Prefácio

"Cantando a gente inventa.
Inventa um romance, uma saudade, uma mentira...
Cantando a gente faz história.
Foi gritando que eu aprendi a cantar: sem nenhum pudor, sem pecado. Canto para espantar os demônios, para juntar os amigos.
Para sentir o mundo, para seduzir a vida."

(Cazuza)

19 de abril de 2007,

Eu achava que tinha tudo, mas percebi que não era completa aos treze anos. Sempre tive um melhor amigo e família liberal, mas perdi a minha essência ao me apaixonar pelo único amigo que tive. Descobri que depois dele teria mais casos com o mesmo final que este, ou seja, eu sendo a única machucada da história. E foi ao recordar este instante que as lágrimas vieram.

"Estava na escola, era o momento em que os alunos saiam da sala, os passos corridos e apressados dos meus colegas me faziam perceber que tinha de tomar alguma atitude. Estava pronta para confessar o que crescia em meu peito, pois ia sempre embora com ele. Apoderada pelo coragem eu corri pelo corredor a procura dele, parei ao ouvir vozes vindo da sala ao lado da minha.

— Amor, beije-me. Por favor — começou um homem que estava de preto.

O outro não respondeu, mas com muito esforço dele acabou cedendo.

Avistei duas pessoas se amassando ao entrar pela porta. Tudo estaria "normal" se não fossem do sexo masculino. Ao olhar muito fixamente para o mesmo ponto, percebi que um dos meninos era o meu único e melhor amigo. Desabei ao confirmar meu pensamento e perceber que eles estavam se beijando com volúpia. A dor que senti no momento foi tão grande que fez com eu virasse o rosto para tentar me consolar.

Andei pela rua aos prantos, mas escondia meu rosto para que as pessoas não pudessem ver as lágrimas que caiam sem parar. Não procurei por ele depois do acontecimento, mas dias depois voltamos a nos reconciliar. Ele nunca soube o porquê de meu desespero, mas para mim aquela cena nunca será esquecida."

Se eu pudesse voltar ao passado, preferir-me-ia que nem cogitasse em me apaixonar pelo homem que fez com que minha vida se tornasse algo sem sentindo.