Hearts Of Sapphire

¨f o r t y - e i g h t¨


Ele sabe.

Era a única coisa que ecoava na cabeça da Escolhida enquanto ela e Marjorie voltavam à Ordem Esmeralda. A escolha de palavras do Senhor Ônix definitivamente não fora por acaso.

No caminho, a Examinadora apenas comentara uma vez como Corinna parecia ainda mais desconcentrada do que quando saíram da Mansão.

A garota não respondeu.

Ainda tentava entender como Theo sabia: se era um erro seu e qualquer um poderia notar, e, se fosse o caso, o que poderia fazer a respeito.

Também tinha a descoberta do corredor. O Governante Ônix fora o responsável por ajudá-la, o que significava que já havia se passado quase um mês de que o deorum sabia e ele não fizera nada a respeito.

Por que ser conivente? Por que não denunciá-la de uma vez?

Pretendia chantageá-la de alguma forma agora que a menina aceitara o suporte de Athlin e não o dele?

Nada fazia sentido e a cabeça da Escolhia doía com todas aquelas questões.

Pelo menos, a magia tinha se assentado um pouco.

Graças a Theodor.

Você não pode ficar destruindo paredes para sempre. Quando estiver pronta, me dê um sinal.

Corinna apoiou as costas no encosto de um dos assentos da carruagem e suspirou.

Conall confiava no Senhor Ônix, talvez ela não devesse ter tantas suspeitas dele.

Ao chegar à Sede Esmeralda, agradeceu a Marjorie pelo passeio, embora tivesse voltado de mãos vazias.

A menina de Fortuna alegou que Fearis já planejava aprontá-la para a reunião mais tarde e foi direto para o quarto.

Fechou a porta atrás de si, com a respiração descompassada. Sentou-se na cama e começou a mexer na manga direita do vestido, onde tinha sentido algo pinicando sua pele ao descer do transporte. Seus dedos encontraram um pequeno pedaço de papel ali e a garota o retirou com cautela.

Escrito com uma caligrafia elegante, mas ligeiramente corrida estava a tal receita que o Senhor Ônix lhe prometera.

Ela já tinha recordado que era o mesmo gosto da bebida que tomara para minimizar a magia antes mesmo de ir para o Setor Superior. O ingrediente que seu pai tinha se arriscado para pegar.

Contudo, o modo de preparo era um pouco diferente.

Embaixo das instruções estava um recado:

Eu falei sério hoje. Sobre tudo.

O bilhete não tinha nenhuma assinatura, e nem precisava.

Corinna rasgou o papel em pequenos pedaços e daria um jeito de jogá-lo na primeira fogueira que encontrasse naquela noite.

Ninguém havia de fato acreditado em Rexta quando ela anunciara que estava esperando um filho de Conway.

Foi apenas um episódio isolado quando o Senhor Safira mal conseguia se sustentar nas próprias pernas e alegava não se lembrar de nada além de acordar desorientado na mesma cama que a Governante da Ordem Rubi.

Mas, Auremio preferia acreditar que nenhuma bebida no mundo deixaria um homem alienado o suficiente para não saber com quem havia dividido a cama.

Era realmente uma surpresa que Rexta tivesse declarado para o ex-Governante e para a Senhora Prata que durante esse tempo todo sempre houvera mesmo uma criança.

O que Auremio não daria para ter presenciado a feição do Senhor dos Mares ao saber que ainda havia uma herdeira no mundo. Saída do ventre da Senhora Rubi.

Claro, poderia ser apenas um blefe de Rexta, mas o deorum não acreditava que ela iria tão longe e jogar tão arriscadamente assim com um blefe.

Apesar de tudo, aquilo trazia especulações perigosas.

Se tinha uma parte da Profecia que era bem divulgada era que seria uma herdeira da água a assumir um lugar de importância, mas, além de Conway nunca ter tido a certeza de que sua companheira estava grávida, a Profecia não especificava quem seria a mãe da criança.

E se fosse o caso de ser mesmo a menina de Amara, nem Raina nem Auremio sabiam em que posição aquilo deixava Rexta na aliança entre os três.

Tentaria usar a desculpa maternal para manipular a garota a fugir de seu destino ou passaria a defendê-la mesmo indo em conflito contra tudo pelo que a Governante lutou para manter?

Contudo, a parte mais interessante naquilo era que, se ela fosse de fato a herdeira professada da Ordem Safira, ou melhor, se a menina tivesse poderes escondidos durante todo aquele tempo, bem debaixo dos narizes dos deorum, as outras duas peças importantes da Profecia também poderiam estar por aí camuflados.

Se Rexta quisesse manter uma carta na manga com a Escolhida de Amara, era bom que ele tivesse uma também.

Era hora de Auremio ficar de olhos bem abertos.

Um homem nunca fugia de suas responsabilidades.

E aquilo nunca havia sido uma opção a se considerar para ele.

— Pode muito bem ser mentira. — Thisbe foi direto ao ponto sentando-se ao lado de Conway.

O Governante estava acomodado sobre um deque, suas pernas longas tornando possível que, do tornozelo para baixo, a pele estivesse sob a água.

— Uma mentira dessas seria imprudente demais… além disso, vi a menina hoje. Ela não é humana nem cresceu aqui. Senti a ligação do poder dela com o de Rexta também.

Thisbe estava com as pernas cruzadas no deque e virou o rosto para encarar o Governante Safira.

— O de Rexta? Não deveria ser o seu o predominante?

— Não sabemos quais foram os meios que ela usou para esconder e reprimir a natureza da criança por tanto tempo em terras humanas.

A ex-líder da Ordem Bronze ainda não estava convencida:

— A menina pode ser simplesmente um dos outros dois. Você deveria pedir para que fosse comprovado.

Conway negou com a cabeça:

— Sei que sempre disse que estava quase certo de que nada acontecera naquela noite, mas eu não posso afirmar depois do estado em que me encontraram e...— o Senhor Safira passou a mão pelo rosto, soltando o ar pelo nariz. — Sondei a mente da menina...Mattia. Abandono e rejeição de uma vida toda transborda nos olhos dela. Cresceu em um orfanato, que foi o único lugar que a acolheu. Agora chegam dois completos estranhos alegando que são seus pais, dando uma centelha de esperança… Não vou adicionar mais uma frustração na vida dela.

Thisbe suspirou.

— Mesmo assim, você deveria pensar a respeito… Há muita coisa em jogo

O Senhor Safira parou de mexer os pés debaixo d'água e encarou a mulher.

— Acha que não é ela? Não seria melhor se vocês duas tivessem contato...quero dizer, você poderia confirmar de uma vez.

Thisbe colocou uma mão sobre o ombro do homem e comentou em um tom baixo:

— Sabe que não é assim que funciona. Consigo senti-la se está perto, mas esse processo de reconhecê-la faz parte do Destino, da Profecia. Só você pode decidir ou descobrir o que a garota significa. Se eu me intrometesse, tenho certeza que os Céus não demorariam a nos punir.

Conway bufou.

Como se ele tivesse muito mais a perder.

— Você tem, meu amigo. — só ao ouvir a resposta de Thisbe que o Governante percebera que falara em voz alta. — Todos nós temos. E, tenha certeza, nenhum preço será alto demais.

Thaddeus ficaria orgulhoso quando visse o quarto de Conall.

A quantidade de livros espalhados, as paredes repletas de papéis.

Ele só torceria a boca para desorganização, mas… cada coisa no seu tempo.

Além disso, a pedrinha que Theo havia dado a ele poderia não ser muito grande, mas fazia um estrago considerável no seu interior.

Sua magia sempre fora um pouco como se apaziguadora, agora ela parecia frenética e Conall quase sempre tinha que liberá-la de alguma forma.

A cada vez, ele se tornava mais habilidoso e sutil, mas ao olhar para as folhas dispostas em cima de locais remotos e inusitados era possível perceber que o garoto levara um tempo para se aperfeiçoar.

O Escolhido de Nix estava deitado na cama, vestido até os pés, não tinha nem se dado o trabalho de afrouxar os calçados depois que voltara da Arena.

Desde o dia anterior, estava completamente dedicado ao que chamava de pesquisa.

Era bom para manter a mente ocupada e, o mais importante de tudo, era necessário.

Tinha de ser objetivo e realista. Poderia não ser completamente humano, mas isso não o livrava do Sacrifício, muito menos da morte.

Precisava entender o que sua existência significava e qual era o seu papel junto às meninas.

Precisava acumular todo o conhecimento que pudesse e passá-lo adiante antes que fosse tarde demais.

Precisava entender a Profecia.

Entretanto, era mais fácil falar e planejar do que fazer. Ainda mais depois de Theodor ter lhe explicado que, o que a maioria das pessoas sabiam sobre ela era como uma ponta de iceberg. Como enxergar através um óculos sujo: estava ali na sua frente, mas o discernimento era embaçado.

A outra parte mais profunda da história, a parte que provavelmente estava registrada em papel e se mantinha fiel, estava espalhada por Excelsior.

Então Conall começava a se virar com o que tinha na Ordem Ônix e já se preparava para fazer uma futura pesquisa na Ordem Ametista, a sua Ordem.

Era estranho pensar que ele pertencia a um lugar do mundo que não era a casa de sua mãe adotiva, com seus irmãos. Era um pouco demais pensar que era de uma linhagem antiga e poderosa, ainda que decadente.

Às vezes, o garoto se deixava levar por pensamentos como se essa Profecia lhe daria uma tarefa do tipo reerguer sua Ordem.

Conall, que nunca se viu querendo estar num lugar de destaque sem que fosse necessário, começava a ter um sentimento crescente de orgulho e dever. Como um chamado que soava suavemente ao pé do seu ouvido.

O Escolhido de Nix estava passando a compreender o senso de destino da sua aliada de Fortuna.


— Qual o propósito dessa reunião? — Corinna perguntou à Marjorie enquanto Fearis ajustava a cintura do vestido da Escolhida.

Minutos depois de Corinna rasgar a mensagem de Theodor, a Examinadora trouxera seu traje— ou melhor, os cinco mais propensos a serem usados naquela noite — para o quarto da menina.

— Um propósito único e sagrado que consiste em: — Marjorie segurou uma jaqueta incrustada em pequenas esmeraldas sobre o vestido simples porém elegante que escolhera antes de continuar: — Gente chata socializando com mais gente chata. E algumas exceções como nós, é claro.

Corinna soltou um risinho e caminhou até o outro espelho livre.

Fearis havia feito um penteado do tipo coque baixo, porém com mechas muito mais intrincadas e com alguns fios prateados entre elas.

Seu vestido verde-água era um conjunto de cetim na saia e algodão no busto. Era simples para o Setor Superior, mas ainda assim mais elaborado do que qualquer um que ela usara em Fortuna.

Além disso, Corinna se sentia um pouco lenta pela bebida que Theodor lhe oferecera. Não conseguia nem mesmo ficar divagando muito tempo sobre ele. Seu tão foco estava disperso quanto da primeira vez que tomara a bebida, logo, chamar atenção mais do que o necessário para si, não seria uma boa ideia.

Principalmente com os olhos predadores de Auremio em cada passo seu.

— Você não está bem hoje. — ouviu Marjorie comentar.

— Um pouco cansada. Com saudade de casa. — Corinna explicou pausadamente. Até demais.

A Examinadora andou até a menina e segurou o rosto dela entre as mãos. Olhou nos olhos da Escolhida e franziu a testa.

— Fique no meu campo de vista esta noite. Não quero que tirem proveito desse seu estado... disperso.

— Eu estou bem.

— Aparentemente sim, só não quero arriscar.

Apesar dos seus esforços para se camuflar naquela noite, era complicado ser uma humana no meio de deuses vivos e não atrair olhares.

Muitos a parabenizavam pelo bom senso de escolher aceitar um Simpatizante, outros se perguntavam o que a levara escolher o recente e novato Senhor Esmeralda ao invés do poderoso e com um excelente histórico Senhor Ônix.

Em meio aos comentários maldosos sussurrados e das insinuações, Corinna somente dava um sorriso forçado e pedia licença, apenas para cair nas garras de outros deorum que a examinavam como se fosse uma égua premiada.

Alguns rostos eram desconhecidos, mas alguns a caçadora era capaz de reconhecer da Arena.

A Escolhida respirou fundo quando sentiu uma mão em seu ombro ao sair do banheiro.

Para sua surpresa e alívio, era Clyne, a Senhora Jade, que a cumprimentava.

Lembrava que Laeni lhe explicará que, apesar das discordâncias entre Clyne e Auremio, a Ordem Esmeralda e a Jade tinham uma aliança natural entre suas magias. Aquilo deveria explicar o fato da presença da deorum ali e do porque ela está desvinculada dos outros leões prestes a devorar a Escolhida viva.

— Como está se sentindo, querida?

As duas caminhavam em direção a um cômodo lateral que tinha vista para a parte externa da propriedade.

Era uma das salas de música. Um piano sem uso e seu banco ofereciam o único assento possível para ambas e elas se acomodaram.

— Bem, — Corinna suspirou passando um dedo sobre a tampa das teclas. — Um pouco sufocada.

Clyne soltou um risinho.

— Eu genuinamente compreendo. Não venho à Ordem Esmeralda com frequência. Definitivamente minhas visitas aqui, enquanto Auremio estava no poder, eram quase inexistentes. Os habitantes daqui não me têm muito em boa conta.

Corinna se virou para encarar a Governante. As luminárias fracas nas paredes junto com o luar faziam os olhos de Clyne parecerem acesos. Os cabelos encaracolados eram uma espécie de coroa permanente e única, e de todas as jóias que utilizava, sua beleza ainda era a mais sobressalente.

Por cima de tudo, havia toda uma aura calma e bondosa que faziam a Escolhida achar quase loucura alguém ter um sentimento ruim sobre ela.

— Não quero soar rude, mas a senhora é uma Governante, poderia simplesmente não vir.

Os cantos dos olhos de Clyne se repuxaram com um sorriso divertido:

— Poderia, não é mesmo? — Então a mulher levantou a tampa do instrumento antes de dizer. — Mas aprendi arduamente sobre os joguetes da política de Excelsior. Às vezes temos que fazer algo por obrigação de manter a paz, às vezes temos que estar onde não queremos nem iríamos em qualquer outra situação só para a manutenção da ordem.

A Senhora Jade passou os dedos com suavidade pelas teclas, um som baixo e fraco seguindo seus movimentos.

— Além disso, — a deorum continuou. — Estou aqui pelo garoto. Para mostrar apoio e suporte já que com o tipo de pai que tem, ele precisará de muito.

— Supõe-se que o pai dele queira o melhor para o filho, não?

Clyne meneou a cabeça:

— Supõe-se que sim. Contudo, não acredito que Auremio seja capaz de pôr o bem de outra pessoa acima do seu próprio. — Corinna testou timidamente algumas teclas — Por isso, estou feliz que tenha escolhido o apoio de Athlin. Certamente, não era o passo mais esperado, mas tenha certeza que esse voto de confiança deve ter significado muito para o garoto. Você toca?

A Senhora Jade apontou para as teclas sobre os dedos da moça. A Escolhida deu um sorriso de canto antes de morder o lábio:

— Muito pouco. Sei algumas notas, mas em Fortuna não temos o luxo de ter um piano pessoal. Arriscava algumas notas num piano decadente e desafinado que havia na escola.

— De qualquer forma, parece levar jeito para a coisa. — a deorum elogiou enquanto Corinna deixava os dedos ditarem o ritmo. — Tenho um amigo que usa o piano quase como uma escrivaninha e creio que se os assentos fossem mais confortáveis, ele o faria e cama também. — As duas riram. — Tentou me ensinar diversas vezes, mas tenho uma certa impaciência e dificuldade. Ele faz parecer tão fácil que me sinto frustrada.

As duas ficaram alguns segundos em silêncio enquanto a menina, ao tocar algumas notas, tentava se lembrar de alguma melodia leve.

Estava tão concentrada na tarefa à sua frente que demorou alguns segundos para notar Clyne a observando com um sorriso.

— É, faz mesmo um bom tempo desde a última vez. — A Escolhida descansou os dedos sobre o colo.

— Bonito colar. É de família? — A Senhora Jade perguntou apontando para a peça que a garota usava no pescoço.

O colar que Kallien lhe dera.

Instintivamente, Corinna tocou o pingente recebendo o ínfimo e costumeiro choque com o contato.

— Foi um presente de um amigo.

Clyne fez um gesto de pedir permissão para tocá-lo e jovem concedeu. Corinna não deixou escapar o rápido arquear de sobrancelhas que passou no rosto da Governante.

— Realmente muito bonito. Singelo, porém...forte. Combinou com você.

A Escolhida analisou com cuidado as palavras, mas a Senhora Jade sempre parecia muito sincera e sem razões para bajulações.

Depois de segurar o rosto da menina com uma das mãos, Clyne sorriu, disse que iria deixá-la aproveitar o reencontro com o instrumento e desejou boa sorte no Sacrifício.

A menina de Fortuna sentiu algo diferente na energia da mulher, quase como se ela estivesse extremamente satisfeita por aquela conversa.

Em menos de cinco minutos depois da porta do cômodo ser fechada, ela foi aberta novamente. Corinna havia voltado a tocar e não percebera quando o recém-chegado adentrou o cômodo, observando-a acertar as teclas com cada vez mais precisão.

Ele caminhou lentamente até poucos metros de distância do piano e então disse:

— Ouvi dizer que a música aqui está mais agradável do que lá fora.

Os ombros e os dedos de Corinna paralisaram, mas, logo voltaram a relaxar quando percebera a quem pertencia a voz.

Ainda não tinha tido a oportunidade de falar com Athlin naquela noite.

— Não sabia que tinha alguém com problemas de audição por aqui.

O rapaz riu.

— O comentário foi de Clyne, na verdade, e creio que os ouvidos dela estão em perfeito estado. Além disso, pelo pouco que pude escutar, ela não estava errada. — Athlin sentou no banco de madeira retangular passando uma perna de cada lado, ficando assim de frente para a Escolhida.

— Não deveria estar dando atenção aos convidados, Excelência?

O Governante massageou as bochechas:

— Graças aos Céus, já cumprimentei a todos. Aprendi uma técnica interessante nos últimos anos: dizer olá e, quando começarem os comentários sagazes, ácidos e ousados, afirmar que tenho urgência em falar com outro convidado muito esperado por mim. Até que no fim, não troquei mais de duas palavras com nenhum deles.

Corinna inclinou a cabeça:

— Uma técnica realmente interessante. Se ao menos você tivesse me dado essa dica antes.

— Espero que não tenham sido muito rudes e indiscretos com você. — Athlin parecia preocupado de verdade.

— Rudes e indiscretos… é um jeito de dizer…

— Era o esperado. Muita gente aqui não apoiou o fato de eu ter desafiado o comando do meu pai antes de hora, então fazem tudo para me atingirem de alguma maneira.

A Escolhida não sabia o que concluir da insinuação do Senhor Esmeralda sobre atingi-lo através dela.

Ele continuou:

— Tinha planos de acompanhá-la desde o começo dessa reunião, mas meu pai me dera várias tarefas inúteis.

Corinna poderia imaginar o porquê. Auremio já tinha deixado bem claro o que achava da interação dos dois.

— Não tem problema. — a garota disse. — Consegui me virar bem.

Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, o som do quarteto de cordas, que tocava no saguão principal, penetrava as paredes. A menina observava o piano e o deorum a observava.

Pelo canto do olho, Corinna percebeu Athlin abrir e fechar a boca algumas vezes.

Ela voltou o rosto para ele, como incentivo para que falasse.

Athlin respirou fundo e, com voz baixa e indecisa, perguntou:

— Quer dar um tempo daqui? Tem uma coisa...um lugar que quero te mostrar.

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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.