Gabriel caminhou mais um pouco pela floresta, não sabia o que fazer ou para onde ir, a floresta parecia nunca ter fim, parou para descansar, encostando-se em um tronco de árvore, mas para a sua surpresa, apenas ouviu o som de disparo ao longe, ecoando pela floresta. Um projétil de rifle atingiu Gabriel, fazendo com que caísse no chão.

- Porra! Não atira! - Gritou um dos soldados.

- Não atirar?! Me mandaram pra cá pra matar esses desgraçados! - Protestou outro, carregando seu rifle M-24.

- Mata um e atrai outros cem, que estratégia épica!

Os três soldados desceram a colina, caminhando até o inimigo morto. Porém, desesperaram-se ao ver que o soldado vestia o uniforme de seu exército.

- Merda, Jimmy! Que porra você fez?! Eu disse! As ordens do capitão eram de cessar fogo até que os reforços chegassem!

Um dos soldados se agachou ao lado do soldado morto e revistou seus bolsos.

- Hey, pessoal, venham aqui. - Disse ele.

- O que é, Donut?! - Perguntou o outro, nervoso, mas ainda assim chamando seu amigo pelo seu apelido.

- Olha isso.

O soldado entregou-lhe duas pistolas, uma customizada e outra de origem narkoviana, nela havia inscrito: "Força Aérea Narkoviana" e na M1911 customizada: "Epuent Yriz. See you in hell"

- Que beleza... - Disse outro, pegando a M1911 da mão do colega e analisando-a.

Os dois soldados em pé, viraram-se de costas para discutir a origem das pistolas, já que o soldado vestia o uniforme de sua pátria. Enquanto o outro continuava à examinar o uniforme do soldado morto.

Um helicóptero passou acima das árvores, causando a agitação das folhas em volta, os três se distraíram, olhando para cima, "Donut" olhou novamente para o corpo no chão e apenas só teve tempo de ver uma faca penetrando em seu rosto de modo violento.

Gabriel pegou uma Beretta 92Fs do uniforme do soldado que acabara de matar e disparou duas vezes contra os outros dois soldados, eles caíram no chão logo depois. Se levantou com esforço, já que seu braço esquerdo sangrava, junto com o direito.

- Me dá isso aqui. - Disse Gabriel para o soldado agonizando no chão, pegando a M1911 de sua mão. - Ninguém toca nessa arma.

Gabriel disparou uma última vez contra o inimigo no chão, abandonou a Beretta e pegou de volta sua TT-33. Examinou seus ferimentos, fora atingido duas vezes, ambas de raspão, não sabia se tinha sorte por não ter sido pior, ou azar, por ser o primeiro piloto em décadas que levou tiros em solo. Correu colina acima até achar um outro Humvee, entrou e acelerou pela estrada de terra.

O helicóptero que o ajudou a escapar dos três soldados ainda estava voando, decidiu seguí-lo, pois sabia que era de origem narkoviana, uma hora depois, o Humvee parou devido à um tanque narkoviano bloqueando a estrada, o Humvee estava frente a frente com um tanque T-90, o jipe parecia pequeno perto dele. Não demorou muito até que vários soldados narkovianos surgissem, cercando o Humvee.

- Parado, aí, bastardo! - Gritou um deles, apontando o fuzil.

- Eu não sou um soldado boraviano! Eu não sou um inimigo! - Dizia Gabriel, enquanto caminhava com as mãos para o alto.

- O que?! Espera que acreditemos nisso?! - Perguntava-se outro.

- Meu nome é Gabriel J. Smith, callsign "Death Angel" ! Sou o segundo tenente do esquadrão Odin da Força Aérea Narkoviana. Meu Gripen foi abatido à uns dois dias e eu caí atrás das linhas inimigas...

- Fica quieto aí! - Gritou um soldado, parecia ser o superior no comando daquele esquadrão. - Revistem-no e algemem-no, vamos verificar se a sua história é verdadeira, senhor Smith.

- Droga... Senhor! Eu tenho uma informação importante! O Alto Comando precisa saber imediatamente o que eu sei, ou toda a nossa operação irá por água abaixo! - Insistiu Gabriel.

- É mesmo? Então me diga, o que é tão importante assim? - Encarou o homem, chegando perto, enquanto os outros soldados colocavam as algemas nas mãos de Gabriel.

- Senhor, talvez isso seja confidencial...

- Ok... Levem-no. - Ordenou o oficial.

- O que?! Senhor, não faça isso! - Gritou Gabriel enquanto dois soldados o levavam à força. - Eu digo! Eu conto ao senhor o que está havendo, mas precisa ser algo a sós, ninguém aqui deve saber!

O oficial parou, olhou para Gabriel e pensou um pouco, ordenou para os soldados que se afastassem.

- Venha comigo, e não pergunte sobre as algemas, você ficará com elas.

Após chegar em uma barraca, o oficial fechou a entrada e acendeu a lâmpada. Olhou para Gabriel e disse:

- Me diga. O que é tão importante para a nossa vitória?

- Senhor, não sei se você se lembra, mas uma semana atrás, houve um atentado terrorista em Zanua, a arma era uma substância tóxica chamada Sarin...

- Sim, eu vi isso na tv...

- Enquanto eu estava numa estrada há algumas horas, eu ouvi no rádio de um veículo boraviano que iniciariam o "Protocolo C4H10FO2P" caso as nossas tropas tomassem o território deles.

- E... ?

- Senhor, C4, H10, FO2 e P é a forma molecular do Sarin.

* * *

- Senhor! O seu helicóptero chegou. - Disse o soldado na entrada da barraca, saindo correndo logo depois.

Gabriel se levantou da cadeira e andou depressa para fora da barraca, caminhou mais um pouco e entrou no helicóptero NH-90, decolando logo a seguir.

Meia hora se passou e o helicóptero se aproximava de uma base aérea inimiga tomada pela Narkóvia, um avião C-295 aguardava na pista, pronto para decolar, o helicóptero pousou e vários soldados guiaram Gabriel até o avião, que decolou logo em seguida.

- Para onde estamos indo? - Perguntou Gabriel.

- O Alto Comando já soube da ameaça química e alertou as forças aqui na Borávia, estamos indo para Hann Island, o que restou do exército da Borávia está tentando invadir Fallen Fortress.

- Eu mal cheguei na base e já está me passando uma missão? - Perguntou Gabriel, surpreso.

- Estamos em uma emergência, tenente Gabriel, precisamos de todo o pessoal.

- Tudo bem.

Depois de uma hora de vôo, o avião pousou na base aérea de Hann Island, não demorou muito até que Heberth aparecesse.

- Bem vindo de volta, buddy! - Disse ele, cumprimentando o amigo.

- Valeu, cara... - Respondeu Gabriel. - Eu ganhei um novo caça? - Cochichou ele.

- Nops... Você vai usar um Gripen D.

- Um bi-place? Por quê?!

- Eu não sei, eu vou pilotá-lo...

- Ah, beleza... - Disse Gabriel.

Todo o esquadrão levantou vôo logo depois, não havia tempo para conversas, a missão era de extrema urgência.

- Bem vindo de volta, Angel. - Disse Rosie no rádio do caça.

- Obrigado.

- Você e o Rafa já foram derrubados, quem vai ser o próximo? - Perguntou Henry, brincando.

- Esquadrão Odin, mantenha silêncio no rádio, prestem atenção, estamos recebendo uma mensagem do Alto Comando. - Ouviu-se a voz do AWACs.

"Aqui é a base NA-3, precisamos de apoio urgente, há algo vindo do céu, uma espécie de laser! Está parada, incendiando um setor da pista de pouso! Espere um momento... Deus! O que é isso?! Uma onda de impacto?! Segurem-se!!!"

Tudo que foi ouvido depois foi estática.

- Que porra foi essa?! - Perguntou Heberth.

- Esta mensagem foi recebida vinte minutos atrás. - Disse o AWACs.

- Senhor, olhe aquilo! - Disse Rafael.

- Mas que merda é aquela? - Perguntou Henry.

Havia um míssel voando lentamente a uma altitude extremamente superior a que qualquer avião pudesse subir.

- Senhor... - Disse Rosie.

O míssel desceu até o horizonte, na mesma direção em que o esquadrão voava, para o desespero de todos, um brilho extremamente forte iluminou tudo, todos os pilotos cobriram seus olhos com as mãos, protegendo-se da intensa luz no horizonte, cinco segundos depois o brilho diminuiu e os pilotos puderam ver o que teria causado a forte luz.

Havia uma luz tão forte quanto ao Sol no horizonte, mas este já tinha se posto, o rádio estava mudo e os instrumentos estavam confusos, o radar estava captando apenas estática e os pilotos conseguiam distinguir uma nuvem de fogo subindo no horizonte, semelhante à um cogumelo, o terror e o medo tomaram conta de cada um ali.

- Tem alguém aí? - Perguntou uma voz no rádio, que junto transmitia estática.

- Que porra foi essa?! Isso é o que eu acho que foi?! Não pode ser! - Dizia Heberth.

- Não sabemos o que aconteceu, mas a missão está cancelada, todos os esquadrões, retornem para a base imediatamente. - Disse o AWACs.

Um silêncio seguido de sons de instrumentos e estática se seguiu, as aeronaves deram a volta e foram embora. Ao chegar na base, tiveram uma enorme surpresa, o avião oficial do primeiro-ministro, William Selazfield, estava estacionado no pátio da base.

30 de Setembro de 2017, Hann Island. 21:00.

Todo o pessoal da base estava reunido no pátio, havia um palco improvisado e um microfone na frente, um homem do governo foi até o microfone e anunciou.

- Senhoras e senhores. O Primeiro-Ministro da República da Narkóvia.

O homem que aparecia direto em conferências na tv estava na base militar mais famosa do seu país, não se sabia o por que, todos esperavam que era isso o que ele iria explicar, mas sabiam que não era uma boa coisa que tinha acontecido, todos sabiam que a Borávia tinha lançado um ICBM, um míssel de cruzeiro carregando uma ogiva nuclear em direção à Fallen Fortress, a mais importante fortaleza construída pela Narkóvia em resposta à invasão inimiga em solo.

As câmeras se apontaram imediatamente para Selazfield, os flashes começaram a iluminar o homem atrás do microfone e sua voz grave começou à ser ouvida por todos.

"Senhoras e senhores, militares ou não, eu venho aqui nesta base aérea no meio do oceano, a base aérea mais importante do nosso país, para informar à vocês um desastre sem comparação na história da humanidade. Esta guerra, iniciada por um líder bárbaro, obrigando seu povo à lutar contra a nossa nação, cometeu o pior crime contra a humanidade que poderia cometer nesta guerra. Gary Quade, o bárbaro presidente da Borávia, iniciou um ataque nuclear contra o nosso povo, como todos sabemos, uma explosão nuclear destruiu o ponto estratégico mais importante das nossas forças militares, a explosão matou não apenas nossos soldados, mas também os seus próprios, que tentavam tomar a fortaleza por solo. Mas não foi apenas isto, a capital da nossa nação, Kalini, e a segunda maior cidade, Yriz, também foram destruídas por explosões nucleares, até mais fortes do que a de Fallen Fortress. Não sabemos o número correto, mas... Achamos que mais de trezentos e trinta e cinco mil pessoas devem ter sido mortas nos ataques..."

Todos que estavam presentes ficaram espantados, e iniciou-se uma agitação na multidão.

"Eu venho dizer-vos que não iniciarei uma guerra nuclear contra a Borávia, não serei um assassino, sabemos que uma guerra nuclear pode ter impactos catastróficos, não só para os dois países, mas também para todo o planeta. Pelas pessoas mortas injustamente neste desastre, e pelos familiares que perderam seus amados nestes atentados, eu venho humildemente pedir para que não desistam, não se entreguem, estou disposto a até o último segundo de poder, lutar para que a opressão e a maldade não tomem conta da supremacia da República da Narkóvia. Agradeço aos nossos bravos guerreiros no céu, no mar e no solo que lutam pela continuidade do nosso povo... Que Deus nos ajude."

O primeiro-ministro caminhou para fora do palco, ignorando às várias e várias perguntas que os repórteres faziam na primeira fila. O pronunciamento era claro, a Borávia estava disposta à iniciar uma guerra nuclear contra a Narkóvia, mas não haveria contra-ataque nuclear, os cidadãos da Narkóvia iriam querer se vingar, a guerra estava prestes à acabar, pois toda a costa oeste da Borávia estava tomada pelos militares narkovianos, que depois do desastre nuclear, não descansariam até tomar a capital.

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