No meio da noite, Frisk acordou repentinamente, assustada. Ela acabou de ter um sonho que relembrou a cena em que Gaster apareceu para confrontá-la. Os Memoryheads e a repentina aparição dele foram mais que suficiente para dar as boas vindas pela volta dela. Frisk continuava relembrando as palavras que ele havia dito, causando um grande impacto.

“... Por séculos, trabalhei em inúmeras tentativas para encontrar a alma perfeita, e nenhuma foi um sucesso. Eu só precisava de uma chance, e essa chance finalmente está ao meu alcance!”

Ela não conseguia entender o que ele queria dizer, deixando-a ainda mais intrigada. Com tudo o que aconteceu, ela se levantou da cama sem sono, e notou que estava dentro de uma casa diferente, estranhando o lugar.

Frisk: ... Onde eu estou?

Ela ligou a luz e percebeu as malas dela no canto do quarto. Quando viu o guarda roupa, a caixa de brinquedos e a estante com um abajur, ela logo se deu conta de que já não estava mais na sua casa habitual, ela havia voltado ao vilarejo e a mobília era muito familiar. Ela foi até sua mala e abriu para pegar um pijama e vestir. Ao terminar, Frisk pegou seu celular e viu-o indicando que eram 3 da manhã ainda e Frisk estava com fome, decidindo comer algo sem incomodar os outros.

Frisk saiu de seu quarto e enquanto andava, ela viu algumas luzes no andar abaixo. Ela desceu as escadas lentamente até ver que tinha algumas velas ligadas, protegidas por um vidro. Frisk reconheceu a mesma sala da casa de Toriel e notou que estava arrumada e limpa. Para a surpresa dela, Frisk viu Asgore e Toriel adormecidos no sofá, sentados e apoiados um no outro. Olhando ao redor, haviam colchões espalhados pela sala, ela ouviu mais pessoas dormindo e Frisk percebeu que eles estavam muito ansiosos para vê-la de manhã.

Sem fazer barulho, ela continuou andando até a cozinha e no escuro, ela abriu a geladeira e viu que havia meia torta de caramelo e canela guardada. Frisk não deixou de esboçar um sorriso ao conseguir a chance de comer um pedaço daquela torta que ela tanto gostava. Ela pegou aquela torta para partir um pedaço e ela não se deu conta de que havia alguém atrás, olhando para ela. Ele se aproximou lentamente e disse num tom sinistro.

?: Humana...

Frisk se congelou de susto ao ouvir aquela voz, ela só podia olhar a geladeira se fechar sozinha, enquanto aquela voz soava familiar para ela.

?: ... Não sabe cumprimentar um velho amigo? Vire-se...

Ela sorriu para si mesma, depois de tanto tempo ela finalmente iria revê-lo. Se perguntando o quanto ele havia mudado, Frisk fechou os olhos e se virou para apertar a mão dele. Um barulho afinado e excêntrico de uma almofada de peido saiu do aperto de mãos e Frisk se esqueceu desse barulho excêntrico saindo na hora. Surpresa, ela estava morrendo de vontade de rir, mas não podia fazer isso alto.

Sans: Hehe, a velha pegadinha da almofada de pum na mão, é sempre boa...

Frisk: ... Eu não pensei que você faria isso de novo.

Sans: Hehe... Faz tempo que não via você rir tanto assim.

Ouvir aquela voz deixou-a com escalafrios, fazendo-a se lembrar que no passado, ela tinha sentimentos por ele, mas Frisk havia deixado-os de lado quando foi à capital, ela esteve focada esse tempo todo somente no seu trabalho. Ela queria vê-lo naquele momento e como a sala estava escura, ela se moveu para trás.

Frisk: ... Eu não estou te vendo direito, vou ligar a luz.

Ela foi até o interruptor mais perto e ligou a luz da cozinha enquanto fechava a porta, finalmente... Ela se virou para vê-lo e Frisk não esperava vê-lo diferente de antigamente. Frisk arregalou os olhos ao ver a nova aparência dele, todos aqueles sentimentos do passado voltaram à tona e ela sentiu seu estômago embrulhar e seu rosto corar igual um tomate. Ela não conseguia dizer nada naquela situação, enquanto Sans viu que ela havia mesmo crescido, porém seu pijama longo permitiu-o apenas ver sua nova altura.

Sans: Heh... Parece que você cresceu também...

Frisk: ... É... É você mesmo?

Sans: ... É uma longa história.

Frisk: Mas eu me lembro que eu te passei de altura...

Sans: Hehe... pra mim você continua sendo uma criança.

Frisk: Eu não sou mais criança!

Sans: Sei...

Ela não conseguia acreditar que depois de três anos sem se ver, mesmo sendo uma adulta, ele ainda dava essa resposta a ela. Como ela ia provar o contrário? Ela olhou para ele novamente e um clima estranho começou a surgir. Frisk desviou o olhar dele segundos depois, ela se sentia nervosa perto dele e Sans não quis mais ocupar o tempo dela.

Sans: Bom... Todos querem te ver de manhã, nos vemos mais tarde.

Frisk: ... Certo... Eu vou só comer um pedaço de torta e voltar a dormir.

Sans: Ok, até de manhã.

Ele andou até a porta e abriu-a para sair, Frisk olhou uma ultima vez antes de vê-lo sair da cozinha, porém, antes que ele fechasse a porta, Sans pareceu ter se lembrado de algo e segurou a porta para falar.

Sans: E fique tranquila. Ninguém mais vai te assustar a noite.

Depois que ele fechou a porta, Frisk resmungou quando ouviu aquele comentário e se virou para cortar a torta.

Frisk: ... Mudei de ideia, ele continua sendo um chato.

Sans: “Heh... ela continua sendo a mesma.”

Após terminar de comer, Frisk foi pro quarto dormir mais uma vez até amanhecer. Quando o sol havia nascido, Frisk sentiu os raios de sol em seu rosto e ela acordou. Fazia anos que ela não se lembrava de como era bonita a vista do sol no vilarejo. Ela se levantou e abriu as janelas, sentindo a brisa entrar em seu quarto dando as boas vindas de volta. Frisk logo se arrumou, vestiu sua roupa casual e amarrou o cabelo como fazia quando ia ao trabalho.
Ao sair do quarto, Frisk viu melhor a decoração da casa e percebeu que algumas coisas tinham mudado de lugar. Logo, ela viu todos na mesa, menos Asgore, ele provavelmente estava cuidando das plantas de manhã. Enquanto Toriel estava conversando tanto com Sans, Papyrus e Undyne, ela viu Frisk chegar à sala e a chamou. Logo, todos olharam para ela e ficaram surpresos de ver que ela havia mudado. Ao mesmo tempo, Frisk estava feliz em vê-los de volta. Todos deixaram a mesa e Papyrus foi o primeiro a abraça-la, em seguida, Undyne abraçou-a mais forte e a levantou do chão, como se nunca tivesse visto ela há tanto tempo, Frisk se sentiu mais sufocada que antes.

Undyne: Nerd! Há quanto tempo! Achei que nunca mais voltaria de novo.

Frisk: É... bom... ver... você...

Ao abraçá-la, Undyne percebeu que Frisk não estava no peso normal de antes, ela rapidamente a soltou, colocando-a no chão e olhou para Frisk, indignada.

Undyne: Por céus, você está muito magra! Tem que voltar aos treinamentos.

Papyrus: E com a ajuda do Grande Papyrus, você estará em forma que nem antes.

Frisk: Desculpe gente, o trabalho me deixou muito ocupada pra treinar...

Sans: Sério? Achei que você tinha sido TRABALHADA...

Papyrus: ... SANS! A humana mal chegou e tem que aguentar suas piadas?

Ela riu ao ver a reação de Papyrus irritado com seu irmão. Ao olhar Sans novamente, ela logo se lembrou de que ele havia mudado, agora que ela podia vê-lo mais claramente, ele realmente estava bonito. Por um momento eles acabaram se olhando e Frisk ficou sem jeito, sentindo um nó no seu estômago e seu coração palpitando. Undyne viu a reação de Frisk e se aproximou de Sans, tocando o ombro dele.

Undyne: Hey nerd, o que achou do novo visual dele? Nem parece mais o saco de ossos preguiçoso de antes.

Papyrus: ... Só parece mesmo.

Sans: Hey, pega leve mano.

Papyrus: Eu estou absolutamente certo de que ele continua o mesmo.

Frisk não se importava muito com as pequenas discussões e riu para eles, era como se ela tivesse de fato voltado ao seu lar. Todos voltaram nos seus lugares e Frisk se sentou ao lado de Toriel, eles ficaram ansiosos para saber o que Frisk tinha para contar.

Undyne: E como é a capital?

Frisk: Bem...Tem muitas pessoas lá, várias lojas de todos os tipos e o trânsito é muito barulhento, mas com certeza foi bom morar lá.

Papyrus: E as pessoas lá?

Frisk: São gentis, mas são mais fechadas que as pessoas daqui, elas não estavam acostumados com a presença dos monstros e são poucos os que moram lá. Tomara que em breve eles os aceitem melhor.

Undyne: Com certeza, tudo graças a você.

Nessa hora Asgore havia entrado e viu todos reunidos na mesa, ele foi se lavar para se sentar ao lado deles. Frisk continuou contando suas experiências na capital até que Asgore sentou-se à mesa e tossiu de leve, interrompendo-a.

Asgore: Minha jovem, poderia nos contar como fez aquela luz aparecer?

Papyrus: Quando eu vi aquela luz, eu sabia que era a humana! Você apareceu como se fosse uma estrela.

Frisk: ... Estrela?

Undyne: Ontem todos nós fomos atacados por aqueles monstros, se fossem comuns eu teria derrotado eles facilmente, mas havia algo anormal.

Papyrus: Achei que íamos ser devorados por eles.

Undyne: E pior, nossos poderes de guardiões haviam sumido.

Frisk: Seus poderes também?

Undyne: ... O seu também?

Frisk: É... Sim... Antes de vir pra cá, eu percebi que não conseguia mais me transformar. Eu só voltei porque eu me convenci que devia voltar, e no meio do caminho, esses monstros que nos atacaram não paravam de nos seguir. Tivemos que parar no meio da estrada e Asgore tentou me proteger enquanto eu fugia. Mas eles me cercaram de novo, era como se eu estivesse de volta no subsolo, tendo que lidar com as trevas de novo... Por falar nisso... Pai, viu meu emblema?

Todos olharam para Asgore, por um momento ele olhou assustado. O emblema estava mesmo com ele, mas Asgore não sabia como falar a verdade para ela. Ele então decidiu omitir, disfançando a preocupação dele.

Asgore: Não se preocupe Frisk, está guardado comigo, eu peguei ele antes de voltarmos.

Frisk: ... Ainda bem.

Ela e ao mesmo tempo Asgore se sentiram aliviados, mas ele não sabia o que falar depois disso. Toriel olhou para ele e percebeu que Asgore não estava bem, decidindo conversar com ele depois do almoço. Após isso, Papyrus se levantou da mesa e falou com empolgação.

Papyrus: Humana! Espere até ver minhas novas habilidades de culinária! O Grande Papyrus fará o melhor almoço que você já provou!

Frisk: E o que você aprendeu de novo nesses anos Paps?

Papyrus: Está tudo no meu autêntico livro de receitas escritas por mim! E hoje eu vou preparar um dos meus pratos prediletos! Permita-me usar sua cozinha por um tempo?

Toriel: Claro Papyrus.

Nessa hora, todos saíram da mesa e Toriel, Papyrus e Sans foram para a cozinha, Asgore foi até a sala e abriu o jornal para ler enquanto Frisk ficou com Undyne.

Frisk: E Alphys e Mettaton?

Undyne: Mettaton não deve demorar para te ver, e Alphys... Anda meio ocupada, eu acho.

Frisk: Ela está bem?

Undyne: Sim... ela está.

Undyne respondeu sem jeito, preocupada por ela. Frisk começou a desconfiar que houvesse acontecido algo e antes que pudesse perguntar, a porta tocou e Undyne se adiantou rapidamente para atender. Ela abriu a porta e viu uma limusine na mesma rua, enquanto Mettaton estava perto da porta dando autógrafos pra alguns de seus fãs. Undyne estava olhando-os com impaciência.

Undyne: Será que você pode dar um tempo disso enquanto estiver aqui?

Mettaton: Não posso querida, os fãs me chamam sempre.

Undyne: Entra logo.

Assim que terminou, ele posou extravagantemente entrando em casa e viu Frisk por perto, fazendo-o correr para abraçá-la.

Mettaton: Frisk querida, a estrela preferida voltou!

Frisk: Tonton! Que bom ver você de volta!

Mettaton: Estávamos com tanta saudade! Esse lugar aqui ficou apagado sem o brilho das grandes estrelas, você viajando a negócios e eu fazendo turnês... Realmente é uma pena que minhas turnês tenham acabado por agora. Embora eu deva isso tudo a você, querida.

Frisk: E a Alphys? Ela está bem?

Mettaton: Ora... Eu também não a vejo faz um tempo desde que ela e Undyne foram ver o que havia acontecido no subsolo.

Frisk: O que aconteceu?

Mettaton: ... Não te contaram?

Surpreso por achar que Frisk já tinha ouvido de Undyne sobre o que elas haviam visto no subsolo, Mettaton olhou para Undyne indignado, enquanto ela não olhou para ambos, se lembrando do incidente que fez ela e Alphys se distanciarem.

Undyne: ... O núcleo explodiu.

Frisk: ... Sério?

Undyne: Sim... Mas o pior não foi isso, é ver aqueles monstros saindo de lá. Suspeito que alguém deve ter libertado eles.

Mettaton: Bom, eu espero que eles não resolvam arruinar o dia de hoje.

Frisk: ... Como assim?

Mettaton: “Como assim”... Você acha que não vai ter nada pela sua volta? Ora... Está muito enganada, querida. Hoje à noite celebraremos sua volta com uma festa!

Frisk: ... Mas é seguro?

Mettaton: Claro que é. Se acontecer alguma coisa, podemos usar nossos poderes, não é?

Frisk: Bem... Assim espero.

Frisk respondeu-o e esperava que fosse verdade, pois se ela realmente teve seus poderes de volta, isso só seria mesmo verdade se ela ver seu emblema funcionar.