Herobrine: Apocalypse

Capítulo Bônus: Um Acordo.


P.O.V. Lucy

— O que você quer? — Perguntei, enquanto via o Professor andar de um lado para o outro.

— Não importa — Charlie resmungou, do outro lado da sala. — Vamos embora.

— Ótima ideia, por que eu não tentei isso antes? — Respondi ironicamente. — Vamos, e da próxima vez que nos amarrarem em alguma coisa eu sugiro isso.

— Por favor, calem a boca! — O Professor parou. — Eu quero pedir um favor.

— Você quer nos pedir um favor? — Perguntei, surpresa.

— Você obedeceu da última vez, não foi? Acredite, isso vai ser bem mais fácil.

— Mais fácil do que “Modifique as memórias com você, Charlie e as Saison da cabeça de todos do planeta”? — Charlie disse, citando-o em um tom irônico. — Duvido.

— Esse foi o último? Eu sempre fico um pouco confuso, por conta do fuso horário — Ele calou-se, enquanto demonstravamos nossa incompreensão. — Vocês ainda vão descobrir o que é isso, não falta muito mais para acontecer. De qualquer forma, de quando eu venho, o último favor que eu pedi a ela foi para que lhe matasse.

Charlie me olhou surpreso, e então de volta ao homem.

— Não se preocupe, ela não matou. Disse que sempre te achou um imbecil, mas que não mataria família… ao menos não enquanto necessária. Ela não falou a última nem a primeira partes, mas elas ficaram subentendidas.

Nos calamos, enquanto o Professor voltava a sua rota pelo local.

— Não vai pedir seu favor? — Charlie perguntou um tempo depois.

— Estou esperando uma pessoa.

— Quem?

— O entregador do necrotério.

— Sei, e depois eu quem sou o imbecil.

— Bem, ele não realmente trabalha pro necrotério, e o corpo também não vem exatamente de lá, mas imaginei que você esperaria uma resposta mais curta…

— Você realmente pretende nos contar todo seu plano maligno ao invés de pedir seu favor? — Interrompi-o.

— Não é um plano, e muito menos maligno, além de fazer parte do favor que quero lhes pedir.

— Não é “pedir um favor” se não podemos recusar.

— Não lembro de dizer que vocês não podem recusar. Você pode, à vontade. Ela não.

— E por que eu posso?

— Mais importante: De quem é o corpo?

— Na verdade, as duas perguntas são igualmente importantes e interessantes, porque no final são basicamente a mesma. O motivo de Lucy ter que cuidar do corpo é que você sempre foi e sempre será mais próxima de seu irmão que Charlie.

— Então por que não deixar com Mike e os outros?

— Quer que eu te mostre a lista de motivos? — Puxou um papel de pelo menos dois metros enrolado em seu bolso

— Não, obrigada.

— Que bom, porque eu não fiz uma. Em resumo, Mike está desesperado, Bia está grávida e com medo e Mathias… bom, ele não tem mais poderes, então ele é apenas mais um humano, e logo vai estar sem um braço... Mesmo assim, eles estão encarregados de cuidar do corpo de seu irmão enquanto ele aproveita o submundo. Além desses três, Guilherme transmutou recentemente, então seus poderes não estão funcionando muito bem, além de ter sido sua segunda vez e de ele já ter seus problemas desde que “acidentalmente” matou Henry…

— Harry. — Charlie o corrigiu.

— Claro. Guilherme, ou Steve, está mental e fisicamente instável.

— Espera, então de quem é o corpo? Eu pensei que era o do Thomas, mas você disse que já estão cuidando dele. Isso quer dizer que o corpo não é dele?

— Sim. Zoe Ender é seu nome, e em seu tempo ela ainda não é nascida, eu a trouxe até aqui para ajudar Thomas pelos testes e também para sua própria vingança pessoal.

— Então… ela foi morta propositalmente para… não, não foi isso, deve… — Charlie sussurrava enquanto tentava acompanhar.

— Para ajudar Thomas e matar Winter. — O Professor ajudou.

— Mas, espera… se ela quer ajudar o Thomas, por que ela iria querer matar a Winter? — Perguntei. — E porque ela iria matar ela, se você já matou?

— O que te faz pensar que eu matei ela?

— Você nos contou que matou ela, lembra? Quando você nos detonou e levou-a embora junto com Summer e depois voltou apenas para me obrigar a te fazer o favor e dizer que elas estavam mortas?

— Ah, aquilo? Achei que vocês tinham percebido que eu estava apenas adicionando um pouco de drama. Na verdade… não, vocês não precisam saber ainda. Tudo em seu devido tempo.

Mais uma vez, eu e Charlie nos calamos. Tentei restaurar nossa conexão psíquica, mas alguma coisa estava me impedindo. Enquanto isso, o Professor pegou alguma coisa na parede e ficou observando-a no escuro.

Tentei me soltar, mas a corrente era forte demais. Charlie também pareceu tentar, sem sucesso.

— Se continuarem tentando, seus pulsos vão quebrar antes das correntes.

— E quanto a Summer? — Perguntei. — O que houve com ela? Mais coisas que ainda não precisamos saber? E por que essa tal Zoe não está atrás dela? — Perguntei, temendo o pior.

— Bom… agora devo dizer que você me surpreendeu, Suzane. Quando você não perguntou na hora, achei que ia deixar para lá. Além disso, sua curiosidade pela garota parece ter te impedido de fazer a pergunta certa.

— Responda minha pergunta, agora.

— Ah, pare de se preocupar, ela está bem e junto com a irmã, provavelmente nem se lembra mais de você. — Ele disse, e eu me surpreendi. Por que ele diria isso? Será que ela realmente me esqueceu? Ou será que ele forçou ela a se esquecer? Claro, ele pode ter apenas falado por falar, mas… não, não quero nem pensar nessa hipótese.

Se passaram mais alguns silenciosos minutos na cabana (ou o que quer que fosse esse lugar) e ouvimos alguém bater na porta. O Professor a abriu, e… eu simplesmente não pude acreditar. O corpo era de uma garota com cerca de vinte anos, ruiva. Não pude ver muito por causa da escuridão, mas não era ela quem importava, porque o “entregador do necrotério” era, ninguém mais, ninguém menos, que o falecido diretor Locke.

Como? Não faço a menor ideia. Tinha certeza que tinha morrido quando Thomas enfiou sua espada nele, já que não sobrou nada.

— Você está atrasado. — O Professor disse enquanto o homem colocava a garota encostada em uma parede.

— Sinto muito, tive um encontro inesperado com Henry. — Ele jogou o que parecia ser uma espada em uma bainha para o Professor.

— Harry! — Charlie corrigiu mais uma vez.

— Claro. — Os dois responderam em uníssono.

— Aliás, bela forma de restaurar a Tenebris. — O Professor disse.

— Ha, engraçado. — Locke disse em um tom irônico. — Pena que foi à toa, já que ele ainda não consegue despertá-la.

Ainda — O Professor disse, e os dois se calaram.

— Vai ser rápido? — O diretor perguntou.

— Sim. — O Professor disse, enfiando a espada no homem. Outra coisa estranha, não o vi tirando ela da bainha, e também tive a impressão de que a espada era um pouco diferente. O que está acontecendo aqui? — Direto pra 2012...

Então, o que já era estranho, só piorou: quando Thomas, supostamente, o matou, ele virou uma espécie de lama preta e meio que consumiu a espada. Dessa vez, ele caiu morto, porém seu corpo desapareceu em questão de segundos.

O que está acontecendo aqui?

— Tsc, Tenebris? — Charlie perguntou ironicamente. Aquilo foi a única coisa que o intrigou? — Que tipo de conto de fadas esquisito vocês estão lendo?

— Não se preocupe com isso, é história para outro dia. Por hoje, só preciso de duas coisas de vocês…

— Duas? — Charlie o interrompeu. — Espero que esse acordo nos compense o suficiente.

— Não se preocupe, vai ser tão simples que nem vai ter o que compensar.

— E que tipo de acordo é esse!?

— Ei, ei, calma. Vai ser assim: Vocês fazem o que eu peço, e eu fico lhes devendo essa.

— Nunca! — Charlie gritou.

— Charlie! — Repreendi-o.

— O quê?

— Vamos fazer isso logo, ou nós não saímos daqui.

— Ele não pode só matar a gente ou nos deixar aqui! Nós estamos no futuro, e ele precisa de nós agora, então podemos pelo menos fazer um bom negócio…

— Nesse caso, eu tenho uma proposta melhor: — Disse, me dirigindo ao Professor. — Eu faço isso e você se livra dele pra mim.

— O QUÊ!?

— Feito.

— ESPERA, VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! E MINHA PARTE DO TRATO? — Quanto mais o Professor se aproximava, mais alto Charlie gritava. De fato, ser ameaçado dessa forma enquanto acorrentado e sem magia deve ser bem assustador.

— Na verdade, eu disse desde o começo que minha oferta era apenas para ela. A parte dela do trato seria manter você vivo, mas… — O Professor desacordou ele. — Infelizmente, ele não pode morrer ainda. — Suspirou.

— Bem, e o que você quer de mim? — Perguntei. — Agora que o “Entregador do necrotério” chegou, acho que chegou a hora de pedir o tal favor, e explicar algumas coisas.

— Aquela garota ali no canto, é Zoe Ender. Ela veio comigo, e eu a mandei para o Nether para ajudar seu irmão a sair de lá o quanto antes, e eu preciso que vocês protejam o corpo dela até ela voltar.

— Mas… como ela vai voltar?

— Ah, não se preocupe, eu já tomei conta disto. Enfim, a outra coisa que você vai fazer… — Ele se calou por um ou dois segundos. — Tem uma garota em uma montanha alguns metros ao sul. Ela também é uma bruxa, mas… bom, em resumo, ela tem sete anos.

— Então… você quer que a gente cuide de uma garotinha e um corpo morto?

— O quê? Não, Deus não! O que você acha que aconteceria com aquela garotinha se entrasse em contato com o senhor simpatia ali? — Ele olhou para Charlie por cima de seus ombros.

— É, tem razão...

— Além do mais, eu duvido que crianças e mortos se combinem muito bem…

— Então o que você quer que nós façamos com a garota?

— Simples: vocês explicam toda a situação pra ela e depois você usa essa sua magia psíquica pra avisar a Bia e os outros da existência dela. Depois, é só deixar um endereço e ir embora antes que eles te vejam.

— E…?

— Bom, tem o Charlie... — Ele disse, tirando uma chave do bolso. — É a chave dessas correntes. Quando você tirar elas, seus poderes voltam. Depois, você solta ele, pega a Zoe e explica pra ele no caminho.

— Tudo bem… eu acho…

— Então, tome. — Ele colocou a chave na minha mão. — Eu te daria boa sorte, mas como eu já sei o resultado disso, eu sei que não vai adiantar de nada. Enfim, adeus. — Ele disse, indo embora.

Demorou um pouco até conseguir me soltar, já que não fazia a menor ideia de onde estava o cadeado. Pelo menos, estava em um lugar que poderia alcançar com facilidade. Quando me soltei, segui os passos dados pelo Professor. Não foi nada difícil achar a garota, o que compensou o tempo que demoramos pensando em como explicar tudo para ela. Depois, nos aproveitando de seus machucado, armamos um pequeno teatrinho em que Charlie era algum tipo de ser malvado. Não era tão teatrinho assim por ser meio verdade… de qualquer forma, depois disso nós montamos acampamento e fomos dormir. Eu acabei tendo um sonho estranho com aquela adorável garotinha, mas não era nada importante.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.