14 de Fevereiro de 2017, Walrus City, Narkóvia. 11:35

Martha e Sarah estavam escondidas no sótão da própria casa fazia horas, apesar do medo, Martha notou o silêncio, fazia duas horas que nada era ouvido lá embaixo, antes, se ouvia vozes de homens, alguns tiros e o som de engatilhado de armas, mas agora era só silêncio. Martha abriu a portinhola, apontando o revólver, não havia ninguém ali, Martha desceu ao banheiro e mandou Sarah fechar a portinhola, e só abrir até que sua mãe mandasse, Sarah obedeceu, embora estivesse com medo e preocupada. Martha caminhava silenciosamente pelo corredor, empunhando seu revólver, desceu as escadas e viu que não havia mais ninguém ali, mas a casa tinha sido totalmente bagunçada, sua televisão estava no chão, com a tela destruída, as portas e janelas, que antes estavam tranquadas, estavam arrombadas, e havia sangue no chão, como se alguém ferido tivesse sido puxado por alguém.

Sabendo que Sarah ficaria assustada com o sangue, Martha estendeu o tapete da sala sobre a mancha, ocultando-a. Martha saiu para o quintal na frente de sua casa e viu carros em chamas, todos os vizinhos tinham desaparecido, a rua estava deserta e algo fazia ela pensar que não só sua rua, mas o bairro inteiro estava deserto. No horizonte, faltavam alguns prédios, que pareciam ter sido substituídos por colunas de fumaça, já outros, estavam ainda intactos, mas em uma janela ou em outra, um incêndio se alastrava. Caças voavam no céu e também centenas de helicópteros militares, disparando mísseis contra outros veículos militares que se aproximavam pela auto estrada, a bela cidade tinha se tornado um mero campo de batalha, o que Martha mais temia.

Hann Island, Território Narkoviano. 12:19

Gabriel, Heberth e Rafael corriam pelo corredor da base, o alarme soava e todos os pilotos se reuniam na sala de briefings, lá o comandante da base explicava sobre o ataque surpresa, e em larga escala, alguns minutos depois, todos os pilotos corriam pelo pátio, em direção aos seus aviões, o esquadrão Odin estava já taxiando pela pista, era uma emergência, era a chance de tentar defender sua nação.

Alicia acordou em uma cama da enfermaria da base, a primeira coisa que viu ao abrir os olhos era a enfermeira, Alicia não se lembrava de nada, só lembra dos tremores que sentiu no estacionamento e logo depois algo caindo na frente da sua moto.

- Como eu vim parar aqui? - Perguntou Alicia, se esforçando em tentar entender o que tinha acontecido.

- Um rapaz trouxe você aqui, o nome dele era Gabriel, ele teve que sair porque estavam chamando ele.

Alicia se levantou da cama e caminhou rápido até a porta, a enfermeira tentou convencê-la a ficar na cama, mas Alicia não deu ouvidos, ela chegou ao quarto de Gabriel, mas estava trancado e provavelmente não havia ninguém lá dentro, Alicia foi até a janela do corredor e viu o caça de Gabriel levantando vôo, junto de seu esquadrão, em direção à guerra.

14 de Fevereiro de 2017, Walrus City, Narkóvia. 12:20

William entrou no blindado e sentou-se no banco, todos os seus colegas estavam em silêncio, segurando suas armas enquanto o veículo os levava até uma área da cidade. Todos estavam nervosos, as tropas inimigas estavam tentando penetrar na cidade, as defesas não aguentariam muito tempo. O blindado parou, todos desceram, William foi encarregado de cuidar de um bairro da cidade, ficava ao sul e poderia ser usado pelos inimigos para penetrar na cidade, por isso estavam ali, para defender o território tomado.

Costa Leste, Narkóvia. 12:28

O esquadrão Odin e mais outros dez esquadrões estavam voando em direção às cidades atacadas, os esquadrões se dividiram, cinco foram em direção à Aquarius City e outros seis foram para Walrus City, o esquadrão Odin foi encarregado de Walrus City.

- Ok, escutem! Estamos nos aproximando do combate, preparem-se, teremos uma longa batalha pela frente! - Disse Henry para todas as aeronaves em direção à Walrus City.

Rafael estava observando a cidade, ao olhar para uma das colunas de fumaça, se lembrou de uma noite a vários anos atrás, onde estava ele olhando para um fogueira à noite, encostado em seu 58 Impala preto conversível, até uma garota de cabelos castanhos e olhos verdes caminhar até ele e o beijar.

- Está tudo bem? - Perguntou ela.

- Sim... Está sim, eu... Eu estou bem.

- Não... Não está não... Desde quando começamos a guardar segredos entre nós dois?

- Não é segredo... Eu... Eu preciso te contar uma coisa...

* * *

- Dez bogeys chegando! Se preparem! - O flashback de Rafael foi interrompido pelo grito de Henry. Rafael se lembrou que ainda estava em seu caça, apertou suas mãos no manche e respirou fundo.

Enquanto isso, mais a frente, Heberth repetia as letras de músicas de rock clássico em sua mente, Gabriel se concentrava nas aeronaves inimigas à frente e Rosie mantinha-se calma. Os outros esquadrões seguiam o esquadrão Odin em direção à cidade, o silêncio do rádio foi quebrado por Henry novamente:

- Ok... Dispersar.

Todas as aeronaves espalharam-se, os esquadrões inimigos e os esquadrões da N.A.F. se encontraram como numa batalha medieval. Alguns segundos depois, o céu começou a ser rasgado pela fumaça dos mísseis e projéteis de metralhadoras, tudo com o ruído das turbinas ao fundo.

Heberth virou o avião seguindo um SU-27 até perto da superfície, o SU-27 e o Gripen de Heberth desviavam-se das ruínas dos prédios em uma perseguição perigosa. O HUD¹ exibiu o alvo em vermelho e o alarme do painel que caracterizava o alvo na mira soou. Heberth pensou rápido e percebeu que disparar um míssel apenas iria jogá-lo fora, o inimigo se movia muito rápido e naquela distância o míssel provavelmente passaria reto. Naqueta situação, Heberth apertou o gatilho da metralhadora, os projéteis atingiram os lemes do SU-27. Quando os lemes de uma aeronave são danificadas, a agilidade do caça é comprometida, dificultando assim a movimentação em uma batalha, era a oportunidade para Heberth acabar o serviço.

Heberth trocou para os mísseis, o piloto inimigo em desespero, elevou o avião e acelerou, Heberth posicionou seu caça atrás e apertou o gatilho, o míssel da asa direita foi disparado e voou, seguindo a aeronave alvo. No cockpit do SU-27, o HUD exibia o terrível alerta de míssel inimigo, o som do alarme soava e o piloto não poderia fazer mais nada além de se salvar. O piloto puxou a alavanca e o vidro do cockpit se soltou, o banco do piloto foi ejetado para o ar enquanto o míssel atingia a aeronave, provocando uma grande explosão, os detritos caíam em volta do piloto e o pára-quedas foi acionado.

- Desta vez escapou... Mas da próxima, não garanto. - Disse Heberth sorrindo.