Herobrine: Apocalypse

Capítulo doze: O Farol


—Tudo bem, é por aqui... Eu acho... — Mathias, perdido, procurava o caminho de volta para perto dos sobreviventes.

—Olá. – Uma voz diferente, vinda de nenhum de nós, diz logo após nós aparecermos em um lugar completamente diferente de onde estávamos. Eu olho ao redor e vejo atrás de mim um homem.

—Ah, não, Herobrine — Dou um grito extremamente másculo enquanto tentava me proteger do possível ataque de Herobrine. — Por favor, não!

—Que vergonha. — Mathias suspira. Eu tiro a mão do rosto e vejo que Herobrine ainda estava parado no lugar e Mathias estava com a mão no rosto, como se tentasse se esconder.

—Mike, quando tudo isso acabar vamos ter que falar da sua masculinidade. — Bia diz.

—E sobre esse grito e essa pose ridícula. — A voz conclui o pensamento que os três provavelmente tiveram depois da minha reação.

—Desculpa, eu... — Tento justificar. — Tá bom... — Digo baixando a cabeça, envergonhado.

—E quem exatamente seria você? — Ouço Mathias, provavelmente se dirigindo ao homem que eu pensei ser Herobrine.

—Bom... — Ele faz uma breve pausa. — Antes da minha transmutação acho que eu era conhecido como Guilherme Hoffman.

—Você... – Bia tenta começar uma frase.

—Isso explicaria o porquê nos levou para outro lugar no meio do nada em um momento completamente aleatório. — Mathias diz em um tom irônico.

—Então você... — Bia tentava concluir sua frase. — Você transmutou? — Bia pergunta obviamente chocada.

—E por que exatamente você fez isso em um corpo tão parecido com o de Herobrine? — Pergunto ainda amedrontado com a nova aparência dele.

—Bom... Eu queria que ele visse como ele era antes de toda essa loucura antes de morrer. Além disso. — Ele dá uma risadinha meio abafada — Eu queria ver a reação de vocês e dos outros sobreviventes ao me verem pela primeira vez. — Ele começa a gargalhar alto. — E, honestamente, a sua reação foi a melhor até agora. — Mathias e Bia então o acompanham nas risadas.

—Não teve graça. — Digo, mais uma vez abaixando a cabeça.

—Tudo bem, já chega. — Guilherme diz, parando de rir. — A partir de hoje eu quero que vocês me chamem de Steve. Agora eu vou levá-los até onde vocês estavam.

—Espera! — Grito, antes de voltarmos à clareira onde estávamos. — Ótimo. Devíamos ter pedido para ele nos deixar mais próximos dos sobreviventes.

—Não se preocupe, eu sei o caminho. — Mathias diz confiante

—Então... Quer liderar, Bia? — Ela volta a rir.

—Não tem graça. — Mathias toma a liderança.

—Sem senso de humor — Eu começo a segui-lo.

—Mulherzinha — Ele rebate.

—Crianças.

—Calada, Bia. — Eu e Mathias ordenamos em uníssono.

Pouco tempo depois:

—Acho que eu vou morrer. — Bia reclama sentando ao pé de uma árvore.

—Mas nós não andamos mais de dez metros! — Tento animá-la para prosseguirmos

—Gravidez, Mikhael. Agradeça por você ser o homem. — Ela se levanta.

—Ao menos a barriga ainda está pequena. — Mathias nos puxa pelo braço.

—Dá pra vocês pararem de falar besteira? — Ele reclama.

—Eu mencionei que eu transmutei porque Harry conseguiu esconder uma falange, e agora não tínhamos como detê-lo sem lutar? — Congelo ao ouvir Guilherme dizer, enquanto Mathias batia com a cara em uma porta de vidro.

—Eu te odeio. — Mathias se vira para ele.

—Acho que o Mike teve uma parada cardíaca. — Bia se apoia em meu ombro.

—Sempre soube que ele era um covarde. — Guilherme olha para fora das portas de vidro, onde estava a placa com o nome do hotel “Bouncy”.

—Então você renunciou parte da sua sanidade e seu corpo original por poder porque não poderíamos combater Herobrine como queríamos, e eu que sou covarde?

—Sim. — Os Guilherme e Mathias respondem.

—Você teria feito o mesmo. — Bia diz saindo da cozinha com um enorme pedaço de bolo.

—Essa não é hora pra comer. — Guilherme diz ao vê-la.

—Gravidez dá muita fome.

—Por favor, ao menos uma vez nos deixe perto de onde devemos ir. — Imploro.

—Tudo bem. — Ele estala os dedos e nós somos levados até o topo de um farol, de onde podíamos ver os sobreviventes saindo de algum tipo de escola e uma ponte à nossa frente.

—E como vamos descer?

—Mais importante: quem são eles? — Mathias aponta para um homem loiro e uma garota de cabelos negros de costas para nós e observando os sobreviventes na ponta do farol.

—Ei! — Grito, fazendo com que eles se virassem. — Quem são vocês? — Pergunto.

—Está falando com a gente? — A garota pergunta.

—Bom, eu não estou vendo mais ninguém aqui. — O garoto loiro sussurra alguma coisa para ela.

—É porque vocês são cegos. — Ela responde. — Existem muitas pessoas aqui, espíritos de pessoas mortas, Herobrine, um ser fora de seu tempo... — Ela então começa a andar ao redor do farol. — Tantos seres, e nenhum deles vocês deveriam estar vendo, assim como não deveriam estar nos vendo. — Eu então percebo que ela tinha passado para trás de nós e agora eles estavam nos cercando.

—Quem são vocês? — Mathias pergunta com uma voz séria. — Quem são vocês? — Ele pergunta novamente após alguns segundos de silêncio. — Eu vou perguntar pela última vez: quem são vocês? — Ele pergunta pausadamente.

—E o que você vai fazer se não respondermos? — O loiro provoca. Seus olhos azuis contrastavam com a luz do farol, e podíamos ver claramente que ele não cederia tão cedo.

Mathias e eu sacamos nossas espadas, enquanto Bia preparava algum feitiço para se proteger dos ataques da mulher e em seguida contra-atracar.

P.O.V MISTO (BIA, MIKE, MATHIAS, LUCY, CHARLIE)

“Como ela pode ser tão rápida? Ela não dá nenhum tempo para contra-ataque, e parece que a cada ataque ela fica mais rápida... Logo eu não vou conseguir acompanhar o ritmo dela e vou acabar sendo atingida. Não, eu não posso. Se ela conseguir, eu vou acabar derrotada, e então só em dois Mike e Mathias não vão ter chances. Eu preciso derrotá-la.”

“Como ele pode ainda não ter saído do lugar depois de tudo isso? Será que eu e o Mathias vamos conseguir lidar com ele? E quanto aos sobreviventes? Guilherme disse que iria protegê-los, será que ele sabia que isso ia acontecer? Explicaria porque ele nos deixou aqui em cima, mas...”

“Mesmo depois de tantos golpes sem se proteger ele ainda não tem nenhum arranhão... Como pode um ser tão poderoso como ele existir? E porquê ele ainda não matou Herobrine se é tão poderoso? Será que eles estão trabalhando juntos? Não, não pode ser... E se?”

“Ele logo vai perceber, e se ele conseguir, nós vamos estar com sérios problemas. Não posso deixar que eles parem para pensar. Você está fazendo um ótimo trabalho, como sempre, eu não posso decepcionar. Vou pra cima deles com tudo.”

“Algum dia eu ainda te mato... Mas agora estou ocupada lutando com uma grávida de dois meses, que não consegue usar os poderes dela por mais de duas horas se pegar leve. Ainda bem que o Thomas está morto, do contrário ele arrancaria minha pele fora e colocaria de volta só pra poder colocar de volta... Não só a minha, mas a sua também.”

DUAS SEMANAS DEPOIS

P.O.V. BIA

—Eles foram avisados. — Ouço o homem dizer. Vejo através das grades da ventilação os corpos de Mike e Mathias ao chão e os pés do homem indo para lá e para cá.

—Foi errado. — A mulher responde. Aquela mulher de longo cabelos negros e olhos tão escuros quanto a noite. Sua voz suave fazia aquilo parecer algo ordinário. Tão ordinário que eu quase me acalmei. Quase.

—Eles lutaram por vontade própria. — O homem rebateu. — Nós os avisamos das consequências, e mesmo assim apenas a garota fez a escolha certa. — Tudo que eu conseguia ver através das grades eram seus pés, e aquilo me assustava, pois apesar de ele estar estressado, ele se movia calmamente, ao contrário dela, que corria por toda a sala em passos apressados e agitados.

—Eles não queriam lutar, eles queriam a verdade. — Vejo seus pés se aproximarem dos dele.

—Mesmo assim eles lutaram. — Ele se agacha e começa a olhar o corpo de Mike.

—Se ele estivesse aqui... — Ela começa, mas ele se levanta e vira pra ela.

—O quê? — Ele pergunta, levantando o tom de voz. — Ele nos mataria? Eu não tive tempo para conhecê-lo, mas você vive falando dele como se ele fosse extremamente perigoso e poderoso. Mas eu acho que ele não passa de um fraco.

—Não diga isso. — Ela diz, com o mesmo tom de voz dele.

—Se ele realmente é tão poderoso, então como que ele pode morrer para o Herobrine?

—Você sabe muito bem o que aconteceu. — Uma terceira voz, quase familiar diz. Faz-se silêncio.

—Quem está aí? — Ele pergunta.

—Pergunta errada. — Dessa vez a voz vem do outro lado, e eu tento ver alguma coisa além da escuridão. — A pergunta certa é... — Eu ouço passos se aproximando deles. — “O que você vai fazer conosco?” — Eu posso ver um par de botas pretas e sujas se aproximando dos dois. — E a resposta para essa pergunta é... — Eu ouço um estalar de dedos e percebo que Mike e Mathias voltaram a respirar — Eu vou ensinar dois alunos mal-educados a se comportar. — Em seguida os três desaparecem e eu posso ouvir gritos.

Eu então percebo que não foram eles que sumiram, mas sim nós, eu Mike e Mathias. Mas se eu fui levada junto, significa que ele sabia que eu estava lá? Mas como? São duas perguntas que não importam no momento, pois eu estava de volta ao farol, agora quase totalmente destruído por causa da batalha.

—Mike! — Eu finalmente me dei conta que ele havia voltado a respirar após a aparição repentina do estranho homem, e corro na direção dele e de Mathias. Chegando lá também percebo que nós estávamos no segundo andar do farol, onde Mathias quase matou os dois, tornando a área extremamente perigosa. — Mike, levanta, temos que sair daqui! — Eu tento levantá-lo, mas percebo que era inútil. — Mathias! — Eu tento puxá-lo pelo braço, mas ele era muito pesado. O farol então começa a tremer e o buraco na parede, chegando até o teto do andar e fazendo com que o farol começasse a tremer. — Droga, levantem logo, antes que esse farol caia. — Eu tento puxá-los novamente, mas ainda sem sucesso. Eu então posso ouvir passos à minha frente, mas ignoro. Em poucos segundos eu vejo as botas pretas sujas entre o Mike e o Mathias, paradas ali, na minha frente. Eu então olho pra cima e vejo um homem de terno vermelho, também escuro, alto, rosto arredondado, cabelos e olhos castanhos e uma pequena franja.

—Precisa de ajuda? — Ele se agacha para me olhar nos olhos.

—Quem é você? — Pergunto instintivamente.

—Eu sou o Professor, e eu vim aqui porque percebi que dois alunos estavam teimando muito. — Ele então olha para Mathias e logo depois para Mike. — Agora... Que tal acordamos esses dois dorminhocos? — Ele bota uma mão no peito de cada um e eles começam a acordar.

—Como você... — Tento perguntar, mas ele se levanta e começa a se afastar.

—Eu vou manter contato com você, mas, por favor, não diga nada a ninguém. — Ele para próximo a outro buraco na parede. — Até uma próxima vez. – Ele pula e eu corro até onde ele estava para tentar impedi-lo, mas quando eu chego ele havia desaparecido.

— O que... — Ouço Mike atrás de mim. — O que houve? — Eu me viro e vejo ele olhando para Mathias ambos muito confusos. Ele então olha para mim.

—Eu não... — Começo a dizer gaguejando — eu não sei, eu só acordei aqui e vim tentar ver alguma coisa. — Minto, extremamente confusa com tudo que acontecera