala.

— Como assim vão monitorar o Tsukishiro? – perguntei, meio alarmado.

— O que você disse do seu colega não deixou de parecer estranho para nós. – respondeu a mamãe. – Assim, eu pedi para a Akeno... Espera. Nilymas, por que você está tão curioso assim com o que nós fazemos para o bem daquele garoto?

— Ah, bem, sabe mãe, não é nada demais, apenas curiosidade pela saúde dele e pelo que ele tem... – eu respondi, sem conseguir encarar a minha mãe. Sabe, ela é meio assustadora quando descobre que eu fiz alguma coisa por debaixo dos panos. E infelizmente ela descobriu.

— Nilymas Gremory, o que você fez? – ela perguntou para mim com uma aura de seu poder demoníaco rondando seu corpo.

— Eu não sabia que vocês iam fazer algo, senão eu não teria colocado um feitiço que ajudaria na leitura da aura dele. – eu respondi, tentando me defender.

— Escreva aqui, agora, a fórmula do círculo mágico que você usou. – ela me repreendeu, enquanto eu pegava um lápis e papel e mostrava para ela. – Rossweisse, você acha que consegue arrumar esta besteira dele?

— É um feitiço simples Rias-sama. – respondeu a [Torre] de meu pai. – Acho que posso dar um jeito.

E a valquíria pôs-se a estudar e desmontar o círculo, parte a parte da fórmula.

— E agora, o problema principal: como o fazer vir aqui? – perguntou Akeno-san, como se esperasse por uma resposta minha.

— Posso me passar por doente e ele vem aqui me entregar as anotações do dia. – eu sugeri.

— Certo. Um plano de última hora, mas você pode ajudar em casa enquanto ele não vem como castigo pela besteira que você fez. – disse o papai, que me calou com seu olhar raramente severo. Acho que realmente pisei na bola.

Mandei uma mensagem para o Tsukishiro (consegui o número dele com uns contatos) e ele confirmou que me ajudaria. Acho que se pedir com educação ele ajudaria qualquer um.

O dia seguinte foi infinitamente longo. Longo a ponto de dois minutos parecerem vinte horas! A aula demorava tanto assim para acabar?

Meus irmãos e irmãs voltaram no horário de sempre. Perguntei para eles se o Tsukishiro estava vindo, mas ninguém ali sabia como ele era ou somente algumas garotas da escola vindo até aqui perto.

Passou perto de uma hora até que o Tsukishiro tocasse a campainha. Akeno-san foi atender e parecia que ele ia gritar – provavelmente achando que eu atenderia – quando ele falou mais baixo. Ouvi a porta se fechar e Akeno-san chegar à sala – onde praticamente todos os moradores da casa estavam – e vimos o Tsukishiro meio sem graça. Quando ele viu toda a gente que esperava por ele, o rosto dele ficou um pouco vermelho. Achei engraçado, já que ele não mostrava esse lado envergonhado dele na escola.

— Oi Tsukishiro. – eu cumprimentei normalmente, mas eu vi ele se sentindo intimidado com todas aquelas pessoas. – Escolhe um lugar e sente-se.

Ele acabou sentando numa poltrona perto de mim e dos meus pais.

— Aqui. Minhas anotações. – ele entregou o caderno, meio encabulado.

— Obrigado. – eu respondi, tentando passar a imagem de alguém doente.

Quando ele estava para se levantar e se despedir, a mamãe começa a conversar com ele, como quem não quer nada.

— Tsukishiro-kun, eu sou Rias Gremory, mãe do Nilymas. – ela se apresenta. – Este é o meu marido e pai do Nilymas, Issei Gremory. E este é o seu irmão mais novo Danisen.

— Prazer em conhecê-los. – ele respondeu, calmamente. Parecia que ele estava incomodado com meus meios-irmãos se divertindo no canto. – Nilymas, mais alguma coisa?

— Ei, garoto, não vai querer pelo menos um chá? – perguntou o papai.

— Pode ser. – ele respondeu.

— Asia, se fizer a gentileza. – ele diz em voz alta. Então, do outro lado da sala saiu um carrinho de chá, com serviço completo, assim como uns biscoitos acompanhando. Quem empurrava era a Asia-san, com toda a sua educação. Cara, a percepção dele era irritantemente boa: ele ficou olhando em volta e notou a Maria-chan. Com certeza que ele viu a semelhança entre a Maria-chan e a Asia-san.

— Aqui, Tsukishiro-kun. – ela disse entregando uma xícara de chá para ele, junto de alguns biscoitos. – Eu me chamo Asia Argento.

— Prazer em conhecê-la. Eu sou Tsukishiro Ichirou. – ele respondeu muito educadamente: ninguém conseguia ser grosso ou mal educado com a Asia-san.

Acabou que todos ali beberam chá e comeram os biscoitos. Até que ele acabou, agradeceu pelo chá e voltou para a casa dele. Ele parecia assustado.

Eu tentava ler as expressões dos meus pais e dos seus servos, mas não conseguia entender bem. Já meus irmãos... Danisen, Genji, Peter e Marcos riam como nunca, comentando umas coisas entre um fôlego e outro:

— Vocês viram a cara dele quando ele viu nossa família? – perguntou o Danisen.

— Ah... mas você tem que dar um desconto nii-san. – disse a Leonora, tentando repreender o irmão. – Nossa família não é assim tão normal como você pensa.

— Mas melhor do que isso foi ele encarando a Maria-chan com uma cara de "isso é uma pegadinha"? – Genji, arrancando risadas dos outros ali perto.

Aos poucos, os presentes na sala iam voltando às suas rotinas, sobrando eu, meus pais, Akeno-san, Rossweisse-san e Koneko-san. Alguns de meus irmãos foram saindo por mais que quisessem ficar ali, já que notaram o ar da sala.

— Então Rossweisse, como ficou a situação? – perguntou o papai, tentando parecer despreocupado.

— Issei-kun, eu posso colocar de uma forma bem simples: ele não está mais com o feitiço de leitura de Nilymas-kun. – respondeu a [Torre] do meu pai. – Mas em contrapartida, parece que ele instintivamente rejeitou o circulo mágico que coloquei oculto no arco da porta.

— E por que isso? – perguntou a mamãe.

— Tenho uma teoria, mas acho que é por ele ter vindo até uma casa de um desconhecido e não saber sobre a Himejima-san e a estrutura diferente da família do Nilymas-kun que sua... Guarda ficou levantada. – respondeu a Rossweisse-san. – Amanhã eu vou conseguir colocar de fato o feitiço de rastreio nele.

— Então, nós basicamente assustamos o garoto. – comentou a mamãe. – Acho que não vamos precisar de uma desculpa muito grande para ele vir novamente. Dê a mesma desculpa e peça para ele vir de novo, filho. Vamos ficar somente eu, seu pai, você, a Asia, Akeno e a Rossweisse-san. Talvez com menos gente ele se solte mais.

— Certo. Eu estarei no meu quarto. – eu disse indo direto para o meu quarto.

Chegando ao meu quarto no primeiro andar, uma pessoa me esperava esparramada bem folgada na minha cama: uma nekomata de cabelos e quimono pretos, descalça e sem a faixa que segurava o seu quimono.

— O que deseja no meu quarto Kuroka-san? – eu perguntei, como se não soubesse. E realmente não tinha muito como saber: ela era meio oito ou oitenta quando quer alguma coisa de alguém.

— Eu quero você Nilymas-kun... miau... – ela respondeu meio manhosa. – Desde que o seu pai voltou ele dá menos atenção que antes... Ele quis dar um filho à minha irmãzinha e não para mim... Miaaau... eu queria uma criança do Vali, mas ele não liga para o corpo de uma mulher como o Sekiryuutei... Vai... um filho comigo, sendo a sua primeira vez... eu deixo você fazer o que você quiser...

Numa das muitas conversas da mamãe comigo sobre o pariato do papai, ela comentou que a espécie da Koneko-san e da Kuroka-san entrava no cio nas luas cheias. Essa conversa apitou na minha cabeça e eu corri para a janela: era lua cheia. Que inferno!

Corri para a porta e chamei quem eu poderia confiar nestas horas:

— Koneko-san, é lua cheia! – o aviso saiu meio alto, mas ela apareceu pouco depois, meio nervosa.

— ...Kuroka-nee-sama... Vamos. Deixa o Nilymas-kun estudar... – ela repreendeu a irmã mais velha com seu tom calmo.

Em meio a vários protestos, fui deixado sozinho, com as duas irmãs nekomata discutindo escadas acima.

Fui ler as anotações do Tsukishiro e fiquei surpreso com a rapidez com que ele faz uma cópia reserva e ainda de maneira decente.

Perto das dez horas, eu mandei uma mensagem para ele, pedindo que esperasse em frente de casa que alguém devolveria o caderno para ele e assim ele poderia voltar aqui em casa para entregar as anotações do dia seguinte.

Ele pareceu meio revoltado em fazer isso, então não brinquei muito. Vai que ele resolve bater em mim como na vez que o meu amigo provocou ele por curiosidade minha?

No dia seguinte, depois de ajudar no café, Akeno-san vai até a casa do Nilymas, entregar o caderno a ele. Ela voltou pouco depois, dizendo que ele disse – meio sem graça – que viria perto do mesmo horário.

Acho que ele tem uma paixonite pela Akeno-san. Mas isso não interessa no momento. Fiquei, novamente, no mesmo regime de ontem até esperar a hora marcada e ajudar a Rossweisse-san a reforçar o círculo mágico o máximo possível.

Faltando uns vinte minutos para mesma hora em que ele veio ontem, os meus irmãos e os servos dos meus pais foram para cima, ficando apenas quem a mamãe disse ontem. Os vinte minutos se passam, chega a hora marcada de ontem e agora ele estava já uns vinte minutos mais tarde que ontem.

A campainha tocou pouco antes de meia hora de espera. Akeno-san foi atender. Não ouvi a voz explosiva dele, mas sim uma risadinha da Akeno-san (ela adora fazer isso com os mais novos que a veem pelas primeiras vezes). Ambos chegaram à sala.

— Sente-se Tsukishiro-kun. – disse a mamãe, oferecendo um acento no sofá ao lado dela.

Olha... Eu já vi muitas pessoas ficarem incomodadas de se sentarem perto do papai por causa dele ser o Oppai Dragon, mas a mamãe era outra coisa: por ser uma mulher demônio, ela tinha uma aura de sensualidade que fazia os homens se ajoelhar aos seus pés. Mas o Tsukishiro era outra coisa: ele estava tremendo um pouco, além estar com o rosto muito corado. Quase um tomate.

— Relaxa garoto. – disse o papai, sentindo a vergonha e nervosismo dele. - Minha esposa não vai te comer vivo, não é Rias?

— Sim. – a mamãe respondeu, entrando na brincadeira. – Carne muito nova assim não é do meu agrado.

Ele deu uma risadinha meio nervosa, bem a tempo de ter a conversa cortada pela Asia-san que entrava com o serviço de chá como o de ontem. Ela serviu ao Tsukishiro, que pareceu se acalmar um pouco. Ele também observava para a sala com interesse, vendo a decoração, as fotos e, por mais que fosse um pouquinho estranho, encarasse a Asia-san e a Rossweisse-san, curioso com as duas.

Um pouco depois de terminar a sua xícara de chá, ele pareceu se lembrar do por que da sua visita ali em casa:

— Aqui Nilymas. – ele disse, entregando o caderno. – Você sabe se vai amanhã à aula?

— Muito provavelmente. – eu respondi para ele. – Já estou bem melhor.

— Certo. – foi a única coisa que ele disse, entre os goles da segunda xícara de chá. – Eu vou indo para casa. Se demorar a baa-chan vai me matar.

Ele se despediu e, quando ele foi acompanhado até a porta pela Akeno-san, vimos que a Rossweisse-san levantou o polegar, dando a entender que seu feitiço de rastreio estava nele.

Mais calmo, fui dormir depois dos estudos e com a consciência mais leve.

+ + + + +

Cara, sair da casa do Nilymas poderia ser algo tenso – não tanto quanto ir até a casa dele e ver toda aquela cabeça de gente que parecia me esperar – mas nada se comparava à minha preocupação de ser reconhecido como o cara que saiu da casa do Nilymas Gremory e agora dava mais "veracidade" aos boatos.

Eu estava a uns seis passos de distância da casa dele quando eu ouvi alguns risinhos. Eu me virei, achando que alguma garota estava me encarando, mas não era nada demais. Cheguei na hora para o jantar e a baa-chan perguntou do meu dia. Eu respondi que foi normal, mas demorei por conta da ajuda para um amigo que estava doente.

Depois disso, minha vida terminaria de dar uma volta de cento e oitenta graus... estava apenas nos primeiros noventa graus.

No dia seguinte, quando cheguei à escola, fui direto para a sala de aula. Sentei em meu lugar e peguei uma novel shounen que seria adaptada para um mangá. Estava imerso na minha leitura que não notei o Nilymas chegar. Ele precisou me chamar algumas vezes para conseguir a minha atenção.

— O que foi Nilymas? – eu perguntei, como quem não quer nada.

— Aqui. – ele me estendeu um caderno de anotações. – Obrigado.

— De nada.

A aula começou logo em seguida, me levando a esquecer do mundo: matemática podia ser cruel com quem não prestava atenção o suficiente. Lá pela terceira aula, os celulares de todos os alunos vibraram, fazem algum barulho. O professor reclamou, mas logo deu continuação à aula.

Meio rebelde, eu fui ver a mensagem. Grande erro.

Era uma mensagem que dizia:

URGENTE! BOMBA! EXTRA! CASO YAOI ENTRE NILYMAS GREMORY E TSUKISHIRO ICHIROU CONFIRMADO! ONTEM, NO FINAL DA TARDE, TSUKISHIRO-KUN FOI VISTO SAINDO DA RESIDÊNCIA DE NILYMAS-KUN (FOTOS COMPROVAM)!

E logo abaixo do texto, umas fotos datadas de ontem comigo saindo da casa dele estavam anexadas à mensagem.

O sinal tocou e eu saí de lá, o mais rápido que pude. Eu não ia aguentar ficar naquele zoológico com uma bomba para explodir. Corri para o prédio velho da escola, me escondendo dos outros.

Não tinha nem um mês de aula e a minha vida virou um inferno: alvo de piadinhas e brincadeiras de mau gosto, além de usarem uma foto para me difamar. Eram tanto ódio e raiva que não consegui aguentar e derramei algumas lágrimas.

Infelizmente, a confusão mental das emoções turbulentas que eu sentia me impediu de notar que alguma coisa chegava perto de mim. Apenas que ela era uma criatura humanoide e meio cinza. Ela me agarrou pelo pescoço, apertando a minha garganta, até que eu começasse a ver pontos pretos na minha visão periférica, até começar a chegar ao campo central da minha visão.

— Patético. – disse a criatura. Sua voz era meio rouca e grave. – Era isto que aquele oráculo de araque me disse para cuidar? Um pivete humano?

Eu estava para perder a consciência, quando eu ouvi a voz do Nilymas e uma conversa dele com a criatura. Um estouro, um barulho surdo e seco e silêncio.

Apaguei perdido na inconsciência.

+ + + + +

Quando eu li aquela mensagem somente uma coisa veio à minha mente: Tsukishiro. Eu ia falar com ele quando eu vi e até mesmo senti aquela fúria e a sua expressão facial. Mal tocou o sinal do almoço e ele praticamente voou da sala.

— Ei, Nilymas. – um dos meus amigos me chamou. – O que houve com o cara do seu lado?

Eu apenas mostrei a mensagem.

— Ai... Acho que ele não vai gostar de te ver por perto. – meu amigo comentou.

— Sabe, acho que você tem razão. Vamos almoçar?

E nós dois fomos nos encontrar com nossos amigos e almoçar. Pelo menos eles estavam almoçando: eu estava com uma pulga enorme atrás da orelha e este sumiço repentino do Tsukishiro me incomodava um pouco. Até o fim do intervalo, acabei comendo apenas metade da comida.

— Ei, Nilymas, você está bem? – perguntou um dos garotos na roda.

— Mais ou menos. – eu respondi, mentindo. – Acho que estou meio enjoado. Podem avisar para o professor que eu estou na enfermaria?

E, rapidamente descendo as escadas, eu invoquei meu familiar que rapidamente tomou a minha forma (valeu a pena ter treinado ele para isso) e o mandei ir à enfermaria. Enquanto isso, eu usaria o feitiço da Rossweisse-san para encontrar o Tsukishiro e ver a situação dele. Quando eu descobri a presença dele, senti alguma coisa junto, como uma presença mais densa. Era difícil de ser descrita.

Eu corri como um condenado até o prédio velho da escola: e lá estavam os dois. Tsukishiro, com uma cara de "estou quase morrendo" erguido pela garganta e prensado contra uma árvore, além do atacante dele: uma figura humanoide cinza e grande. Parecia um troglodita feito de fumaça.

Sem pensar duas vezes, lancei rajadas de energia demoníacas (as típicas esferas de energia de mangá e animes shounen) para cima do humanoide. Sequer arranhou ele. Precisei me concentrar e usar o poder da destruição no monstro, com uma carga leve, para não acertar o Tsukishiro.

A coisa o soltou e se virou para mim. Ótimo. Agora era só dar conta dele.

— O Herdeiro dos Gremory. – disse a coisa, numa voz muito esquisita. – Acho que entendo agora...

— Quem é você e o que faz no território de minha família? – eu perguntei, tentando passar a minha imagem de autoridade.

— Ninguém que você precise saber sobre. – a coisa respondeu, vindo rapidamente para cima de mim.

Antes que eu pudesse me preparar decentemente para a defesa, era eu agora quem era erguido pela garganta e prensado contra uma árvore ali perto. O Tsukishiro, pelo menos, estava desacordado e a salvo.

— Morra e entregue esta mensagem à sua família. – a coisa resmungou, enquanto apertava com mais força a minha garganta.

Antes que eu começasse a perder a consciência, meus olhos castanhos começaram a brilhar carmesins e uma aura escarlate começou a rodear o meu corpo, como uma segunda pele. A mão da criatura começou a chiar e levantar uma levíssima fumaça, me soltando.

— Annihilation Skin. – eu disse, anunciando o nome da técnica que eu usei. – Nunca achei que precisaria usar esta técnica tão cedo.

Era um gigantesco de um blefe: não havia nem mesmo dois meses desde que meu tio Milicas me ensinou a Annihilation Skin. Mal conseguia mantê-la por três minutos. Que dirá numa luta.

— O demoniozinho mostra as suas garras. – a criatura zombou, como se meus esforços fossem inúteis. Parecia um vilão típico de um mangá clichê.

Concentrando o [Pode da Destruição] em minhas mãos, eu lanço diversos tiros que atingiram e passaram pelo corpo dele, sem derramar sangue. Ele poderia morrer? Não querendo descobrir da pior maneira, eu troquei a "metralhadora" por um "canhão". A mamãe estava me ensinando uma das técnicas dela: a [Star of Destruction]. Eu ainda não conseguia manter meus poderes concentrados como ela queria, mas conseguia comprimir o [Poder da Destruição] o suficiente para lançar um tiro forte como um canhão.

A criatura viu o que eu pretendia e começou a usar os indicadores de ambas as mãos para, na melhor descrição possível, escrever no ar, usando magia. Eu não tinha nenhuma ideia do que ele pretendia, mas ali era lutar ou correr. E infelizmente, naquela altura do campeonato, era impossível de se correr do combate.

A esfera negra e escarlate estava do tamanho de uma bola inflável de piscina. Era o máximo que eu aguentava. Lancei-a com tudo, tentando não chamar a atenção das outras pessoas no campus da escola.

A criatura terminou de "escrever" no ar bem no momento em que a esfera ia atingi-la, fazendo um barulho surdo e logo em seguida um som de algo rachando aos poucos, como uma chapa de vidro que era lenta e calmamente força cada vez mais.

— Como?! – perguntou a criatura quando viu a sua técnica de defesa mágica ser esmigalhada pela minha esfera de destruição.

Primeiro, o meu golpe deu fim de seu disfarce mostrando logo em seguida quem ele realmente era: um homem franzino, com metade do tamanho que mostrava, além de ser um velhote de voz fina. Praguejando e conjurando mais e mais barreiras, ele era forçado a recuar, até ser pego entre as árvores. Aos poucos, sua voz fina foi morrendo ao passo que seu corpo virava pó. Acho que sou um pouquinho diferente da mamãe: eu tenho interesse em explorar mais este lado do conceito da destruição em si. Quando a esfera começou a consumir aos poucos as árvores em volta, eu me concentrei para dispersá-la e me lembrar do por que eu estava ali.

Olhei para o chão, onde o Tsukishiro estava e ele não parecia nada bem.

— Mãe, eu preciso de ajuda urgente! – eu disse, quando liguei do meu celular diretamente para casa. – O Tsukishiro foi atacado.

Pouco depois, ela, meu pai e as suas respectivas [Rainhas] apareceram.

— O que houve? – perguntou o papai.

— Ele – eu apontei para o monte de pó – estava atacando o Tsukishiro quando eu cheguei. Chamei a atenção dele e acabou que precisei dar fim nele. Mas era um mago. Só não sei o quão poderoso.

Ingvild-san ajoelhou-se ao lado do Tsukishiro e viu a condição dele.

— Ele está bem, embora eu ache que ele precise ficar na enfermaria até a saída da escola. – ela disse, calmamente.

— Quanto a ficar aqui na escola... – eu disse, mostrando a mensagem que recebi. – Isto aqui foi recebido por todos na escola. Acho que no momento, ele quer simplesmente sair deste mundo e se enfiar num buraco qualquer.

— Eu e Akeno lidamos com isso. – disse a mamãe. – Issei, acho melhor deixar a investigação com você e seu grupo.

— Sim, pode deixar. – disse o papai, antes de falar comigo. – Quanto a você filho, acho melhor ir para a aula e esperar para voltar para casa.

Voltei para casa, depois que o sinal tocou, levando o material do Tsukishiro enquanto entregava na porta da casa dele. Sumi logo depois de deixar as coisas dele ali. Seria meio estranho se a avó dele visse algo assim.

+ + + + +

Eu acordei era de madrugada. Além de estar com uma dor de cabeça absurda. Resolvi olhar no relógio para ter uma ideia melhor: era por volta das cinco da manhã. A vovó ia se levantar logo e depois o vovô.

Eu me sentei na cama e, quando calcei meus chinelos, pensei numa coisa que me incomodou um pouco: como eu estava em casa e por que eu estava vestido com uniforme da escola? Bem, melhor que eu tenho um reserva, assim este ia ficar lavando. Mas sério: por que eu estou com sensação de que algo aconteceu comigo e mesmo assim eu não sabia o que era?

Eu só me lembrava de estar numa floresta escura quando uma sombra me atacou e um cavaleiro vestido numa armadura escarlate me salvou. O mais esquisito é que o sonho mudou para outro mais estranho ainda: eu me vi no meio de um campo de fogo e uma voz tentava falar algo para mim, gritando, mas eu não entendi nada.

Resolvi tomar um banho e me preparar decentemente para a aula. Acabei ajudando a vovó no café da manhã quando vi que ela parecia meio preocupada com algo.

— Dormiu bem dorminhoco? – perguntou o vovô, quando eu dei bom dia para ele.

— Como assim? – eu respondi, sem entender nada.

— Você dormiu por dois dias. – ele me respondeu. – Quase que matou a mim e à sua avó de susto. Mas um médico que teve a bondade de vir aqui em casa falou que você estava estressado com algo. Tem algum problema na escola?

— Só com matemática e um pouco de inglês. – eu menti. – Acho que estou me enfurnando demais nos livros de aula.

— Apenas tome cuidado filho. – disse a vovó, com o seu tom bondoso.

Terminado o café, fui calmamente para a escola. Algumas pessoas me olhavam meio estranho, mas eu ignorei. Não seriam os imbecis que alimentavam os boatos do meu suposto namoro proibido com o Nilymas que me fariam ter o dia estragado.

Sentei-me no meu lugar e fui ver algumas coisas nas redes sociais: talvez alguma notícia, uma novidade, um lembrete que deixei passar... Tudo corria calmo até que uma garota veio falar comigo.

— Com licença. – ela chamou minha atenção.

Eu tirei os olhos da tela do celular e a olhei nos olhos: era uma menina nova na sala que era muito, mas muito linda. Era um pouquinho mais baixa que eu, com os cabelos muito pretos, quase como obsidiana, a pele clara e os olhos azuis claros, contrastando com a pele e seus cabelos.

— Bom dia. – eu a cumprimentei já que ela foi educada. – Há algo que eu possa fazer por você...

— Ah! É mesmo. Você não veio ontem. – ela falava um japonês muito bom, quase fluente. – Eu sou Tsukino Minako. Eu fui transferida recentemente porque meus pais se mudaram para cá faz pouco tempo. Algumas pessoas falaram de você e como você ocupa a cadeira vazia de ontem, imaginei que fosse o Tsukishiro-kun.

— Sim. Eu sou Tsukishiro Ichirou. – eu me apresento. – Prazer em conhecê-la Tsukino-san.

— Isso aqui são umas anotações de ontem. – ela me entrega umas folhas grampeadas. – Acho que você vai precisar.

— Muito obrigado pela gentileza. – eu agradeci, guardando as folhas na minha mochila. – Serão de muita ajuda.

Ela devolveu o meu agradecimento com um sorriso, sendo que ela continuou a puxar conversa sobre amenidades e curiosidade sobre a escola, vendo que ontem ela mal viu o terreno.

— Se quiser eu posso mostrar a escola para você uma hora mais livre. – eu me ofereci, vendo que ela estava parecendo meio isolada. – Ainda não tivemos que nos inscrever num clube.

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— Certo. Eu realmente gostaria. – ela disse meio animada. – Poderia ser hoje?

— Pode. Eu tenho um tempo livre depois das aulas da tarde.

— Então nos encontramos na frente da biblioteca? – ela perguntou, sacando o celular e já marcando sem eu nem mesmo confirmar.

— Sim. – eu respondi, o que a fez sair de perto de mim e ficar digitando no celular como uma louca. Parecia que ela tinha entrado numa dimensão própria.

Voltei ao que estava fazendo. Ou pelo menos tentei.

— Vejo que fez algum contato com a aluna nova. – disse um garoto do meu lado: era o Nilymas.

— Ah. É você. – eu comentei, meio que ignorando ele e tentando arranjar alguma concentração para a tela do meu celular.

— Olha, eu não queria chegar mais cedo porque os dois pareciam confortáveis na conversa. – ele parecia querer mostrar para mim que ele era legal. Mas a posição dele com os boatos me irritam muito. Ele nem chega a desmentir! – Ei, não me ignora.

— Ou senão o que? – eu perguntei, encarando ele muito seriamente.

— Nada. Esquece. Finge que eu não existo. – ele respondeu, voltando sua atenção para o professor que recém-chegou e chamou a atenção da turma.

A aula de álgebra estava cruel. Eu senti como se o meu cérebro estivesse virado líquido e escorrido pelos meus ouvidos. E particularmente, eu odiava quando isso acontecia: eram normalmente estas questões safadas de matemática que me complicavam a vida.

A aula foi interrompida com o bater na porta. O professor bate e então um funcionário da escola entrou. Os dois conversaram meio baixo lá na frente e o mesmo funcionário me chamou.

+ + + + +

Cara, que surpresa: quando eu chego à sala, eu vejo que o Tsukishiro está conversando normalmente com uma aluna. Em especial a aluna nova, Tsukino-san. Os dois pareciam velhos conhecidos, mas dava ver que ele ainda não confiava nela e ela estava com um pé atrás quanto a falar com ele. Espero que ela não tenha dado ouvidos aos boatos.

— Ciúmes que seu namorado está falando com uma garota? – perguntou um colega de turma e amigo, Yamamura.

— Não. – eu respondi sinceramente. – Apenas estou surpreso vendo ele conversando normalmente com alguém. Geralmente ele é mais nervoso.

— É, sei... Mas eu acho que é por causa da garota nova não saber sobre os boatos. – Yamamura mostrou seu ponto de vista.

— Olha, vamos pelo menos dar uma colher de chá para ele? – eu pedi. – Foi culpa minha que ele entrou nessa fossa.

— Tá. Mas só porque você pediu. – ele me respondeu.

Tentei uma abordagem mais calma com o Tsukishiro quando a Tsukino-san se afastou, mas ele não daria o braço a torcer: parece que eu estava na sua lista negra. Será que se eu passar umas fotos da Akeno-san e talvez até da Kuroka-san ele se acalma um pouco e fica mais amigável?

A aula começou e num tempo recorde, eu, de todas as pessoas, fiquei mosqueando como um zumbi no meio da aula. Céus! Que vergonha.

De repente alguém bate na porta. O professor deixa o funcionário da escola entrar e então os dois conversam mais um pouco. Eles chamam pelos Tsukishiro e ele e o funcionário saem da sala. Uns minutos depois, ele voltou, meio diferente: parecia muito cabisbaixo.

Eu ia perguntar para ele qual era o problema quando notei que seus olhos estavam inchados. Ele chorou? Num movimento rápido ele guardou seu material e foi para fora da sala, levando tudo.

+ + + + +

O que raios eles queriam falar comigo?

Fui até o corredor com o funcionário e ele me leva até uma parte mais afastada do corredor e fala para mim algo que eu não conseguia conceber em minha mente:

— Tsukishiro-kun, sua avó ligou para a escola. – ele disse, sério, enquanto olhava para mim. A cada segundo eu me desesperava mais e mais. – Seu avô sofreu um infarto. A emergência foi acionada, mas não conseguiram a tempo. Sinto muito, mas ele faleceu. Sua avó pediu que nós liberássemos você das aulas desta semana. Conversei com seu professor e ele entendeu a liberação hoje.

Meu mundo caiu.

A minha família, não muito grande, estava diminuindo cada vez mais. Eu apenas me encolhi, agachado e soluçando enquanto chorava. Fiquei assim por uns bons dez minutos, em silêncio, enquanto o funcionário da escola esperava eu me recompor.

Quando consegui, ele disse para que eu pegasse minhas coisas e fosse para casa.

Rapidamente eu entrei na sala, peguei minhas coisas e voltei, sem prestar a atenção no mundo à minha volta.

Voei até chegar em casa. Quando abri a porta e a vovó me viu, nós dois nos abraçamos e ficamos assim, dando apoio um ao outro, enquanto chorávamos silenciosamente.

+ + + + +

Fiquei sem entender muito bem o que aconteceu. Por precaução, copiei as matérias para ele, afinal eu devia pelo menos isso, já que eu fiz todo aquele teatro com minha "doença".

Voltando para casa, eu acabei passando pela rua da casa do Tsukishiro. Eu estava para entrar quando notei o que estava parado na frente da casa dele: um carro preto, com um homem de terno. Eu olhei para a casa e para o homem. Usei a técnica de detecção ligada ao feitiço de Rossweisse-san e nada de diferente.

— Aqui, garoto. – disse o homem, vendo a minha cara de dúvida, me entregando um cartão de negócios. – Acho que você vai entender melhor.

Era uma funerária. Céus! Alguém tinha morrido na família dele? Não era para menos que ele estava com os olhos inchados.

Com mil dúvidas a respeito, fui de lá para minha casa, onde chamei pelos meus pais.

— Pai, mãe. Vocês estão em casa?! – eu perguntei em voz alta, meio nervoso.

— Nilymas-kun, bem-vindo de volta. – cumprimentou a Akeno-san. – Seus pais estão fora no momento. Devem chegar daqui a uma hora. Aconteceu alguma coisa?

— Alguém morreu na casa do Tsukishiro. – eu disse à Akeno-san. – Ele saiu da sala de aula hoje cedo depois de ser avisado. Acho que foi um dos avós dele.

— Céus. Coitado. – Akeno-san disse, com um tom muito triste na voz. – Espere um momento sim?

E ela saiu para um dos quartos nos andares de cima. Uns quinze minutos depois ela voltou.

— Entrei em contato com seus pais e eles devem chegar em breve.

— Obrigado Akeno-san. – eu agradeci. – E meus irmãos e irmãs, já chegaram?

— De nada. – ela respondeu. – Nenhum deles chegou ainda. Quer um chá para se acalmar?

Eu aceitei o chá, bebendo umas boas xícaras. Meia hora depois, meus pais chegaram meio aflitos.

— Nilymas! – a mamãe já chegou voando para cima de mim num abraço forte.

— Ai mamãe! – eu reclamei, tentando me livrar do abraço dela. – Não morreu ninguém da nossa família, mas sim da família do Tsukishiro.

— Sim eu sei. A Akeno me avisou. – a mamãe se explicou. – Mas mesmo assim você deve estar meio preocupado.

— Eu... eu não sei o que fazer. – eu admiti, sem graça, para a minha mãe. – Eu preciso de ajuda.

— Você sabe como o seu amigo está? – perguntou o papai.

— Não, mas eu sei que ele está muito triste. – eu respondi. – Ele saiu da sala com os olhos inchados.

— Então, eu acho que iremos eu, você, sua mãe, a Akeno e a Ingvild. – disse o papai, meio calmo. Parecia que ele já passou por isso antes. – Vamos prestar as homenagens ao parente falecido do Tsukishiro-kun em nome da Casa Gremory.

— Sim papai.

— Então suba, tome um banho e se arrume. – disse a mamãe. – Issei, chame a sua [Rainha] e Nilymas, pergunte ao seu amigo como ele está. E quando é a solenidade.

Eu saí da sala e fui para o meu quarto. Peguei minha munda de roupa e fui para o banho. Tudo parecia acontecer numa velocidade muito acelerada: num momento eu estou tomando banho, no outro eu saí do banheiro (que era no subsolo) e me arrumava para um enterro enquanto ligava para o Tsukishiro (que por sinal parecia ter vindo do mundo dos mortos) e num piscar de olhos eu, meus pais e suas respectivas [Rainhas] estávamos na residência do Tsukishiro para prestar as homenagens ao avô falecido dele.

A avó do Tsukishiro estava muito triste: perdeu o marido e companheiro de longos anos repentinamente. Era visível que uma ou outra lágrima sempre fugia do controle dela. Já o Tsukishiro estava uma lástima: eu não sei o porquê, mas ele estava com um olhar mortiço, como se fosse uma casca sem alma. Parecia que a dor da perda foi grande o suficiente para arrancar até o último fio de felicidade que existia dentro dele.

Vi o garoto chamado Hajime ali, assim como a família dele, e muitas outras pessoas que conheciam ao avô dele. A mamãe agiu como porta-voz do nosso grupo:

— Tsukishiro-kun, eu, meu marido e o Nilymas viemos aqui para dar nossos votos de condolências pela sua perda, em nome da nossa família. – a mamãe era alguém com uma delicadeza para lidar com estas situações que era incrível. – Se precisar de algo, qualquer coisa, ligue para nós.

Ela entregou um papelzinho dobrado no bolso do paletó dele, que respondeu com um "obrigado" muito baixinho e automático.

Seguimos a solenidade até tarde da noite, quando voltamos para casa.

Eu não me lembro de solenidades assim, visto que meus avós paternos faleceram quando eu era muito novo. Eu quase não tenho memórias deles, ficando mais gravado as fotos minhas com eles.

Seria um longo mês de Abril.