— Todos merecem uma segunda chance, Khallium! As coisas não devem funcionar assim. — Grita Thundershock tentando dialogar. Ganhando tempo e torcendo para evitar uma grande batalha. — Nós nos reduzimos a animais irracionais quando tomamos decisões como essa!

— Você fala de segunda chance... — Ele responde com sua voz ainda alterada, está claramente corrompido. — Então me diga, a sua amiga teve uma segunda chance, garoto?

Noah arregala os olhos instantaneamente sem saber como reagir. Khallium teria pesquisado sobre Thundershock, provavelmente depois que Aryana fugiu com ele.

A morte de sua amiga foi o ponto muito delicado na vida de Noah. Ele ainda não tinha se recuperado por completo. Ela foi vítima de uma fatalidade ocorrida durante uma batalha contra um dos inimigos de Thundershock.

O som da hélice do helicóptero dos Patriotas se espalha por todo céu. Teriam decolado alguns minutos depois da saída de Wander, em estado de emergência.

O que estaria prestes a acontecer não uma simples batalha, é algo que pode acabar desencadeado todo um sistema de leis, causando até guerras entre movimentos esquerdistas e direitistas. E o presidente dos Estados Unidos está ciente disso, já entrou em contato com uma força superior que é capaz do colocar controle na situação, uma força superior chamada Superman.

Os Patriotas restantes saltam do helicóptero acima do shopping. Um suporte de wingsuit é dado a todos eles para que consigam aterrissar perfeitamente.

Firefall, Viper, Exohand e Dubstep chegam ao chão, acabaram de chegar e já se encontram com Wander e Thundershock. Estão todos juntos agora, a formação completa dos patriotas contra todo o time do Khallium. Apenas a alguns metros de distância.

— Precisam de uma mão? — Dubstep pergunta para Wander e Thundershock enquanto sorri.

Do outro lado do shopping, naquele mesmo corredor gigantesco e bem espaçoso do qual algumas pessoas ainda atravessam tentando filmar tudo, o time do Khallium se prepara para algo.

— Viper... Achei que estivesse do meu lado... — Khallium fala em voz alta silenciando a todos.

— Você está corrompido, precisa aceitar isso. Estou do seu lado, tentando te ajudar a ver isso... — Ela responde sem perder a postura ou baixar a guarda.

O vigilante torna a pensar novamente no que a coloração vermelha de seus olhos e o sentimento constante de raiva significam. Aquela voz baixa em sua cabeça volta a ecoar, a mesma que diz que algo não está certo. Mas ele torna a ignora-la.

— Errado! — Khallium grita. — Você não está do meu lado, mas ele está! — Agora aponta para um canto vazio ao seu lado.

Quase que instantaneamente, o lugar do qual Khallium apontou agora abre um tipo de fenda negra com uma fumaça saindo do chão. Parece muito algum tipo de portal, e dele sai Magol, que rapidamente deixa Thundershock desconfortável. Seu traje todo preto, parecendo um sobretudo com alguns detalhes místicos ainda o assusta. Olhos brancos e sem vida, um homem bem sério que não tem medo de mostrar seu rosto. Diferente do antigo Patriota.

Trazer Magol para o lado dele causaria uma resposta de imediato para todo o time de Exohand, tornando a situação mais pessoal ainda, o que daria para ele uma certa vantagem.

— Magol? — É Exohand quem pergunta, incerto do que fizeram com ele. Faziam alguns anos que eles não se viam. Relembra agora como tudo terminou tragicamente para o feiticeiro Magol, com a morte de sua amada.

O feiticeiro olha para baixo, ignorando o chamado, o silêncio é maior, deixando a situação mais tensa ainda. Ninguém se intromete no assunto entre eles. Magol parece estar mudando, ao olhar para baixo sua franja cobre seus olhos, não dando para ver o quão irritado ele está. E aos poucos ele vai demonstrando isso. Sua respiração vai ficando mais forte, o que começa a preocupar todos os Patriotas. Todo o ódio vai sendo alimentado pelas lembranças, até que em um momento ela dá um belo susto em todos eles.

— Setavanush! — Magol grita com sua voz duplicada, parece ter outras cordas vocais, aponta a palma de sua mão para Exohand.

O mesmo é arremessado para longe, dando algumas cambalhotas no ar até tombar no chão por uma força misteriosa e invisível.

— Saúde... — Thundershock sussurra.

— Perde a vida, mas não perde a piada... — Wander cochicha no ouvido do herói.

— Antes rir do que chorar, não é mesmo? — Ele responde dando uns tapas leves no ombro de Wander.

— Já chega! — Polowsky grita tomando iniciativa e partindo para cima de todo o grupo.

Firefall saca sua espada a colocando na frente de seu rosto, se defendendo e pronto para receber algum ataque. Enquanto Viper puxa uma pistola de seu coldre.

— Gente, cês tão ligados que ele vai fazer um strike aqui né? — Dubstep fala forçando um sorriso, mas bem preocupado.

— Cala a boca e pensa em alguma coisa... — Firefall sussurra cerrando os dentes com seu coração a mil ao ver aquele homem com uma força absurda chegando em sua direção.

Viper dispara alguns tiros contra a barriga de Polowsky, mas as balas não fazem efeito algum, muito pelo contrário. Elas apenas se desfazem e caem no chão como bolas de papel. O degenerador é realmente muito forte.

— Não tá funcionando... — Viper avisa um pouco tensa enquanto continua a disparar os tiros com duas pistolas nas mãos.

— Percebemos... — Wander responde.

— Deixa eu tentar uma coisa. — Dubstep se coloca na frente do grupo fazendo um sinal com sua mão direita que lembra muita uma pistola. O movimento do gatilho é feito, e uma reação em cadeia faz com que um som incrivelmente alto seja emitido. As ondas sonoras são muito altas e claramente lembram alguma música eletrônica. Tão forte que por imediato derruba Polowsky, junto com alguns jarros de flores que servem de decoração ali por perto.

— Ok, ok, o que acabou de acontecer aqui? E isso não é fisicamente impossível? — Thundershock questiona intrigado com a cena.

— Eu só manipulei as ondas sonoras na direção dele. Cara tu vive num mundo aonde um existe um gorila com poderes psíquicos, questiona isso...

Khallium analisa tudo o que acabou de acontecer. Seu ódio vai crescendo tanto que ele nem chega a pensar em alguma estratégia. Polowsky já se recuperou e está de pé novamente, igual a Exohand que passa a mão em seu traje tirando a poeira.

— Ataquem! — Khallium grita.

Uma ordem um tanto quanto estranha, mas nenhum deles chega a questionar. Repórteres de todos os cantos cobrem todas as notícias. Alguns helicópteros conseguem ter uma boa visão da batalha. Enquanto outras pessoas escondidas insistem em gravar tudo.

Polowsky corre para cima de Wander, que reagi rapidamente o puxando com uma força quase igual a dele. O arremessa para fora do shopping. E sem perder tempo dispara voando para pega-lo no ar e chuta-lo enquanto ainda não se recupera.

Viper recarrega suas pistolas ao ver que War Tiger está vindo em alta velocidade num quadriculo, veículo do qual ela já tinha ouvido falar e muito por ele. Algo que ele sempre leva em grandes batalhas. Mira nos pneus pronta para atirar quando vê que Firefall colocou sua espada na frente dela, como se estivesse defendendo ela de algo.

É aí que um som de tiro vem de um dos cantos do shopping. A bala atinge a espada, mas não era esse o destino, a mesma se despedaça completamente. Firefall teria avistado Death Shooter a algum tempo e agora o encara diretamente.

— Filho da mãe... — Ele sussurra ao ver que errou o tiro.

Thundershock é recebido com uma sequência de socos bem impactantes por Magol, seguida de alguns chutes e um lançamento de magia. Uma bola de energia de cor púrpura que atinge o tronco do herói. Mas não chega a causar arranhão algum em sua armadura. O que deixa o feiticeiro surpreso tirando sua concentração por um tempo.

— Gostou? Ela é muito boa, não é?

Não perde tempo e dá um belo soco na testa do feiticeiro, o deixando tempo por alguns segundos. O suficiente para ele puxa-lo para fora do prédio enquanto voa.

War Tiger pula de seu quadriculo dando uma cambalhota no ar e tentando um chute em Viper. Mas ela desvia rapidamente puxando ele pelo seu pé e o jogando contra o chão. O mesmo tenta uma rasteira agora, mas ela consegue dar um pulo para escapar. Rapidamente se coloca de pé começando agora uma luta contra Viper e Firefall ao mesmo tempo.

Ele consegue desviar dos golpes dos dois com muita facilidade. Viper tenta alguns chutes, já Firefall puxa sua espada ateando fogo na mesma, pronto para apunhala-la em Tiger. Mas ele consegue ser mais rápido, combatendo espada com espada. Uma lâmina muito bela e poderosa com um poder devastador.

Death Shooter está se preparando para dar outro tiro, é quando seu braço é atingido por uma bala de Exohand. O braço do qual ele tinha maior precisão. Uma dor agoniante, seu sangue começa a se espalhar pelo traje, e ele tenta agir como se aquilo não estivesse doendo.

É então que Kyako saca sua flauta, tocando uma canção muito linda, mas que joga todo o vento contra o herói, seguida de alguns estilhaços de vidro. Por pouco ele consegue escapar.

— Wander eu vou precisar de ajuda aqui em baixo! — Exohand fala com dificuldade em seu comunicador.

— Tô bem ocupado agora. — Responde desviando dos ataques de Polowsky que quebra o ar com sua força.

Wander está agarrando Polowsky no ar enquanto ele tenta escapar dando alguns socos no herói. Já mais a baixo, Thundershock desvia de algumas magias de Magol.

Khallium está ao lado de Death Shooter observando todas as lutas mais próximas.

— Você foi bem, mas se continuar tentando lutar agora com seu braço machucado, vai acabar se matando. Busque um abrigo e fuja daqui. — Khallium fala num tom baixo e calmo.

— Tem certeza disso?

— Sim, leve seu equipamento também. Eu vou cuidar do Exohand.

Shooter acena com a cabeça saindo do campo de batalha escondido com muita dificuldade. Enquanto isso, Exohand tenta lutar contra Kyako, mas é um verdadeiro massacre. Ele mais foge dos ataques dela do que tenta algo. A garota por mais que tenha a idade de Wander, é bem experiente e muito poderosa.

— Kyako chega, eu mato ele. — Khallium fala dando uns tapas no ombro da garota que franze os olhos.

— Matar? — Ela repete.

Exohand nota a discussão atrás de um pilar enquanto recarrega suas armas.

— Ele precisa morrer para prosseguirmos com a revolução. — Diz calmo.

— Eu concordei em punir os bandidos, se necessário com a morte, nunca como primeira opção. Não concordei em matar qualquer um que se oponha a minha opinião por eu achar que estou certa. Isso é egoísmo. — Ela debate. — Não queria matar o Exohand, queria apenas machuca-lo gravemente, porque eu achava que ele era o bandido em toda essa história! — Fala sem perder seu tom fofo na voz.

Khallium respira fundo, parecendo um pouco irritado, tenta se controlar, mas isso é um pouco difícil no seu estado atual.

— Está me questionando? — Ele pergunta.

A essa altura do campeonato, Exohand já teria notado a pequena discussão entre os dois, e que pelo menos alguém no time adversário tem a cabeça no lugar.

— Estou te mostrando fatos! Você está se tornando o que você mais temia! Um renegado! Um corrompido! — Ela grita perdendo um pouco o controle.

Para o herói escondido, ela poderia ser útil se mudasse de lado, e está praticamente lá. Com um passo no lugar certo, enxergando que está lutando pela causa errada.

— Chega! — Khallium grita apunhalando a garota com uma adaga em sua barriga num alto momento de ódio.

Um ataque surpresa, que deixou todos chocados, não apenas os Patriotas que viram aquilo, ou a mídia que filmou tudo, mas também o próprio War Tiger que até parou de lutar por um tempo, ou Khallium que viu que se descontrolou demais.

A garota com os olhos arregalados passa a mão sobre sua barriga notando o sangue em seus dedos. Seu coração está batendo muito rápido com toda a adrenalina, mas ela aos poucos vai perdendo as forças, caindo no chão, enquanto Khallium olha arrependido para ela.

— Não! — Grita Exohand saindo de trás do pilar muito irritado.

A garota está no chão quase sem forças. O sangue esparramado teria sido em vão, resultado de um movimento feito por ódio. Khallium de olhos esbugalhados fica paralisado ao ver o erro que cometeu.

Exohand corre para socorrer a garota junto com Dubstep que mal sabe como reagir. Não teriam se preocupado em ter que lutar com qualquer um agora. A maior preocupação é a garota.

Exohand se ajoelha para socorre-la, colocando a mão sobre o sangramento. Andrew apenas olha tudo com sua respiração muito forte. Khallium que está ao lado de Bryan não o ataca, ainda paralisado com seu erro. Kyako tenta falar alguma coisa, mas ainda tem bastante dificuldade.

— Fator de cura... — Ela sussurra. — Hospital...

Bryan pensa rápido. Ele sabe que as rajadas de som de Andrew podem fazê-lo voar. É o mais apto a tira-la de lá agora.

— Leva ela para a base! — Bryan grita, não parece mais ter aquela posição de Exohand, o líder, mas sim, Bryan, o humano.

— Não acha melhor um hospital? — Andrew questiona calmamente ainda chocado.

— Agora! — Grita novamente.

O garoto sem pensar duas vezes pega Kyako pelos braços tomando bastante cuidado com o ferimento grave. Está sobre muita pressão, sabe que ele é sua única chance. Se prepara para sair dali, quando finalmente decola, deixando para trás um estrondoso som muito alto que deixa não só Bryan, mas Thomaz também, com uma dor de cabeça passageira muito grande.

Exohand aproveita essa distração, a guarda baixa de Khallium e toda a raiva acumulada para partir para cima do vigilante. Já Thomaz, sabe que vai ser atingido por um soco muito forte, bem elevado graças ao traje tecnológico de Bryan.

▲▲▲

Arthur foi o único que ficou na base de controle dos Patriotas. Sabe que não é capaz de enfrentar qualquer um naquela batalha, por isso dá um suporte técnico para Alben e Sury.

— Você pode ajuda-los... — Uma voz em sua cabeça ecoa.

É a mesma voz do lago, aquela voz masculina misteriosa.

— Como? Eu não sei lutar! — Arthur responde exclamando.

Sury e Alben franzem a testa ao notarem o garoto falando sozinho, pelo menos para eles, Arthur parece estar falando sozinho.

— Sim, você sabe, está no seu sangue, só precisa saber disso... — A voz responde e some novamente deixando o garoto curioso.

Lá no fundo, de alguma maneira, ele sabe que pode confiar na voz. Sabe que é seguro e se sente mais confortável com ela, mesmo sem nada ter explicação.

— Tá tudo bem? — Alben pergunta se aproximando lentamente.

— Eu vou lutar. — Responde decidido. — Vou ajudar eles.

— Tem certeza disso? — Sury olha para o garoto de um jeito diferente.

— Sim, eu só vou precisar de um...

— Traje? Eu projetei um especialmente pra você. Lembra bastante o do Flash, mas é branco com prata, sem o raio no peito, e a máscara bizarra é substituída por uma que cobre apenas os seus olhos. — Sury diz se empolgando junto com Arthur.

— Então vamos busca-lo! — Responde rapidamente.

— Só se for agora!

Os dois deixam a sala. Alben é o único que ficou, e não entendeu nada do que acabou de acontecer.

— Adolescentes... — Ele sussurra.