High School Darlisa

Cap.9 – Happy New Year


Elisabeta passou o natal com sua família, mas conseguiu comprar um presente para Darcy. Uma camisa tipicamente brasileira, I Love Campinas. Era uma brincadeira pela sobriedade dele e ela achou que era algo que o faria se lembrar dela. E comprou também um livro de Erico Verissimo, O Tempo e o Vento, com uma dedicatória especial para o livro Um certo capitão Rodrigo, seria interessante ele conhecer as histórias do sul do Brasil depois dela o encantar com livros sobre a Bahia – e porque agora se lembrando da história ela achava que ele daria um lindo Capitão Rodrigo quando fosse mais velho. E ela daria uma linda Bibiana. Um amor que nem a morte conseguia separar.

Darcy passou o natal com seu pai e Charlote, o velho lorde ainda estava aparentemente gripado. A tia Margareth ainda fez uma visita com Briana junto e o lorde as despachou tão logo conseguiu. Ela queria que Briana fosse com eles para a Inglaterra e Archiebald apenas respondeu que caso a sobrinha fosse aprovada em alguma faculdade inglesa poderia pensar em ajudar a financiar seus estudos.

Darcy comprou dois presentes para Elisabeta : algo que ele queria que a lembrasse dele e algo útil. O útil era um livro, Germinal, em francês. No próximo ano a escola introduziria uma nova língua e ele achava que se Elisabeta ficasse fluente na língua em muito ajudaria a aceitação em Cambridge uma vez que as notas dela não era motivo de preocupação. Ela era brilhante e tinha muitas ideias para mudar o mundo e ele achava que o livro fomentaria nela essa vontade de conhecer e lutar por tudo que quisesse. Não era um livro muito higiênico e isso foi calculado por ele, se ela achasse a França suja jamais pensaria em estudar na Sorbonne.

Como segundo presente comprou um pingente para ela. Um globo terrestre para a moça que queria conquistar o mundo. Era azul com ouro branco, algo singelo e bonito e puramente inglês. Ele se lembrava de sua mãe ter algo parecido numa pulseira que ela nunca retirava do braço.

Seu pai então partiu para São Paulo na véspera do ano novo deixando Darcy com Donato , em ordens expressas para levar , ele e os amigos, a casa de Ludmila. E busca-lo no dia seguinte a tarde e entrega-lo no hotel de onde seguiriam para o Aeroporto Internacional.

Darcy tinha a cara amarrada e desejava intensamente ser criança, pois assim faria uma birra, fugiria de casa e não embarcaria no avião de volta pra Inglaterra enquanto Elisabeta não pudesse ir com ele. Mas com quase 18 anos e um peso de uma promessa a uma mãe ele faria o que era certo, embora sentisse que seu coração se despedaçava.

Então Ernesto entrou falando pelos cotovelos dentro do carro e Darcy se perguntou o que Ludmila tinha em mente ao convidá-lo. Era verdade que ele e Ema estavam se dando bem, mas será que tão bem assim ? Eles até seriam um casal compatível, ambos sonhadores sobre diferentes aspectos, o problema seria ver a patricinha andar ao lado de um cara largado e pouco preocupado com a etiqueta, que falava alto e dançava efusivamente. Não deixaria de ser interessante observar.

Já Januário era esperado, Darcy e Elisa já haviam encontrado com ele em alguns momentos no parque principalmente. Elisa achava o máximo a desenvoltura de Ludmila com aquele cara tão diferente da amiga. Darcy, a medida que conheceu melhor Januário, viu o talento para artes que ele possuía e desejou poder fazer algo para que o amigo tivesse uma boa oportunidade na vida, expor seu talento.

As meninas seguiam no carro dos pais de Ludmila que foram busca-las em casa, se apresentando e dizendo que tudo estaria sobre controle. O que eles mesmo duvidavam se as amigas da filha parecessem com a mesma. Ninguém domava Ludmila, mas Ema parecia uma bonequinha de louça e Elisabeta uma menina esperta e descolada. E vendo os pais delas, Aurelio e Felisberto, eles ficaram mais tranquilos.

Os rapazes chegariam depois e os pais de Ludmila estavam bastante empolgados de hospedar um futuro lorde, desejando, quem sabe, que o tal Darcy fosse um namorico da filha, que talvez colocasse um pouco de juízo na cabeça dela e no futuro, imagina, unissem as famílias. No carro Ludmila deu corda a esse devaneio dos pais, se divertindo com as amigas. Ema estava empolgada e embora tivesse contado a Elisabeta que ela e Ernesto estavam se conhecendo, achava loucura Ludmila envolver Januário nisso, o que fez Elisa lembrar a amiga que todos eram humanos, não importava a cor da pele ou classe social.

A casa de Ludmila era algo de cinema, no alto da montanha, tendo a praia como vista principal – uma linda piscina na frente da varanda, área de churrasco e nos fundos da casa um chalé que abrigaria os garotos, logo ao lado de uma quadra de tênis e um pequeno campo de futebol. Tinha espaço para um batalhão de gente e os pais dela tinham programado uma festa com alguns amigos que também possuíam casas na região. Os jovens se programaram para descer para a areia e ver a queima de fogos que todos os anos acontecia na cidade.

Se os pais de Ludmila acharam Januário inapropriado fizeram vista grossa ao imaginar que ele era realmente criado de Darcy, mas a frustração ao perceber que o lordezinho namorava Elisabeta não foi abafada. E a medida que a noite caia, Ludmila despistava os pais e chamava os amigos para começarem a se aprontar para a festa nas areias da praia.

O combinado era saírem a francesa, quando a casa já estivesse cheia o bastante para que os pais de Ludmila não visualizassem os casais e a medida que a noite avançava tudo ficava mais animado. Januário até conseguiu conversar com algumas senhoras ao desenha-las e mostrar sua arte. Ernesto e Ema estavam se estranhando, com briguinhas por ciúme e Elisabeta e Darcy namoravam e ficavam juntinhos curtindo os últimos momentos.

Ela estava pronta e com ele no chalé enquanto Ema não conseguia se decidir que vestido branco usava. Foi então que Darcy deu a cartada final, chamou Ludmila num canto e disse para ela descer com Ema e Ernesto e Januário, ele e Elisa ficariam no chalé. E Ludmila, que adorava uma contravenção, inventou que precisavam ir logo marcar um bom lugar. Pegou Ema pelo braço, bem como Ernesto e Januário e foram em direção a praia. Quando Elisa perguntou por eles Darcy disse que tinham descido, mas que ele não tinha a menor vontade de estar na praia com algumas centenas de pessoas o apertando. E que tinha pego um champanhe e uns convescotes para eles curtirem a noite sozinhos no chalé. Se ela permitisse nem a luz eles acenderiam para não chamar a atenção. Elisabeta então o puxou para dentro do chalé e trancou a porta a sete chaves, antes que alguém os visse. E deixou que ele conduzisse a noite dali para a frente.

Foi um momento mágico. O som da festa da casa de Ludmila rolava, algo eclético, ou música de gente velha, como Elisabeta pensava. No chalé, apenas a luz da lua iluminava o ambiente. Darcy tinha gelado a bebida e colocado os petiscos para eles aproveitarem. Eles estavam no andar superior do chalé com uma cama de casal totalmente liberada para os dois e Darcy tinha camisinha na mala. Ambos sabiam que haviam concordado em não haver sexo entre eles, mas os últimos meses mostrava que isso seria impossível. E hoje era a última chance.

Essa é a nossa noite, Elisabeta. E a beijou sem deixar dúvidas do que queria fazer com ela. O quarto pouco iluminado, uma lua brilhando, apenas queria viver o momento. E permitir ficar tão impregnado dela que nem a distância o faria esquecer do cheiro de Elisabeta Benedito. -Eu quero fazer amor com você. Darcy falou enquanto as roupas eram retiradas entre beijos cada vez mais ardentes. - Por favor, se você não tiver certeza, me pare agora.

Eu tenho certeza. Eu estou com o homem da minha vida e sei que sou muito amada por ele. E diante dessa sua partida eminente tudo é urgente para nós dois. Eu quero ser sua, Darcy. Elisabeta nunca foi uma menina de muitas dúvidas, mas na vida dela nunca nada pareceu tão certo quanto aquele momento ali com Darcy.

E assim duas pessoas se descobriram a luz da lua. Entre beijos, afagos, alguns começos meio indecisos, meio confusos, mas totalmente dispostos e entregues ao momento. Darcy apesar do desconhecimento de seu próprio tempo de prazer procurou ser carinhoso e oferecer prazer a Elisabeta. Ela se sentiu a vontade o suficiente para dizer a ele o que estava gostando, se permitindo viver seus maiores desejos. Sentir Darcy dentro de si foi uma mistura de prazer, desconforto e novidade. Uma grata novidade, uma experiência diferente do que houve na casa de Ema e de lá em diante. Nos meses anteriores eles apenas ensaiavam o que estava acontecendo agora, Darcy respirando pesado, o corpo suado e ela correspondendo a tudo, o incentivando, rodeando-o com suas pernas e todo seu corpo colado ao dele. Ambos sem se preocuparem em absolutamente nada que não fosse o outro até serem invadidos por um prazer ainda maior do que já compartilhavam nos últimos tempos.

Me diga, Darcy, porque adiamos tanto esse momento? Ela novamente era a primeira a falar enquanto o homem ao lado dela recuperava as energias.

Fale por você, eu queria isso a muito tempo. Darcy respondeu puxando ela para seus braços. Ele estava rodeado de Elisabeta, ele nunca havia duvidado que fazer amor fosse bom, mas fazer amor com ela estava numa daquelas lembranças que nunca seriam esquecidas. Ele não sabia que a vida poderia ser tão boa. Cada poro do seu corpo cheirava a ela e por isso cheirou o pescoço dela para se certificar do que diria a seguir. – Você está com meu cheiro, Elisa.

Sim. E ela o cheirou também, sabendo que estava impregnada nele.

Passado o momento de êxtase eles se aconchegaram na cama e apenas ouviram alguns fogos de artifício ao longe e os convidados da casa de Ludmila cantando “adeus ano velho, feliz ano novo”. Sem a menor vontade de levantar da cama ficaram deitados e abraçados vivendo o momento, sem pressa, como deveria ter sido sempre.

Feliz 1991, Feliz 1992, Feliz 1993. Darcy disse para ela quando o ano novo rompeu. Eu espero poder estar com você para te desejar Feliz 1994, mas se não for possível, Feliz 1994, Feliz 1995...... Ele falava enquanto Elisabeta ria e o beijava a cada ano que ele dizia, não resistindo a subir sobre ele e deixar que ele a amasse mais uma vez. E quantas vezes mais eles conseguissem.

Ali naquela penumbra era como se nada pudesse alcança-los e aquele amor fosse o suficiente para suportar tudo. Ninguém falou de partida, de ausência ou de contato. A lembrança do que viveram no último ano e que culminou nesta noite ficaria para sempre gravada na cabeça de cada um deles.

No dia seguinte, na praia com Ludmila e Ema, enquanto Darcy partia com Donato, tendo de levar Januário e Ernesto junto para não desfazer a história, Elisabeta sorria abobada para a praia, lembrando da noite maravilhosa junto com o cara que mudou tudo nela. Havia um brilho no olhar, uma certeza de que aquela história não terminava ali. Era apenas um tempo que eles teriam que ficar separados.

Ela não chorou quando Darcy a abraçou firme e a beijou e entrou no carro sussurrando no ouvido dela que jamais a esqueceria. Ele também tinha olhos brilhantes, mas não derramou uma lagrima. Ela apenas disse que era bom mesmo ele não esquecê-la, que quando eles se vissem novamente seria melhor ainda.

Quando eles partiram e as meninas voltaram para a casa de Ludmila Ema contou que ela e Ernesto estavam namorando, o que deixou Elisabeta genuinamente feliz. Ema sempre foi uma romântica e Ernesto merecia a menina leal e apaixonada que sua amiga era. Ludmila disse que Januário era alguém que ela realmente gostaria de conhecer um pouco mais, no entanto ele se esquivava com medo da grande diferença social deles. E que ela gostaria que ele pelo menos tivesse tirado a virgindade dela, levando Ema a tapar a boca e Elisabeta gargalhar. E ficar vermelha.

Eu não acredito— disse Ludmila quando constatou o óbvio – Você transou antes de mim, Elisabeta. Ela abraçou a amiga, que finalmente deixou as lágrimas correrem.