As ruas estavam desertas e o silêncio reinava. Walrus City, antes uma bela metrópole, agora era um cenário triste e destruído. Dois soldados carregando fuzis M-4 correram até a frente da barricada na porta da frente do pequeno supermercado, entreolharam-se jurando ter ouvido o barulho que vinha lá de dentro. "Ouviu isso?"

No chão, as cápsulas de balas ao lado dos pés dos dois soldados começaram à se movimentar, tremendo com o solo, os dois deram alguns passos para atrás até serem surpreendidos numa explosão. A barricada na porta do supermercado explodiu e voou pelos ares, enquanto um ônibus saía velozmente do interior do prédio, se afastando cada vez mais do lugar. Os dois soldados pegaram seus fuzis e começaram à atirar contra o ônibus, sem sucesso, pois só agora notaram que o ônibus era especial, blindado, à prova de balas, o vidro das janelas estava quebrado, mas havia uma grade cercando-as, cada lado do ônibus tinha apenas umas três janelas distintas, o veículo era pintado com uma coloração bege.

O ônibus avançava em alta velocidade, os tiros tinham atingido a blindagem, mas não tinha a penetrado.

- Está tudo bem aí?! - Perguntou William enquanto dirigia.

No meio de todas aquelas caixas, Martha olhou para o motorista logo à frente e respondeu sua pergunta.

- Está sim... Conseguimos?

- Estamos quase lá, torça pra que eles não estejam nos seguindo.

No fundo ela sabia que isso era possível, o que eles passaram meses planejando se concretizara ali naquele momento, precisavam tomar uma medida desesperada depois de tudo ter sido consumido.

- A comida e a água estão inteiros? - Perguntou William.

- A maioria... Tem duas garrafas de água que partiram, estou tentando salvar a água. - Respondeu Martha, tirando a água da garrafinha partida para colocar em uma outra garrafa, vazia.

William fez uma curva brusca, Martha tremeu muito a mão, fazendo com que um pouco de água caísse no chão do ônibus. Perdeu um pouco de água, mas o que havia sobrado era o suficiente para algumas semanas à mais.

- Estamos chegando... Se segura! - Disse William. Martha se preparou, segurando-se firmemente no balaustre.

Alguns minutos depois, o ônibus blindado acelerava mais ainda, estava indo em direção à uma ponte, o ônibus passou pela rampa e voou por um ou dois segundos até tocar o outro lado, aquilo só tinha sido possível pelo fato de faltar apenas um pequeno pedaço da ponte, combinado com a velocidade do veículo.

Minutos depois, o ônibus estava no quintal dos fundos da casa de Martha, onde era impossível que algum soldado inimigo pudesse vê-lo da rua. William veio caminhando de dentro da casa, carregando em uma das mãos um copo de plástico onde continha água, Martha carregava um fardo de garrafas de água nos braços, os dois tinham roubado água e alimentos enlatados de um supermercado abandonado.

- Eles não vão achar a gente por causa do que aconteceu hoje? - Perguntou ela, preocupada.

- Não. - Respondeu William.

29 de Setembro de 2017, Hann Island, Narkóvia. 13:13

Os Gripens decolavam da ilha, ninguém sabia qual era o objetivo daquela missão, a única ordem foi levantar vôo com os caças armados. Minutos se passaram até estarem no oceano, cinco caças F-15 se juntaram à formação.

- Aqui é o esquadrão Tyndall, fomos enviados para acompanhar o esquadrão Odin nesta missão. - Disse a voz feminina e familiar.

- Alicia, que bom te ver... - Disse Gabriel.

- Gabriel... Bom te ver também...

- Qual é a de vocês dois? - Perguntou Heberth.

Gabriel olhou de relance o cockpit de um dos F-15s, Alicia olhava um pouco envergonhada para ele.

- Aqui é o Comandante Rafferty, calem a boca. Como foram avisados à alguns dias, vocês participariam de uma operação militar sigilosa, pois bem, vocês estão nela neste momento.

- O que? - Perguntou-se um dos pilotos do esquadrão Tyndall.

- Vocês estão na primeira missão da Operação V, o objetivo desta missão é tomar as cidades de Santa Fé e Deguen, enquanto isso, olhem no seu radar.

Todos se entre olharam surpresos, depois checaram o radar, vários aviões de carga apareciam ao oeste, espantaram-se.

- Isso são C-17s modificados, como todos já devem saber, Borávia invadiu nosso país usando aviões disfarçados, o que nos fez pensar que eram nossos aviões... Eles nos subestimaram, achando que não tínhamos poder e recursos suficientes para contra atacar, principalmente se for a mesma idéia...

- O feitiço se virando para o próprio feiticeiro... - Sorriu Gabriel.

- Isso mesmo, um tiro que saiu pela culatra... Tudo o que devem fazer é garantir a superioridade aérea sobre Santa Fé, assim que invadirmos, a cidade será evacuada por eles mesmos, então, as perdas civis serão quase zero, não se preocupem em abater aviões que cairão em cima de inocentes...

- Peraí, como vamos entrar sem que eles saibam antes? - Perguntou um dos pilotos do esquadrão Tyndall.

- Os C-17s vão na frente, eles estão camuflados, um disfarce... Assim como eles fizeram conosco, hoje de manhã um esquadrão de C-17s decolou de Santa Fé, eles deveriam voltar hoje às 17:30, nós os abatemos e os substituímos por nossos próprios C-17s, isso durou meses de planejamento, nós recuperamos os instrumentos dos C-17s inimigos e colocamos nos nossos, assim, o IFF estará registrado como aeronaves boravianas, por isso não derrubem nenhuma aeronave C-17, por engano vocês podem acabar derrubando um aliado. Muito bem, cumpram a missão.

- Roger... Mas, senhor... Por que Operação V, senhor? - Perguntou o piloto.

- Vingança... - Respondeu Gabriel, ao notar que Rafferty já tinha saído da conversa.

Os dois esquadrões voavam em direção à costa inimiga, aquela seria uma missão perigosa, talvez a mais perigosa desde o começo da guerra.