Heart Beats Harder

A espiã e a soldado


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No dia seguinte

Uma série de três carruagens seguia pela estrada que cortava a floresta em direção ao castelo do Rei de Mércia.

- Está animada, princesa? – A ama de Claire estava ao seu lado na segunda das carruagens.

- Sim, e como não estaria? Há tanto tempo não vejo Louis... Deve ser um belo homem... – Claire estava usando um vestido rosa bebê, que com muitos babados e volume, ajudavam a formar uma silhueta rechonchuda. O chapéu que escolhera tinha penas e laços... Parecia o enfeite para o bolo que Claire se tornara. – Como estou?

- Desculpe princesa... Mas a senhorita está... Rosa.

- Ótimo. Rosa é uma boa cor. – Claire sorriu olhando pela janela. Foi quando a carruagem parou. – Chegamos!

Quando as portas da carruagem se abriram o olhar de Claire foi à direção de Louis. Ela não escondeu a admiração imediata que sentiu pelo príncipe que a esperava, como todos, nas escadarias de entrada do castelo. Ele, apesar de tentar, não conseguiu disfarçar o espanto.

Nas vagas lembranças que tinha de Claire, ele se lembrava de uma menina gordinha com os cabelos atrapalhados, que corria e se sujava como um menino, mas ali na frente dele, ele via algo muito pior.

- Seja bem-vinda, princesa Claire. – O Rei foi o primeiro a ir ao encontro da princesa. Ela lhe fez uma referência torta e lhe disse:

- Fico grata por me receber meu Rei. Os campos de seus domínios estão lindos!

- Ah, Louis e eu estamos muito felizes em recebê-la. – Percebendo que Louis não estava ao seu lado ele completou: - Não é, meu filho?

Louis veio até Claire encarando-a como se ele fosse um ser de outro planeta.

- Ahm... Claro.

Claire sorriu.

Zayn, Liam, Niall e Harry estavam assistindo a tudo no último degrau da escadaria, já em frente ao portão de entrada.

- Pelos Deuses... Já vi gansos mais bonitos que essa mulher. – Zayn disse como se não acreditasse no que seus olhos viam.

- Pelo menos ele se divertiu ontem à noite... – Harry completou querendo pensar positivo.

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Liam chamara Zayn e Niall para conversar na sala de reuniões.

- Já que Zayn é o novo Chefe de segurança, precisamos de um homem que assuma seu lugar dentro da Guarda Real. – Liam começou explicando o motivo da reunião.

- Temos bons homens, algum deles poderia me substituir... – Zayn disse.

- Sim, de fato. Mas não sinto em nenhum deles a confiança que sinto em suas habilidades. E além do mais, nosso número diminuiu consideravelmente. Estou pensando em abrir uma nova turma.

- E como seria isso? – Niall perguntou.

- Quero que escreva um aviso, meu irmão. Diga que a Guarda Real procura novos homens corajosos. Uma seleção será feita e somente os melhores farão parte da segurança dos interesses do Rei. E diga mais... Diga que o melhor de todos poderá pedir o que quiser ao Rei que lhe será concedido.

- Tudo bem. Vou pessoalmente informar a todos na praça da cidade e depois mandarei deixar uma carta em todas as casas com filhos homens na idade de servir. – Respondeu Niall.

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Num dos vários becos do Porto Real, a mesma jovem que estivera na Casa de Madame Fleir estava chegando ao encontro de um homem encapuzado, nas sombras, encostado em uma das paredes.

- Então? – Ele disse sem ao menos levando o olhar até ela.

- O mais novo é com certeza o mais maleável. É tímido e bobo.

- Bom... Então é ele o escolhido. Soube que ele virá à cidade fazer um anuncio ainda esta tarde.

- Ah, perfeito. – A jovem exibiu seu sorriso branco e sedutor – Já sei como me aproximar de maneira infalível.

- É bom que saiba. – O homem se moveu passando pela garota para sair do beco. Desapareceu em segundos.

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Um banquete foi servido em homenagem a chegada da futura rainha de Mércia. O Rei, a Rainha e os príncipes já se serviam.

- Fiquei esperando a presença de seu pai, princesa. – O Rei disse, sentado na ponta da grande mesa.

- Ele pediu perdão, mas teve de ir a uma reunião do conselho. – Respondeu Claire, sentado a esquerda do Rei, ao lado de Loius – A comida está incrível! – Ela sorriu. Apesar de tudo, sabia se portar a mesa.

- Depois de comer, a senhorita e Louis poderiam dar uma volta pelo jardim. – O Rei disse.

Louis não pode evitar se engasgar com a comida.

- Ela deve estar muito cansada... – Ele disse entre tossidas.

- Ah não... Eu me sento bem para um passeio. – Claire disse, olhando diretamente para Louis, que nem conseguia olhá-la nos olhos.

O olhar de Louis foi direto para seus irmãos, como quem implora por socorro.

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Poucas horas depois do almoço, Niall foi até a cidade anunciar a seleção de novos homens para a Guarda Real.

Depois de anunciar em alto e bom som na praça pública, o jovem príncipe tomou o caminho de volta ao palácio, pela estrada que cortava a floresta. No meio do caminho, um cavalo desgovernado passou na contramão da carruagem. Percebendo que alguém estava montado ao cavalo, o príncipe mandou que o cocheiro parasse imediatamente a carruagem.

Soltando um dos quatro cavalos que levavam a carruagem, o príncipe partiu em disparada atrás do animal que se movia violentamente a sua frente. Só então ouviu os gritos da jovem que montava o animal.

Depois de se afastar vários quilômetros da carruagem e depois de mais alguns minutos perseguindo o animal, o príncipe conseguiu pegar as rédeas da mão da jovem e fazer parar os dois cavalos.

- Ah, pelos deuses... – A jovem disse se virando para o olhar seu salvador.

Era a jovem que mais cedo estivera no beco. Menos maquiada, mais jovial e meiga. Estava em um vestido longo e esvoaçante de cor azul clara, os cabelos, agora soltos, loiros e ondulados, pareciam cuidadosamente limpos e penteados.

- Não tenho como agradecer... Eu tive tanto medo... – Ela levou as mãos ao rosto.

Niall estava em transe. Assistia a uma cena onde um anjo falava com ele. Observava a garota, como se observa uma pintura.

- Não, por favor, não chore, está tudo bem. – Ele disse – Qual é o seu nome?

- Ah, me desculpe... Meu nome é Julie. E qual é o seu? – Ela disse, como se o estivesse sendo pela primeira vez.

- Não me conhece? – Ele estranhou.

- Não... Deveria?

- Não é deste reino, é?

- Não... Meus pais eram ciganos, então nunca estive em um lugar por muito tempo. Agora que eles faleceram... – Ela voltou a se fingir emocionada.

- Sinto muito... – Ele se interessava cada vez mais pela história da linda jovem. Ela deu um sorriso e continuou:

- Agora, eu decidi procurar um lugar pra mim. Não quero viver andando por aí. Quero ter meu lar, minha família... – Ela olhou para Niall. – Mas você não me disse qual é o seu nome.

- Meu nome é Niall. – Ele respondeu simplesmente. E com os olhos presos nos dela, ofereceu a mão. Esperando que ela colocasse a sua como cumprimento. – Me dê sua mão.

A jovem obedeceu fingindo não entender do que se tratava. E então Niall beijou sua mão.

- É assim que um cavalheiro cumprimenta uma dama aqui neste reino.

A garota deu um riso preso.

- Ah sim, me desculpe...

- Já que não tem que aonde ir, porque não vem comigo? Deve ter fome e cede...

- Seria bom. Mas não quero andar neste cavalo novamente. – Ela disse olhando assustada para o animal.

Niall desceu de seu cavalo e ajudou a jovem a descer do seu e depois montar do dele. Então voltou a montar seu cavalo, a frente da jovem e segurando os dois animais eles seguiram viagem até o castelo.

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- Jass! Jass! – Kate veio correndo por entre as árvores até encontrar Jass lavando seu cavalo.

- O que foi mulher? Aconteceu alguma coisa? – Jass jogou o pano de volta ao balde de ferro no chão, ao lado do cavalo.

- A minha oportunidade... – A jovem chegou sem ar ao lado da amiga – Eu vou... Eu vou ter a minha oportunidade.

- Do que você esta falando? – Jass colocou as mãos na cintura.

- O Rei está procurando novos homens para a Guarda Real!

- O que? Não! Você não está pensando em tentar entrar para a Guarda Real, está?

- Eu não estou pensando. Eu vou me inscrever.

- Ah, claro. E agora a Guarda Real está aceitando mulheres!

- Vai ter que aceitar. Quem ganhar poderá pedir o que quiser ao Rei. Pedirei que me aceite mesmo sendo mulher.

- Mas para isso terá que vencer!

- E você duvida que eu consiga vencer?

Jass tirou as mãos na cintura, e olhou para o horizonte por um tempo...

- Não. Sei que poderá vencer com as mãos amarradas... – Ela sorriu para a amiga – Venha, você tem que aprender a ser homem.