Herança

Capítulo 29


Que visão rara era aquela... todos eles, entrando no castelo. Primeiro, vieram aquelas quatro adolescentes que, muitas vezes, ainda agiam como criança – uma equipe perfeita para a sailor Moon atual, depois, foi a Amy, junto com o seu marido. Lita e Sohar chegaram um pouco depois, quase que juntamente com Ray e Nicholas. Ela e seu marido, como sempre, foram os primeiros. É o que acontece quando se mora do lado do castelo.
Mas o último casal a deixou impressionada. Setsuna e Orion. Entraram juntos – nenhuma novidade – com Orion a abraçando na cintura – bom, até ai, era algo um pouco raro, mas, as vezes ela permitia aquilo – com Setsuna enlaçada no braço direito dele – isso sim, era impensável. Setsuna estava agindo como uma... uma... mulher comum um pouco apaixonada?
Urano e Netuno – parece que ninguém avisou a elas que era melhor virem sem estarem transformadas, mas, só elas não iriam chamar a atenção das pessoas – chegaram logo depois deles, e, também trocaram comentários, obviamente, daqueles dois a frente.
Uma pena não poder saber o que estavam conversando. Estava muito longe para aquilo, em seu ponto de observação favorito, a sacada do sétimo nível da torre nordeste. Era de onde se podia avistar a maior parte da cidade. Não ia adiantar muito ficar lá na sala de reuniões, aguardando ansiosa todos chegarem.
Todos eles, todos de uma só vez.
Isso nunca tinha acontecido. Nem durante a guerra Blackmoon. Naquela época, foram pegos de surpresa, e, nem existiam os guardiões.
Pensar nisso lhe deu um aperto no coração. Elas não tiveram tempo para se preparar. Tiveram simplesmente que agir, confiando que seus maridos protegeriam as crianças, seus filhos, enquanto elas protegiam a cidade e a sua soberana.
Que bom que eles o fizeram. Mais que isso! Enquanto estavam ocupadas tentando proteger a rainha Serena, eles estavam espalhados pelo mundo, atenuando um pouco a destruição causada, recolhendo os sobreviventes, protegendo os desabrigados. Pelo menos, aqueles que ainda não tinham sido atingidos pelo domínio dos invasores. Como ficou orgulhosa quando soube daquilo. Como foi bom abraçar sua querida filhinha novamente.
Suspirou profundamente e se afastou da beira da sacada, caminhando lentamente para o interior da torre. Eles não foram chamados ali para uma simples reunião. Seriam postos a par de tudo o que sabiam, o que, vamos confessar, era pouco. Hotaru não ajudou muito realmente, apenas aumentou as dúvidas, bem como as informações que Orion conseguiu daquela nave.
Apenas Diana havia conseguido fornecer um dado bem mais relevante, e bem mais assustador. Seu marido estava certo, eles estavam mesmo pegando alguma coisa.
Entrou na imensa escada circular da torre e começou a descer, com um pouco de pressa. Podia ter simplesmente pulado até o solo, uma vez que estava transformada. Seria fácil, mas, queria ponderar um pouco, bem como planejar a apresentação para eles, já que ela seria a provável encarregada de participa-los dos eventos.
Mas não tinha muita coisa nova para lhes contar. Talvez até ocorresse o oposto, talvez eles, cada um contribuindo com uma idéia, conduzissem a direção sobre que posição tomar a partir de agora. Não podiam mais simplesmente esperar o próximo passo de seu inimigo, precisavam ficar adiante dele.
Ao fim das escadas, encontrou Artemis, a aguardando para acompanha-la até a sala de reuniões. O sempre presente, fiel – ocasionalmente pegajoso – Artemis. Desde o início de sua \"carreira\" a acompanhou, participando de suas aventuras e desventuras. Ainda se lembrava de como tinha ficado feliz quando ele a convidou para ser a madrinha de seu casamento com Luna... até que foi uma festa bonita... – para quem gosta de ração de gatos.
Não trocaram nenhuma palavra. Ele simplesmente começou a acompanhar os seus passos rumo a sala de reuniões formal do castelo. Ficou sentado ao seu lado enquanto ela erguia o seu pingente com a mão direita, aguardando ser transportada. Será que aquilo também ira funcionar para as juniores? Bem, provavelmente sim. Quando a luz ficou menos cegante, ela se viu na sala especial. Diante dela, estava a grande mesa redonda – as vezes, por pura piada, a chamava de távola redonda, pois, de certa forma lembrava esta mítica peça medieval.
Só haviam dois lugares vagos, o seu e o de sailor Moon – que estava na escola. Hum... iam precisar arrumar mais oito lugares ali, para os seus filhos. E pensar que, quando começou, eram apenas ela e Artemis. Depois, juntou-se a outras quatro. Quem imaginaria que havia agora tanta gente? Cinco inners – contando sailor Moon - quatro guardiões, quatro outers, quatro asteroid senshi, e, o rei e a rainha. Isso totalizava dezenove... com mais oito, seriam vinte e sete. Não ia caber tudo aquilo naquela mesa... e ainda tinha que somar o cientista louco deles, o Orion. Vinte e oito.
- Estávamos aguardando você – disse Luna, sentada no centro da mesa. Seu marido já tinha pulado na mesa e estava se sentando ao seu lado – creio que podemos começar.
Sailor Vênus assentiu com a cabeça, andando ao redor da mesa para tomar o seu assento – que, felizmente o seu marido tinha se precavido para guardar – bem como começar a reunião extraordinária. No caminho, olhou melhor para Orion e Setsuna. Ela estava mesmo segurando na mão dele por debaixo da mesa. Nossa! Que mudança! O que será que o Orion fez na noite passada? Até ontem, pelo que se lembrava, a relação deles estava ainda do mesmo jeito.
Quando se sentou, olhou para a cara dele, e ele parecia meio aéreo, como se estivesse se lembrando alguma coisa muito alegre, o que o fazia olhar para a frente e não ver nada. Hum...
Bom, aquele assunto era para outra ocasião. Deu uma ultima olhada ao redor da mesa – fez uma pequena pausa quando passou os olhos nas asteroid senshi, apenas para olhar um pouco feio pela maneira um tanto mal educada como estavam demonstrando o seu tédio. Só faltavam mesmo roncar - limpou a sua garganta e começou a falar.
- Agradeço por terem vindo depressa. Infelizmente, creio que não sou portadora de boas notícias. Ainda não sabemos o que as criaturas que estão agindo no reino desejam, mas, ao menos, graças a Diana, sabemos que estão realmente recolhendo alguma coisa.
- Que coisa? – perguntou Lita.
- Segundo minha filha – adiantou-se Luna na resposta – parece-se com um fragmento de vidro, ou até mesmo de um cristal. Ela viu um dos chamados generais de Klarta pegar um destes no incidente de ontem. Não sabemos o que é, nem o porque de estarem fazendo isso.
- Além disso – continuou Vênus – ontem, Hotaru nos contou algo – olhou para ela – que nos deixou muito preocupados.
- Desculpe não ter dito isto antes – começou ela se desculpando – eu simplesmente acabei me esquecendo deste detalhe tão importante.
- Detalhe? – questionou Setsuna.
- Sim, este detalhe – Artemis tocou com a pata em um dos controles da mesa e um holograma de um bracelete surgiu no centro desta. A maioria dos presentes ficou impressionada com a imagem. Aquele era o bracelete que galáxia e suas sailors usavam, quando Chaos as dominava.
- Todos os generais usam o mesmo tipo de bracelete – disse Hotaru – aqueles mesmos braceletes das sailors de Galáxia. Não sei se tem a mesma função. Fiquei tanto tempo por lá na aquela dimensão que isto acabou sendo algo sem importância para mim.
- Por isso não pude senti-lo andando pela cidade – comentou Sohar com o olhar incrivelmente fixo, dando-lhe um ar ameaçador – e nem na Lua. Ele é um morto vivo.
- Como! – perguntou a rainha.
- Ele não tem alma, nem essência, muito menos uma semente estelar. Esse bracelete é a única coisa que o mantém íntegro. Não poderei captar quase nada dele. Não posso localiza-lo. Acho que nenhum de vocês pode. A não ser quando estiverem muito próximos.
- Mas... Galáxia devolveu todas as sementes que tinha tomado!
- Sim, majestade – disse Sohar, ainda encarando com certo ódio a imagem representada no holograma – todas as que tomou depois que Chaos a dominou. Mas não podia devolver as outras, que Chaos havia pego antes. Ou melhor, que foram oferecidas a ele antes.
- Oferecidas? – Hotaru olhou para ele com desconfiança.
- Só sei o que me contaram. Chaos havia convencido alguns seres poderosos e com certa ambição, a lhes entregarem suas sementes estelares. Isso daria a ele poderes enormes, que, de outra forma, o desintegrariam. Em troca, daria um planeta a cada um, para governar como bem entendessem.
- E ele ficaria com o resto do Universo? – perguntou Netuno com um certo sorriso cínico.
- Não seja tola, Michiru – disse ele a olhando friamente – duvido que ele tivesse interesse em tal tipo de coisa. Há um limite para quanta ambição uma criatura pode ter. Ele não queria o poder pelo poder. Ele era um obcecado. Obcecado em saber a real origem e propósito dos cristais dos primeiros guerreiros estelares. O Cristal de Prata é um destes – olhou para a rainha – o cristal Dourado é outro, assim como o cristal de Diamante.
- Qual a relação de obter poder para descobrir o segredo destes cristais?
- Hotaru... eu não sei – respondeu ele abaixando os olhos – só sei que era esta sua maior ambição. Ficou completamente louco com isso, destruindo tudo a sua volta para obter mais e mais sementes estelares...
- Parece que você o conheceu...
Ele a olhou diretamente nos olhos, com uma frieza que a constrangeu.
- Ele matou a minha primeira noiva – disse lentamente.
Será que foi isso o que Setsuna quis dizer quando tinha revelado que ele tinha uma dor na alma que ainda doía? E que, por isso detestava ficar lembrando o passado? Olhou para ele e ficou pensativa. Podia ser. Como ela se sentiria se sua filha Rita e seu marido Afonso fossem assassinados? Tremeu só de pensar nisto, e, rapidamente tentou tirar este pensamento da cabeça. Voltou a prestar atenção nele e viu que Lita estava segurado o seu braço, para lhe dar apoio. Talvez ela já soubesse da história.
- Desculpe – disse Hotaru – não queria força-lo a lembrar coisas desagradáveis.
Vênus notou que Setsuna ficou sombria. Ela com certeza sabia como tinha acontecido. Devia estar lá quando aconteceu. Mas, achou estranho Luna também estar com expressão pesarosa.
- Esqueça! Pelo menos agora sabemos o que estamos enfrentando. Criaturas sem sementes estelares. Criaturas que ofereceram suas sementes a Chaos. Isso deve ter sido há muito tempo... e deve ter ocorrido em Klarta. Por isso eles devem se chamar generais deste planeta. Mas... o que querem aqui?
- Eu não sei... – disse Hotaru pensativa – mas... agora começa a fazer sentido. Eles começaram a perder o interesse naquele planeta em que eu estava depois que falei que Galáxia tinha sido derrotada. Se eles tem ligação com Chaos, isso explica o interesse deles aqui. Foi aqui que ele foi definitivamente derrotado. Será que estes fragmentos de vidro que estão recolhendo tem algo a ver com isso?
- Não creio – comentou a rainha – a menos que sejam fragmentos da espada em que chibi-chibi tinha se transformado. Não... não faz sentido. Não houve nenhum destruição tão grande naquela luta para espalhar estes fragmentos em uma área tão vasta.
- Ainda tem isso aqui – disse Lita colocando um pequeno objeto em forma de cubo na mesa – achamos ontem, no mesmo vagão em que Diana estava.
- Uma câmara cristalo-holográfica? – disse Luna, olhando para aquilo.
- Parece que sim – confirmou Sohar – faz tempo que não vejo uma destas.
- Será que só eu não sabia o que era isso? – disse Lita para si mesma.
- Posso ver? – pediu Orion, pronunciando-se pela primeira vez.
Passaram o pequeno cubo para ele e, após o observa-lo por alguns instantes, ele retirou um tipo de monóculo do bolso e o pôs no olho direito. Este começou a mudar de cor conforme ele observava o pequeno objeto com ele. Murmurava alguma coisa de vez em quando, indicando que estava fascinado.
- Orion... – chamou Vênus – não guarde suas descobertas para si.
- Como? Ah! Desculpe. É mesmo uma câmara, muito similar àquela que eu vi no castelo de Plutão. Só que... é muito mais avançada. Da mesma forma que os circuitos que vi na nave que trouxe Hotaru...
- Tecnologia da cidade dourada – comentou Sohar – deve ter sobrado algo dela nas naves que fugiram do desastre – olhou para Hotaru, como que esperando que ela dissesse algo.
- Até quando o passado vai nos perseguir? – bufou Ray – já não chega os inimigos do antigo Milênio de Prata? Agora temos inimigos mais antigos ainda? Será que isto não acaba nunca?
- Nossa vida não passa de encararmos as coisas do passado – disse Sume de forma filosófica – temos a profissão que determinamos quando adolescentes, e estudamos para isso. Temos os filhos que decidimos ter no passado, até mesmo temos de resolver problemas que começaram com os nossos avós. Não é tão estranho assim coisas não resolvidas de um passado longínquo nos perseguirem, especialmente considerando quem nós somos.
- E quem nós somos? – perguntou ela o olhando com desafio.
- Os idiotas que decidiram reviver um sonho morto – ele a encarou duramente – um sonho que morreu na cidade dourada, morreu no reino da Terra, e também morreu no Milênio de Prata na Lua. Mas sempre teve aqueles que decidiram revive-lo, e tiveram de enfrentar as sombras do passado, como estamos fazendo novamente.
- Parece saber muito a este respeito...
- Não é só o futuro que posso ver as vezes – respondeu misterioso – minha cara princesa de linhagem fulgurante.
Ray arregalou os olhos. Vênus, por usa vez não entendeu nada. Mas achou melhor cortar aquela discussão.
- Melhor nos concentrarmos no assunto em questão – disse ela para ambos – deixem isso para outra ocasião.
Eles concordaram com a cabeça. Podiam discutir aquela filosofia depois. Mas ela ficou muito curiosa com o rumo daquilo. Do que será que eles estavam falando?
- O que Klarta teria relacionado a Chaos? – colocou Urano, de forma repentina.
- Como?
- Essas criaturas usam braceletes que Chaos fez para que não se desintegrassem, e se chamam generais deste planeta. Porque? Qual a relação?
Duas dezenas de pares de olhos se fixaram em Sohar. Devia ser uma sensação bem incômoda, aquela. Todos esperando que ele tivesse uma resposta. Por alguns instantes, Vênus sentiu pena dele.
- Klarta foi a primeira guerra que realmente tivemos... Os oponentes eram desconhecidos, nunca soubemos quem eram ou o que queriam. Mas Klarta tinha guerreiros estelares também. Três na verdade. Não posso imaginar qual seria a relação. Eu só conheci Chaos na Terra, e a sua história, quando... eu tinha partido daqui. Ouvi vários boatos em muitos lugares, mas não sei qual deles seria verdadeiro – ele cruzou os braços e forçou um sorriso amarelo – acho que todos eles eram, no fim das contas.
- Em que tudo isto nos ajuda? – perguntou Sailor Ceres – acho que ainda estamos na mesma situação. Na verdade, acho que estamos piores. Não podemos descobrir a presença deles até ser tarde demais, e, a única que pode fazer isso, não tem meios de encara-los sozinha – terminou referindo-se a Diana.
- Odeio admitir – Vênus disse juntando as duas mãos e abaixando os olhos, não conseguindo encarar nenhum deles – mas tem razão. Só descobrimos o quanto estamos vulneráveis.
- Nem tanto – disse Luna – sabemos agora que eles tem um objetivo, e este não é nos atacar, ao menos por enquanto. De fato, estão sempre nos evitando. Mesmo na Lua, aparentemente só atacaram devido a serem surpreendidos pelas crianças.
- Talvez – disse Netuno – e, em que o broche estelar nos ajuda nisto, Hotaru?
- Que broche? – perguntaram as asteroid.
- Explicamos depois – disse Luna – Hotaru, eu também estou curiosa. Porque você acredita que ele é nossa única esperança?
- Era a única coisa que Chaos realmente temia – disse ela em voz baixa – pelo menos, foi o que Torguer me disse.
- Se conseguirmos extrair ele das crianças - disse a rainha – acha mesmo que sua idéia vai dar certo, Urano?
- Não vejo porque não. As crianças vão fazer de tudo para conseguirem vencer, e, ao descobrirem que não conseguem, a portadora terá de recorrer a ele. Considero minha idéia válida.
- Majestade – Luna começou com cuidado, mas de forma incisiva - a idéia pode ser válida, mas, pessoalmente não creio que, mesmo que dê certo, iremos obter alguma vantagem. Nunca soube que o broche estelar que a rainha Serenity guardava no mesmo cofre que os dos pingentes das sailors poderia possuir algum poder especial. Além disso, não temos como averiguar a confiabilidade da informação que Hotaru possui – olhou para ela, tentando minimizar as suas palavras – aquele que a forneceu não se encontra aqui, e não há como saber de onde ele soube disto.
- Pelo que Sohar disse – Hotaru foi incisiva - o broche não só existe como faz tudo o que Torguer me contou.
Luna olhou para Sohar antes de responder. Ele apenas ergueu as sobrancelhas.
- Sim, Hotaru. Eu sei. Mas o que realmente poderemos obter no caso do mesmo se revelar? De que adiantará isso se ele só puder ser usado por aquele que o carrega agora?
- Podemos treinar ele, ou ela, para usar todo o potencial do broche. – interrompeu Urano olhando para ela de uma forma um tanto curiosa.
- Não se pode treinar esse tipo de coisa – disse Luna fechando os olhos e com uma entonação um pouco triste – você treina todos os dias nos últimos cinqüenta anos, e, seu poder não aumentou praticamente nada.
- Devo ter chegado ao máximo dele – disse ela virando a cabeça de lado.
- Talvez – Luna abaixou a cabeça com um certo pesar – a questão é que ainda não me convenceram do porque este broche pode ser nossa única chance contra o que podemos estar enfrentando. Mesmo que Chaos o temesse, isso não significa que esses novos oponentes o temam também. Além disso, pelo que Orion me disse sobre o que estudou da nave na qual você veio, Hotaru, parece que ela tem uma tecnologia muito parecida com a do antigo Milênio de Prata. Desculpe se vou parecer rude, mas... acho que você não nos contou tudo o que descobriu ou vivenciou lá onde esteve em todos estes anos.
- É a tecnologia da cidade dourada – disse Hotaru de uma forma um tanto rude – aquela que deu origem a do Milênio de Prata. A nave, bem como tudo o que encontrei naquele planeta, são tudo o que sobrou desta cidade. Os auto intitulados generais de Klarta devem ter conseguido isso dos despojos daquela guerra, como Sohar mesmo disse. Provavelmente um cruzador de ataque abandonado.
- E o que eles queriam naquele mundo?
- Não sei – respondeu ela fechando os olhos e, aparentemente se sentindo impotente – não sei mesmo. Só queriam criar aqueles fantasmas, aqueles youmas, se é que podemos chama-los assim. Esgotaram quase todos os recursos do planeta unicamente para isso.
- Queriam um exército – disse Amy pensativa – para lutar contra quem? Contra nós?
- Eles nem sabiam de nossa existência, até obterem isso me torturando. Parece que nem mesmo eles sabem o que desejam. Eu cheguei a perguntar ao último general que eu venci o que eles queriam, e ele me respondeu simplesmente que ainda tentavam descobrir. Eu também não conseguia sentir eles por lá, só, algumas vezes, umas sensações estranhas, mas nada maligno. Não sei mesmo.
- Acho que não vamos chegar a lugar nenhum no momento – disse a rainha – pois bem. Vamos continuar alertas, e vamos ver se o broche aparece neste torneio. Depois disto, veremos se podemos tomar alguma decisão. Até lá, só posso rezar para que o que ocorreu antes não se repita.
- Majestade – chamou Netuno – gostaria que revogasse sua ordem de não nos enfrentarmos. O incidente de ontem e estas informações de agora, só reforçaram o fato de que as crianças ainda precisam de muita prática para podermos ficar tranqüilos quanto a sua capacidade de defesa.
- Concordo – disse Lita – eu queria avaliar minhas filhas...
- NÃO! – ela se pôs de pé – eu não quero os defensores se enfrentando com seus poderes. Mesmo para treinos. Ponto final.
- Leve elas para meu templo – disse Ray – podem dar uma surra nelas por lá...
- RAY!
- Serena – ela a olhou com firmeza – meu templo não faz parte de seus domínios, lembra?. E acho essa sua decisão muito reacionária. As crianças estão muito mal das pernas, embora não percebam isso. Elas precisam descobrir que seus poderes não são tudo o que imaginam. E é melhor descobrir conosco, do que com esses inimigos. Lá em... bem, vamos dizer... meus domínios, sua ordem não tem validade. Ou vai discordar disto?
Ela não disse nada. Apenas se sentou, contrariada e um pouco magoada.
- Passamos por lá quando o torneio for se aproximar – disse Netuno – só que não me responsabilizo pelas suas árvores...
Vênus viu que estavam discutindo outros assuntos agora, e se retirou. A rainha já o tinha feito, alguns momentos antes. Devia ser duro para a sua amiga ser lembrada de que seu desejo de paz tinha sempre de esbarrar na realidade. Vênus concordava com ela, mas tinha que dar o braço a torcer para Ray. Estava até pensando em levar Rita para o templo, qualquer dia destes, só para saber até onde iam suas habilidades.
Mais cedo ou mais tarde, as crianças seriam atacadas ou se envolveriam por acidente no assunto. Era bom ter certeza de que podiam se defender.