P.O.V Da Sam

— Fica calma, amiga. Precisamos ter fé. Toma um pouco de chá. - Carly me entregou a xícara.

— Não consigo me acalmar, Carly, não consigo. Só quero a minha filha. Deus, por quê isso está acontecendo comigo? O que fiz para merecer? - Meu peito chegava a doer de tanta angústia.

Carly estava arrasada e se culpava, a culpa não foi dela e eu entendia.

Freddie saiu nos deixando com o Gibby. Estava demorando pra voltar.

— Até agora nada. É melhor a gente contatar a polícia. Quer prestar queixa, Sam? - Meu amigo perguntou.

— Não, o Freddie acha perigoso, ele disse que não devemos envolver a polícia. - Falei temerosa.

— E ele tem toda a razão. Não sabemos quem pegou a Alice. Pode ser arriscado demais! - Minha amiga disse chorosa.

Minha mãe e meus sogros não sabiam de nada, decidimos não contar evitando alarmar eles.

Beberiquei o chá quente, sinceramente nem senti o gosto, minha boca estava amarga demais.

Levantei deixando o chá de lado quando vimos que a porta estava sendo destrancada. Freddie tinha a cópia da chave. Ele chegou e logo entrou, estava acompanhado do Edward.

— O que esse homem veio fazer aqui? - Apontei para o seu irmão.

— Calma, Sam! Calma! - Pediu meu namorado.

— Vim em paz. Só quero ajudar. - Edward parecia nervoso.

Ambos trocaram olhares.

— Como se atreve? Não confio em você! Você pode ser o próprio sequestrador! - Acusei.

— Não vou ser hipócrita, Samantha. Tive a infeliz ideia de pegar a menina e sair do país, mas eu desisti porque sua irmã me convenceu! - Revelou. - Se eu puder ajudar, farei de tudo. Estou aqui pelo meu irmão e principalmente pela Alice. Você sabe o que essa criança significa para mim! - Me encarou.

— Ele não é o culpado, Sam. Confio na palavra dele. - Freddie garantiu.

— Contou para a Melanie? - Perguntei para o meu moreno.

— Não, não tivemos coragem de falar nada para ela. Seria um baque e tanto, ainda mais no estado dela. - Explicou.

Verdade, minha irmã estava grávida e não reagiria bem.

Eles dois trocaram mais olhares, estavam tensos.

— O que foi? - Tinha algo estranho.

— Recebi isso. - Hesitou ao pegar o celular do bolso.

Mexeu no aparelho antes de me entregar.

Tinha uma mensagem e uma foto da nossa garotinha.

Só não fui ao chão porque Gibby me segurou. Freddie correu vindo me abraçar.

— É ela, é ela... - Chorei agarrando sua camisa.

Estavam com nossa filha. E eu estava sem chão...

[...]

Toda vez que nossos celulares tocavam, todos ficavam alarmados. À medida que o tempo passava, o nervosismo só aumentava.

Meus seios inchados doíam, retirei mais leite com a bombinha.

Era um desperdício e uma dor tremenda.

Minha bebê poderia estar passando fome.

Ninguém sabia o que fazer.

Eu só queria o meu anjinho de volta. Alice ainda ia completar dois meses.

— Vai dar tudo certo, só precisamos aguardar... Eles vão entrar em contato. Tenha fé, amor. - Freddie beijou meu rosto e me abraçou.

Me aconcheguei em seus braços acolhedores.

Carly estava preparando café.

Gibby saiu para fazer uma ligação.

E Edward não parava de checar o celular.

Como eu poderia confiar nele?

Tudo estava suspeito demais.

A sala de estar parecia pequena demais, eu me sentia agoniada.

Eu não conseguia parar de pensar na minha filha.

— Por quê não ligam? E se fizeram algo com ela? E se...

— Não, não pense o pior. Amor, a gente vai recuperar a nossa filha. - Segurou meu rosto.

Seu olhar me transmitia esperança.

Eu precisava ter fé.

[...]

— Você lembra de mais alguma coisa? - Edward estava enchendo a Carly de perguntas.

— Já falei tudo que lembro. Tudo foi tão rápido. Havia três pessoas, estavam máscarados, mas sei que eram dois homens e uma mulher. Fui golpeada e caí, saíram em disparada numa Caminhonete... O que mais quer saber? Já falei tudo! - Carly se alterou.

Vi os Benson se entreolharem.

Por quê diabos eles pareciam tão estranhos em alguns momentos?

— Não vão me dizer que estão desconfiando da Carly! - Gibby ficou bravo.

— O quê? - Minha amiga ficou chocada.

— Não me leve a mal, Shay. Mas não te conheço. Tudo é muito suspeito. Você sai para passear sozinha com a menina e a criança é raptada. - Que merda o Edward estava insinuando?

— Sam, pelo amor de Deus! - Me olhou desesperada.

Ela começou a chorar.

— Ela não faria isso! - Claro que não.

— Não podemos sair acusando ninguém, Ed. - Freddie foi sensato.

— Você tem razão... Me desculpe. - Seu irmão olhou para minha amiga.

Todos nós estávamos nervosos.

— Mas e vocês? - Gibby encarou os irmãos.

— Ah, qual é? Vai acusar a gente agora? - Edward riu debochado.

— Gibby, por favor. - Implorei.

Eu confiava na palavra do meu namorado.

Um casal e um comparsa como motorista. Foi o que a Carly disse.

— Com licença, a Melanie tá ligando... - Se afastou indo atender.

— Não diga nada a ela. - Pedi.

[...]

O celular do Freddie tocou por volta das 19h da noite.

Ele atendeu rapidamente.

— Coloque no viva-voz. - Seu irmão cochichou.

Foi o que meu namorado fez e ficamos todos atentos.

— Alô? - Meu moreno sentou ao meu lado.

— Vou ser breve. Estou com a criança. Se tiverem chamado a polícia, você nunca mais vai ver sua filha. E nem adianta grampear essa chamada, meu aparelho de celular é descartável. Já tenho meu valor. Quero 5 milhões pelo resgate. Vocês terão 48 horas para conseguir a grana. E repito, se envolverem a polícia, a criança vai ter o fim que merece! - Deixou bem claro.

Era impossível identificar a voz, seja lá quem fosse, a pessoa estava usando o modulador durante a ligação.

Edward tomou o celular do Freddie e tomou partida.

— Como posso saber se minha filha ainda está viva? Quero uma prova. 5 milhões? Preciso de mais tempo para conseguir o dinheiro, me dê 72 horas. - Tentou negociar, ele estava se passando pelo Freddie.

— A criança está bem. Limpa e alimentada. Te dou 58 horas para conseguir a grana. Nada mais. Vou passar o local exato para fazermos a troca. Preste bem atenção, nada de tentar bancar o herói. Não adianta tentar me passar a perna. Estejam avisados. - Desligou na cara do Edward.

— Merda! - Praguejou.

— Como vamos conseguir 5 milhões em 58 horas? - Freddie se preocupou.

— Só tenho 1,5 na minha conta. - Seu irmão avisou.

Os dois estavam frustrados e eu apavorada.

— Tenho 425 mil. - Freddie falou.

— Temos 1 milhão e 925 mil. Ainda não é nem metade do preço exigido. - Falei triste.

— Consigo sacar 2 mil. - Gibson ofereceu.

— 3 mil. - Carly se dispôs a contribuir.

Eram amigos fiéis, não me deixariam na mão.

— Papai cobre o restante. Ele tem dinheiro de sobra. É neta dele. - Disse Edward.

— Temos 58 horas. Será que conseguiremos? - Perguntou Freddie.

— Deixa comigo, à caminho de casa vou parar na casa dos nossos pais. Vou explicar tudo. Tenho que ir, Melanie está preocupada com a minha demora. - Ele se despediu e foi embora.

Às 20h uma mensagem chegou.

Era a prova que Edward exigiu.

Uma foto da Alice.

E veio com o endereço, o local da troca.

Ela estava viva e parecia bem, isso me deixou tão aliviada.

Haviam trocado sua roupinha.

— Rota 56, ao Norte de Gates Hills, galpão 115. - Freddie leu em voz alta.

Ele jogou a localização no mapa do celular.

— É longe. - Suspirou.

— O que tem aos arredores? - Perguntou o Gibson.

— Um depósito de madeira desativado, uma fábrica de enlatados e terrenos baldios. - Mostrou o mapa virtual.

— E se tudo for uma cilada? - Carly que estava muito quieta, indagou preocupada.

— Por quê acha isso, amor? - Gibby a encarou.

— Parece que o alvo é o Freddie. Tá na cara que o sequestro não é só pelo dinheiro. A pessoa por trás disso quer vingança! - Ela opinou.

Senti até calafrios.

— Seu irmão não parece nada confiável. E ainda tem a Melanie... - Gibby se calou e pareceu até mesmo arrependido.

— Ela é minha irmã. Ouça bem o que está dizendo. Mel jamais faria algo assim! - A defendi.

— A Sam tem razão. - Carly concordou.

— Seja quem for, essa pessoa vai pagar! - Meu moreno prometeu.

Era pessoal... Tudo indicava isto.

Só precisávamos da ajuda do Sr. Benson para cobrir o valor.

Por mais que eu odiasse admitir, o Edward parecia mesmo ser inocente.

Carly e Gibby foram descartados.

Melanie... Não, ela não podia ser uma suspeita.

Deus, espero que não seja quem estou imaginando.