Heartbreak Girl

Capítulo 14 – Zoe’s Birthday


- Você vem hoje? — Luke perguntou assim que atendi o telefone.

- Claro! Eu disse que vou. – respondi ainda sonolenta. – Bom dia pra você também.

- Bom dia, pinguim! — o loiro respondeu animado. – Zoe está louca para receber o presente.

- Você ainda não entregou esse macaco gigante? – perguntei admirada. – Como conseguiu escondê-lo?

- Tenho meus truques. Quero que você esteja junto quando for entregar, afinal foi você quem escolheu. — disse sem dar muita importância ao assunto. – Você precisa que eu vá buscá-la? Ou você consegue vir?

- Eu me viro, Luke. Obrigada pela oferta. – sorri. – Meu pai me levará.

- Tudo bem. Vou enviar o endereço por mensagem. Será aqui em casa mesmo. — avisa.

- Não preciso me vestir elegantemente? – pergunto aliviada.

- Não. Aqui em casa somos todos bem casuais. – o loiro afirma. – Basta vestir o que te deixa confortável.

­— Tudo bem. Até mais tarde, girafa! – despedi-me.

- Até mais, Mia!— e eu sei que ele está sorrindo.

Assim que encerro a ligação, uma mensagem surge no meu celular. Luke enviou o endereço da sua casa. E eu me pergunto inutilmente quantas fãs surtariam por obter uma informação dessas e percebo que passei do status de fã. Agora eu era amiga, admiradora. Não pirava mais a cada vez que assistia a alguma entrevista. Não saia gritando todas as vezes que tocava uma música deles na rádio. Não ficava histérica a cada ligação que recebia deles.

Após alguns minutos olhando para a tela do aparelho, resolvo sair da cama. Minha mãe já preparou o café-da-manhã. Meu pai já está terminando sua xícara de café preto. Mamãe torce o nariz para a xícara de chá em sua mão e eu sorrio secretamente. Quanto tempo ela levará para aceitar fazer um teste de gravidez?

- Bom dia, família! – digo beijando a bochecha de cada um dos meus pais.

- Bom dia, filha! – papai sorri para mim.

- Pai, você pode me levar na casa de Luke? Hoje é aniversário da Zoe. – perguntei docemente.

- Eu acho que te acostumei mal. – falou balançando a cabeça, então falou mais baixinho para que apenas eu ouvisse. – Lembre-me de não cometer o mesmo erro quando seu irmão nascer, ok?

- Pode deixar! Ele terá a mim para mimá-lo! – pisquei um olho para papai.

- O que vocês estão cochichando aí? Posso saber? – mamãe perguntou curiosa.

- Assunto de pai e filha, querida. Não se preocupe. – ele dá de ombros.

- Ah, Mia! Às vezes acho que você está crescendo tanto e me deixando de lado nos seus assuntos. – ela diz abandonando a xícara e tentando conter as lágrimas acumuladas em seus olhos.

- Não fique assim, mãe. Você sabe como eu te amo, mas eu realmente estou crescendo. – beijei sua bochecha. – Papai, precisamos passar na farmácia quando estivermos indo para a casa de Luke, ok?

- Claro, filha. Você já tem o endereço? – ele começa uma conversa diferente.

- Sim. Ele marcou às três. Acho que podemos sair daqui às duas e meia. – falei, contando mais ou menos o tempo.

- Depois nós vemos isso. Agora tome seu café. – ele indicou a caixa de cereal em cima da mesa.

- Obrigada. – sorri para ele e acatei sua ordem.

~*~

— Mamãe, como estou? – perguntei aparecendo na porta do quarto dela, vestindo um macacão bordô simples e meu coturno preto de salto alto. – Não está exagerado?

- Está linda, querida! – minha mãe se emocionou. – Você está tão crescida!

- Obrigada, mãe. Agora estou indo para não me atrasar. – fui até ela e abracei-a. – Te amo, mãe!

- Também amo você, Mia! Divirta-se! – ela deu um tapa no meu bumbum e eu saí de seu quarto.

- Vamos, papai? – sorri para ele. – Ainda temos que passar na farmácia.

- Tudo bem. – ele disse pegando as chaves do carro e entrando na garagem.

Entrei no banco do passageiro e liguei o rádio. Tocava uma das minhas músicas favoritas, Somewhere in Neverland, do All Time Low. Cantarolei o refrão até papai parar no estacionamento de uma farmácia.

- Você tem certeza de que quer comprar isso, querida? Sua mãe vai me matar quando entregar esse teste para ela. – ele sorriu amarelo.

- Pai, você não está com medo, está? – ergui uma sobrancelha desafiadoramente.

- Claro que não! – ele negou, mas não me convenceu.

- Tudo bem, apresse-se ou vai chegar atrasada na casa do seu namorado. – papai debruçou-se sobre mim e abriu a porta do meu lado.

- Papai! Luke não é meu namorado! – falei corando. – Nós somos apenas amigos!

- Anda depressa, Mia! – apressou-me.

Sai do carro e ainda com as bochechas vermelhas, andei até o estabelecimento. Procurei a prateleira em que estavam os testes de Beta HCG. Peguei duas marcas diferentes para ter certeza de que minha mãe se sentisse confortável de fazer xixi naquelas tirinhas. Passei no caixa e paguei.

Assim que voltei para o carro, meu pai ligou a ignição e deu partida. Seguiu pela avenida e o único barulho no carro, eram as notas de 21 Guns, do Green Day.

- Filha, eu sei que você e Luke são amigos. Mas ele gosta de você e você gosta dele. Qual é o problema? – papai começou o assunto.

- Não sei do que você está falando. – desviei o olhar e fiquei com as bochechas pegando fogo.

Eu não entendia por que todos ficavam insinuando que eu e Luke éramos um casal. Éramos apenas amigos. E eu não podia ser apaixonada pelo meu amigo. Além disso, Luke não olharia para mim desse jeito. Já não sei mais o que pensar.

- Chegamos! – papai parou na frente de uma casa bem grande e bonita. – Quando terminar, me liga. Venho buscar você, se precisar.

- Sim, senhor. – sorri para ele e beijei sua bochecha. – Obrigada pela carona e boa sorte com mamãe. Você vai precisar.

- Obrigada. Divirta-se. – ele beijou minha testa e eu saí do carro.

Andei até a porta e apertei a campainha. Papai acenou de dentro do automóvel e partiu. Alguns segundos depois, a porta se abriu, revelando um homem alto, loiro e de olhos azuis.

- Boa tarde. – falei tímida, para o homem que parecia muito com meu amigo. – Eu sou a Mia.

- Eu sei que você é a Mia. – ele sorriu malicioso. – Eu sou Jack Hemmings, irmão do Luke. Prazer em conhecê-la. Você é mais bonita do que ele falou.

- Obrigada... Eu acho. – sorri envergonhada.

- Quem... – Luke veio chegando atrás do irmão. – Mia!

- Ei! – sorri para meu amigo.

- Venha, entre! – ele me puxa pela mão. – Não ligue para o Jack, alguma hora você se acostuma com ele.

- Foi bom conhecer você, Jack. – sorri para o homem e voltei-me para Luke. – Estou atrasada?

- Chegou na hora certa! Meus irmãos já estavam me enchendo a paciência. – o sorriso dele era enorme. – Vamos, minha mãe está curiosa para conhecer você.

Ele me levou até o quintal, onde se encontravam algumas pessoas. Uma garotinha estava no colo de uma mulher muito bonita e jovem. Dois homens loiros estavam vigiando a churrasqueira. E uma mulher loira baixa colocava uma cesta de pães na grande mesa de piquenique.

- Mãe! Mia está aqui! – Luke me guiou até a loira. – Mia, esta é Liz Hemmings.

- Olá, Sra. Hemmings. – estendi a mão para Liz.

- Como você é linda, querida! - Liz apertou minha mão e beijou minhas duas bochechas como os franceses fazem. – Mas, por favor, me chame de Liz.

- Ok, Liz. – sorri para a simpática mulher. – Eu adoro suas fotos! Elas são incríveis!

- Obrigada, Mia. Não sabia que se interessava por fotografia. – ela sorriu.

- Eu adoro! – relaxei diante da mulher.

- Então teremos muitos assuntos em comum. – sorriu maternalmente. – Fique à vontade. Vou terminar de colocar as coisas na mesa.

- Precisa de ajuda? – ofereci.

- Claro que não! Luke! Apresente sua amiga para as outras pessoas! – ela chamou o loiro que estava ao meu lado há um segundo e agora estava perto da churrasqueira com os outros homens.

- Venha, Mia! – ele me chamou. – Este é Ben, meu irmão mais velho. – apontou para o homem loiro, de olhos azuis com uma garrafa e cerveja na mão.

- Essa é a famosa Mia? – Ben sorriu para mim. – É bom conhecê-la.

- Olá! – disse acanhada com tantos homens ao meu redor.

- E este é meu pai. – Luke apresentou-me ao homem com a espátula na mão, que virava carnes na grelha. – Andrew Hemmings.

- Como vai, Mia? – Andrew estendeu a mão direita e eu apertei-a. – Luke não para de falar de você.

- Você também, pai? – Luke bufou e revirou os olhos.

- Estamos aqui para isso, filho. – ele sorriu para meu amigo e eu ri da cara de indignação do mais novo.

- É sempre bom constranger você, Luke. – sorri para ele.

- Até você? – ele arregalou os olhos para mim e fez careta.

- Vocês não vão deixar meu cunhadinho em paz? – a mulher bonita e jovem apareceu com a garotinha nos braços.

- Obrigado, Celeste! Ao menos você está aqui para me defender! – Hemmo sorriu para a morena.

- Eu só vim aqui porque sua sobrinha não parava de chamar o Tio Luke. – a mulher deu de ombros. – É um prazer, Mia! Sou Celeste.

- É bom ver que não sou a única morena por aqui. Já estava começando a me sentir deslocada com tantos loiros. – sorri para ela.

- Entendo como se sente. – ela sorri compreensiva e brincalhona.

- Mia, esta é a pequena Zoe! – Luke estava com a garotinha loirinha no colo. – Zoe, diga “oi” para a Mia.

- Tia Mia! – a menininha se jogou nos meus braços e me abraçou.

- Olá, pequena! – passei o nariz em sua bochecha fofa. – Feliz aniversário!

- O que você tem que atrai as crianças? – Luke perguntou abobado.

- Acho que alguém gostou de você! – Ben sorriu para mim.

- Vou começar a ficar com ciúmes, Zoe! – Celeste fez cócegas na garotinha.

- Zoe? – Luke chamou a loirinha. – Você quer receber seu presente agora?

- Presente! – ela bateu palmas e pulou do meu colo, indo em direção à casa.

- Cuidado aí, pequena! – Jack avisou, desviando de Zoe. – O que deu nela?

- Está na hora do presente do tio Luke. – Andrew zombou.

- Olha o que você vai dar para minha filha. – Ben advertiu. – Espero não ser outro CD de rock que vou ouvir até cansar.

- Você deu um CD de rock para ela? – perguntei incrédula.

- Ela gosta! – Luke insistiu. – Além disso, eram os Beatles!

- Ainda bem que eu te ajudei dessa vez. – dei um tapinha nas suas costas e fui atrás da loirinha. – Zoe?!

- Ela subiu. – uma mulher loira falou. – Eu sou Claire, esposa do Ben.

- É um prazer conhecer você. E sou a Mia. – sorri para a mãe de Zoe.

- Precisam de alguma ajuda? – Celeste chegou na cozinha.

- Não. – Liz negou. – Estamos bem, querida.

- Ok. – Celeste assentiu e voltou para o quintal.

Luke apareceu e desviou das mulheres passando com várias comidas.

- Vamos entregar o nosso presente. – Luke colocou as mãos na minha cintura e me guiou pelas escadas.

- Sua família é bem divertida! – elogiei. – Eu gosto deles.

- Eles gostam de você também. – o loiro sorriu e entrou na segunda porta do corredor, a única que estava com a luz acesa. – Acho que alguém já encontrou o presente.

Ignorando a bagunça do quarto, a cena que vimos lá dentro era muito fofa. Zoe pulando na cama de solteiro ao redor do macaco gigante e abraçando ele. Valeu a pena ter escolhido esse presente, apenas pelo sorriso no rostinho dela.

- Acho que ela gostou. – falei feliz por ter acertado.

- Você acha? – ele ergueu a sobrancelha, irônico. – Ei, Zoe! Qual será o nome do nosso amigo, aqui?

- É o Paul! – ela gritou animada.

- Paul? – perguntei achando graça. – Paul, o macaco. Soa bem.

- Ele vai fazer companhia para o John e para a Yoko! – ela pulou no colo de Luke e apertou as bochechas do loiro com as mãozinhas. – Obrigada, tio Luke!

- Agradeça à Mia, também. Ela que escolheu. – ele apontou para mim.

- Obrigada, tia Mia! Eu adorei! – ela se inclinou para mim e beijou minha bochecha.

— Não há de quê, pequena. – passei os dedos na bochecha fofinha. – Mas por que você me chama de tia Mia?

- Papai disse que você é a namorada do tio Luke. – ela sorriu lindamente e voltou para o macaco.

- Desculpa por isso. – Luke falou, desviando o olhar de mim.

- Não foi nada. Estão dizendo as mesmas coisas lá em casa. – dei de ombros, mas fiquei corada. – Eu nunca tive um garoto como amigo. Meus pais estão estranhando.

- Estão todos animados por eu trazer uma garota em casa. Eu não saí com mais ninguém depois da Aleisha. – ele explicou.

- Afinal, por que você terminou com Aleisha? – fiquei curiosa.

- É uma história longa. – ele tentou fugir da pergunta.

- Eu tenho bastante tempo. – sentei no chão, encostada na parede, onde dava para ver Zoe brincando na cama e bati no espaço ao meu lado, indicando para o loiro se sentar ali. – Pode começar.

- Ok. – sentou-se e respirou fundo. – Eu e Aleisha já estávamos juntos há quase um ano. Eu gostava muito dela, mas era um namoro de oportunidade.

- Como assim? – interrompi-o.

- Nós éramos de grupos parecidos. Eu já disse várias vezes que não era popular na escola. Na verdade, muita gente nem gostava de mim, de Cal e de Mike. Quando eu me aproximei de Calum e Michael, eu acabei me aproximando de Aleisha também. Éramos amigos. Ela tocava violão e cantava. Eu tocava e cantava. Parecia natural namorarmos. Era simples e confortável. Era oportuno passarmos o tempo juntos. Era nossa oportunidade de passarmos pela escola com alguém, teríamos um par para o baile e não nos preocuparíamos com essas formalidades todas. Entendeu? – olhou para mim para ver se estava acompanhando.

- Então você gostava dela, mas não era nada muito profundo? – questionei.

- Sim. Resumindo. – ele sorriu e depois ficou pensativo. Uma ruguinha entre as sobrancelhas me permitiu perceber que ele estava se concentrando. – Pouco tempo depois que do dia que você nos viu no bar, recebemos a proposta de abrirmos a turnê da One Direction. Mas não foi isso que me levou a terminar com Aleisha. Não apenas isso, pelo menos.

- Eu me lembro de que você disse que um dos motivos para terem terminado é que você não pediria para nenhuma garota embarcar nessa com você. – não tenho certeza, mas minha voz soou meio decepcionada.

- Não faria isso mesmo. – ele sorriu triste. - Enfim, o outro motivo que me levou a por um fim no meu namoro não é um fato isolado, mas um conjunto. Porém foi em uma tarde em que eu estava andando de metrô é que percebi que não daria certo levar aquilo para frente.

- O que aconteceu? – perguntei ávida por informação.

- Percebi que eu e Aleisha éramos mais amigos do que namorados. Percebi que seguiríamos caminhos muito diferentes. Percebi que poderia machucá-la, se, por acaso, eu gostasse de outra pessoa. Então, não havia motivo algum para continuar com aquilo. Foi um término tranquilo, sem mágoas. – concluiu.

- Vocês continuaram amigos? – ergui uma sobrancelha.

- Por um tempo. Até eu ir embora. Hoje sou apenas o ex-namorado famoso dela. – ele sorriu de lado. – Ela pode se exibir para as amigas, agora.

- Que estúpida! – murmurei apenas para mim. Essa garota não sabe de todos os encantos de Luke Hemmings.

- O quê? – ele perguntou curioso.

- Nada! – neguei envergonhada de ser quase pega em flagrante.

Aleisha McDonalds era uma pessoa extremamente idiota se não soube valorizar Luke. Ele é um cara incrível! Lindo, engraçado, gentil, amigo, carinhoso. Até os defeitos dele eram especiais. Era inevitável não pensar em Luke sempre. Era inevitável não se sentir segura no seu abraço. Era inevitável não admirá-lo cantando e tocando. Era inevitável não se apaixonar cada dia mais.

Então foi aí que entendi. Uma lâmpada se acendeu em minha cabeça. E eu não queria acreditar que era verdade. Não era verdade. Não podia ser verdade!

Eu estava apaixonada por Luke?

- Vamos voltar para o quintal? – Luke perguntou para mim e para Zoe. – Está quase na hora do bolo!

~*~

Eu estava sentada ao lado de Celeste e Claire observando Luke e Jack brincarem com Zoe. Liz e Andrew estavam mais afastados de nós, sentados abraçados e conversando apaixonadamente, ao que parecia. Ben sumiu dentro da casa sem muitas explicações, mas acho que aquela quantidade de molho de pimenta não faz bem para ninguém.

Jack jogou a bola para Luke e este ofereceu para Zoe, que tentava pegar a bola incansavelmente, e ela correu para o tio. Luke se abaixou e recebeu Zoe de braços abertos e apertou a garotinha em um abraço apertado.

Zoe soltou uma gargalhada tão alta e deliciosa. E enquanto Luke a erguia no ar, a menininha soltou um bocejo e esfregou os olhinhos, mas o sorriso não saiu de seu rostinho cansado. Luke percebeu a mudança e aconchegou-a em seus braços. Zoe deitou a cabeça no ombro do loiro, que veio até nós.

- Vai com a mamãe, macaquinha. – ele entregou a sobrinha para a mãe, mas ela estava decidida a não ficar com os pais hoje, porque pulou do colo da mãe e veio até mim.

- Não incomode Mia, Zoe. – Claire repreendeu. – Venha, filha. Vamos dormir.

- Quero dormir com a tia Mia. – a pequena coçou os olhos mais uma vez.

- Eu posso colocar ela na cama. – pedi para Claire.

- Você quem sabe. Não vou reclamar! – ela sorriu, dando de ombros.

- Vamos, pequena. Você está bem cansada, brincou bastante. – ajeitei-a nos meus braços e levei-a para o mesmo quarto de mais cedo. Luke veio atrás de mim e ficou encostado no batente, me observando cuidar de sua sobrinha. Seu sorriso ocupava todo o rosto. – Você quer que eu cante alguma música ou conte uma história, Zoe?

- Você pode cantar Here Comes The Sun? – ela pediu no meio de um bocejo.

- Claro! – sorri para o pedido dela e comecei a cantar a música.

“Little darling, it's been a long cold lonely winter

Little darling, it feels like years since it's been here

Here comes the sun, here comes the sun

And I say it's all right”

Mal terminei a primeira parte da música e a loirinha já caiu em um sono profundo. Beijei sua testa e cobri-a. Voltei-me para Luke e admirei seu sorriso por um segundo antes de sorrir de volta.

- Por que está sorrindo? – perguntei.

- Estou feliz por você estar aqui. – ele respondeu com uma intensidade em suas palavras que era capaz de me nocautear.

- Eu estou feliz por poder estar aqui. – disse sincera.

- Já são sete horas, quer que eu leve você para casa? – ofereceu.

- Se não for incomodar. – aceitei.

- Incômodo algum. – ele negou. – Quer ir agora?

- Vou apenas me despedir da sua família. – concordei. – Obrigada por me convidar. Os Hemmings são demais!

- Obrigado por vir, Mia. Todos gostaram muito mesmo de você. – ele olhou para Zoe. – Principalmente ela. Zoe não gosta muito de estranhos, mas você tem esse doce que atrai todo mundo.

- Não é verdade! – neguei.

- É sim! Você conquista qualquer um apenas com um olhar, pinguim. – ele sorriu calorosamente.

- Esse é você, girafa. – devolvi o elogio. Sou péssima lidando com elogios. – Vamos! Tenho que me despedir dos seus pais.

Desci as escadas e voltei para o quintal, despedi-me de cada uma das pessoas ali. Quando chegou a vez de Liz, ela me passou o seu número e disse que sempre que precisasse de alguma dica de fotografia, podia ligar. Claire me agradeceu por ajudá-la com Zoe e Ben espelhou a esposa.

Luke me levou até o carro que eu já conhecia. Entrei no banco do passageiro e ele deu a partida. Saiu pela rua e eu liguei o rádio do carro e estava tocando Yesterday, dos Beatles.

- Jura?! – ri para meu amigo. – Você viciou sua sobrinha de quatro anos nos Beatles e está tocando isso no seu carro?

- Eles são clássicos! – Luke se defendeu. – Além disso, Zoe precisa de boas influencias. Ben costumava ouvir uns raps pesados quando éramos adolescentes.

- Eu amo os Beatles! Não estou reclamando. – sorri para ele.

- Que bom que você tem bom gosto musical. Isso é uma das coisas que mais adoro em você. – ele disse sem perceber e eu fiquei corada com o comentário.

- Também amo seu gosto musical! – devolvi. – E amei a forma como você cuida da Zoe! É encantador!

- Obrigado. Eu adoro a Zoe! – ele sorri como um tio bobão.

- Eu sei. Dá pra ver. – digo sinceramente.

E um silêncio confortável se instalou no veículo, sendo marcado apenas pelas vozes de John Lennon e de Paul McCartney. Finalmente, Luke estacionou na frente da minha casa.

- Obrigada pelo dia e pela carona. – agradeci.

- Não foi nada. – ele sorriu.

- Que dia você sai em turnê? – perguntei curiosa.

- Em três dias estamos saindo. Vamos ficar por volta de um mês fora. – ele respondeu.

- Ah. – suspirei. – Acho melhor eu entrar, quero saber qual foi o resultado do teste da minha mãe.

- Teste? – perguntou confuso.

- Acho que minha mãe está grávida! – contei animada.

- Sério?! – arregalou os olhos.

- Sim! Hoje comprei o teste para ela, antes de ir para sua casa. Estou ansiosa. – meu sorriso rasgava meu rosto.

- Me conte assim que souber, ok? – pediu.

- Ok. Até mais, Luke! – disse abrindo a porta.

- Até mais, pinguim. – ele girou a chave na ignição.

Coloquei uma perna para fora do carro e antes de sair, virei-me de volta para Luke. A intensão era dar um beijo na sua bochecha, mas não foi isso que aconteceu.

Antes que eu pudesse perceber, Luke virou o rosto para mim e nossos lábios se tocaram. Sem querer. E ainda sem saber o que fazer, não me afastei. Ele também se manteve no lugar.

E sem ter controle dos meus músculos, aproximei-me mais um centímetro, abri minha boca e capturei o lábio inferior do loiro. A sensação do piercing era perfeita. Luke correspondeu, moldando sua boca a minha.

E naquele instante senti que aquilo era certo. Nada nunca fora tão certo quanto aquele momento. E junto com toda essa certeza, todas as sensações que senti na loja de brinquedos voltaram. Amplificadas por cem.