No meio do labirinto por fim, Papyrus estava andando inquieto e suando frio, olhando ao redor e segurando seus dois ossos. Enquanto isso, Sans continuava andando, observando o local atento a qualquer coisa que aparecesse. Ambos não haviam trocado uma palavra sequer desde que entraram no labirinto. Papyrus estava com medo de falar e Sans já havia notado isso e pensou em não argumentar. Andando mais a frente, Sans pressentiu um ataque vindo por trás deles e no mesmo instante, vários ossos foram invocados logo atrás de Papyrus, bloqueando as esferas de energia que estavam voando em direção as costas deles e sendo barradas pela coluna de ossos. Assim que os ossos surgiram, Papyrus levou um grande susto e olhou para trás para ver o que havia acontecido. Ele se virou para dar uma bronca pro seu irmão depois de ver a coluna de ossos.

Papyrus: SANS! Quer me matar de susto?

Sans: Que foi mano?

Papyrus: Eu estava a um passo de distância dessa coluna, podia ter me atingido!

Sans: Qual é! Você não confia no seu bro? Eu te salvei dessa.

Papyrus: Isso não é desculpa! Mesmo assim... Obrigado.

Sans: Não foi nada.

Papyrus: Mas da próxima vez, precisa me avisar!

Sans: Ok.

Eles voltam a seguir seu rumo e no meio do caminho, Papyrus começou a perder seu medo de falar e ele acabou se lembrando dos momentos em que todos estavam no subsolo quando algo veio na sua mente. Inevitavelmente, Papyrus notou algo curioso.

Papyrus: Ei Sans.

Sans: … Hm?

Papyrus: Você está fazendo isso pela humana, não é?

Sans parou de andar, surpreso pela pergunta que ele havia feito. Não era a primeira vez que ele tinha falado dela do nada. Sans virou-se para trás e olhou seu irmão, confuso.

Papyrus: Bem... Eu tinha uma razão pra querer ser soldado da Guarda Real, eu queria provar que eu era forte o bastante para proteger o reino, e também... Eu queria proteger você também. Mas desde que a humana chegou, eu não pude fazer isso... Ao invés de mim, foi você quem fez isso desde o início.

Sem saber o que dizer, ele apenas ficou ouvindo, enquanto Papyrus continuava falando e relembrando as memórias.

Papyrus: É estranho isso, mas... Quando ela foi embora, esse lugar se tornou igual o subsolo. Mesmo com ela longe nos ajudando, cada um vivia sua vida sem um propósito. E quando ela voltou, todos voltaram a ter esperança. Você também percebeu isso, não?

Sans: Sim.

Papyrus: E quando isso tudo acabar, digo... Quando não tivermos mais que lutar... Nós teremos que seguir nossa própria vida, certo?

Sans: ... Sim.

Ouvindo isso, Sans se virou e voltou a seguir seu caminho, surpreso por ver seu irmão pensando no futuro, algo que ele sequer foi capaz de pensar naquele momento. A partir dali, ele começou a se sentir inquieto, suas ultimas palavras penetraram tanto em sua mente que Sans acabou tendo um dejávu. Ele jurava que já tinha sentido aquela sensação de não poder proteger mais ninguém, nem seu irmão e nem mesmo ela. Ele olhou para o chão e refletiu para si mesmo.

Sans: “O que isso quer dizer? Eu sinto que já passei por isso antes... Eu deveria estar pronto para deixá-la?”

Naquele mesmo instante, os pensamentos dele foram interrompidos quando ele percebeu que havia uma área do solo recebendo energia. Imediatamente ele olhou para o chão e pulou para frente, se virando para trás para alertar Papyrus.

Sans: Se afaste do chão!

Papyrus: ... O que?

Papyrus imediatamente olhou para baixo e viu que havia uma área do chão prestes a emitir energia. Ele parou e pulou atrás, assustado. Imediatamente o chão se materializou numa nova parede e antes que ela pudesse se transformar totalmente, Sans ativou seu canhão e disparou contra a coluna, chocando-se contra ela e desfazendo o efeito. Embora tivesse dado certo temporariamente, a área do chão voltou a brilhar, recebendo mais energia. Nesse meio tempo, Sans voltou e pegou Papyrus pelo punho, fazendo-o correr junto com ele.

Sans: Ele quer nos separar.

Papyrus: ... Por que ele está fazendo isso?

Sans: Ele quer nos deixar vulneráveis.

Imediatamente, Sans parou de correr, atordoado. Ele soltou Papyrus do punho e voltou a refletir mais uma vez, sentindo que algo estava errado.

Sans: “Espere... Isso está fácil demais, o que ele está planejando?”

Enquanto isso, Papyrus se virou para um desvio do labirinto e viu algo que lhe chamou muito a atenção. Havia uma esfera de luz que pairava em outro caminho. Sentindo-se controlado por aquilo, Papyrus seguiu em direção a esse desvio e deixou Sans no meio do labirinto. Sans não se deu conta do que estava acontecendo e continuou parado, pensando.

Sans: “... Ele está planejando atingir cada um, mas com o que?”

Ele insistia em achar uma resposta para aquilo, mas nada chegava à sua mente. De repente, ele parou e viu que Papyrus estava fora de seu alcance. Sans olhou por todos os lados, inclusive pelo desvio que havia, mas ele não o viu mais lá.

Sans: O que está acontecendo? Onde ele se foi?

Ele se virou para frente e viu uma pequena esfera de luz flutuando, se aproximando lentamente. Aquele brilho deixou-o hipnotizado e inevitavelmente, ele sentiu vontade de tocar aquela luz. Ao chegar perto, a esfera permaneceu flutuando no mesmo lugar e ele estendeu a mão para tocá-lo. Imediatamente a luz se expandiu, preenchendo o lugar e cegando-o. A luz foi tão intensa que Sans acabou caindo num profundo sono.

Passando algum tempo, podia-se ouvir o gorgeio dos pássaros no fundo. Aparentemente estava uma bela manhã. Sans abriu os olhos aos poucos e viu-se deitado na sua cama, sentindo que havia dormido por dias. Ao se levantar, ele respirou fundo e olhou seu quarto, estavam tudo no mesmo lugar, inclusive suas meias, jogadas por todos os lados. Ele estranhou estar no seu quarto e podia jurar que não era ali onde estava antes de acordar. Não demorou muito até ele ouvir batidas na porta de seu quarto e uma voz reconhecível do outro lado.

Papyrus: ... Sans? Já acordou? O café da manhã está pronto!

Sans: ... Ok?

Sentindo-se intrigado, ele se levantou e calçou suas pantufas e saiu do quarto de pijama. Quando ele desceu as escadas para ir à cozinha, Sans ouviu um cantarolado de seu irmão enquanto ouvia-o batendo os talheres em algum utensílio. De repente, sua atenção foi desviada para a mesa e Sans ficou espantado ao ver o que havia nela: Panquecas, bolos, wafers, pães e geleias de vários sabores. Sans começou a achar que estava mesmo delirando enquanto não parava de olhar a mesa farta.

Sans: “Isso... é um sonho, não é?”.

Seu pensamento foi logo interrompido quando Sans viu seu irmão falando e mexendo em alguma coisa na cozinha.

Papyrus: Acordou na hora certa, irmão! O que achou da mesa?

Sans não conseguia emitir uma palavra sequer, ele não se lembrava de ver seu irmão cozinhar tanta comida em pouco tempo. Após fazer sua pergunta, Papyrus se virou para vê-lo e Sans notou que ele estava usando uma roupa branca de cozinheiro profissional e um bigode falso, não parando de alisá-lo enquanto esperava uma resposta. Vendo-o sem palavras, Papyrus logo cogitou.

Papyrus: Já sei! Está tão hipnotizado pelas minhas habilidades culinárias que mal consegue descrever sua admiração, não é mesmo?

Sans: ... Paps?

Sans não conseguia acreditar que aquele era mesmo seu irmão, parecia tudo um sonho, o que ele nunca imaginou que aconteceria estava acontecendo diante dos seus olhos. Enquanto isso, Papyrus começou a olhá-lo desconfiado, vendo que seu irmão estava agindo muito estranho.

Papyrus: Ora essa... Quem você acha que sou?

Sans: ... O Grande Papyrus?

Papyrus: O Grande, Excelentíssimo Cozinheiro, Papyrus!

Impressionado pelo novo título que estava usando, Sans começou a rir, não sabendo quando ele tinha começado a se chamar assim.

Sans: Hehe... Onde conseguiu esse título?

Papyrus: O troféu de melhor cozinheiro do ano está na sala se você esqueceu.

Papyrus pareceu nem ligar para a sua reação e se virou para guardar as louças. Sans olhou para uma vitrine que havia na sala e viu que havia pelo menos três troféus em nome de Papyrus, ele havia conquistado vários títulos na área gastronômica e suas fotos mostravam a felicidade e o orgulho que ele carregava ao segurar os troféus. Sans encarou a vitrine e não conseguiu deixar de achar aquilo muito estranho. Ele mal se deu conta que seu irmão estava chamando-o novamente e quando Papyrus se aproximou dele, dessa vez para chamar sua atenção, ele levou um susto.

Papyrus: Sans! Você está dormindo até em pé? Não acredito nisso! Você dormiu tanto a ponto de estar confundindo o sonho com a realidade?

Sans: ... Foi mal mano, mas... Eu não consigo me lembrar de nada.

Papyrus se sentiu intrigado com o que seu irmão falou, mas vendo que ele estava mesmo agindo estranho essa manhã, Papyrus decidiu dar uma chance.

Papyrus: Então, vejamos... Qual a ultima coisa que você se lembra?

Ouvindo isso, Sans então começou a se focar no que havia acontecido antes de acordar nesse “sonho”. Ele olhou para a mesa e ao ver a geléia e os biscoitos de tamanhos variados, ele se lembrou de ajudar a reunir os amálgamos. A partir dali, ele começou a se lembrar do que aconteceu.

Sans: ... Tinhamos que resgatar os amálgamos, e depois tinhamos que entrar no labirinto porque Frisk foi raptada... Tínhamos que salvá-la.

Papyrus: ... A humana? Mas ela está bem, ninguém a raptou.

Sans olhou para seu irmão perplexo, ele sabia que Papyrus nunca mentiria para ele, mas ouvir aquilo não o deixou satisfeito, ainda havia algo errado.

Sans: Tem certeza de que isso não é um sonho?

Papyrus: É claro que não! Quantas vezes terei que falar isso?

Sans: ...Me desculpe, não consigo me convencer.

Sans se virou e se sentou no sofá, colocando a mão sob seu crânio, confuso. Se ela está bem, quanto tempo tinha passado enquanto ele dormia? Ele viu Papyrus limpando o restando das louças antes de terminar.

Papyrus: Poderia ligar a TV, por favor? Já deve começar meu programa preferido.

Antendendo ao pedido de seu irmão, Sans pegou o controle remoto que estava ao seu lado para ligar a TV, o primeiro programa que apareceu no canal apresentava Mettaton, como sempre. Nesse horário ele estava entrevistando alguém e Papyrus correu para se sentar ao lado de Sans e ver o programa.

Mettaton: Meus amores, bem vindos a mais um programa “Entrevista das estrelas com MTT”! Dessa vez estrelando a nossa heroína Undyne!

Após ouvir o nome dela, Sans viu Undyne aparecendo no palco e sentando-se numa poltrona ao lado de Mettaton, ela parecia confiante e sorria para todos da plateia. Ele também notou como Papyrus reagiu olhando-a, ele estava tão feliz. Ele então voltou sua atenção à televisão e continuou assistindo.

Sans: ... Undyne?

Papyrus: Claro que sim! Ela se tornou uma grande atriz! Faz vários seriados de lutas, ela atua tão bem!

Impressionado, ele reparou como Undyne estava bem arrumada e respondendo as perguntas com sutileza. As coisas realmente haviam mudado, embora ele estivesse sentindo que havia algo estranho, Sans se sentiu curioso sobre o restante do grupo enquanto Papyrus estava concentrado, assistindo a entrevista.

Sans: ... Ei Paps, o que aconteceu com Toriel e Asgore?

Papyrus: Toriel inaugurou uma escola faz tempo, é a maior escola de ensino fundamental da cidade, e Asgore se tornou governador dessa região, eles estão vivendo bem. E Alphys continua com suas pesquisas científicas e já ganhou vários prêmios também. Estamos disputando quem consegue mais troféus esse ano, nyeheheheh...

Mesmo vendo que todos estavam bem, ainda faltava alguém, e era a pessoa com quem ele estava preocupado desde o início.

Sans: ... E Frisk?

Papyrus: Ela continua trabalhando na embaixada dos monstros.

Sans: Mas ela está aqui?

Papyrus: Claro! Ela não nos abandonaria denovo.

Ouvindo aquilo, Sans sentiu-se aliviado por saber que todos estavam bem, porém, Papyrus o interrompeu novamente.

Papyrus: Ei, você sequer perguntou sobre você mesmo.

Sans: Eu ia perguntar isso no final.

Papyrus: Que seja... Você é professor de física quântica da universidade e tem fama entre as mulheres... Até demais.

Sans: Isso eu já sabia. E aqueles amálgamos, o que fizeram?

Papyrus: Os amálgamos já estão com suas famílias faz tempo.

Sans: ... E só? Não tivemos mais que lutar?

Papyrus: Faz anos que não lutamos mais! Desde que a humana decidiu morar aqui, não tivemos mais nenhum problema.

Sans ouviu aquilo e não se sentia satisfeito. Ele não queria desconfiar de seu irmão, ainda mais que ele estava tão convicto do que dizia que isso o deixava ainda mais incomodado. Sua mente estava tão turbulenta que Sans decidiu sair um pouco. Ele se levantou da poltrona, andando até a porta.

Sans: ... Vou sair um pouco.

Papyrus: Ei, você não comeu ainda!

Sans: Não estou com fome.

Ele sequer se importou de sair de pijama naquele momento. Ele então abriu a maçaneta e ao abrir a porta, um banho de luz surgiu e ele viu o vilarejo afora. Saindo de casa, ele começou a reparar como estava o vilarejo. Haviam casas coloridas, árvores com flores e pessoas andando tranquilamente pelas ruas. Podia-se ouvir os pássaros cantando enquanto voavam. Olhando ao redor, o lugar havia crescido bastante e Sans não poderia se sentir melhor estando ali. Ele respirou fundo e encheu-se de vigor ao caminhar pelo passeio, observando as pessoas conversarem no caminho e interagindo entre si, tanto monstros quanto humanos. Sans estava mergulhado em seus pensamentos que mal ouviu alguém chamá-lo de longe, a voz era mais nítida a cada segundo e ele percebeu isso ao olhar para trás, vendo quem estava chamando-o. Sans olhou espantado ao ver quem se aproximava, era uma mulher vestida com blusa social e saia reta, usando salto médio. O cabelo dela estava solto e voava levemente. Sans não a reconheceu até ver os olhos dela, de cor castanhos. Quando seus olhares se encontraram, ela sorriu.

Sans: ... Criança?

Frisk: Que coincidência te encontrar aqui.

Ele estava surpreso, nunca tinha visto ela antes vestida assim. Mesmo impressionado, ele não conseguia parar de pensar na situação onde estava. Ele desviou seu olhar dela e sua mente se encheu de duvidas e descrença.

Sans: “Não é possível... Ela... Não pode ser real.”

Frisk: ...Você está doente?

Ele olhou-a de volta, surpreso e viu que ela mudou de expressão, olhando-o precupada. Sans não podia negar que ela estava adorável olhando assim. Havia algo nela que estava deixando-o hipnotizado. Ele novamente desviou seu olhar e tentou não olhar nos olhos dela enquanto respondia-a, desajeitado.

Sans: ... Não, eu estou bem.

Frisk: Tem certeza?

Sans: Não se preocupe. Eu te ligo mais tarde, ok?

Ele sorriu para ela e se virou para seguir seu caminho quando foi interrompido novamente. Frisk lançou um olhar sarcástico e tossiu levemente, fazendo-o parar de andar. Ele se virou e se assustou ao vê-la olhando dessa forma.

Frisk: Não está sentindo falta de nada?

Sans: O que?

Frisk vasculhou sua bolsa e tirou um celular de dentro, ela segurou-o na sua mão e estendeu-a para entregá-lo de volta. Sans olhou surpreso para o celular que ela mostrou e ao mesmo tempo, ele vasculhou em seus bolsos e viu que o celular que ele costumava carregar não estava ali.

Frisk: ... Você esqueceu seu celular ontem à noite comigo, eu estava indo até sua casa devolver quando vi você por aqui. Pelo visto nem sentiu a falta dele.

Ele pegou o celular das mãos dela e vendo que era realmente o seu, ele olhou-a de volta, desconfiado.

Sans: Desde quando você pega as coisas dos outros?

Frisk: ... Desde quando você desconfia de mim?

Embora ela estivesse sendo sarcástica no seu tom de voz, ela não deixou de sorrir gentilmente, deixando-o sem ação. Ela se mostrava tão confiante que ele não conseguiu responder sua pergunta. Pelo visto, ele se viu derrotado pela primeira vez. Sans guardou o celular no bolso e admitiu.

Sans: ... Ok, você venceu.

Mesmo ganhando a pequena discussão, Frisk não deixou de estar preocupada por ele. Sans não queria deixá-la preocupada, mas ele sabia que havia algo errado e não pensou em omitir.

Frisk: Mas... Como você esqueceu? O que houve?

Sans: Me desculpe, mas eu acordei no lugar errado. As pessoas, o vilarejo, tudo isso está sendo bom demais para mim... Devo estar vivendo um sonho.

Após ouvir sua resposta, ela pensou um pouco e voltou a olhá-lo, desconfiada das suas palavras. Ele viu sua reação e ficou ainda mais confuso. O que ela estaria pensando?

Frisk: ... Será que é essa desculpa que você dá para todas as mulheres com quem você saiu?

Sans: O... O que?

Ele ficou atordoado ao ouví-la e olhou para ela, espantado. Como ela chegou a essa conclusão? Ele jurava que aquilo nem tinha passado pela sua cabeça. Mas considerando que ela sabia da sua fama, ele esperava que ela não o achasse um charlatão depois de ouvir aquela resposta. Enquanto isso, Frisk não conseguiu evitar e começou a rir da cara dele, sua reação foi muito perceptível e ela não esperava que ele tivesse levado aquilo tão a sério. Frisk percebeu que ele precisava de alguém para ajudar a acordar desse “sonho”, mas o pouco tempo que ambos tinham não era suficiente naquele momento. Frisk foi olhar seu relógio de pulso e sentiu-se nervosa quando viu as horas.

Frisk: Me desculpe, mas... Eu tenho que ir trabalhar...

Sans: Ah, certo.

Frisk: Você precisa de alguém para te mostrar a realidade, não é? ... Podemos passar em algum lugar mais tarde?

Ela se mostrou um pouco envergonhada por perguntar, ainda mostrando um ar de confiança e Sans não pensou duas vezes em aceitar e sugerir um lugar para ambos irem.

Sans: Claro. Conheço um lugar bacana para irmos.

Frisk: Eu te vejo as seis? Irei te esperar em casa.

Sans: Ok, eu vou aparecer mais tarde.

Frisk: Então... Até mais tarde, Sans.

Ela se aproximou e deu um beijo no lugar onde seria sua bochecha. Ele ficou assustado ao receber o beijo e ficou vendo-a acenar até se virar para ir ao seu trabalho. Enquanto via-a ir embora, ele colocou a mão na sua bochecha, atônito. Sans não sabia se ela fazia isso por costume ou se aquilo foi a primeira vez. Imediatamente, mil coisas surgiram em sua mente e ele tentou processar tudo. Por mais que estranhasse aquela situação, ele não negava seu interesse em conhecê-la melhor. Aquele olhar, aquele sorriso... Suas palavras doces e sutis penetraram em sua mente, repetindo infinitamente. Depois que ela sumiu de vista, ele ficou cabisbaixo, com o crânio efervescente e um corado azul em sua face. Ele estava tentando reprimir o que sentia naquele momento, pois nunca havia se sentido assim antes por alguém, nem mesmo ele pensava que poderia ser por ela.

Sans: “Que sentimento é esse? Eu não posso reagir assim... Isso... é um sonho...”.

Ele então voltou a olhar o mesmo lugar onde Frisk havia sumido. Ele ficou olhando o nada em meio a tantas pessoas passando ao seu lado, enquanto ele se virava para voltar a casa.

Sans: “Frisk... essa é mesmo você? O que você quer me mostrar é a realidade?... Ou isso é apenas um sonho?”.

Do outro lado da dimensão, Frisk acabou de acordar quando sentiu que estava deitada no chão. Após ser capturada por Gaster, ele a deixou em uma sala escura e esperou ela acordar. Frisk estava se sentindo exausta e se levantou com dificuldade. Após retomar sua consciência, ela olhou ao redor da sala e se sentiu confusa.

Frisk: Onde... Eu estou?

Gaster: ... Você está em meu domínio, presa em outra dimensão, diferente da qual seus amigos estão.

Ao ouvir a voz dele, Frisk se assustou ao vê-lo em pé ao lado dela. Ele a observava com os olhos fixos e uma expressão vazia.

Frisk: ... O que? Onde eles estão?

Gaster: Eu propus que eles passasem pelo labirinto até alcançarem você. Mas... considerando a situação onde estão... Diria que não irão concluir a tempo.

Frisk: O que quer dizer?

Gaster: Veja com seus próprios olhos.

Após dizer isso, Gaster criou uma miragem no ar, mostrando a visão do labirinto e onde cada um estava. Ela se levantou e viu pela miragem que todos estavam em pé, parados como estátuas e olhando para o vento, sem emitir alguma emoção. Em volta de cada um, havia uma aura branca, como se estivessem sendo controlados por alguma entidade. Frisk ficou perplexa ao ver seus amigos daquela forma e Gaster estava atrás dela, olhando a visão do labirinto com suas mãos entrelaçadas.

Frisk: O que houve com eles... Por que estão assim?

Gaster: Eles caíram na minha armadilha mais mortal. Estão dentro de uma realidade criada através de seus desejos, presos às correntes de um universo criado por suas próprias mentes.

Ela colocou a mão no reflexo e inevitavelmente ela fechou seu punho, sussurrando e desejando que a ouçam.

Frisk: Por favor... Acordem...

Gaster: É inútil. Eles não podem te ouvir mesmo se você estiver perto.

Ele estendeu a mão e fez a miragem desaparecer de perto dela. Assustada, ela se virou para encará-lo com temor.

Frisk: ... O que pretende fazer com eles?

Gaster: Você verá, não faltará muito até que os poderes deles sejam meus.

Frisk: “O que?”

Gaster: Agora, de acordo com o combinado, após eles entrarem no labirinto, nós começaremos um duelo. Se você sobreviver até eles te alcançarem, eu os liberto e não importunarei mais, do contrário, seu poder será meu.

Ao ouvir esse acordo, Frisk ficou surpresa, se havia uma chance de todos saírem salvos dessa situação, ela tinha que se manter forte. Porém, Gaster a interrompeu antes mesmo dela tomar alguma conclusão.

Gaster: ... E se eu fosse você, eu não me empolgaria. Meus enigmas são difíceis de resolver... Não coloque expectativas na sua vitória.

Ao ouvir aquilo, Frisk reagiu suando frio e inevitavelmente, ela encarou-o com mais temor. Gaster invocou suas seis mãos flutuantes que se transformaram em garras negras. Ele estendeu sua mão até seu alvo e elas voaram na direção dela. Frisk correu o quanto pode para se desviar de cada uma das mãos e elas atingiram uma parte do chão onde Frisk pisou até que todas não conseguiram acertá-la. Gaster fez outro sinal e as mãos saíram do chão, voando de volta para perto dele. Frisk estava ofegante e não parava de encará-lo, vendo que ele não estava nem um pouco cansado.

Gaster: Isto foi apenas uma prévia, o duelo irá começar agora.