Antes de dormir, Frisk pegou o celular e conferiu sua ultima conversa privada com Sans. Sua ultima mensagem foi sua confirmação de que ele apareceria na casa de Toriel a pedido dela. Frisk manteve sua janela de conversa aberta e pensou um pouco antes de digitar algo para ele. Ela queria se desculpar por ter tratado ele mal hoje, mas não sabia por onde começar. Sem ideias, ela foi logo começando a escrever e conferindo o que escreveu.

Frisk: - Olá, você está aí?- “... é óbvio que ele está.”

Ela apagou o texto e escreveu outro.

Frisk: - Eu sei que está chateado comigo – “... esquece.”

Emburrada consigo mesma, ela apagou novamente e tentou outra frase.

Frisk: – Quer conversar sobre hoje?

Vendo uma ultima vez o que ela escreveu, Frisk se deitou na cama indignada e deixou o celular embaixo do travesseiro, sem enviar a mensagem, parada na caixa de texto. Ela logo cobriu a cara no seu travesseiro, descontando sua frustração.

Frisk: ... Por que sou tão ruim pra iniciar conversas?

Ela parou por um momento e voltou a pensar um pouco mais até ter alguma ideia. Ela decidiu pegar novamente o celular e apagou o que tinha escrito antes, escrevendo outra mensagem.

Frisk: - Me desculpe por ter te provocado hoje, eu sei que você sempre me irrita e não faz isso por mal. Obrigada por ter me salvado antes de tentar me atingir, você continua se preocupando comigo apesar de tudo.

Ela respirou fundo e com coragem, ela enviou a mensagem, esperando alguma resposta. Depois de um bom tempo sem receber alguma, Frisk olhou preocupada para sua tela e depois de vários minutos sem ler nada novo, ela digitou novamente.

Frisk: - Espero te ver amanhã.

Ela queria ter acreditado que mandando uma mensagem ela conseguiria se resolver com ele, mas não foi bem como ela esperava. Sem receber resposta alguma, ela deixou o celular na mesa e olhou as malas que estavam quase prontas. Amanhã seria um dia e tanto. Depois disso ela foi dormir, pensando em como se despediria de todos amanhã, e principalmente em como ela iria reagir vendo Sans, isso é, se Papyrus conseguir convencê-lo. Com certeza Papyrus não seria capaz de deixa-lo em casa amanhã antes de vê-la ir embora.

O dia seguinte começou cedo, ela tinha que terminar de arrumar as malas e descer com eles até o carro. Atrás havia um caminhão de mudança recolhendo os móveis e os funcionários esvaziavam a casa aos poucos. Minutos depois, quando ela terminou de tomar o café, ela recebeu uma notificação no celular e havia uma mensagem dizendo para ela aparecer fora de casa. Assim que ela terminou, ela correu e abriu a porta e viu Toriel, Asgore, Undyne, Alphys e Mettaton esperando-a. Ela se sentiu emicionada de vê-los e correu para abraçá-los, começando por Toriel.

Toriel: Minha pequena, vou sentir tanta saudade...

Frisk: Eu também vou sentir sua falta.

Asgore estava segurando seu choro quando viu Frisk abraça-lo pela ultima vez e temia não vê-la novamente.

Undyne: Hey nerd, que tal um abraço?

Alphys: ... Undyne!

Undyne: Heh, não vou machucar dessa vez.

Frisk correu e abraçou tanto Undyne quanto Alphys, dessa vez ela não sentiu ser estralada, por pouco. Ao lado de Alphys,Frisk viu Mettaton e ela foi abraçá-lo também.

Mettaton: Querida, não veremos mais a nossa estrela.

Frisk: Eu não vou ir embora para sempre, TonTon.

Mettaton: E desculpe o Blookynho, ele estava se sentindo um lixo pra vir aqui se despedir de você.

Frisk: Pode falar que vou sentir saudades dele também.

Papyrus: Olá humana!

Papyrus acabou de chegar e quando Frisk viu-o, ela correu para abraçá-lo com muito entusiasmo. Ela nunca irá esquecer o carinho imenso que tem por Papyrus.

Papyrus: O que seria de mim se não me despedisse da minha melhor amiga?

Frisk: Vou sentir sua falta Papy, e... onde está o Sans?

Papyrus: Eu disse que ele viria.

Frisk olhou para o lado onde Papyrus mostrou e ela viu que Sans estava distante dele, cabisbaixo e sem jeito de olhar para ela. Quando ela o viu, ela sentiu seu estômago embrulhar enquanto andava na direção dele, indo abraça-lo. Quando ela chegou perto e abraçou-o, pareceu que foi uma eternidade, mas ela ficou ali durante alguns segundos enquanto ele recebeu-a, surpreso.

Frisk: ... Vou sentir a sua falta...

Sans: ... Heh, eu também.

Por um breve momento, Frisk não queria soltá-lo, porém, instintivamente eles se soltaram. Frisk se virou para ver todos os seus amigos uma ultima vez. Ela não estava pronta, mas ela estava ciente da sua escolha e então, ela se virou para olhar o carro aberto e seus tios estavam colocando as ultimas malas no porta-malas, enquanto haviam mais malas amarradas no teto. Ao entrarem no carro, seus tios acenaram para todos os seus amigos, se despedindo deles. Quando seu tio ligou o motor do carro, Frisk se virou para ver através do vidro seus amigos olhando-a, acenando para ela novamente. Frisk estava se segurando para não chorar e acenou de volta, dizendo que ia sentir saudades.

Quando o carro começou a andar, Frisk olhou pela janela do carro atrás até ver seus amigos sumirem de vista. Ela se sentou de volta no carro e ela só podia olhar o horizonte, ela não sabia o que a aguardava dali em diante. Ela iria viajar por várias horas e enquanto estiver na capital, ela provavelmente irá fazer várias viagens internacionais, expandindo a embaixada para outros locais no mundo.

Após verem que os carros sumiram de vista, Toriel e Asgore suspiraram e deixaram o local, andando até a casa deles, deprimentemente. Sans continuou olhando a vista da estrada e pegou seu celular. Ele viu que Frisk tinha mandado várias mensagens no dia anterior à noite e não tinha respondido ela antes. Surpreso, Sans ficou olhando para aquelas ultimas mensagens dela e ele esperava que ela fizesse uma boa viagem. Ele também esperava que ela entrasse em contato em breve, sabendo que não iria mais vê-la por um bom tempo. Após isso, cada um voltou ao seu lugar.

A viagem ocorreu tranquilamente e ao chegarem a capital, Frisk se mudou para uma nova casa com seus tios. Ela também teve que ser transferida de escola e continuou dependendo deles, pelo menos até completar a maioridade. Ela conheceu o empresário que havia concordado em ajuda-la a criar a embaixada e ele foi nomeado Ministro Conselheiro. De acordo com a lei, Frisk não podia exercer um cargo público sendo menor de idade a não ser que haja um representante maior de idade. Logo, o empresário foi escolhido para representar Frisk.

Apesar das coisas começarem bem, no início foi duro. Havia muitas pessoas protestando contra a ideia dos monstros morarem perto dos humanos e assim foi criada a oposição. Os protestos duraram nos primeiros seis meses de negociações e mesmo assim, o governo estava disposto a apoiar a embaixada e não deixaria que se iniciasse uma onda de violência. Ao mesmo tempo, Frisk se sentia cada vez mais pressionada, mas estava suficientemente determinada a cumprir com seu cargo. Na nova embaixada, Frisk tinha em mente seus amigos e todos os monstros que contavam com ela para persistir no seu novo trabalho, sua determinação mantinha-se firme e ela não desistia facilmente.

No início do ensino médio, com a falta de tempo que Frisk tinha se dedicando a embaixada, ela não conseguiu fazer novas amizades. Todos a viam muito ocupada e ela não tinha tempo para sair com ninguém. Frisk era admirada por alguns, mas rejeitada por outros, dizendo entre si que ela era alienada, e outros adjetivos que a definiam ser diferente dos outros. Mesmo com tantos problemas ao redor, Frisk não viu que havia algum ser das trevas ameaçando a cidade. Isso fez ela se esquecer de quem ela realmente era quando lutou contra o mal, de seus amigos, estando unidos ao lado dela e de como ela teve a coragem e determinação para deter os monstros possuídos pelas trevas. Com o tempo, o emblema que ela mantinha guardado no armário foi perdendo seu brilho até esvaecer, fazendo com que ela esquecesse sua essência de guardiã.

No vilarejo, onde estavam seus amigos, durante os dois primeiros anos eles guardavam lembranças dela por onde passavam e tentavam manter contato com Frisk, mas entendiam que o trabalho duro que ela tinha era importante e por isso não queriam distraí-la. Com o tempo, o contato foi diminuindo até perceberem que ela se ausentou da mesma forma quando partiu, fazendo com que eles também se esquecessem da sua essência de serem guardiões.

As coisas mudaram muito quando chegou o terceiro ano, Toriel conseguiu inaugurar sua própria escola e contava com a ajuda de Gerson, um jabuti ancião que cuidava das crianças junto com ela. Alphys estava trabalhando em vários protótipos e se ofereceu para implantar braços em Monster Kid, já jovem. Ela também criou um robô para Napstablook e ele aparentemente ficou feliz após entrar no seu novo corpo, e ainda mais Mettaton que podia finalmente abraça-lo.

Papyrus havia se tornado guarda de trânsito e não perdeu seu jeito inocente e amigável de tratar as pessoas. Ele cumpria as ordens diligentemente e aplicava punições às pessoas que desobedeciam alguma lei de trânsito. Mesmo recebendo tantas críticas, ele mantinha-se firme e conseguia animar a si mesmo. E por fim, Sans começou a procurar outro emprego depois de ajudar Grillby a inaugurar o novo bar até pagar totalmente sua dívida.

Vendo o progresso naquele vilarejo e com a ajuda da embaixada, o governo permitiu que uma universidade acessível aos monstros fosse construída no vilarejo, dando acesso à educação superior. Os monstros conseguiram o direito de ter a formação desejada junto com os humanos e todos, inclusive seus amigos ficaram alegres com a notícia, sabendo que Frisk não tinha se esquecido deles apesar do pouco contato que tiveram.

E assim três anos se passaram, no Monte Ebbot, o subsolo havia sido abandonado completamente, porém misteriosamente alguém ligou o núcleo. Não haviam blocos de gelo para resfriar o excesso de calor do núcleo e com o passar do tempo, o calor chegou a níveis muito altos. Durante a madrugada, o núcleo estava em hiperatividade e como resultado, houve uma grande explosão, causando um terremoto na superfície. Todos acordaram assustados e correram para fora de suas casas, o terremoto durou dez minutos e várias casas ficaram rachadas e por pouco, ninguém se feriu. Alphys acordou assustada, sentindo o tremor e foi investigar o ocorrido em um dos computadores do laboratório. Ela ligou as câmeras e em uma delas, Alphys percebeu que no topo do Monte Ebbot havia muita fumaça saindo, como se fosse um vulcão.

Alphys: ... Impossível! Como isso aconteceu?

Ela pensou em várias teorias enquanto analisava a situação e sabia que algo havia acontecido no subsolo. O único jeito de saber o que realmente aconteceu é indo até lá.