Combater demônios quando você consegue vê-los já não é algo fácil e agradável, que dirá enfrentar uma matilha de cães do inferno? Você nem vê os desgraçados!

E apesar da invisibilidade, seus dentes são bastante afiados.

E Dean, que já provara da dor do ataque daquelas bestas, sentiu mais uma vez quando uma das muitas feras lhe mordeu o antebraço, ele chutou o cão e atirou nele, mas isso não impediu seu sangue de verter.

Com algum esforço e cobertura de Sam, Dean se pôs de pé novamente. A voz parecia impassível ao que acontecia, pois repetia sem mudança de entonação.

"Onde está, onde está você feiticeira?"

—- Quem diabos está falando isso? -- Perguntou Sam.

—- Não sei, mas eu adoraria estourar os miolos do filho da puta. --

O som das passadas sugeriam aos irmão que mais cães vinham da cozinha e desciam as escadas do primeiro andar. Sam engoliu em seco.

—- Dean... --

—- Eu sei, Sammy, mas sair daqui correndo também não me parece a mais inteligentes das decisões. Nada os impediria de correr atrás de nós -- Dean puxou o gatilho da arma, que não respondeu ao comando. -- Sammy, por acaso, você tem algumas balas sobrando com você aí? --

Sam disparou em um cão que avançou em sua direção.

—- Sinto muito, Dean... esta era a última.

—- Maravilha! -- Dean exclamou com raiva.

Do lado de fora da casa, no pequeno terraço de madeira, o cavalo batia as patas com força nos tacos, até quebrar uma boa parte deles, algo como fios e um pavio se revelou, o animal agitou-se relinchando, como se quisesse chamar atenção.

—- Agora não, Spirit! Estou concentrado em não morrer de novo! -- Disse Dean sem olhar o animal.

Mas Sam, que já aprendera a dar crédito à criatura gigantesca, olhou de esguelha para o que fazia o animal.

—- Dean, tem explosivos embaixo da casa. --

—- Como é que é? -- Dean perguntou com uma careta incrédula.

—- Isso mesmo, explosivos! Você tem um isqueiro aí? --

—- Tenho. -- Dean disse, mas seu tom de voz não indicava satisfação exatamente -- Você não está planejando explodir a casa com a garota aqui dentro, está? --

—- Dean, não acho que essa coisa que parece um cavalo fosse mostrar os explosivos se isso fosse machucar Melissa. --

—- É um animal! -- Dean reforçou sua indignação.

—- Me dê outra solução pra sairmos vivos daqui! -- Sam estava impaciente.

Dean passou alguns segundos em silêncio, se sentia estúpido dando crédito a droga de um cavalo. Mas seu irmão estava certo, não havia outra escolha.

—- Como nós seguramos eles aqui? --

—- Eu tenho um pouco que sal aqui comigo. Nós corremos, batemos a porta, eu coloco o sal, você acende o pavio e saímos de perto. --

—- E as janelas, gênio? -- Perguntou o mais velho acertando a cabeça de um cão do inferno com o rifle.

—- É o melhor que temos, Dean! --

—- Tudo bem. -- Concordou o outro de má vontade.

—- No três. -- Disse Sam como se contasse um segredo -- Um, dois. -- se prepararam -- três! --

Os Winchester correram como nunca na vida.

Dean se sentiu ofendido, nunca fugia em situações como aquela, mas era isso ou morrer de novo e arriscar a vida de Sam, e isso ele não faria, não iria arriscar a vida de seu irmão se podia correr.

Assim como o planejado, saíram de perto da casa e esperaram pela explosão.

No instante em que o primeiro cão do inferno ameaçou quebrar a janela, tudo foi pelos ares, devia haver muito explosivo e a julgar pela eficiência muito sal e ferro também.

Dean pensou em Melissa, torcendo para que aquele cavalo superdesenvolvido tivesse alguma coisa na cabeça. Não ia se perdoar se tivesse matado a garota naquela explosão.

—- Dean. -- Sam chamou, enquanto passava a mão na crina do cavalo. Seu irmão não respondeu, olhava o resto da estrutura que aos poucos ruía -- Dean! --

—- O que? --

—- Você leu o que estava escrito no espelho? --

—- Espelho? Não. -- Dean parecia não prestar muita atenção.

—- Estava manchado de sangue. --

—- Bem, a casa toda estava, então eu não vejo porque era especial... -- Dean começou a prestar atenção na única estrutura que não parecia que ia desabar e na verdade não era visível quando o resto da casa estava de pé.

—- Tinha uma mensagem nele, um nome... --

—- Sammy, acho que encontrei o esconderijo. -- Dean interrompeu seu irmão, constatando que realmente o estrutura que observava não ia cair.

Antes que seu irmão pudesse questionar qualquer coisa que fosse, Dean já estava no meio do caminho e não parecia se importar de pisar entre as brasas da recente explosão, Sam o seguiu com o alazão em seu encalço.

—- As paredes são bastante reforçadas, por isso não caiu junto. -- Constatou batendo na porta e nas paredes -- É um quarto do pânico, Dean, parecido com aquele do Bobby, eu acho. --

—- É, só que o do Bobby tem uma fechadura, alguma coisa pra forçar, arrombar! Mas esse aqui... -- Dean disse ansioso e por fim, tocando a porta forte do cômodo de segurança.

No momento do toque, a partir do lugar exato onde a pele de Dean encostou a fria parede, símbolos desconhecidos pelos dois irmãos acenderam num tom vermelho vivo por toda a porta, que destrancou em seguida. Como se estivesse programada para abrir a partir daquele toque.

Os irmão se olharam com espanto.

—- O que diabos foi isso? -- Dean disse tirando a mão da porta com rapidez.

O símbolos se apagaram.

—- Quando eu toquei não aconteceu nada, então não olhe pra mim! -- Sam disse, empurrando a enorme e pesada porta.

Melissa estava lá, caída no chão frio, o celular próximo a sua mão.

—- Por favor, não esteja morta. -- Dean disse quando checou sua pulsação. Respirou aliviado quando sentiu o leve pulsar da artéria. Pegou a garota em seus braços, só então sentindo a dor pela mordida do cão infernal.

—- Er... Dean. -- Chamou Sam que iluminava as paredes do lugar com a luz do celular -- Você conhece esses símbolos? --

Dean tirou os olhos de Melissa que, apesar do corpo de mulher, era leve como uma criança, para olhar o que Sam mostrava.

—- Não no diário do papai. -- Ele disse olhando tudo intrigado.

—- Eu nunca vi em lugar nenhum. -- Respondeu o outro fotografando o que pode -- Ela está ferida? --

—- Não, acho que só desmaiou mesmo. --

—- Ela deve ter entrado em choque, nós ficamos, imagine uma garota de dezessete anos... eram a mãe e irmã dela, afinal. -- Sam afastou os cabelos dela do rosto -- Não queria ser ela quando acordar.--

—- Vamos tirá-la daqui... Bobby vai saber o que fazer. -- Dean disse tomando a dianteira -- Fotografou essas coisas nas paredes? --

—- Yep. --

—- Finalmente, o que havia no espelho? -- Dean perguntou trilhando um caminho cuidadoso entre os escombros com a garota em seus braços.

—- Um nome, escrito a sangue -- Sam engoliu em seco, aquela lembrança em especial lhe dava calafrios.

—- E qual era o nome? -- Dean perguntou quando já pisavam na grama fresca.

—- Catarina. --

Embora não tenham percebido, no momento em que Sam pronunciou o nome, Melissa abriu os olhos por pouco segundos, mas não como se estivesse acordando, havia sido algo como um breve sonambulismo de quem ouve um chamado.

—- Não me remete a nada. -- Dean disse dando de ombros.

—- Mas uma coisa pra contar a Bobby. --

Passando pela porteira do Rancho Solar, o Winchester mais novo olhou ao redor.

—- Dean, onde está o cavalo? --

—- Não faço a mínima ideia, Sammy, eu só quero tirar essa garota daqui... --

—- Qual é, cara, um bicho daquele tamanho não some assim! -- Sam estava realmente intrigado quando o animal;

—- Bem, parece que esse sim. -- Dean disse quando deitou Melissa no banco de trás.

Ele e Sam bateram as portas do impala ao mesmo tempo. Sam amarrou um pano ao redor do ferimento do irmão, que aos pouco parava de sangrar.

—- Pra onde vamos? --Sam disse, verificando se Melissa estava direito no banco de trás.

—- Vamos direto até o Bobby, não acho que isso possa esperar. -- Dean respondeu dando partida no carro.