Charlie desmaia na soleira da porta de Frannie, a loira olha aquele pequeno corpo cair no chão tão debilmente.

Demora alguns segundos para a loira processar oque esta acontecendo.

Frannie parece acordar e corre para levantar a pequena criança no chão.

Ela, nervosamente, pega a criança em seu colo e a leva para sua sala.

– Meu Deus meu Deus meu Deus. – A loira fala andando de um lado para o outro na frente do sofá onde o pequeno corpo de Charlie esta jogado. – Atende, que droga. – Frannie resmunga com o celular na orelha. – Alô? Will? Ela esta aqui.

No mesmo momento a campainha da porta e tocada e Frannie desliga o celular para se dirigir a mesma.

– O professor Xavier tinha razão. Só não achei que seria tão cedo. – Frannie fala e abre caminho para um homem alto de cabelos baixo levemente cacheados entrar e sua casa.

– Ouve uma interrupção. – O homem vai até Charlie e coloca a costa da mão em sua testa, logo depois em seu pescoço e em seu pulso. – Ela morreu lá, mas agora esta aqui.

– Morreu? Como assim? – O rosto de Frannie se contorce em uma expressão de puro pavor. – Não é possível. Eu não fiquei toda a vida dela longe para isso acontecer. Isso não era pra acontecer.

– Parece que as coisas não estão saindo como o “escrito”.

– Como assim Will?

– Ela, na verdade é ELE. – Will fala.

– Mas... Era para ser uma menina. – Frannie fala perplexa. Não esperava por essa.

– Frannie pense bem... – Will fala indo até o outro sofá e sentando no mesmo. – Esta escrito que, ela vai ser mal compreendida, pois vai ter algo de diferente de todos, algo que não é seu don. Vai ser julgada e sofrer por isso. Mas apesar de tudo não vai ceder e vai resisti a tudo. É o destino dela. E você sabe que o destino pode “pregar peças” e fazer algo diferente do “escrito”.

– Sim sim, mas...

– Frannie, Lembra oque você e Charles vinham conversando? Do que no alojamento todos vínhamos e tudando e conversando sobre?

Sim, vínhamos conversando sobre transtorno de identidade de gênero. Isso nos últimos seis meses, e eu nunca entendi o exatamente porque falar desse assunto se... Oh. – Frannie parece juntar todas as peças. – É uma garota, não é?

– Sim, ele é uma garota. – Will afirma cruzando as pernas.

– Ah tanta coisa que eu não sei. Tanta coisa que você e o professor Xavier me escondem. Vocês já sabiam, não?! Vocês já vinham a observando desde sempre, não é?!

– Frannie, por favor...

– Porque me escondem tanta coisa? Hein? Não faço parte disso como você? Aliás, como todos os outros do alojamento? – Frannie fala indignada. – Eu passei a vida toda dela longe, tudo por algo que nem sei o porque exatamente e vocês fazem questão de não me explicar direito.

– Sem surtos agora Fabray. Ela esta aqui, não esta? E você sabia que ela vinha, nós avisamos.

– Avisaram dois dias antes. Charles já sabia que isso ia acontecer há muito tempo. – Frannie fala se apoiando no braço do sofá, e pondo a mão na testa.

– Melhor eu ir. – Will fala se dirigindo a porta.

– Oque eu faço agora? – Frannie volta há sala.

– Siga o combinado. Você saiu de casa para viver longe de Russel pois não se davam bem e tudo mais. Isso que ela precisa saber.Só isso! – Will fala abrindo a porta.

– Mas, há algo de diferente Schuester. Como devo lhe da com o transtorno de identidade de gênero delx?

– Hm... – Will pensa. Isso não estava escrito e não sabia muito bem oque Frannie devia fazer quanto a isso. – Não pensei nisso com o Charles. Ele depois vem por aqui para falar disso com você.

Assim que Will sai pela porta. Frannie corre para frente do corpo sonolento de Charlie e se ajoelha. Passa a mão pela testa do pequeno e percebe que ele agora dorme tranquilamente. Antes parecia que elx estava sentindo dor, seu senho franzido preocupava Frannie.

– Você é tão parecida com a Judy... – Frannie fala acariciando as bochechas de Charlie. – As vezes eu me arrependo muito de ter te deixado sozinha lá. – Sua voz fica embargada. – Só que...acho que foi melhor. Isso tudo deve ter sido preciso...

– Sim, foi preciso minha criança. – Frannie ouve a voz de Charles atrás de si. Se fosse há alguns anos atrás ela se assustaria. Mas já se acostumou com o professor Xavier aparecendo em sua mente assim do nada.

– Na verdade não sei se foi realmente preciso. Vocês não me explicam o porque direito. – Frannie fala se levantando e secando as lagrimas. – Mas bom, eu ficar reclamando não vai resolver nada. Então vamos direto ao ponto. – Frannie fala com desdém e Charles Xavier respira fundo.

– Transtorno de identidade de gênero. Ela ficará com medo de você a rejeite e a maltrate como seus pais faziam. Mentes não evoluídas. Ela vai mentir sobre isso, sobre oque ela realmente é. Sei oque você esta pensando. E sim, eu fiquei a observando desde sempre. Só que, não poderia interferir em nada. Nem na ignorância dos Fabrays. Por isso observava de longe – Charles fala. – Ela precisará de tempo para entender melhor oque há com ela. Você não pode interferir nesse processo de descoberta e aceitação. Seja paciente e não a incite em nada. Em um caso de uma pessoa normal, seria aconselhável ir até elx e conversar sobre, mostrar que a aceita e a motivar a ser elx mesmx, mas como não estamos falando de uma pessoa comum, e elx tem um destino traçado já, você não deve interromper. Deixe elx ter o seu tempo até ir até você se abrir. Elx precisa disso.

Frannie nada disse. Só observava Charlie dormindo. Charles some de sua mente, e a loira se levanta para tirar a roupa rasgada de Charlie e o veste com roupas limpas, que comprou assim que soube que elx apareceria em sua casa.

Depois de fazer isso, Frannie carrega Charlie até seu quarto. Em sua casa havia dois quartos, mas preferiu levar a criança para o seu, que era mais confortável para uma primeira noite que Charlie dormiria lá.

De manhã.

Frannie não conseguira dormi. Ficou toda a madrugada a observar o sono de Charlie. Estava preocupada com a criança. Há todo momento ela ia ver se Charlie estava respirando. Saber que a criança tinha morrido a assombrava e a deixava insegura sobre a integridade corporal de Charlie.

Charlie dormia tranquilamente. Elx jamais dormirá tão á vontade como naquela noite.

O pequeno acorda tranquilamente, se espreguiçando e bocejando.

Frannie estava ao lado da porta entreaberta. Com os braços cruzados e a apreensão impregnada no rosto.

Charlie esfregou os olhos e bocejou mais uma vez. A preguiça x dominava.

O pequeno olha ao redor e enruga o cenho em expressão de interrogação. Onde elx estava?

Olhou Frannie ao lado da porta e se assustou, correu para o outro lado da cama de joelhos e com mãos o ajudando.

– Não, não. Não se assuste. – Frannie pediu indo até o começo da cama. – Não se assuste.

– Q-quem é você? – Charlie pergunta se encolhendo na cabeceira da cama. – Onde eu estou? Quem colocou essa roupa em mim? – O pequeno estava com um conjunto de dormi. Uma calça longa azul cheia de ursinhos, e uma blusa manga longa também azul e também cheia de ursinhos.

– Calma, calma. – Frannie pede para a criança se acalmar. Ela não sabia muito bem oque devia fazer agora. – Eu coloquei essa roupa em você. É que você chegou quase que sem roupa. Achei mais apropriado.

– Quase sem roupa? – Charlie pergunta. Logo a noite anterior vem há sua mente como uma pancada. As lembranças do suicídio. Da agressão de seu pai. Do carro preto e o estupro. Do vento batendo em seu cabelo e a queda. Logo depois o chão parecendo ceder ao se pequeno peso. E... Frannie. – Frannie... – Charlie fala levantando os olhos para encarar a loira a sua frente.

– Como você sabe meu... digo, de onde você é? – Frannie pergunta chegando perto da cama. Teria que fazer mesmo oque lhe foi recomendado.

– So-sou de Lima. Ohio. – Charlie fala com lágrimas chegando ao seus olhos.

– Qual seu nome?

Charlie queria muito dizer “Meu nome é Quinn”. Mas não podia, não queria ser rejeitado ou chamado de aberração de novo. Isso quebrou o coraçãozinho da criança. Ter que mentir sobre quem elx era o entristecia.

– Me-meu nome é Charlie Fabray. – O pequeno fala abraçando as próprias pernas curvadas.

– Fabray? – Frannie pergunta em expressão de duvida e apreensão.

– Sim.

– Oh. – Sua boca forma um leve “o”, enfatizando uma surpresa fingida. – Como chegou aqui? Porque chegou daquele jeito?

– E-eu... vim pegando caronas pelo caminho até chegar aqui. Cheguei daquele jeito por-porque me assaltaram e tentaram me bater. – X pequenx não sabia mentir, não era acostumadx a isso. Mas precisou. Não podia contar o jeito que elx chegou ali. Realmente era forte o medo de ser rejeitadx. E também porque nem elx sabia ao certo como tinha chegado. Ele precisaria procurar entender mais tarde.

Elx já estava com medo dela o achar uma aberração. Não queria que pensasse que tinha problemas mentais também.

– Hmm – Frannie fala meio decepcionada. Ia ter que ir fundo nisso mesmo. – Porque veio até aqui?

– Porque... eu queria conhecer você. Mamãe nem papai nunca me falaram de você. Porque disso? – Charlie muda de assunto.

– É, bom, eu e Russel sempre fomos cabeças duras. Eu tenho minhas opiniões e conceitos e ele tem os dele. Só que, ao contrário de mim, ele não respeita quem é diferente. Então acabamos batendo de frente. Com isso eu resolvi fazer minha própria vida longe dele e de toda sua ignorância. Judy nada fez, ela é um capacho dele mesmo... Eh, desculpa. Eu não deveria estar falando isso para você Charlie.

– Tudo bem. Eu sei muito bem como ele é. Pelo que você fala. – O olhar de Charlie se entristece e o coração de Frannie se parte no meio. Não queria que fosse necessário que ele tivesse passado por tudo oque passou.

– Você tem que voltar Charlie. – Frannie fala friamente. Queria saber a reação da criança com a possibilidade de voltar para casa.

– Não não. Por favor não. – O rosto do pequeno se contorce em expressão de puro pavor. – Não me mande de volta. Não quero ser mais espancado. – Charlie fala se agarrando a Frannie e chorando apavorado. – Por favor, não aguento mais morrer.

Ao ouvir isso, o coração de Frannie se quebra, realmente, em pedaçinhos. Não estava preparada para ouvir isso da boca de sxx irmx pequenx. Não isso.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.