The first secret.

Megan não conseguiu mais dormir depois do pesadelo, aquelas imagens de Jena matando Lucy não saiam de sua cabeça, tudo era tão confuso e ao mesmo tempo tão claro, não podia ser, Jena não tinha motivos para matar Lucy, tinha? Megan nunca ficou sabendo de algum desentendimento que ambas tiveram antes, pelo o que Megan sabia até já foram amigas, na época em que Jason namorava Lucy... Isso! Na época em que Jason namorava Lucy, agora quem estava com Jason era Megan, e Jena era sua amiga, não era? Talvez ela tivesse matado Lucy para ela parar de incomodar Jason e Megan? Desde que Megan havia chegado Jena se mostrava muito simpática e amigável, e ela já era uma grande amiga de Jason a muito tempo, não é? Não, essa ideia era absurda! Jena não era um psicopata! Megan olhou novamente no relógio, era 6:58 hrs, o sol já estava nascendo lá fora, então Megan resolveu levantar, ela sabia que não conseguiria dormir mesmo, levantou-se e foi para o banheiro lavar o rosto, ficou encarando sua imagem pálida e cheira de olheiras no espelho por alguns minutos e então foi para seu quarto trocar de roupa, vestiu uma calça jeans e um blusão cinza, uma roupa simples, sem vida, era assim que ela se sentia naquela manhã. Quando terminou de pentear o cabelo, Megan desceu até a cozinha e fez um café, sentou-se e olhou para a bebida em sua frente, tão quente, tão amarga, tão sombria assim como a imagem de Lucy na noite anterior, Megan tinha a certeza de que nunca mais tiraria aquela imagem de sua cabeça, era tão cruel...

– Bom dia, como está se sentindo? – Esther interrompeu seus devaneios, fazendo-a levar um susto.

– AH! É você. Acho que estou bem. – Megan tentou forçar um sorriso.

– Não precisa mentir, eu sei que aquilo tudo ainda está te atormentando! Fugir não é a melhor solução nesse caso, você tem que enfrentar seus medos.

– Não podemos enfrentar coisas maiores e mais fortes que nós, é como se eu tentasse lutar com leões famintos por um pedaço de carne.

– Sim, eles são mais fortes, você tem o dever de dribla-los em casos assim.

– O que isso quer dizer?

– O que você faria no caso dos leões famintos? Já ouviu falar na expressão “o feitiço se virou contra o feiticeiro.” ?

– Acho que entendi, vou tentar fazer isso. Agora eu preciso ir, até mais, mãe.

– Aonde você vai?

– Pra escola.

– Megan, as aulas foram suspensas hoje, todo mundo ai está muito abalado...

– Ah, ótimo! Então eu vou dar uma volta pela cidade, preciso de ar, preciso me ocupar com alguma coisa! – Megan bufou.

– Tome cuidado, querida. – Esther falou antes de Megan bater a porta.

Megan caminhou até a escola que naquele dia parecia outro lugar, tão vazio e quieto. Sentou-se na beira da calçada e ficou ali, observando os carros passarem, tentando se distrair com alguma coisa que não a fizesse lembrar de tudo o que havia acontecido, mas era impossível.

– Megan, o que você está fazendo aqui? – Jason a surpreendeu.

– Não sei. – Megan respondeu sem tirar os olhos da rua, então Jason sentou-se ao seu lado.

– Você está bem?

– Não. Está tudo tão confuso, parece que eu estou ouvindo as pessoas gritarem dentro da escola, parece que a qualquer momento a Lucy vai aparecer e me fazer ficar com ciumes. – Megan dá um leve sorriso enquanto uma lágrima escorre de seu olho direito.

– Você sentia ciumes?

– Sim, eu via a maneira como ela olhava pra você, parecia que ela ia te comer com os olhos.

– Eu ainda não pedi desculpas pelo o que ela fez naquela noite, foi muito constrangedor.

– Tudo bem, eu estava bêbada, nem lembro direito.

– Estava?

– Sim.

– Então você só quis porque estava bêbada?

– Não é isso, é que é meio complicado pra mim, porque...

– Você é virgem? – A pergunta de Jason fez Megan arregalar os olhos.

– Não, eu não sou!

– Não precisa mentir pra mim.

– Ok, eu sou virgem, pode dar risada!

– Por que eu eu daria risada disso?

– Porque é patético!

– Não, não é!

– Sou sua primeira namorada virgem?

– Estamos namorando? – A pergunta de Jason fez Megan corar.

– É só maneira de falar, sabe, depois que duas pessoas se beijam.

– Não quero ser só o garoto que você beijou, Megan, eu gosto de você.

– Eu também gosto muito de você, mas tudo está tão complicado.

– Podemos ajudar um ao outro para conseguirmos esquecer isso.

– Acho que é uma boa ideia.

– Então vamos começar saindo daqui, está afim de tomar um café?

– Eu acho que vou aceitar.

Então Megan e Jason foram até o café mais próximo e se sentaram numa mesa mais reservada.

– Então, o que você vai querer? – Jason perguntou a Megan.

– Um capuccino.

– Ok, dois capuccinos, por favor. – Jason pediu ao garçom.

– Você conseguiu dormir ontem? – Megan perguntou.

– Não muito, tive um sonho muito esquisito e depois demorei até conseguir pegar no sono novamente. E você?

– Ah, eu nem dormi nada. – Megan pensou em contar a Jason sobre o sonho que havia tido mas algo dentro dela mandava ela não contar.

– Então quando terminarmos aqui vou te levar pra casa e te colocar pra dormir.

– Mas eu não estou com sono.

– Mas você precisa dormir, desculpe dizer assim mas você está acabada! Com olheiras enormes, parece que não dorme a dias!

– Me sinto como se eu estivesse morta por dentro.

– Eu sei, é difícil, mas você tem que tentar esquecer.

– Você tá parecendo minha mãe agora.

– Mães só mudam de endereço, a minha disse a mesma coisa, roubei o discurso dela. – Então Megan e Jason passaram umas duas horas ali, sentados conversando, quando acabaram Jason levou Megan para casa.

– Tchau, amanhã eu te ligo para saber se você está melhor, ok? – Jason disse se despedindo.

– Tudo bem, tchau. – Megan acenou e foi indo em direção a porta de sua casa, quando se deparou com uma pessoa sentada na escada, Jena!

– Jena, o que você está fazendo aqui?

– Só passei pra ver se está tudo bem com você, sabe, todo mundo está muito abalado.

– Sim, eu estou bem, e você?

– Melhor, mas bem cansada, nem dormi ontem. – As palavras de Jena fizeram Megan imediatamente se lembrar do sonho que havia tido.

– Ahm, que bom, Jena, eu te convidaria para entrar mas eu e minha mãe vamos jantar fora hoje, sabe, coisa de mãe e filha, ok? Te vejo qualquer dia desses, tchau. – Então Megan entrou correndo e trancou a porta, não conseguiria passar mais um segundo olhando para Jena e imaginando que ela poderia ser a assassina de Lucy, aquilo estava martelando na cabeça de Megan, ela precisava contar para alguém, mas quem? Então uma ideia surgiu na cabeça de Megan que saiu correndo para seu quarto, trancou a porta e pegou seu celular, imediatamente discou um número que atendeu logo em seguida.

– Alô, você está ocupada? Eu preciso te contar uma coisa mas você tem que prometer manter segredo! Ok, eu acho que sei quem matou a Lucy!