Beatriz POV:

- Com você.

Depois de pedir a descrição da garota da cabeça aos pés tive certeza de quem era. Rafaela. Ela deveria ter ouvido quando Carol contou a Scott. Eu precisava falar com Carol, já.

- Obrigado Liam – acenei e corri em disparada em direção a minha cabana.

- Ei! Não vai me dizer o por quê? – ele gritou colocando a cabeça do lado de fora da porta.

- Depois – gritei de volta.

[...]

Entrei na minha cabana como um raio. Carol e Adrianna pararam de conversar na hora que eu entrei. Elas me fitaram surpresas enquanto eu me jogava na cama de cansaço.

- Ahn... Então...? – Adrianna me estimulou a falar algo.

- Calma... eu... tenho... que respirar – falei arfando no intervalo de uma palavra e outra. Depois de me recompor falei tudo tão rápido que já não tinha mais certeza do que tinha falado.

- Aquela vadia! – Carol xingou.

- É, você tem que falar com alguém não é? – Carol fitou-me com uma sombra de duvida no rosto. Arqueei as sobrancelhas estimulando-a a lembra-se.

- Ah meu deus! É mesmo! Obrigada! – ela correu beijou minha cabeça e saiu em disparada.

- Tchau! – Adrianna acenou cinicamente para a porta aberta.

- Ótimo, agora ela vai se acertar com Scott. – sorri de canto.

- Eu vou dormir, porque hoje foi um dia muito agitado. Aliás, onde você estava com Thayer? – Adrianna parou em frente a sua cama.

- Na caverna.

- Ele estava te consolando? – ela arqueou uma sobrancelha.

- Não... – pensei um pouco – Foi mais pra sexo selvagem na caverna. – Adrianna ficou boquiaberta. Ignorei-a e fui tomar um banho descente.

- Ok, eu vou definitivamente dormir!

Carol POV:

Corri até a cabana de Scott, que não era muito longe da minha. Bati na porta com desespero.

- Olá? – ele quem tinha me atendido – Carol? – ele perguntou surpreso – Olha se você veio pra brigar eu ach...

- Eu não vim pra isso. – baixei o olhar.

- Então veio pra que? – a voz cansada deixava obvio que ele não estava afim de discussão.

- Pra pedir desculpas – olhei-o nos olhos. Sua reação foi de surpresa. Ele não falou nada, eu que tive que interromper aquele silêncio constrangedor – Desculpe por acusar você.

- Oque?

- Desculpe por...

- Eu entendi essa parte, mas se não fui eu, quem foi? – ele deu um passo para fora da cabana.

- Rafaela. – ele arqueou uma sobrancelha – Ela escutou quando eu estava lhe contando. – ele estava triste comigo, talvez nem aceitasse meu pedido de desculpas, as lágrimas ameaçaram cair. Fitei o chão para que ele não visse que eu queria chorar.

- Carol – ele se aproximou e me abraçou. Encostei minha cabeça no peito dele e chorei.

Beatriz POV:

Adormeci antes de Carol chegar à cabana. Acordei com a luz do sol no meu rosto, fiquei mal humorada. Acordar com a luz do sol do rosto não é a coisa mais agradável. Hoje era sexta. Ou seja, tinha jogo. Individual. Merda. Empurrei as cobertas ainda sonolenta e me arrastei pelo quarto até a cama de Adrianna.

- Acorda – balancei o braço dela e depois fiz o mesmo com Carol.

Lavei o rosto com o máximo de água possível. Eu bem que poderia afogar Rafaela. Não era uma má ideia. Já tive tantas ideias desde que descobri que ela quem tinha contado a Harry que eu poderia escrever um livro “1001 modos de matar uma víbora”. Quando finalmente saí do meu banho me joguei de volta na cama e me troquei lá mesmo. Rumo ao pátio de grama.

Esperamos até que algum coordenador resolvesse falar.

- Olá players. – todos prestaram atenção no palco. Onde uma mulher ruiva falava, ela não estava com nenhuma expressão. Talvez a prova não fosse tão difícil – A prova de hoje vai ser do tipo caça ao tesouro. Vocês terão que recolher o máximo de pedras dessa cor – ela pegou uma pedra laranja cintilante de uma cesta que outro coordenador segurava, cabia num punho fechado, e levantou – mas, vocês também poderão recolher essas daqui – ela devolveu a pedra á cesta e pegou duas outras duas pedras, uma azul cintilante e outra roxa – uma delas tira todos os seus pontos e a outra lhe da mais dez. A pedra laranja vale um ponto. Quem tiver a maior pontuação ganha. Essas pedras estão espalhadas por toda a ilha. Vocês deverão estar aqui às quatro horas. Boa sorte. – ela saiu do palco e todos começaram a correr, eu estava um pouco desligada.

- Só pegue as pedras laranjas – Thayer passou correndo por mim. Olhei para todos os lados. Oque faria? Ao longe vi um balde enorme cheio de sacos dentro, ninguém tinha falado nada sobre aquilo. Foi proposital. Corri em direção do balde. Peguei um saco com a mão direita sem ao menos parar. Fui em direção à mata da cachoeira. Com certeza as pedras não estavam ao ar livre.

[...]

Depois de andar por quase toda a mata e encher o saco quase todo de pedras percebi que estava muito longe da cachoeira. Andando distraída tropecei num arbusto. Fiquei com a bunda pra cima e as pernas do outro lado do arbusto. Que ótima pose. Seria muito engraçado se alguém me visse, só que não. Mas, mais engraçado ainda é que bem na minha frente havia um montinho de pedras. Parecia um ninho. Alguém deveria ter deixado ali. Estiquei o braço um pouco para pegar as pedras.

- Droga de arbusto – praguejei em voz baixa.

- Tsc tsc tsc – meu corpo gelou nessa hora. Eu sentia os galhos do arbusto furando minha barriga. Olhei pra cima. Um menino alto, corpo malhado, pele um pouco bronzeada, cabelos castanhos e olhos verdes ria – Roubando umas pedras por ai? – dei um sorriso amarelo – Esse saco é só de pedras? – ele arqueou as sobrancelhas, puxei o saco para mais perto do corpo – Eu não vou roubar suas pedras, embora devesse.

- Ok – tentei sair do arbusto. Porém ele era alto o bastante para que eu não conseguisse sair. O garoto se aproximou de mim. Meu corpo enrijeceu. Ele passou o braço na minha cintura e me puxou – Obrigada – falei me limpando.

- Derek.

- Bia – sorri.

- Então, eu gostei da ideia do saco e a de roubar pedras.

- Não vai dar tempo você voltar pra pegar um saco. – avisei.

- É mesmo – ele parou e ficou pensando – Então, vamos roubar algumas pedras por ai?

- Vamos – falei rindo. Nossa, ao invés de me bater e roubar minhas pedras nos tínhamos feito uma aliança. Eu estava me dando bem hoje.

[...]

Depois de caminhar por um tempo, roubar algumas pedras. Percebi que Derek era muito bonito e gostoso. Embora, minha vida amorosa estivesse bem complicada, isso não significa que eu não tenho direitos de olhar pra outros garotos, não é?

[...]

Quatro horas. Eu e Derek chegamos juntos no pátio, todos nos fitaram surpresos. Afinal, todo mundo me conhecia, eu era famosa depois dos vários escândalos. As câmeras se voltaram para nós isso me deixou nervosa. Mais nervosa ainda quando eu percebi que Derek tinha tirado a camisa para colocar as pedras.

- Porque todo mundo está olhando assim? – ele perguntou sorrindo. Ele tinha um jeito de criança. Eu gostava disso.

- Nem queira saber.

Avistei meu grupo de amigos ao longe. Todos olhando com a mesma expressão das outras pessoas. Fui até lá e Derek me acompanhou.

- Oi gente.

- Olá – todos falaram em coro.

- What’s up – pelo visto Derek conhecia todo mundo lá.

- E ai cara – Scott cumprimentou com uma batida de mão e essas coisas que os garotos fazem – Ahn, vocês dois se conhecem?

- Sim – ele apoiou o braço no meu ombro – minha parceira de crime.

- Oque? – Adrianna perguntou rindo.

- Ok, vamos confessar... – Derek começou a contar dramaticamente a história – nós roubamos umas pedras por ai.

- Por isso que eu estava dando falta de algumas pedras – Adrianna brincou.

[...]

Uma hora depois de contar as pedras de todos os jogadores saiu o resultado. E pra minha surpresa eu tinha sido a 2° e Derek o 3°. O primeiro tinha sido um oriental, ele deveria ter roubado algumas pedras também. Aposto. Após anunciarem os vencedores desci do palco e todos vieram correndo na minha direção perguntando sobre nossa cabana.

- E ai, vai ser o mesmo esquema da outra vez? – Rafaela chegou com um sorriso de orelha a orelha. Cínica.

- Sua vadia... – andei em direção a ela e dei um soco na têmpora esquerda dela.

Carol POV:

Exatamente trinta segundos depois de Bia descer do palco elas haviam começado a brigar. Aliás, Bia, havia começado a brigar. Ela só parou quando dois seguranças vieram apartar a briga. Depois elas foram levadas para um dos prédios.

- Agora fodeu – ouvi Thayer falar em voz baixa.

- Por quê? – virei assustada.

Beatriz POV:

Depois de andar por vários corredores e finalmente chegar a um elevador escondido chegamos a uma sala muito bem decorada. Puro luxo.

- Então, porque a briga começou? – um homem velho, barba branca e aparência cansada nós perguntava calmamente.

- Pergunte a ela – Rafaela retrucou eufórica passando a mão no rosto, ela estava toda descabelada, ri por dentro. O homem levantou uma sobrancelha.

- Achei que o trabalho dos gossipers era contar a vida dos outros e não destruir a vida deles. – cuspi as palavras.

- Gossipers? – o homem parecia ainda mais confuso.

- Gossiper? Ficou maluca de vez garota? Quem disse que eu sou um gossiper?

- Ah! Então me desculpe, eu confundi apenas uma cobra como você com um gossiper. Com licença. – eu comecei a me levantar da cadeira quando um dos seguranças tocou o meu ombro, era um gesto que eu deveria me sentar. Sentei de má vontade.

- Admiro sua coragem. Você sabe quem eu sou? – balancei a cabeça negativamente – Eu sou o criador dos Hawaii Games, e claro já vi vários casos desses. Vou dizer uma coisa, lógico, que eu quero audiência. Mas eu não quero violência aqui dentro. Certo?

- Certo – falei em voz baixa.

- Ótimo, por sinal, você é muito conhecida na direção. – isso me preocupava, e muito – Agora vejo o porquê que aqueles garotos brigaram por você.

- Obrigada.

[...]

Depois de sair de lá o segurança me acompanhou para que eu pegasse a chave da cabana nova e me levou até a cabana normal onde Adrianna e Carol esperavam.

- Obrigada, não precisamos mais da sua ajuda, amigão. – Adrianna me puxou pra dentro e bateu a porta na cara do segurança.

- Grosso.

- E ai? – Carol perguntou aflita.

- Nada demais, mas eu descobri que eu sou popular na direção. – Adrianna riu.

- Era de se esperar.

- Uau! Obrigada. – Adrianna, sempre tranquilizando os demais, encantador.

[...]

Depois de levar tudo para a cabana maior passamos nas cabanas de Danielle, Naomi, Thayer e Scott. Scott e Thayer preferiram ficar na cabana de Derek. De noite todas estavam dormindo e eu estava acordada sentada no sofá da sala. Ouvi alguém tocar a campainha.

- Oi – Harry cumprimentou timidamente. Não o convidei para entrar.

- Oi – sorri de canto.

- Eu vi a briga. De você e Rafaela. – ele fitou o chão. Suspirei – Eu queria saber, se você ainda está com raiva de mim e...

- Estou – cortei-o.

- Mas eu lhe contei...

- Eu disse que pensaria sobre lhe perdoar não que perdoaria.

- Mas...

- Harry, você fez uma merda. Você estragou tudo, não eu! – sim, estávamos tendo uma DR. Antes cedo do que tarde demais.

- Você beijou ele primeiro.

- Nós nem estávamos namorando! – gritei tão alto que até as ilhas vizinhas escutaram.

- Mas...

- Sem “mas”! – eu tinha largado a porta e agora eu estava do lado de fora.

- Bia me escute... – ele segurou meu pulso.

- Não – puxei o braço – escute você, você fez a merda, você estragou tudo, você me humilhou na frente de todo mundo agora você vai sofrer um pouco!

- Você não acha que eu já sofri o suficiente? Me sentindo mal pelo que fiz, vendo você se esconder. Sabendo que você passou a noite com Thayer, sabendo que ele te encontrou não eu!

- Oque Thayer tem a ver com isso? – as lágrimas escorregaram.

- A culpa foi dele.

- Não culpe Thayer pelos seus erros!

- Você se preocupa com ele não é? Muito mais do que eu achava que se preocupava – ele apertou os olhos.

- Lógico que eu me preocupo, ele é meu amigo.

- Tem certeza que ele é só seu amigo? – ótimo, os dois estavam chorando. Maravilha.

- Sim – virei às costas.

- Oque vocês fizeram aquela noite?

- Porque você se preocupa? – perguntei amargurada olhando por cima do ombro.